Na eucaristia de acção de graças pelo XVIaniversário do GAF (11:30, do passado Domingo, festa de Pentecostes!) o P. Carlos Gonçalves, seu director, rezou e reflectiu rijamente a realidade actual desta instituição. Colhemos quase todas as suas palavras, e aqui as deixamos, para que a reflexão continue a ser feita, serenamente, nos nossos lares.
Celebramos hoje dezasseis anos da fundação do Gabinete Social de Atendimento à Família (GAF). Foi em 24 de Maio de 1994, celebrava-se então o primeiro Ano Internacional da Família, que a Comunidade dos Padres Carmelitas do Carmo, movida pelo Espírito que tudo revoluciona e transforma, que considerou ser o tempo favorável e oportuno a criar uma resposta inovadora e eficaz para responder aos múltiplos problemas humanos, sociais e espirituais com que as famílias do Alto Minho se confrontavam, lidos, percebidos e discernidos no atendimento diário da sua acção pastoral.
Sem estruturas físicas, que ainda hoje quase não possui, mas mobilizado pela missão de se sentir enviado ao mundo da exclusão, foi desenvolvendo serviços progressivos e diversificados em ordem ao bem comum, sobretudo aos grupos mais tipificadores da exclusão social: jovens/adultos sem projectos de vida provenientes de famílias disfuncionais, sem-abrigo, consumidores de substâncias, infectados de HIV/SIDA, mulheres vítimas de violência, desempregados de longa duração, famílias em situações reais de pobreza estrutural (económica, emocional e social), famílias que passam fome e vivem do cabaz de géneros alimentares que vem buscar regularmente ao GAF, ou se alimentam no seu refeitório social.
Actualmente, o GAF conta com uma numerosa equipa de cerca de 60 colaboradores, sendo 30 técnicos superiores das várias áreas das Ciências Sociais e Humanas, atendendo cerca de 1000 pessoas ao ano com mais de 15 mil atendimentos anuais.
Imagino que face a estes dados, fica no ar esta questão: Como se torna sustentável esta obra grandiosa e quase incomensurável? Vai-se viabilizando com imensas dificuldades financeiras, mas graças ao empenho e compromisso de muitos cristãos e cidadãos do Distrito de Viana do Castelo que gostaria enunciar:
>> O apoio incondicional da Ordem do Carmo, através do seu Provincial e da colaboração disponível e continuada da Comunidade do Carmo de Viana;
>> Cidadãos que no decurso deste anos integraram voluntariamente os órgãos sóciais do GAF: João Ferreira, Fernando Guerreiro, Liliana Iglésias, José Miguelote…José Vieira, Isolina Pequeno; Ângela Pontes, Julieta Palma;
>> A dedicação de muitos voluntários anónimos;
>> A colaboração de inúmeros parceiros: Organismos públicos: Câmara Municipal, Governo Civil e Centro Regional de Segurança Social; e entidades, organismos privados e empresas, com sentido de responsabilidade social;
>> Cidadãos, que contribuem anonimamente com géneros alimentares realiza nas grandes superfícies comerciais do distrito;
>> Os sócios amigos do GAF, que periodicamente contribuem em forma de donativo solidário, para a sua sustentabilidade financeira;
>> A criatividade, dedicação e saberes científico e técnico dos profissionais que passaram pela instituição que mantiveram sempre este sentido de pertença e missão à família GAF mesmo com remunerações modestas.
Que futuro para o GAF nestes tempos de Crise?
Haverá espaço para a solidariedade e para as políticas sociais de erradicação da pobreza e da exclusão em tempo de grave crise social, precisamente no ano europeu de combate à pobreza e à exclusão social?
Se o presente do GAF já é problemático e me preocupa com as dívidas aos nossos fornecedores (que têm sido tolerantes!) e à banca, o futuro produz-me insegurança, incerteza e apreensão. Os tempos próximos, dizem os analistas financeiros, serão de grande contenção das despesas e sacrifício para todos. Espero que não recaíam sobre os mesmos e os que nada têm; que os poderosos sejam mais sensíveis à partilha, à justa distribuição dos bens da terra em ordem ao bem comum, para que se esbatam as desigualdades e não hajam cidadãos de primeira e cidadãos que aguardam ainda a sua possibilidade de o serem de pleno direito. Acredito que, com um maior investimento e compromisso na definição de políticas sociais eficazes por parte do Estado e um crescente envolvimento da sociedade civil e da Igreja numa maior responsabilização social, poderemos encontrar soluções criativas e inovadoras para viabilizarmos este projecto GAF ao serviço dos mais carenciados, colaborando solidariamente na construção de uma sociedade mais fraterna e justa na distribuição do bens da Terra.
Continuamos a lançar a campanha dos “sócios e amigos do GAF” para despertar a consciência colectiva dos cristãos, de que temos de cuidar responsável e solidariamente dos nossos pobres que são os “tesouros mais preciosos da Igreja”. Cada um, através desta forma, poderá ter a oportunidade de partilhar o pouco que tem; de certeza, que não vai agravar o vosso orçamento familiar. No próximo ano fiscal, na declaração do vosso IRS podereis também sinalizar que 0,5% das vossas deduções poderão ser atribuídas para o GAF.
No final da celebração, na saída da Igreja, encontrareis funcionários do GAF para vos entregar alguma informação acerca dos vários serviços que actual-mente se prestam no GAF e uma ficha de inscrição, caso decidam aceitar o nosso desafio, para serem “Sócios amigos do GAF”.
Em nome dos cidadãos anónimos que servimos todos os dias, um muito obrigado a todos. Que Deus vos abençoe e vos conceda graças abundantes para que as possam partilhar abundante e graciosamente por aqueles que mais precisam.
Chama do Carmo I NS 72 Maio 30, 2010
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