
Somos Carmelitas Descalços, filhos de Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz, Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, Senhora do Sim, nossa Mãe e nossa Irmã, em Viana do Castelo, Alto Minho, Portugal, a viver «em obséquio de Nosso Senhor Jesus Cristo e a servi-l’O de coração puro e consciência recta».
Mostrar mensagens com a etiqueta Baptismo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Baptismo. Mostrar todas as mensagens
domingo, 12 de janeiro de 2014
Que fizeste, ó cristão, do teu baptismo?
Baptismo. O Natal fecha hoje portas até que o próximo Advento venha de novo abri-las. Este Domingo é fim das celebrações do Natal e o primeiro do Tempo Comum. É neste Domingo que celebramos a Festa do Baptismo do Senhor. E obviamente fazemos memória do nosso. Só pode ser assim. E é assim desde os primeiros cristãos, cuja sensibilidade os fazia perseverantes ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna e ao partir do pão. (É o que diz o Livro dos Actos dos Apóstolos no capítulo segundo.) Desde o início que conhecemos a porta de entrada na Ecclesia, desde o início que sabemos que tornar-se membro da Igreja incorpora em Cristo. Pelo baptismo somos um só como um só são os pés e as mãos, a cabeça e o coração. Pelo baptismo eu, nós, sou, somos um só. Um só com os que são cristãos. Um só com os que foram cristãos antes de nós. Um só com os que o serão um dia depois de nós. Um só corpo em Cristo. Não importa o que éramos antes, se ricos se pobres, se nobres se plebeus. Pelo baptismo somos baptizados no mesmo Espírito para sermos um só. Somos um, enfim!
Porque somos um só em Cristo podemos dizer que não nos pertencemos. Um cristão não é de si, não tem existência só. Nunca vive para si só, e só nunca está. Nunca está, ainda que queira. Um cristão só é tão absurdo como o é a subsistência de um dedo separado do corpo. Nunca jamais um dedo pode dizer: – Soltem-me, soltem-me, por favor! Vou-me embora, vou partir. Quero correr o mundo inteiro, quero ir. Quero ver e conhecer a vida do marinheiro sem dormir!
Não, um dedo não o pode dizer e, isso que temos vinte! Nem a boca nem algum outro membro ou órgão pode soltar tal grito de ipiranga! No corpo como na Igreja somos um e todos precisamos de todos. Temos todos a função que nos cumpre e se um se recusa ou sofre por cumpri-la sofre, obviamente, todo o corpo. Doa o que doer dói a todos, porque somos todos um só, mesmo que não tenhamos consciência da amplitude do corpo que somos.
Na missa de certa paróquia, um católico saudou um mendigo: – A paz contigo, irmão! E abraçou-o. Ao meio dia o pobre tocou à campainha do rico e anunciou-se: – Está aqui o teu irmão, há já um dia que não como.
Tinha razão, mas fez-se silêncio e não lhe abriram a porta.
O baptismo faz-nos irmãos, mas é um insulto se o somos só entre as paredes do templo que nos acolhe para comermos o Corpo de Cristo! Por alguma razão dizem os italianos que Entre o dizer e o fazer passa o mar pelo meio!
Não consta que haja um mar entre os dedos dos nossos pés! São todos dedos e nenhum igual e todos o mesmo corpo! Não é, porém, nada fácil viver a fratria proposta por Cristo, o que me leva a perguntar: – Será que os pais sabem o que impõem aos filhos quando pedem à Igreja o baptismo para eles?
Quando a maioria de nós entra no templo para assistir à missa não sabe o cabo dos trabalhos que foi prepará-la: *o coro ensaiou, a senhora da limpeza aspirou o chão e cuidou as madeiras dos bancos, as zeladoras revestiram os altares e floriram-nos, os leitores prepararam-se, os acólitos revestiram-se, o sacerdote preparou a homilia e as orações, de quando em vez fazem-se pequenas reparações, o sacristão preparou o cálice e a patena, contou as hóstias e pôs a partícula, o sanguíneo e o corporal, o lavabo e o manustérgio, espreitou as velas, conferiu os cestos das esmolas e não se esqueceu dos Leccionários nem do Missal nem da chave do sacrário.
(E no meio de tanta tarefa fica sempre a dúvida se estará tudo no seu devido lugar...)
