sábado, 3 de maio de 2014

Breves traços biográficos do B. Frei Bartolomeu dos Mártires

Frei Bartolomeu dos Mártires nasceu em Lisboa no dia 3 de Maio de 1514, na rua dos Tanoeiros.
Seus pais, Domingos Fernandes, tanoeiro de profissão, e Maria Correia, doméstica, eram naturais de Verdelha, Lisboa. Tinham mais uma filha que também foi para a vida religiosa, com o nome de Catarina do Espírito Santo, no mosteiro do Rosário – Lisboa.
Aos 14/15 anos de idade, entrou na escola do Convento de São Domingos, em Lisboa, onde aprendeu as primeiras letras e lições de gramática e rapidamente dominou o latim, além da ciência de querer bem a Deus e ao próximo, sobretudo aos pobres.
Salientou-se pla sua inteligência e compostura e pelo interesse revelado pelas coisas de Deus, tendo os frades aconselhado os seus pais a que o mandassem seguir estudos.
Por vontade própria continuou naquele Convento, sentindo um cada vez maior apelo à vida religiosa, tendo-lhe sido explicado, por Frei Jorge Vogado, o rigor e a austeridade da Ordem.
Admitido ao Convento, recebe o hábito dominicano a 11 de Novembro de 1528 e faz a sua profissão a 29 de Novembro do ano seguinte, tomado o nome de Frei Bartolomeu dos Mártires. Com esta decisão renuncia aos apelidos “Fernandes” e “Vale” para homenagear Nossa Senhora Rainha dos Mártires, padroeira da igreja paroquial onde fora baptizado.
Concluiu os estudos filosóficos e teológicos em 1538.
De 1538-1557, ensina nos conventos de Lisboa, “da Batalha” e Évora. Entretanto, vai aprofundando o seu percurso académico, tendo feito um interregno na leccionação para, em Salamanca, preparar e apresentar provas de doutoramento na Faculdade de Teologia (28 de Março de 1591). Entre Agosto de 1557 e Maio de 1558, foi eleito Prior do Convento de S. Domingos de Benfica, em Lisboa.
Neste último ano, é apresentado pela rainha Catarina para suceder a D. Frei Baltasar Limpo, da Ordem do Carmo, como Arcebispo da Arquidiocese de Braga.
Apesar da resistência em aceitar a Mitra de Braga, “obrigado” pelo seu Provincial a aceitar, ainda antes de ser ordenado, começou a estudar a situação daquela região pastoral.
Só uma ano mais tarde o Papa Paulo IV o haveria de confirmar como Arcebispo, com a Bula “Gratiae divinae praemium”, data de 27 de Janeiro de 1559. É ordenado bispo em 3 de Setembro em S. Domingos de Lisboa.
Inicia a sua actividade na vastíssima Arquidiocese no dia 4 de Outubro de 1559.
A sua actividade apostólica é multifacetada. Recordemos alguns elementos mais sugestivos. Notabilizou-se pela realização de3 actividades pastorais; empenha-se na evangelização do povo, tendo para o efeito, preparado um “Catecismo ou doutrina cristã e práticas espirituais”; a solicitude pela cultura e santificação do clero leva-o a instituir aulas de teologia moral em vários locais da Diocese e a escrever. Entre as 32 obras doutrinais merece particular relevo o “Stimulus Pastorum”,distribuído aos Padres dos Concílios Vaticano I e II, que já conhece a vigésima segunda edição.
A concretização do empenho de reforma encontra-se, também, em espaços estruturais a que deu vida, como o Convento de S. Domingos, em Viana do Castelo, para nele fundar uma escola de Moral. Verdadeiramente inovador, o Arcebispo descentralizou a formação com escolas em diversas partes da Arquidiocese.
Em 24 de Março de 1561 sai de Braga para Trento, cidade italiana que acolhe a realização do Concílio de Trento, entre 1562 e 1563, convocado por Pio IV, cujos padres sinodais foram brindados com 268 petições como síntese das interpelações de Reforma para a Igreja.
Para concretizar as Reformas Tridentinas efectuou um Sínodo Diocesano, em 1564, e outro Provincial, em 1566.
Em 1571 ou 1572, dá início à construção do Seminário Conciliar do Campo da Vinha, não sem enfrentar uma forte oposição no seio da hierarquia bracarense.
Em 23 de Fevereiro de 1582 renuncia ao Arcebispado e recolhe-se ao convento dominicano da Santa Cruz, na cidade de Viana do Castelo, nascido por seu empenho (1561) para favorecer os estudos eclesiásticos e a pregação.
Morre nesse convento a 16 de Julho de 1590, reconhecido e aclamado pelo povo como o Arcebispo Santo, pai dos pobres e dos enfermos. O seu túmulo é venerado na antiga igreja dominicana em Viana do Castelo, Monserrate.
Foi declarado Venerável por Gregório XVI em 23 de Março de 1845.
O Papa João Paulo II reconheceu em 7 de Julho de 2001 o milagre proposto para a beatificação, celebrada a 4 de Novembro deste ano, dia litúrgico de São Carlos Borromeu, com quem trabalhou arduamente na prossecução dos objectivos do Concílio de Trento.


in Notícias de Viana, 1 de Maio de 2014, p.5

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