A restauração das Congregações Religiosas no nosso país, após a expulsão em 1834, não foi pacífica. Assim, também, o Carmelo Teresiano teve as suas dificuldades, mas a fé, a humildade, o amor a Deus e aos irmãos em Cristo, fê-los voltar a Braga.
Contudo, isto só foi possível trinta e seis anos após da restauração primeira casa da Ordem, em Portugal, graças aos pedidos endereçados ao então Arcebispo de Braga, D. António Bento Martins Júnior, que inicialmente não acolheu muito bem a ideia. Porém, devido à insistência do P. Isidoro da Virgem do Carmo, D. António aconselhou entendimento com os Franciscanos, dado que estes eram os capelães da Igreja do Carmo há cerca de quarenta anos.
Desta feita, o P. Isidoro falou com o Provincial dos Franciscanos, tendo este manifestado querer deixar a capelania do Carmo.
Concretizada esta intenção, o P. Isidoro renovou o pedido ao Sr. Arcebispo que permitiu o tão feliz e desejado acontecimento, o regresso da Ordem a Braga, com a licença de Fundação Canónica concedida a 30 de outubro de 1962.
De seguida, foi necessário proceder à limpeza do convento para que reunisse condições de habitabilidade e reiniciar, assim, a vida carmelitana.
Para assinalar este reinício foi escolhido o dia 3 de março de 1963. Na parte da manhã, foram celebradas duas missas, com elevada participação do povo Bracarense, que depois de saberem que os filhos de Nossa Senhora do Carmo regressavam ao porto de honra, quiseram mostrar o seu orgulho com tal acontecimento.
Às três horas da tarde os sinos começavam a repicar. Nas ruas circundantes do Carmo, era enorme a afluência de fiéis bracarenses, que mantiveram vivo no seu coração, o espírito carmelitano, apesar de anos de ausência.
De diversos pontos do país iam chegando autocarros com frades e leigos que queriam associar-se à grande solenidade.
Às quatro horas da tarde em ponto, deu-se a entrada triunfal dos Irmãos Carmelitas e o Delegado Provincial, P. Isidoro da Virgem do Carmo recebia o Sr. Bispo Auxiliar de Braga, D. Francisco Maria da Silva que celebraria a eucaristia solene. Dele se ouviram com regozijo, sentidas palavras de admiração pela Reforma Teresiana.
Durante a eucaristia, estiveram em lugares de destaque na capela-mor membros de várias Ordens e Congregações Religiosas. Da Companhia de Jesus, esteve presente o Magnifico Reitor da Faculdade de Filosofia Dr. José Patrocínio Bacelar, bem como professores da mesma instituição. A completar o belo cenário, encontravam-se os inúmeros fiéis.
A partir de então, formaram-se as sucessivas comunidades de frades ao longo destes cinquenta anos, que cultivando a vida de oração em ambiente de família, servem o povo de Deus através das seguintes atividades pastorais:
Celebração da eucaristia; Acompanhamento Espiritual; Sacramento da Reconciliação; Retiros; Formação de novas vocações sacerdotais carmelitas; Celebração de casamentos e batizados.
Em setembro de 1978, os frades assumiram a Capelania das Irmãs Carmelitas Descalças do Bom Jesus e entre 1991 e 2012, tiveram a seu encargo todo o trabalho pastoral da paróquia de S. Vicente.
Ao longo do tempo, formaram-se grupos corais, grupos de casais e de jovens e mais recentemente um grupo de acólitos e o Carmelo Secular ou Ordem Terceira (grupo constituído por leigos que têm como lema dar testemunho do Carisma Teresiano nas suas vivências) e, ainda, um grupo de preparação para o Sacramento do Crisma.
De há uns anos a esta parte temos tido a honra de assistir aos concertos de Natal dos grupos corais da casa, organizados nomeadamente, pelo Grupo Coral e Instrumental do Carmo e também pelo Grupo Apocalipse, que através do seu esforço e dedicação dão maior vivacidade às eucaristias dominicais das 11h30 e 18h30, respetivamente.
Não menos reconhecidos, são os recém-criados grupos corais que solenizam as eucaristias das 10h e 12h40. O grupo da eucaristia das 10h é constituído por alguns estudantes timorenses da Universidade do Minho e o grupo da eucaristia das 12h40 é formado por elementos de uma família.
É importante salientar que durante vários anos a celebração da Primeira Comunhão dos alunos do já extinto colégio Dublin, espaço contíguo ao convento, se realizava na Igreja do Carmo.
Esta foi, também, palco de encontros de coros (grupo coral da Paróquia de Sequeira, grupo coral da Paróquia de Dume, Orfeão de Braga, entre outros).
No convento do Carmo realizou-se, ao longo de anos a ceia de Natal e distribuição de bens alimentares às pessoas mais carenciadas da paróquia, iniciativa dinamizada pela Associação Vicentina.
Uma das celebrações mais importantes do ano acontece a 16 de Julho, dia em que se celebra a padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Estamos em tempo de dar graças a Deus por todo o trabalho e bem, que as sucessivas comunidades de frades carmelitas têm realizado nesta cidade. Mesmo os sacerdotes que agora estão noutras comunidades continuam carinhosamente nos nossos corações, bem como os que já partiram para junto do Pai.
Temos presente de modo especial, a atual comunidade formada por três frades: P. Agostinho Castro (Superior), P. Rui Rodrigues e P. Marco Caldas, pedindo-lhes que continuem a dar testemunho da vivência cristã e a orar por todos nós.
Finalmente, um desafio aos jovens bracarenses, que vai no sentido de procurarem conhecer o carisma carmelitano e este ser o despertar de novas vocações para no futuro termos sacerdotes carmelitas, filhos da terra.
Bem-haja a esta grande família!
Lurdes Fernandes, in www.carmelitas.pt.
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