Em dias de festa as cerimónias são mais demoradas de preparar. Enfim, quem quer festa sua-lhe a testa, e é óbvio que uma igreja e uma missa dão trabalho como o dão tantas ocupações e profissões por esse mundo fora. Claro que sim. E é claro que apesar de termos ido à missa toda a vida nem nos apercebemos destes pequenos trabalhos, que, por vezes, são fonte de grandes dores de cabeça. Ora o certo é que se tudo o que atrás foi elencado fôr cumprido ainda assim não pode haver missa!
(Faça-me um favor: páre aqui a leitura. Volte ao asterisco (*) que está um pouco a mais de meio da coluna do meio. Vá, vá lá, e leia o elenco das tarefas. Veja se sabe a que falta, aquela, essencial, sem a qual não podemos reunir-nos na celebração da missa! ..............................................................
..................................................................................................................................................................................................................................................... . Descobriu?
Se não descobriu, eu digo-lhe: faz sempre falta que o sacristão abra a porta para que entremos e nos reunamos em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!
É preciso abrir-se a porta. E o baptismo é a porta que se abre para que entremos e façamos corpo com os demais que por ela entraram.
O baptismo é a porta por onde todos entrámos! Todos!
E agora que cá estamos, deixe que lhe pergunte: O que fez (faz) do seu baptismo?
Certo rabino ensinava: Se queres tirar um homem da lama, não podes contentar-te em lhe estender a mão. Deves descer também tu à lama.
Na verdade cada membro da Igreja é responsável pelo mundo. E a Igreja é responsável por cada um de seus membros. Ser responsável significa apenas tornar-se tudo para todos para salvar a todos. Significa sujar os pés na lama! O que fez do banho do seu baptismo?
Chama do Carmo I NS 211 I Janeiro 12 2014
sábado, 11 de janeiro de 2014
sábado, 23 de novembro de 2013
Sobre o fim do Ano da Fé e um trabalho para casa
Fim do ano da Fé. Cinquenta anos depois da abertura do Concílio Vaticano II coube a Bento XVI convocar o Ano da Fé. Paulo VI ao tempo do seu pontificado convocara já um outro. Um e outro não têm outro fim se não o de reavivar a fé dos católicos e de nos animar a ir ao encontro de todos os homens e mulheres e levar-lhes a luz e o calor da fé. Somos todos missionários, bem entendido. E ninguém melhor que os pares para incendiar corações dizendo com simplicidade uma descoberta, uma alegria, um testemunho. A Igreja não é só procissões e exposições; a Igreja é caminho, é movimento. É o movimento do Espírito do Ressuscitado que não pára, não se cristaliza, não se petrifica. É vento dinâmico, é esperança ágil, é anúncio surpreendente. Neste domingo, Domingo de Cristo Rei, último do ano cristão, encerra o Ano da Fé. E agora?
Um ano é apenas um naco de tempo convencionado. Por isso ninguém leva a mal que o Ano da Fé tenha mais 45 dias que um ano propriamente dito. Começou a 11 de Outubro de 2012, a efeméride dos cinquenta anos da abertura do Concílio Vaticano II, e conclui-se ao sabor da liturgia com o encerramento do ano cristão, hoje, 24 de Novembro de 2013.
Encerramo-lo proclamando que só Jesus Cristo é senhor, só Ele é autor de todas as maravilhas, também da fé que nos é dada gratuitamente.
Assustados pelo excessivo sopesar dos prós e dos contras, do deve e do haver, também nós, católicos, caímos na esparrela de contar cabeças ou corações como se preparássemos exércitos para a guerra. Creio, porém, que a vivência do Ano da Fé fura e muito as urgências de contabilidades tão espúrias: quantos éramos? Juntámos mais ou menos que os partidos?
É certo que a Igreja não pode dispensar de se mostrar, de se reunir em celebração e percorrer à luz do dia as mesmas ruas que nos outros dias abrem para os interesses da pólis: comerciais, administrativos ou outros. Mas quer-me parecer que a fé não é só testemunho — que o é, claro! A fé é também o Espírito soprando, volteando e ateando quando quer, como quer e a quem quer. Aprendi eu desde cedo que a Igreja é depositária da fé, mas longe de mim a ideia de armazém, porque o dinamismo do Espírito abre-nos e impele-nos para fora, pelo que eu sou tanto mais eu quanto mais sou nós! Talvez seja ainda mais difícil de compreender, mas eu sou mais humano quando mais divino me torno. É por isso que julgo difícil meter o Rossio na Betesga, quero dizer: meter o Ano da Fé numa folha do Excel e extrair estatísticas e contabilidades puras!
