Há muita sabedoria e reflexão entre os fiéis leigos. Eles também pensam e o Espírito também os inspira. Como sugestão, aqui fica o desafio para que no futuro apareçam mais colaborações similares; aliás, devo também referir que na sequência das homilias há por vezes conversas e aportações deliciosas, que mostram que somos ouvidos por tantos corações que como eu seguem e amam o Senhor. Eis as palavras da Julieta (E nada estava mal, Ju, fica descansada.):
Boa noite, Frei João!
O desafio foi feito e aqui está o resultado!
Espero não escrever muitas asneiras!
Este é o resultado do meu "trabalho de casa" ao longo da semana. Para poder escolher os cânticos da forma mais enquadrada possível, ao longo da semana eu leio e medito antecipadamente a Palavra de Deus. Como poderás imaginar, não costumo escrever; fixo algumas ideias chave e nada mais. Desta vez, e depois do desafio lançado, procurei estruturar um pouco mais. Agradeço que corrijas o que estiver mal.
Nada te perturbe
Nada te espante
Quem a Deus tem
Nada lhe falta.
(Santa Teresa de Jesus)
Tu és o Messias!
(Pedro, Apóstolo)
Que ligação entre o pensamento de Santa Teresa e a afirmação de Pedro, que responde à pergunta de Jesus: «Quem dizem os homens que eu sou? E vós, quem dizeis que eu sou?»
Aparentemente nada une estas duas afirmações.
No entanto, vejamos com um pouco mais de atenção.
À pergunta de Jesus sobre a sua identidade, Pedro responde categoricamente: «Tu és o Messias.»
Parece que estou a vê-lo… Pedro, um homem de personalidade marcadamente primária, assume firmemente o pensar dos discípulos e auto-nomeia-se seu porta-voz: «Tu és o Messias!», sem hesitações, com convicção!
Mas a impetuosidade de Pedro quebra-se perante os ensinamentos de Jesus - «O Filho do homem tem de sofrer muito.» Pedro toma Jesus à parte e contesta-O. Poderíamos dizer que perante o anúncio de sofrimento de Jesus, Pedro procura encontrar um “final feliz” para o Mestre e para ele próprio! Jesus prossegue e vai ainda mais longe: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.»
Para “desencanto” de Pedro e, por certo, de todos os discípulos, Jesus não é o Messias, Rei, guerreiro vitorioso, que Pedro identifica, baseado na esperança histórica do povo de Israel. E, Pedro, como qualquer um de nós, revela muita dificuldade em descolar-se desta marca histórica do seu povo. Jesus vê-se mesmo obrigado a adverti-lo com veemência: «Vai-te, Satanás, porque não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens.» Como quem diz: Acorda, Pedro! Vê que te proponho uma forma bem diferente de estar no mundo: o serviço e não o poder nem a violência!
Jesus dá a conhecer aos seus discípulos a verdadeira natureza da sua identidade e da sua missão. Apresenta-lhes uma forma totalmente nova de estar na vida, de servir: a aceitação do sofrimento e da cruz como missão pessoal e de todos aqueles que O seguem. «Quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á.»
No entanto, Jesus não nos abandona num sofrimento inútil e solitário. O Profeta Isaías recorda-nos precisamente essa presença de Deus, sobretudo nos momentos de maior dor: «Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio… O meu advogado está perto de mim.»
Por tudo isto, com Santa Teresa podemos afirmar: «Nada te perturbe, nada te espante, quem a Deus tem, nada lhe falta!»
E tal como afirmava o Profeta Isaías: «Quem ousará condenar-me?»
A Liturgia da Palavra desta semana deixa-nos, pela boca de S. Tiago, uma advertência que sempre devemos recordar e procurar actualizar na nossa vida: «A fé sem obras está morta.»
Não chega proclamar que Jesus é o Messias. O Cristianismo mais que conhecimento, é uma realidade vivencial. Não chega conhecê-lO (O importante, afinal, é que ninguém ama o que não conhece!). Urge, no entanto, que nos identifiquemos com Ele. Que façamos nossas as suas atitudes e comportamentos. Só assim poderemos cantar com o Salmista: «Caminharei na terra dos vivos, na presença do Senhor!»
Julieta Palma
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