O presépio faz-se em nossas casas quando se aproxima o cheiro a Natal. Uns fazem-no quando podem, outros em cima da hora – porque, afinal, foi só na plenitude dos tempos que a Virgem deu à luz! Outros , quando começa o Advento; alguns, a seguir ao dia 8 de Dezembro.
A maneira de o fazer é sempre igual: no centro, a Virgem com o Menino e São José velando; um pouco ao lado um par de bestas: um burrinho e uma vaquinha.
As restantes figuras dizem igualmente respeito à adoração do Menino Jesus. Um pastor oferece um cordeiro, o criador de gansos dá a melhor ave, a lavadeira presenteia as mais brancas fraldas, o pescador doa os mais saborosos peixes, o moleiro a mais fina farinha. E os Magos...
...Os Magos vêm descendo uma colina, montados em camelos. São três, como Frei João de Hilddesheim, teólogo Carmelita, fixou na sequência duma longa tradição começada com o Papa São Leão Magno, no séc V. Mas podem ter sido dois, quatro, seis, oito ou doze. Três coincide apenas com o número de oferendas ao Menino: ouro, incenso e mirra.
São Mateus fala apenas em «uns magos», que, portanto, não seriam reis... Nem possivelmente só três.
Sabemos que acabaram de palmilhar centenas de quilómetros guiados por uma estrela brilhante...
Talvez não fossem reis, mas cientistas, ou melhor, astrólogos que viram uma estrela cujo aparecimento assinalava o nascimento dum grande rei. É ainda possível que fossem sacerdotes da religião de Zoroastro, que, por que sábios, seguindo a estrela que os precedia, se encaminharam para Jerusalém, onde, no palácio do cruel rei Herodes perguntaram pelo nascimento dum rei.
Herodes, alarmado e falho de luz, mandou investigar o assunto e despediu-os do palácio pedindo-lhes que quando encontrassem o Desejado o avisassem. Era um homem falso, pelo que depois de adorarem o Menino, avisados, os Magos regressaram às suas terras sem passar por Jerusalém!
A estrela deteve-se finalmente no estábulo onde o Menino estava ao colo da Mãe. E os Magos adoraram-n’O. Depois ofereceram-Lhe três presentes: oiro, incenso e mirra; cujo significado e simbolismo espiritual são de grande riqueza: Oiro, porque o Menino é rei; incenso, porque o Menino é Deus; mirra (uma resina antiséptica), porque é também homem mortal e assim se preanunciava a morte trágica de que haveria de morrer. (Aliás, com mirra e aloés foi ungido o seu corpo depois de descido da cruz e antes de sepultado.)
Depois do regresso jamais na narrativa evangélica se ouve falar dos Magos. Nem tão pouco existem outros documentos históricos sobre eles. Porém, São Beda, o Venerável, (673-735), descreve-os assim: «Melchior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltazar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz.
Também os seus nomes são simbólicos: Gaspar significa Aquele que vai inspecionar, Melchior quer dizer Meu Rei é Luz, e Baltazar traduz-se por Deus manifesta o Rei. Como se pretendia dizer que representavam os reis de todo o mundo, representando as raças humanas, são apresentados em idades diferentes.
Por sua vez, a exegése actual interpreta a chegada dos Magos à Gruta de Belém como o cumprimento duma profecia do Livro dos Salmos: Os reis de toda a terra hão de adorá-Lo. (Salmo 71:11) E na verdade, segundo a Bíblia, Deus revelou-se também a não judeus: a Melquisedec, Balão e Ciro, por exemplo.
Finalmente, no séc. XIII, São Francisco de Assis enternecido pelos mistérios do nascimento do Salvador idealizou o primeiro presépio. Foi um êxito, como se vê! Com o decorrer dos séculos, outras características lhes foram atribuídas.
No século XV, e sem nenhuma base histórica, fixou-se que Baltazar teria 20 anos quando se pôs a caminho de Belém, que Gaspar teria 40 e Belchior 60 anos. No século XVI considerou-se que Baltazar era negro ou mouro, ideia que ainda hoje se mantém. E ajuda a confirmar a universalidade dos povos que se encaminharam para Belém para adorar o Menino Jesus.
Alguns estudiosos dizem que os Magos fizeram um trajecto de 1000 a 1200 quilómetros, no espaço de um ano. Atravessaram desertos, passaram privações e correram inúmeros perigos. Foram conduzidos por uma estrela que bem poderia ter sido a conjunção de Júpiter e Saturno na constelação de Peixes. Outros dizem que foi um cometa na constelação de Capricórnio que guiou os representantes das raças conhecidas na altura. Será? Seria? O certo é que a nossa ânsia de exactidão como prova de verdade pode impedir-nos de ler a justeza do relato: Todos os povos O foram adorar!