O Ano da Fé é energia e dinamismo, é conversão! Portanto, não pára! É um ano que não encrava nem se encerra, digo, a sua dinâmica!
Claro que foram feitas coisas, por que não vivemos sem coisas por fazer. (Inclino-me diante dos operários das coisas a fazer. Reverencio-os!) De facto, a fé saiu reforçada porque saiu revalorizada, repensada, celebrada, rezada, testemunhada. Mas nada está concluído, porque a procissão ainda só vai no adro e há já que pensar como havemos de iluminar com a vela da fé as escuridões do futuro de tantos e de tantas que não se incorporam debaixo das nossas bandeiras e opas, nem aceitam os nossos ritos.
Sim, termina o Ano da Fé, mas não se encerra nenhum exercício seguro que nos ajude a firmá-la e a retransmiti-la com definitividade, que ela ou se apega ou se apaga!
Ainda que dure um ano maior que um ano, a Hora da Fé não se conclui! E só tem sentido vivê-la se acreditarmos em primaveras: não é lá que se dão os enamoramentos sob o pipilrear dos passarinhos? Por isso, permita-me a pergunta: enrobusteceu-se porventura a sua fé? Está hoje mais capaz de testemunhar a Cristo que ontem? São os seus dias mais claros, mesmo que viva em noite? Conhece mais da sua fé? Confia mais em Deus (e em si)? Sente-se mais capaz de portar a vela da fé a outros que a não conhecem ou já a não têm acesa?
Páro aqui. Apetece-me dizer: ala, que se faz tarde! Porque a caminhada ainda não terminou! Nada acaba só porque acaba uma etapa; a casa não está feita só porque se fizeram os caboucos! Começámo-la no Baptismo, avivámo-la no Crisma e nos sacramentos. Por isso, dia a dia, domingo a domingo, somos chamados a dizer o que cremos, a viver o que confiamos, a celebrar o que nos anima: Jesus Cristo. Vivo!
Eis o programa para o futuro: continuar pela fé a aceder à intimidade com Deus. O Baptismo foi a porta, o quilómetro zero. Impõe-se agora que aprofundemos e aprofundemos sempre mais essa imensa mina de imensas riquezas divinas que brotam da amizade com Deus.
Visto que começou, vá por aí! Vá por aí, que leva bom caminho; mas não sem muito esforço, claro!
E agora o pequeno tpc*: No domingo passado o Papa Francisco sugeriu a todos os que estamos na caminhada da fé, isto é, a todos os baptizados, que investigássemos o dia em que começámos tão feliz carreira. Sim, não somos muitos os que sabemos o dia do nosso baptismo! – Saberá Você? Siga o conselho do Papa: pergunte ao seu Pároco, ainda que lhe dê muito trabalho. E celebre esse dia, ou com a participação na Eucaristia, ou, por que não, sorrindo mais: afinal, Você é filho de Deus!
*TPC nos meus tempos de Liceu significava: Trabalhos Para Casa, coisa que sempre muito me custou, mas cujo sentido agora tanto alcanço!
Chama do Carmo I NS 204 I Novembro 24 2013
Um ano é apenas um naco de tempo convencionado. Por isso ninguém leva a mal que o Ano da Fé tenha mais 45 dias que um ano propriamente dito. Começou a 11 de Outubro de 2012, a efeméride dos cinquenta anos da abertura do Concílio Vaticano II, e conclui-se ao sabor da liturgia com o encerramento do ano cristão, hoje, 24 de Novembro de 2013.
Encerramo-lo proclamando que só Jesus Cristo é senhor, só Ele é autor de todas as maravilhas, também da fé que nos é dada gratuitamente.
Assustados pelo excessivo sopesar dos prós e dos contras, do deve e do haver, também nós, católicos, caímos na esparrela de contar cabeças ou corações como se preparássemos exércitos para a guerra. Creio, porém, que a vivência do Ano da Fé fura e muito as urgências de contabilidades tão espúrias: quantos éramos? Juntámos mais ou menos que os partidos?
