No passado dia 15 de Junho realizou-se no Convento do Carmo pelas 21h uma conferência proferida pelo Pe. Pablo Lima, pároco diocesano na paróquia de Serreleis Viana do Castelo.
No termo do ano sacerdotal reflectir connosco, uma sala cheia de leigos, e os Padres Carmelitas da comunidade, a razão e a finalidade desta decisão do Papa. Tema: “Vós sois um sacerdócio real”(1Pe 2:9) Carta de Pedro escrita por Silvano, escrivão de Pedro, à volta do ano 67.
No desenvolvimento do tema o Pe. Pablo base-ou-se na primeira Carta de S. Pedro; na Carta de proclamação do Ano Sacerdotal do Papa Bento XVI; num texto da Primeira Apologia de S. Justino (séc. II) sobre o Batismo de regeneração; num texto de João Paulo II - Ecclesiam de Eucharistia, nº 21 e na homilia de Bento xvi aos sacerdotes reunidos na Praça S. Pedro, no dia 11 Junho 2010.
Porquê a decisão do Papa em determinar um ano de oração pelos sacerdotes e com eles?
1º- Os 150 anos da morte de S. João Maria Vianney (1786 – 1859), pároco de Ars, diocese de Belley – Santo Patrono de todos os párocos do mundo. Foi pároco 42 anos em Ars, onde com uma eficaz pregação, mortificação, caridade e oração, atraiu e converteu um grande número de pessoas. Revelou dons especiais na administração do sacramento da Penitência e na direcção espiritual.
2º- Apelar “à renovação interior dos sacerdotes”, pretendendo atingir “um testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo” (Bento XVI).
3º- A falta de credibilidade crescente pelos escândalos ocorridos na Igreja.
4º- Aprofundamento da vocação sacerdotal de todos os batizados. Cooperação ministros orde-nados e fiéis leigos.
Em que consiste ser “um sacerdócio real”?
“Vós sois linhagem escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo resgatado a fim de proclamar as maravilhas Daquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável.”
Cada um de nós foi resgatado ao mundo das trevas pelo sacramento do Batismo. São Justino no seu texto O Batismo de Regeneração fala-nos do nosso primeiro nascimento segundo a lei da natureza, e dum segundo nascimento fruto de uma escolha livre e consciente, que nos conduz ao Batismo pela água para nossa regeneração e perdão dos pecados cometidos; sendo este antecedido por penitência. Sobre aquele que é batizado pela água é pronunciado o nome do Criador e Senhor Deus de todas as coisas: “A este Batismo dá-se o nome de Iluminação porque os ini-ciados nesta doutrina ficam iluminados na sua inte-ligência.” (S. Justino, Ap.1,61,12)
Assim sendo “todos os batizados fiéis leigos e fiéis ordenados” estão ligados à “proclamação das maravilhas de Deus… …aproximando-vos Dele, pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus, também vós – como pedras vivas – entrais na construção de um edifício espiritual, em função de um sacerdócio santo, cujo fim é oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo.”(1Pe 2:4-6) E ainda: “Exorto-vos ir-mãos, pela misericórdia de Deus, a que ofereçais os vossos corpos como sacrifício vivo, santo, agra-dável a Deus. Seja este o vosso verdadeiro culto, o espiritual.”
(Rom 12:1)
Impõe-se uma chamada ao sentido da palavra sacrifício – (sacrum facere, que significa fazer sa-grado ou consagar, isto é, devolver à propriedade de Deus. E ao sentido da palavra corpo isto é, vi-da, como acto de louvor e entrega. Nesta lingua-gem está bem presente a passagem do Antigo Testamento para um Tempo Novo com Jesus. O fim das ofertas materiais exteriores a nós, e o convite a nos ofertarmos.
Com o Batismo estamos conscientemente a de-volver a Deus – a deixar-se consagrar – aquilo que é Dele: a nossa vida, e tudo o que nela está contido. E na Eucaristia o cristão associa a hóstia viva da sua vida no dia-a-dia à Hóstia consagrada do Corpo de Cristo que vai receber na comunhão, de modo a que se transfigure toda a existência e assim se transforme o mundo segundo o Evan-gelho.
Em jeito de conclusão refiro alguns excertos da homilia de Bento XVI aos sacerdotes a 11/06/2010: “Deus como Bom Pastor precede-nos e guia-nos. O Senhor mostra como se realiza de forma justa nosso ser homens. Ensina-nos a arte de ser pessoa. Em um momento histórico no qual Deus parece distante e inalcançável cada cristão e cada sacerdote deveriam transformar-se, a partir de Cristo, em fontes que comunicam vida aos demais. Deveríamos dar a água da vida a um mundo sedento.”
Maria Tereza H. de Gouveia
Chama do Carmo I NS 76 I Junho 27, 2010
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