Uma boa queimada tem o seu esconjuro. Ou então não queima tudo. E quem bem sabe fazer um esconjuro é o dr. Francisco Sampaio, quem, no Jantar dos peregrinos, nos honrou com a sua presença e palavra sábia.
Depois de uma prelecção que todos guardamos no coração, aqui ficam palavras esconjurais que pela sua voz nos chegam de antanho:
[Ora bem, já sabem que o que vou dizer não é meu eu. Tirei umas partes da Galiza, umas partes nossas. Isto é tão bonito… que eu costume pedir a vossa colaboração, pedindo que repitam o que eu digo e assim participamos todos. Então vamos lá…]
Lume, luminha. Que verde caminha,
da fraga à lareira e faz lumeira.
Lume da quentura, p'ra nossa fartura.
Lume abençoado, pra nossa queimada.
Pingota de orvalho, folha de carvalho.
Auga do agoiro, mel de fervedoiro.
Cerqueira lume sem trasno nem fumo,
nem meiga chuchona, nem bruxa ventona.
Chiscar faisqueiro
mojena lumiosa, vagalume rosa .
Viradeira de luz, faremos la cruz.
Ámen, Jesus!
Pla auga da sorte, para que escorrente a morte.
Pla auga da vida que sare a ferida.
Pla erva moura que tape o tesouro.
Pla pedra do raio que mata o meigalho.
Lume, lume, lume, luminha…
[agora eu só…]
Abençoai todos quantos os aqui estamos
do Albergue de São João da cruz dos Caminhos;
e que faça com que este albergue
sejaum poiso de muitos peregrinos que venham até nós
e que depois de ressarcidos
de toda coisas tão ricas que nós aqui tivemos
continuem a sua peregrinação até Santiago de Compostela.
[Peço-vos agora que tb cantem comigo:]
Por São Silvestre, com pau de cipestre!
Por São Roque, com pão e trolitroque!
Por São João da Cruz dos Caminhos!
Por nossa Senhora do Carmo!
E num revira pés,
queimada que faço, queimada és!
1 comentário:
Muitas das palavras não podem expressar a sua grandeza, mas pode esta grandeza ser vivida intensamente...
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