Senhor, bom Deus, dá-nos profetas como Isaías!
De novo te pedimos: dá-nos quem em teu Nome proclame uma Boa Notícia de consolação e nos fale ao coração…
Sim, pelas frinchas das janelas da alma entra-nos muito frio e esvai-se-nos o calor. Por isso precisamos de quem nos fale ao coração, de quem nos serene a alma e nos acalme os pensamentos. A espera é por vezes longa e o trabalho cansa-nos. A lufa-lufa esgota-nos. Manda-nos quem nos guie, quem nos anime, quem connosco enfrente as tempestades.
Tu bem sabes, Senhor, dos nossos cansaços. Bem sabes como precisamos de ser consolados, como a vida às vezes nos aperta e nos violenta, como nós mesmos às vezes lhe torcemos as voltas e depois nos despenhamos nas curvas inesperadas e nos precipícios que pouco antes construímos…
Erguemos tantos castelos no ar, levantamos tantas estradas de montanha de que não sabemos regressar...
Vem, Senhor, e devolve-nos à vida!
Tu sabes, Senhor, como precisamos de consolação e libertação! Dá-nos profetas que nos gritem ao coração a notícia de que estás a chegar, de que vens sempre novo e de novo, para altear os vales que escavámos, para abater os montes que levantámos, para derrubar as muralhas que edificámos e restaurar os caminhos que vedámos…
Dá-nos, Senhor, profetas maiores que o medo, maiores que a sensatez do mundo, homens e mulheres cujas vidas ultrapassem as fronteiras das linguagens dogmáticas e nos falem de Ti com desassombro, com encanto e tão enamorados que nos façam sentir-Te próximo e atento, cuidando de nós como um pastor que apascenta o seu rebanho e congrega à sua volta as ovelhas que se tinham perdido, que toma os cordeirinhos no seu próprio colo e dá ao rebanho a voz que chama ao descanso em segurança…
Dá-nos, Senhor, profetas como João, que nos abrem ao "princípio do Evangelho de Jesus Cristo" nas nossas próprias vidas, homens e mulheres que nos falem de Jesus como quem nos apresenta à pessoa mais importante que conheceram, o centro das suas vidas!
Dá-nos profetas assim, Senhor, como ele, que não guardava ninguém à volta de si mesmo mas apontava os que o procuravam para "Aquele que viria, maior que ele". Dá-nos profetas humildes, que sabem que estão na festa das bodas mas não querem ocupar o lugar do noivo…
Dá-nos gente de Coração audaz, sem medo dos gestos fortes e das palavras inconvenientes, porque só esses são capazes de apontar verdadeiramente para além de si mesmos, são capazes de aplanar caminhos em que os débeis deixam de tropeçar e cair e rasgar veredas novas.
Nós que somos da Nova Aliança que João já não teve tempo de conhecer, precisamos ainda de gente como ele para renovarmos a nossa vivência do Baptismo no Espírito, porque muitas vezes não passamos do baptismo da água que molha e se limpa com a toalha, e o resto seca pouco depois.
Tu, que és o Senhor do tempo e da história, faz-nos estar atentos aos tantos sinais proféticos que existem nos nossos dias, mergulha o nosso coração na sabedoria da vigilância e faz crescer em nós a esperança desses "novos céus e nova terra onde habita a justiça" de que falam sempre os teus profetas, esse mundo admiravelmente novo a emergir ao qual Jesus chamava Reino de Deus.
Senhor, nós vivemos esperando e apressando o tempo novo, como nos diz a segunda carta do Pedro, que neste domingo lemos na Eucaristia.
Ajuda-nos a entender bem este apelo, Senhor.
Ajuda-nos a esperar e a apressar.
Esperar não é para nós uma atitude passiva; mas é o impulso que nos faz antecipar o que se espera, viver segundo o que se ama, mesmo quando ainda não é tudo evidente.
Esperar o advento do Reino é estar permanentemente apressando essa vinda, antecipando-o, vivendo segundo os critérios do Reino revelados plenamente na vida de Jesus. Ou seja: enquanto esperais tudo isto, empenhai-vos!
Senhor, sê Tu, hoje, a dizer com a Tua ternura estas palavras dentro de nós, para que compreendamos o que significa esperar, e o que é preparar a tua chegada, que é permanente, se torne visível e sensível nos nossos gestos e atitudes…
Senhor, digo com a Igreja primitiva: Maranatha! Vem, Senhor! Vem! Vem!
E sinto, hoje, que tu me apontas o mundo povoado por tantos irmãos e irmãs e me dizes, como resposta: Vai! Vai!
Chama do Carmo I NS 126 I Dezembro 4 2011
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