Jean Guiton, francês, é por muitos conisderado o maior filósofo cristão do século XX. Foi o único leigo a falar no Concílio Vaticano II. Essa fama foi ainda mais acentuada pela declarada amizade nutrida entre ele e o Papa Paulo VI, a partir do dia 8 de Setembro de 1950. Essa data foi um verdadeiro marco na vida de ambos. Naquele dia Mons. Montini, que ainda não era papa, exigiu que Guitton fosse visitá-lo todos os dias 8 de Setembro, onde quer que ele se encontrasse. E o filósofo cumpriu a promessa durante os seguintes 27 anos, até à morte do seu amigo que aconteceu nodia 3 de Agosto 1978.
Montini pediu ainda uma outra coisa ao filósofo: que lhe escrevesse livremente, sinceramente, sem nunca lhe esconder a sua opinião, mesmo que esta pudesse desagradar ao Papa. E o filósofo cumpriu, porque, como dizia S. Tomás «Os amigos são os que querem, e não querem, as mesmas coisas”. Por essa razão, ambos falavam-se e ajudavam-se abertamente um ao outro.
Quando Mons. Montini foi eleito Papa, Guitton foi despedir-se dele julgando que jamais o veria. Mas o Papa contestou-o: ‘Não sou eu um homem?; não tenho o direito de ter amigos? Não tenho sensibilidade? Venha sempre, pois preciso de si!’ E o filósofo continuou a visitar o amigo.
Várias vezes Paulo VI lhe confiou as suas preocupações. Um dia disse-lhe: «Coube-me dirigir a Barca de Pedro em tempos difíceis. Há uma grande perturbação no mundo e na Igreja. Vem-me agora repetidamente à memória a frase obscura de Jesus no Evangelho de S. Lucas: — ‘Quando o Filho do homem retornar, encontrará ainda fé sobre a Terra?’»
E o amigo respondia encorajando o Papa: «Também eu releio o Evangelho do fim dos tempos e constato que existem alguns sinais deste fim. Estamos próximos do fim? Isto jamais saberemos. É necessário estarmos sempre prontos. Coragem. É necessário que subsista um pequeno rebanho, por pequenino que seja.»
Costuma dizer-se que o Papa é o homem mais solitário do mundo. Solitário sim, esquecido ou abandonado nunca.
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