Sentirmo-nos amados é o que nos
faz peregrinar!
O meu testemunho sobre a Peregrinação Teresiano-Saojuanista 2012
Estou
certa de que a experiência de peregrinar por caminhos calcados por pessoas tão
marcantes em nossas vidas de carmelitas como Teresa de Jesus e João da Cruz
foi, é e continuará a ser um excelente desafio lançado pela nossa Ordem.
No
último fim-de-semana do mês de Abril, aceitámos e lançámo-nos à aventura.
Que
desafios nos colocariam estes místicos após tantos anos? Um repto de peregrinar,
não apenas com as nossas próprias forças, capacidades, vontades, perspectivas,
etc., mas com e na companhia contínua de uma comunidade que partilha o mesmo
carisma carmelita, sob o olhar de Deus.
Visitar
e rezar em lugares que fazem parte da nossa história e que nos trazem lembranças
fortaleceu e fortalecerá a nossa fé e a nossa identidade, comoveu-nos e estou certa que a muitos
contagiou para que se aventurem em próximas peregrinações.
Empenhamo-nos
em comunhão, em amizade. Cantamos, rezamos, rimos e choramos… Aprendemos, pois,
que para qualquer um de nós viver a peregrinar o importante é conviver com quem
se entrelaça nas nossas vidas. Esta eterna valsa da vida jamais poderá culminar.
O
pouco tempo que passámos em terras de Espanha não nos impediu de entrar e
comungar a fundo com as nossas origens carmelitanas. Foram três dias unidos num
caminho pautado pela semente do verbo amar.
Trazemos
em nós, cravados no coração, marcos que farão para sempre parte da nossa narrativa
de vida. Assim, uma manhã repleta de chuva, entre montes e vales, no Deserto de Las
Batuecas, onde em união de corações, louvámos a Deus pelas suas maravilhas. Os momentos de silêncio eram melodiosamente preenchidos pelos pingos da
chuva, pelos pássaros que esvoaçavam, pelo riacho que corria. Que bela companhia com que
Deus nos abraçava!
Ao
entardecer rezámos missa junto ao Túmulo de Teresa de Jesus, em Alba de
Torme. Começámo-la a meia luz, a luz ténue e suave.
E
embora fosse quase noite, no findar do dia, sábdo, fomos surpreendidamente
convidados a descobrir os caminhos do Convento do Carmo de Segóvia e sua horta. Subimos ao alto e tal
como São João da Cruz, fomos capazes de vislumbrar mais além das espessuras do
caminho, mesmo de noite!
No
Domingo terminámos junto do sepulcro de São João da Cruz, cantando as
maravilhas que Deus silenciosamente tinha começado a operar em nós.
A
peregrinação começava ali…
Estou
certa que estamos profundamente agradecidos pelos carmelitas descalços que nos
acompanharam, e acompanham, Frei João Costa e Frei Silvino. Por nos terem guiado e
proporcionado um contacto com as origens da nossa Ordem, também eles rodeados do
verdadeiro Amor de Deus com que foram cativados na sua vocação de
carmelitas!
Juntos
reavivamos e descobrimos a identidade de sermos filhos carmelitas, amados por
Deus. É engraçado ver como Deus, através deste carisma carmelitano,
penetra na nossa vida em todas as dimensões. Jamais poderemos colocar por
palavras as graças que vamos recebendo…
No
Domingo, de noite, já bem noite, «uma noite mais clara que a alvorada…»
chegámos a nossas casas e começámos a vislumbrar os caminhos que tínhamos
percorrido. Um caminho que se nos abre, nos dá forças, capacidades,
vontade, maneiras diferentes de olhar as situações…
Prova de que Deus esteve e
estará connosco não é o facto de que em determinados momentos da nossa vida
tenhamos ou venhamos a cair, mas que Ele nos predispõe nos levantarmos após
a queda. E mesmo que não sejamos capazes, algo advirá…
Hoje,
cada um de nós continuará a peregrinar na vida. Cada um trará em si uma história
para contar e uma história que quer continuar a construir.
Jamais
nos cansemos de peregrinar, ponhamos os olhos na cepa donde provimos. Não
desistamos de caminhar com Teresa de Jesus e João da Cruz, com os olhos postos
no coração de Deus!
Muito
temos que continuar a aprender deles que jamais peregrinavam sós. Tal como eles
façamos comunhão.
Ámen.
Verónica Parente, Viana do Castelo
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