sábado, 2 de novembro de 2013

Olhares sobre vidas (sem) abrigo


Missão. Há 19 anos atrás, iniciava esta caminhada dos Padres Carmelitas, com o Gabinete de Atendimento à Família - GAF, rumo à inclusão, desenvolvimento e cidadania de famílias desfavorecidas. Caminhada que persiste enquanto tal realidade existir e enquanto o GAF puder cumprir a missão que tem designada: “Desenvolver respostas sociais de qualidade, com um espírito humanista e solidário, que promovam os direitos, a qualidade de vida, a inclusão e a cidadania de indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social e/ou económica.”
Desde então, o GAF tem dado respostas a famílias de todo o Distrito e de outros pontos do país.  Intervindo em áreas como a inserção sócio-profissional de pessoas em situação de sem-abrigo,  carência económica, violência doméstica e toxicodependência, o GAF promove estratégias de intervenção comunitária que vão desde a prevenção com crianças e jovens em idade escolar (intervindo também com pais e professores) à intervenção de última linha e reinserção.
Com múltiplos serviços, e projetos, o GAF conta com cerca de 60 colaboradores, voluntários e estagiários de diversas escolas e universidades. Tratando-se de respostas que abordam direitos, liberdades e garantias, o seu financiamento deriva de contratualizações públicas com os Ministérios, donativos e prestação de serviços que contribuem para a sustentabilidade do GAF como é exemplo a empresa de lavagem manual de automóveis, Washgaf.

Olhares sobre vidas (sem) abrigo
Esta iniciativa designada “Olhares sobre Vidas (Sem) Abrigo”, do serviço de Unidade de apoio na Toxicodependência (UAT) do  Gabinete de Atendimento à Família (GAF), deriva da necessidade sentida pelos serviços para a adoção de novos olhares sociais, quer acerca da problemática da toxicodependência, quer acerca da problemática dos sem abrigo.
Assim, com a colaboração do Pintor Mário Rebelo de Sousa, do Convento do Carmo em Viana do Castelo e de diversos pintores, escultores e fotógrafos pretendemos concretizar esta exposição “ Olhares sobre Vidas (Sem) Abrigo” onde as fotografias retratam  a realidade sem abrigo e as pinturas e esculturas a sua representação simbólica. Procuramos através de várias formas de expressão sensibilizar a comunidade em geral para esta problemática de “Vidas (Sem) Abrigo”.
As obras estarão disponíveis para venda, cujo valor reverte para o Gabinete de Atendimento à família. A exposição estará patente nos claustros do Convento do Carmo entre os dias 03 e 30 de Novembro.
Dr. Miguel Fernandes

O sem abrigo é
toda a pessoa que não possui residência fixa, pernoita na rua, carros e prédios abandonados, estações de metro ou de combóio, contentores, ou aquele indivíduo que recorre a alternativas habitacionais precárias como albergues nocturnos, quartos ou espaços cedidos por familiares, ou que se encontra a viver temporariamente em instituições, centros de recuperação, hospitais ou prisões. Em termos mais precisos, a tónica é assente na falta de uma habitação digna e estável.
Todos os seres humanos têm direitos e deveres. Encarar o fenómeno dos sem abrigo como “coitados dos pobrezinhos” não ajuda ninguém a sair do ciclo reprodutivo da pobreza: “Filho(a) de sem abrigo será sem abrigo”. A visão paternalista de lidar com as questões da pobreza não promove a eliminação da mesma. A igualdade de oportunidades para todo(a)s exige o exercício pleno de uma democracia participativa. Quem detém alguma responsabilidade sobre estas questões da pobreza deverá encará-la como uma questão humanista. Todos os humanos independentemente da sua condição socioeconómica têm direito à felicidade, ao amor, à ternura, ao bem estar de um lar. Não se trata de dar comida e cama, trata-se de se criar estruturas que possam conferir ao ser humano que se encontra na situação de sem abrigo o acesso à felicidade, ao amor e ao exercício pleno da cidadania de acordo com as suas reais capacidades. Não podemos exigir a um ser humano que nasceu nas piores condições (sem acesso à saúde, à educação, à cultura, ao desporto, ao trabalho e a um lar) o mesmo que exigimos a quem sempre teve tudo à nascença. Cada ser humano é único e todos merecemos que nos tratem com a dignidade que as constituições e os direitos humanos nos conferem.
Antes de serem sem abrigo são pessoas.
Bem hajam todos(as) os(as) que dedicam a sua vida a dignificar seres humanos.
Ana Ferreira Martins

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