Foi-te dito:
Tem um nome sem mancha
como um bom fariseu.
Tu jejuas e economizas
nos dias assinalados,
e os papéis de tua vida
estão assinados e absolvidos.
Livra-te de dar a mão
ao doente de Sida
saudando seu passado,
ou perguntando o seu nome
olhando-o nos olhos.
Os pobres são um abismo
de ignorância e preguiça
que devora ao que se aproxima
com seu tempo e seus bens.
A ansiedade do solitário
pode envolver a tua companhia
como um redemoinho de naufrágio.
Talvez baste uma esmola
depositada por telefone
na mão fria
de uma conta de banco.
Mas a Palavra diz:
Os pecadores e excluídos
chamam a Deus,
e Deus desce até eles.
Nós os descobrimos juntos
no mesmo encontro:
prostitutas de avenida,
emigrantes sem papéis,
presos sob grades.
Deus enlodado com fracasso
de pecadores perdidos,
sobrenome divino
triturado por mecanismos
de aço mercantil
e de confusões pessoais.
Aí descobrimos
a dignidade indestrutível
dos chamados
a escória da terra.
Um Deus tão solidário
rouba-nos o coração
e nos oferece a alegria
de entregar a vida
para a festa universal
que a tudo refaz.
Autor desconhecido
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