É certo que a Igreja não pode dispensar de se mostrar, de se reunir em celebração e percorrer à luz do dia as mesmas ruas que nos outros dias abrem para os interesses da pólis: comerciais, administrativos ou outros. Mas quer-me parecer que a fé não é só testemunho — que o é, claro! A fé é também o Espírito soprando, volteando e ateando quando quer, como quer e a quem quer. Aprendi eu desde cedo que a Igreja é depositária da fé, mas longe de mim a ideia de armazém, porque o dinamismo do Espírito abre-nos e impele-nos para fora, pelo que eu sou tanto mais eu quanto mais sou nós! Talvez seja ainda mais difícil de compreender, mas eu sou mais humano quando mais divino me torno. É por isso que julgo difícil meter o Rossio na Betesga, quero dizer: meter o Ano da Fé numa folha do Excel e extrair estatísticas e contabilidades puras!
O Ano da Fé é energia e dinamismo, é conversão! Portanto, não pára! É um ano que não encrava nem se encerra, digo, a sua dinâmica!
Claro que foram feitas coisas, por que não vivemos sem coisas por fazer. (Inclino-me diante dos operários das coisas a fazer. Reverencio-os!) De facto, a fé saiu reforçada porque saiu revalorizada, repensada, celebrada, rezada, testemunhada. Mas nada está concluído, porque a procissão ainda só vai no adro e há já que pensar como havemos de iluminar com a vela da fé as escuridões do futuro de tantos e de tantas que não se incorporam debaixo das nossas bandeiras e opas, nem aceitam os nossos ritos.
Sim, termina o Ano da Fé, mas não se encerra nenhum exercício seguro que nos ajude a firmá-la e a retransmiti-la com definitividade, que ela ou se apega ou se apaga!
Ainda que dure um ano maior que um ano, a Hora da Fé não se conclui! E só tem sentido vivê-la se acreditarmos em primaveras: não é lá que se dão os enamoramentos sob o pipilrear dos passarinhos? Por isso, permita-me a pergunta: enrobusteceu-se porventura a sua fé? Está hoje mais capaz de testemunhar a Cristo que ontem? São os seus dias mais claros, mesmo que viva em noite? Conhece mais da sua fé? Confia mais em Deus (e em si)? Sente-se mais capaz de portar a vela da fé a outros que a não conhecem ou já a não têm acesa?
Páro aqui. Apetece-me dizer: ala, que se faz tarde! Porque a caminhada ainda não terminou! Nada acaba só porque acaba uma etapa; a casa não está feita só porque se fizeram os caboucos! Começámo-la no Baptismo, avivámo-la no Crisma e nos sacramentos. Por isso, dia a dia, domingo a domingo, somos chamados a dizer o que cremos, a viver o que confiamos, a celebrar o que nos anima: Jesus Cristo. Vivo!
Eis o programa para o futuro: continuar pela fé a aceder à intimidade com Deus. O Baptismo foi a porta, o quilómetro zero. Impõe-se agora que aprofundemos e aprofundemos sempre mais essa imensa mina de imensas riquezas divinas que brotam da amizade com Deus.
Visto que começou, vá por aí! Vá por aí, que leva bom caminho; mas não sem muito esforço, claro!
E agora o pequeno tpc*: No domingo passado o Papa Francisco sugeriu a todos os que estamos na caminhada da fé, isto é, a todos os baptizados, que investigássemos o dia em que começámos tão feliz carreira. Sim, não somos muitos os que sabemos o dia do nosso baptismo! – Saberá Você? Siga o conselho do Papa: pergunte ao seu Pároco, ainda que lhe dê muito trabalho. E celebre esse dia, ou com a participação na Eucaristia, ou, por que não, sorrindo mais: afinal, Você é filho de Deus!
*TPC nos meus tempos de Liceu significava: Trabalhos Para Casa, coisa que sempre muito me custou, mas cujo sentido agora tanto alcanço!
Chama do Carmo I NS 204 I Novembro 24 2013
Etiquetas:
ano da fé,
Baptismo,
Chama do Carmo,
Sorrir,
TPC
Subscrever:
Mensagens (Atom)