O mês de Maria é o Advento. (E quem duvida deveria algum dia conhecer as esperanças duma grávida!) Aquele cheio silêncio de quem se sabe portadora de Deus e plenificada da Sua graça faz do Advento um tempo terno de espera confiante, um tempo de Maria que nos conforta, mima, anima e ilumina.
Mas Maio é o mês das flores e do coração. Até parece que a natureza se veste de esplendor só para comungar com Maria o seu louvor agradecido. Maio é por isso um mês mais popular, mais atraente. Vamos pois concordar em chamar-lhe Mês de Maria, a Senhora da alegria de Maio.
Maria chama-nos para Cristo.
Vamos iniciar o mês de Maio, Mês de Maria, sob o tónus espiritual da celebração litúrgica dos mistérios pascais do Senhor. A Senhora da Alegria está connosco neste tempo para nos animar a rezar.
Entre os cristãos católicos é longa a tradição de dedicar à Mãe a oração do terço. É certo que a devoção corre agora por carreiros estreitos de pequenos punhados de corações. Mas ainda corre.
Para os canônes actuais a repetição confere-lhe tons de aridez, monotonia e aborrecimento. É carimbo que ninguém lhe tira. Mas conviria reconhecer na sua simplicidade um convite à contemplação: E se descobríssemos nele uma outra forma de olhar Jesus sacerdote pelos olhos da Mãe?
Mistério a mistério, vamos repassando a vida de Jesus e repetindo o seu Santo Nome: Pouco há de mais belo que dizer o nome de alguém! Talvez neste Mês pudéssemos descobrir como Jesus gosta de ser chamado por nós com o jeito doce de Maria, sua e nossa Mãe. Demos as mãos a Maria e caminhemos com ela ao encontro de Jesus. Com ela e como ela chamemos Jesus para a nossa vida, e convidemo-nos para companheiros dEle. Com ela e como ela olhemos Jesus, recém nascido e rodeado da pobreza e escuridão no presépio; Olhemo-lO bébé de poucos dias, oferecido no Templo; Olhemo-lO sentado entre os doutores; em Caná, socorrendo os sobressaltos e necessidades humanas; olhemo-lO em dor no tribunal, na via sacra e no Calvário; olhemo-lO, jubilosos, na ressurreição (e ouçamo-lO dizer o nosso nome próprio — Como sabe Ele ser Senhor nosso!); olhemo-lO, glorioso, na Ascensão; majestoso e feliz, coroando a Mãe!
O terço é convite de união a Jesus. A ternura da Mãe nos leva pela mão: Não poderíamos ir melhor! No terço contemplamos a sua beleza na Anunciação, na serenidade do seu sim, na simplicidade da casinha de Nazaré, no seu serviço em casa de Isabel, na tristeza da perda do Menino e na alegria do seu encontro, no seu coração ferido na Paixão, no júbilo pela ressurreição.
O terço é convite a sermos discípulos de Jesus, tal como Maria o foi. Impossível reviver a vida de Maria sem a ela nos juntarmos no caminho de discípula fiel do Senhor. Como ela recordemos, como ela guardemos e como ela avivemos em nosso coração a vida de Jesus. Como ela configuremo-nos com o que contemplamos e guardamos de Jesus. Como ela rezemos por nós a Jesus, sem esquecermos tantos e tantas que dEle precisam.
Rezamos o terço para reviver Jesus, para como Maria guardar os episódios de Jesus no coração, e depois partir para a vida anunciando-O.
O terço não é prescrição, não é obrigação. É devoção e afecto à Mãe, que nos laça a Jesus e nos compromete a imitá-lO e a segui-lO.
Ó Santa Mãe de Maio, ajuda-nos a rezar gratuitamente e com serenidade as tuas memórias, aquelas íntimas que guardavas de Jesus em teu coração. Traz-nos Jesus à memória do coração e fala--nos dEle com amor, para que rezando com ternura saibamos unir a Jesus todos os vocacionados: as nossas famílias, catequeses e catequistas; os nossos seminaristas, noviços e noviças; os nossos sacerdotes, religiosos e religiosas; missionários e missionárias.
Chama do Carmo NS68 Maio 2, 2010
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