No dia 28 de Novembro de 1568 inaugurou-se o primeiro convento de Carmelitas Descalços, em Duruelo, Ávila, Espanha.
Acompanhemos esta fundação, primícia de tantas para serviço da Igreja.
Frei João da Cruz encontrou-se pela primeira encontrou-se pela primeira vez com a madre Teresa de Jesus no anterior, em 1567. Ela viera desde Ávila para Medina del Campo para inaugurar a sua segunda fundação de freiras. Ainda não era uma mulher famosa, mas já realizara um longo caminho de discernimento da vida espiritual e comunitária, que incluía a redacção do Livro da Vida, do Caminho de Perfeição e as Constituições.
Marcada pelas divisões que a Reforma protestante haviam causado na Igreja e impelida pelo seu amor às almas e o desejo de que Cristo fosse sempre mais conhecido e amado por todos, ela Havai fundado o pombalito de São José (de Ávila). Ali se reuniu com ela um pequeno grupo de mulheres para viver em obséquio de Jesus Cristo, orando pela Igreja, pelos pastores e teólogos e defensores da fé.
Naquele estilo original de vida unia-se o apreço pela cultura e o calor da simplicidade da vida fraterna, longos momentos de oração silenciosa e um apurado sentido de humor. Não admira que estas características tenham chamado à atenção do Geral da Ordem, P. João Batista Rúbeo, quem em Visita a Espanha, lhe deu licença para fundar os conventos de freiras que a madre entendesse.
Atenta e sagaz ela deu-se conta de que para alcançar o êxito da sua fundação necessitava do apoio da Ordem masculina. Precisava, notou ela, que os homens vivessem os mesmos ideais e pudessem servir de confessores e pregadores para as suas freiras.
Inicialmente o Geral negou tal pretensão. Mas a Madre não era de se ficar e insistiu. E perante tal insistência, ainda antes de sair de Espanha, ele concedeu licença para que se fundassem dois conventos masculinos de «Carmelitas contemplativos». Ela logo deitou mãos à obra, quer dizer, logo começou a entrevistar-se com vários Carmelitas, mas não obteve os resultados desejados. É certo que o Prior do Carmo de Medina, tão aperaltado no seu hábito fino, ansiava ser o primeiro a unir-se a tal projecto, mas a quem ele não convencia era a Madre!
Entretanto, ainda antes de concluir o curso de teologia em Salamanca, veio dali a Medina, um jovem frade chamado Frei João. Recém-ordenado sacerdote chegava a Medina para celebrar a primeira Missa. Quase por acaso falaram dele à Madre Fundadora, e ela não descansou enquanto não o viu e lhe falou!
Mal trocaram três palavras Teresa compreendeu a excepcional envergadura do jovem frade Carmelita! E foi assim que lhe abriu a alma e lhe explicou o seu projecto. Ele também lhe abriu a alma a ela, e explicou-lhe o desejo que trazia de entrar na exigente Cartuxa, pois buscava uma entrega ainda mais radical e generosa ao Senhor.
A Madre não pode esperar!
Logo ela lhe respondeu: «Por que haveria de buscar fora o que tinha à mão, na sua própria Ordem?». E convidou-o a unir-se à sua já iniciada aventura fundacional, para a qual já possuía as devidas licenças.
A ele pareceu-lhe bem. Mas punha uma condição: «Que fosse rápido!».
A Irmã Teresa ficou encantada. No fim de tão fecundo encontro não pode menos que exclamar às suas irmãs: «Senhoras, ajudem-me a dar graças a Deus, pois já temos frade e meio para o nosso projecto!»
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