Chama do Carmo | NS 131 | Janeiro 5 2012
A maneira de o fazer é sempre igual: no centro, a Virgem com o Menino e São José velando; um pouco ao lado um par de bestas: um burrinho e uma vaquinha.
As restantes figuras dizem igualmente respeito à adoração do Menino Jesus. Um pastor oferece um cordeiro, o criador de gansos dá a melhor ave, a lavadeira presenteia as mais brancas fraldas, o pescador doa os mais saborosos peixes, o moleiro a mais fina farinha. E os Magos...
...Os Magos vêm descendo uma colina, montados em camelos. São três, como Frei João de Hilddesheim, teólogo Carmelita, fixou na sequência duma longa tradição começada com o Papa São Leão Magno, no séc V. Mas podem ter sido dois, quatro, seis, oito ou doze. Três coincide apenas com o número de oferendas ao Menino: ouro, incenso e mirra.
São Mateus fala apenas em «uns magos», que, portanto, não seriam reis... Nem possivelmente só três.
Sabemos que acabaram de palmilhar centenas de quilómetros guiados por uma estrela brilhante...
Talvez não fossem reis, mas cientistas, ou melhor, astrólogos que viram uma estrela cujo aparecimento assinalava o nascimento dum grande rei. É ainda possível que fossem sacerdotes da religião de Zoroastro, que, por que sábios, seguindo a estrela que os precedia, se encaminharam para Jerusalém, onde, no palácio do cruel rei Herodes perguntaram pelo nascimento dum rei.
Herodes, alarmado e falho de luz, mandou investigar o assunto e despediu-os do palácio pedindo-lhes que quando encontrassem o Desejado o avisassem. Era um homem falso, pelo que depois de adorarem o Menino, avisados, os Magos regressaram às suas terras sem passar por Jerusalém!
A estrela deteve-se finalmente no estábulo onde o Menino estava ao colo da Mãe. E os Magos adoraram-n’O. Depois ofereceram-Lhe três presentes: oiro, incenso e mirra; cujo significado e simbolismo espiritual são de grande riqueza: Oiro, porque o Menino é rei; incenso, porque o Menino é Deus; mirra (uma resina antiséptica), porque é também homem mortal e assim se preanunciava a morte trágica de que haveria de morrer. (Aliás, com mirra e aloés foi ungido o seu corpo depois de descido da cruz e antes de sepultado.)
Depois do regresso jamais na narrativa evangélica se ouve falar dos Magos. Nem tão pouco existem outros documentos históricos sobre eles. Porém, São Beda, o Venerável, (673-735), descreve-os assim: «Melchior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltazar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz.
Também os seus nomes são simbólicos: Gaspar significa Aquele que vai inspecionar, Melchior quer dizer Meu Rei é Luz, e Baltazar traduz-se por Deus manifesta o Rei. Como se pretendia dizer que representavam os reis de todo o mundo, representando as raças humanas, são apresentados em idades diferentes.
Por sua vez, a exegése actual interpreta a chegada dos Magos à Gruta de Belém como o cumprimento duma profecia do Livro dos Salmos: Os reis de toda a terra hão de adorá-Lo. (Salmo 71:11) E na verdade, segundo a Bíblia, Deus revelou-se também a não judeus: a Melquisedec, Balão e Ciro, por exemplo.
Finalmente, no séc. XIII, São Francisco de Assis enternecido pelos mistérios do nascimento do Salvador idealizou o primeiro presépio. Foi um êxito, como se vê! Com o decorrer dos séculos, outras características lhes foram atribuídas.
No século XV, e sem nenhuma base histórica, fixou-se que Baltazar teria 20 anos quando se pôs a caminho de Belém, que Gaspar teria 40 e Belchior 60 anos. No século XVI considerou-se que Baltazar era negro ou mouro, ideia que ainda hoje se mantém. E ajuda a confirmar a universalidade dos povos que se encaminharam para Belém para adorar o Menino Jesus.
Alguns estudiosos dizem que os Magos fizeram um trajecto de 1000 a 1200 quilómetros, no espaço de um ano. Atravessaram desertos, passaram privações e correram inúmeros perigos. Foram conduzidos por uma estrela que bem poderia ter sido a conjunção de Júpiter e Saturno na constelação de Peixes. Outros dizem que foi um cometa na constelação de Capricórnio que guiou os representantes das raças conhecidas na altura. Será? Seria? O certo é que a nossa ânsia de exactidão como prova de verdade pode impedir-nos de ler a justeza do relato: Todos os povos O foram adorar!
Chama do Carmo | NS 131 | Janeiro 5 2012
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