O poeta argentino Juan Gelman morreu hoje aos 83 anos, depois de uma vida de combate à ditadura. A sua lírica era centrada nas coisas simples do dia-a-dia, nas pessoas e na natureza, atenta à injustiça e sensível à dor dos outros. Rejeitava que a sua poesia fosse «comprometida», porque «o lugar que a ideologia ocupa na subjectividade de um escritor parece-me muito pequeno.
É neste doloroso contexto que se situam as palavras que Gelman dedica a Santa Teresa e a São João da Cruz no discurso de aceitação do prémio Cervantes:
«Santa Teresa e São João da Cruz tiveram para mim um significado muito particular no meu exílio a que fui condenado pela ditadura militar argentina. A sua leitura desde outro lugar reuniu-me com o que eu mesmo sentia, isto é, à presença ausente do amado, Deus para eles, o país de que fui expulso para mim. E quanta companhia de impossibilidades eles me brindaram! Esse foi o meu destino «o de morrer muitas vezes», como dizia Santa Teresa de Ávila. E eu morria muitas vezes e mais com cada notícia de um amigo ou companheiro assassinado ou desaparecido «que aumentava a perda do amado».
Somos Carmelitas Descalços, filhos de Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz, Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, Senhora do Sim, nossa Mãe e nossa Irmã, em Viana do Castelo, Alto Minho, Portugal, a viver «em obséquio de Nosso Senhor Jesus Cristo e a servi-l’O de coração puro e consciência recta».
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
A presença ausente do amado
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