(Texto à Miguel Esteves Cardoso, que ergue monumentos da cinza dos dias.)
Hoje era o meu dia de confissões. Houve mais que o costume. E não foi por ser Quaresma. Levantando-me no fim tinha um par de jovens à minha espera. Queriam falar comigo. Medi-lhes a idade e conclui que eram novos de mais para serem noivos. Não poderia ser esse o assunto.
Perguntaram-me então se eu aceitava uma caixa com visão solidária. Eu disse que sim. Depois a Maria João e o Pedro explicaram o que seria a caixa e que deveria ficar no lugar mais acessível e visível. (Sabem tudo de estratégia, os miúdos!)
A visão solidária é um projecto da disciplina da Área de Projecto. São do 12º E da Escola Secundária de Santa Maria Maior. A minha Escola. Que bem anda saída da casca, a minha Escola! No dia da poesia ungiram-me com um poema urgente de Eugénio de Andrade na rua mais longa da Cidade. E mais além deram-me outro num rolinho, creio que Vinicius de Moraes.
Enquanto afeiçoávamos um lugar solidário para a caixa surgiu a Sara que guardava mais caixas. Ah! Falta dizer que já podiam ter encerrado o projecto da Área de Projecto. Mas eles acham que podem trabalhar mais para ajudar mais. E vão ajudar porque encontraram em nós gente com visão.
Obrigado por franquearem aquela porta cujo encosto a mostra sempre tão cerrada como a do cofre do Banco Central Europeu.
Obrigado, são melhores que o meu tempo!
Enquanto nos trouxeram poesia para a cinza dos dias nós manteremos solidária a visão das pombas que descem à Cidade.
1 comentário:
Ora aqui está a prova que a disciplina de Área de Projecto é muito importante. Dela nascem muitos projectos extraordinários. Melhor ainda se são solidários.
Parabéns aos alunos, ao Carmo por aceitar esta iniciativa e, já agora, aos professores!
Enviar um comentário