Jacques Fesh foi condenado à morte e agora encontra-se em processo de beatificação. Na história da Igreja só há um precedente de um condenado à morte por delitos comuns e elevado à honra dos altares. Trata-se do Bom Ladrão, há 2.000 anos!
Depois do processo diocesano celebrado a Paris, chegam a Roma neste mês os autos da Causa de Beatificação de Jacques Fesch, um jovem francês guilhotinado aos 53 aos pelo homicídio de um polícia, durante um assalto.
Seu pai, Georges Fesh, dirigia um banco em Saint Germain, perto de Paris. Ateu e de temperamento autoritário, não entendia as inseguranças de seu filho Jacques, sensível e inquieto. Para conseguir algum dinheiro, no dia 24 de fevereiro de 1954, o jovem entra armado em uma loja de câmbio em Paris para o assalto. Na fuga dispara sobre um polícia e mata-o. Preso, os pais vão visitá-lo na prisão. Quando a mãe, católica, fica sabendo que o filho poderia ser condenado à morte, oferece a Deus a própria vida, para que o filho ao menos «morra bem».
Enquanto a justiça dos homens faz o seu percurso com os processos, os interrogatórios, as acusações do ministério público e os planos da defesa, o jovem, na solidão da sua cela, lê revistas, clássicos e romances que lhe passam. Também o Capelão e o seu advogado, Baudet, um convertido que se tornara terceiro carmelita lhe incentivam leituras espirituais. Jacques é fulminado pelas figuras de Francisco de Assis, Teresa de Jesus e Teresinha do Menino Jesus a quem chamava de minha Pequena Teresa, bem como pela Divina Comédia. Depois de um ano de detenção tem uma experiência mística em que, conforme relato seu expresso numa carta: «Como um vento impetuoso que passa, sem que se saiba de onde vem, o Espírito do Senhor me agarrou».
A um amigo seu confiou certa vez: «Agora tenho verdadeiramente a certeza de começar a viver pela primeira vez. Estou em paz e dei um sentido à minha vida, enquanto antes não era mais que um morto vivo». Isolado numa pequena cela comunica a sua fé por cartas que depois se tornaram objeto de reflexão por parte dos jovens católicos franceses.
Jacques espera a execução em oração, aceitando-a como ocasião de graça.
Às 5:30h do primeiro dia de Outubro de 1957 (festa de Santa Teresinha), os guardas que vão buscá-lo encontram-no de joelhos e em oração ao lado da cama bem arrumada.
«Senhor, não me abandoneis, eu confio em Vós!» - foram suas últimas palavras.
Jacques e Teresinha
«Que bela esta pequena santa, pois como está tão perto de nós! Pela pequena via, sei que posso levantar-me. Dê as pequenas coisas que não são muito difíceis. Darei o meu cigarro». Jacques se coloca no lugar de Pranzini: Ela salvou a alma de um homem condenado à morte e seu caso é muito semelhante. Teresa de Lisieux era comemorada, naquela época, no dia 3 de outubro, Jacques espera morrer naquele dia: «Sinto que a quinta-feira se aproxima com a minha pequena Santa Teresinha do Menino Jesus». Ele faleceu no dia 1 de Outubro, dia que, depois do Vaticano II, passou a ser o dia da festa de Teresinha.
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