sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Bem-haja, Santidade!


A Sua Santidade, o Papa Bento XVI
Bem-haja, Santidade!

É o que sentimos e temos necessidade de Lhe dizer, depois de que a notícia da sua renúncia ao ministério pontifício tenha alcançado a nossa família de carmelitas descalços e descalças com a velocidade dum relampago, de norte a sul, de este a oeste. As suas palavras comoveram-nos profundamente.
Entre os sentimentos que nos inundam, prevalece em nós, acima de tudo, a gratidão. Como tantos milhões de fiéis em todo o mundo, também nós, membros do Carmelo Teresiano, monjas, frades e leigos, queremos exprimir-lhe o nosso grande e sentido reconhecimento.
Nestes anos de serviço à Igreja na cátedra de Pedro, vimos em si uma porta aberta que é preciso cruzar para crer em Jesus e isto nunca podemos agradece-lo a si suficientemente, com todo o calor e paixão, herdados da nossa Santa Madre Teresa de Jesus. O nosso coração, onde chegava, dia após dia, com delicadeza e profundidade, o seu anúncio do Evangelho, deixou-se plasmar pelas suas palavras de Pai e Mestre. Com alegria e fé percorremos o caminho, para o qual nos conduziam, saboreando cada dia mais a beleza da fé. E permita-nos hoje, Santo Padre, que contemplemos a sua vida e o seu exemplo à luz dos versos de São João da Cruz: “De alma me consagrei, ao seu serviço e todo o meu haver, e já não guardo a grei, nem tenho outro mister: pois já somente amar é meu viver”.
Na sua mensagem disse-nos que agora o seu serviço à Igreja se manifestará sobretudo na oração. Que bem compreendemos o valor e a grandeza deste serviço no Carmelo teresiano!
Permita que o acompanhemos neste serviço em busca do Amado!
Queríamos dizer-lhe com simplicidade que ainda temos falta de si e que, se não poderemos fruir mais das suas palavras, contamos com o seu amor silencioso, com a sua oração escondida, e com a sua intercessão fraterna. A fragilidade que hoje experimenta transformá-la-á Deus em força para nós, capaz de animar o nosso empenho de cristãos e religiosos.
Deus é quem aponta os caminhos e, certamente, os seus caminhos não são os nossos. Santidade, gostávamos de tê-lo sempre connosco, para continuar a ouvir a sua voz de Pastor que nos dava segurança e nos animava a atravessar as encruzilhadas escuras da vida. Saiba que estamos vivendo com dor a sua decisão de se retirar, mas nas suas palavras sentimos ressoar aquelas de Jesus aos seus discípulos: “Se me amasseis, alegrar-vos-íeis porque vou para o Pai”. Estamos certos de que, como Jesus, também o senhor, Santidade, ao retirar-se, nos comunica o Espírito que o acompanhou das manhãs frescas da sua infância ao entardecer destas últimos anos.
Conte com a nossa pobre oração. É a única maneira em que podemos exprimir-lhe a nossa gratidão pela missão que desempenhou com valor, com dignidade, com firmeza e, sobretudo, com verdadeira humildade. O seu testemunho anima-nos a dar a vida num momento de carência tão grande para a Igreja. Como dizia Santa Teresa: “Ditosas vidas que nisto se esgotarem”!
Encomendamos as suas intenções a Maria, Rainha e Mãe do Carmelo, que sempre nos conduz a Jesus, em cujo obséquio queremos viver.

P. Saverio Cannistrà
Roma, 12 de Fevereiro de 2013

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