Francisco Palau é o terceiro de seis filhos do casal Jose Palau Miarnau e de Antónia Quer. Nasceu no dia 29 de Dezembro de 1811, em Aytona, Lérida, Espanha. Foi baptizado no mesmo dia e confirmado aos seis anos, a 11 de Abril de 1817. Passaram recentemente os 200 anos do seu nascimento. No próximo dia 17, no retiro quaresmal, escutaremos a ternura de duas das suas filhas falando do amor do pai pela mãe Igreja!
O lar dos Palau vivia da terra cujo cultivo se viu agravado com a guerra. Não vivem desafogados, mas honesta e decorosamente. A família é de sólida e exemplar tradição e vivência cristãs.
Francisco cedo se iniciou nas letras com a ilusão de ser alguém. Nos estudos tem aproveitamento tão superior ao dos irmãos e colegas que o professor insiste que lhe seja proporcionada a frequência dos estudos superiores. Recomendado pelo pároco, consegue uma bolsa de estudos que sufragará os encargos com o Seminário. Quatro anos depois abandona o Seminário para entrar na vida carmelitana. Recebeu o nome de Frei Francisco de Jesus Maria e José. No Noviciado conheceu a vida dos Carmelitas Descalços, contactou com eles e entusiasmou-se com o simbolismo do profeta Elias, com as gestas de Teresa, com os silêncios contemplativos de João da Cruz.
Consagra-se no dia 15 de Novembro de 1833. Dois anos depois as turbas levantaram-se sem regra nem lei, para invadir e queimar conventos.
Frei Francisco foge. De ora em diante viverá na esperança do regresso à vida claustral.
Foi ordenado presbítero a 2 de Abril de 1836. Porém, como ele próprio refere, «para viver no Carmo somente necessitava duma coisa: a vocação». E vocação de carmelita, sabe que tem! É-lhe conferido o título de missionário apostólico, que não lhe evitará o desterro em França.
Por meados do século a tempestade amaina. Empreendedor como é aceita do Bispo de Barcelona a direcção espiritual dos seminaristas e um mandato de renovação pastoral mais ampla. Em consequência desse mandato fundou com as forças vivas de Barcelona a Escola da Virtude que visa a instrução religiosa e cristã. Os sectores anticlericais mover-lhe-ão poderosa perseguição, que acabará encerrada e desterrado o seu fundador na Ilha de Ibiza.
Chega a Ibiza no dia 9 de Abril de 1854 completamente derrotado e abatido. Cabe-lhe agora recomeçar do nada. Durante os longos seis anos insulares residiu numa vivenda rústica, e dedicar-se-á sobretudo ao retiro e à oração, coordenadas da vida carmelitana. Aí amadurece novos projectos e mantém correspondência assídua com os antigos colaboradores da Escola da Virtude. A reunião de forças permite-lhe erguer uma capela que será o futuro Santuário de Nossa Senhora do Carmo em Es Cubells.
Rodeado de discípulos aprecia a solidão da ilha, onde se reencontrou com a geografia da sua cela conventual e onde amadurece espiritualmente.
Durante um ciclo de pregações em Ciudadela, Menorca é iluminado profundamente sobre a realidade consoladora do mistério da Igreja. Esta revelação tem carácter de charneira e define definitivamente a sua vocação inserida na Igreja, vivida para corresponder ao seu amor.
Faltam-lhe doze anos de vida, pelo que depois de preparado pelo cadinho, poderá lançar-se na missão de servir incondicionalmente a Igreja.
Nos anos seguintes, até 1866, dedicar-se-á sobretudo a pregação nas grandes cidades. Entretanto, vai adquirindo consciência de que a sua vida fora do claustro deverá orientar-se para uma obra fundacional.
Nos últimos seis anos de vida entrelaçará a vida de pregador com a de fundador e de assistência espiritual, sobretudo o de acolhimento compassivo de doentes incuráveis com sintomas e quadros clínicos muito complexos. Cria um hospício, onde, movido por profunda compaixão, acolhe os não poucos desperdícios humanos da sociedade de então, que ele trata e cura, com o recurso ao exorcismo.
Morre exausto aos sessenta e um anos de vida, no dia 21 de Março de 1872.
A figura do Bem-aventurado Francisco Palau é plurifacetada como convém ao Carmelita mais criativo do séc. XIX.
Juridicamente foi sacerdote secular, mas espiritualmente considerou-se sempre Carmelita Descalço, onde professou. A sua personalidade e a sua biografia entroncam nestas duas realidades. A sua vida apostólica revelou-se fértil. Foi pregador apostólico e catequista pioneiro dos métodos catequéticos; foi escritor no sentido apologista, embora tenha entrado pela narrativa e pela didáctica e pela mística; foi jornalista e exorcista por opção pessoal; foi fundador e legislador.
Como Carmelita Descalço exposto à intempérie, o seu coração ansiava pela vida comunitária claustral. Desse impulso nasceram os Irmãos Terceiros Carmelitas, as Carmelitas Missionárias e as Carmelitas Missionárias Teresianas, com o objectivo de completar no seu tempo a obra reformadora de Santa Teresa de Jesus e de recuperar a tradição contemplativa da Ordem.
Chama do Carmo I NS 140 | Março 11 2012
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