Chamo-me Frei Daniel Jorge, tenho 29 anos, sou angolano. Desde muito pequeno me senti chamado a colaborar no serviço aos irmãos, na obra santificadora de Cristo. Agradeço aos meus pais que sendo evangélicos (protestantes) me permitiram manifestar os meus sentimentos e me ajudarem a descobrir e a seguir o meu verdadeiro caminho. Aos 12 anos separei-me dos pais e fui viver com os meus tios e lá encontrei um clima familiar católico que contribuiu para me decidir em querer seguir, servir e viver Cristo.
Entretanto, ouvi falar dos Carmelitas. Mas nós não estamos em Angola. Por essa razão solicitei ao Arcebispo D. Zacarias Kamwenho a minha entrada no Seminário da Arquidiocese do Lubango, onde estudei Filosofia. Ali vivi de forma gratificante e agradeço aos meus formadores que contribuíram para o meu amadurecimento e identificação com o perfil e as exigências de um futuro sacerdote. Hoje continuo a dar resposta ao chamamento divino na Ordem dos Carmelitas e creio ser o lugar certo. A ordem carmelitana, contemplativa e activa é verdadeiramente uma escola mística de oração, e através da oração comunitária e individual, do silêncio meditativo e contemplativo, da vida fraterna e, do apostolado como assistentes de vida espiritual, é para mim o ícone perfeito dum estilo de vida que vale viver deixando tudo para a viver e amar, na procura da santificação própria e dos irmãos, procurando ser congruente com o projecto de vida.
Os desafios que a Ordem e a Igreja hoje nos colocam é a acção evangelizadora num mundo onde a palavra de ordem é o consumo e o conforto. Fazer-se religioso, ser ministro do culto, é dar respostas às necessidades e angústias espirituais do povo, cultivar a maturidade humana, afectiva e espiritual, por amor. A Igreja sente a necessidade de formar homens capazes de cultivar e desenvolver valores e atitudes humanas, numa doação alegre, espiritualmente sólida para poder ajudar a comunidade a ser santa. Para isso me fiz religioso e com o auxílio divino vou conseguir. Nas minhas orações tenho pedido pelas vocações de especial consagração — sacerdotes, religiosos, leigos consagrados e missionários —, para que mais jovens escutem a chamada do Senhor e O sigam pelos caminhos entusiasmantes da consagração ao Senhor. Tal só depende da generosidade dos cristãos.
Cristo é a origem de toda a vocação: é Ele quem conhece e chama através de mediações humanas. Muitas vocações se perdem porque nunca ninguém lhes disse: – Tu nunca pensaste em seres padre, religioso(a) ou missionário?
Cristo é o modelo dos vocacionados, pela generosidade com que abraçou a missão recebida do Pai, até ao dom supremo e plenamente livre da Sua própria vida, ao morrer por todos nós.
Não podemos falar de vocação sem falar da de Maria. Para ser a Mãe do Salvador, Maria «foi enriquecida por Deus com dons dignos para tamanha função». Na Anunciação o Anjo Gabriel saudou-a como «cheia de graça»! Efectivamente, para poder dar o assentimento livre de sua fé ao anúncio da sua vocação era preciso que estivesse totalmente sob a moção da graça de Deus. E assim Ela se tornou o modelo de vocação perfeita, através da unção do Espírito Santo.
Gostaria de lançar o convite a todos: Juntos rezemos pelas vocações, para que os jovens escutem a voz de Cristo; as crianças aprendam a amá-l’O; os pais e avós falem das diferentes vocações aos seus filhos e netos; as famílias cristãs sejam geradoras de vocações, e reconheçam a necessidade de corrigir uma certa perda de estima pela vocação sacerdotal, a par duma difusa acção educativa. Pedimos maior criatividade e coragem na proposta da vida sacerdotal aos jovens e no acompanhamento do processo de decisão. A transmissão da fé não pode esquecer em momento algum a proposta vocacional, dirigida a todos, em todas as fases da vida, aberta a todas as vocações e ministérios. Possa a voz deste chamamento encontrar eco no coração inquieto de muitos jovens. Que as famílias cristãs sejam um viveiro de vocações.
Neste dia da minha Profissão Solene como Carmelita Descalço gostaria de me recomendar às vossas orações, a fim de conservar este dom que acabo de receber. Assim como diante de vós fiz os meus votos solenes, diante de todos vós os quero cumprir!
Que o fulgor da corte celeste infunda e imprima em vós e nas vossas famílias abundantes bênçãos.
Fr. Daniel Jorge de São José Sachipangue
Chama do Carmo I NS81 I 17 de Outubro de 2010
3 comentários:
Frei Daniel, ficamos muito felizes por ti e pela Ordem.
Muito bem-vindo à comunidade de Viana!
Muito obrigado por este belo testemunho! Deus te abençoe!
Frei Daniel, o teu testemunho de vida cristã é muito belo. Que Deus te abençoe fecunde e dê muito fruto no teu projecto de fé e amor.
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