quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Debate sobre a fé


O que vale a oração?

Um leão encontrou um grupo de gatos conversando.
«Vou devorá-los», pensou.
Mas começou a sentir-se estranhamente calmo. E resolveu sentar-se com eles, para prestar atenção no que diziam.
– «Meu bom Deus», disse um dos gatos, sem notar a presença do leão.
– «Orámos a tarde inteira! Pedimos que chovessem ratos do céu!»
– «E, até agora, nada aconteceu!», disse outro.
– «Será que o Senhor não existe?»
O céu permaneceu mudo. E os gatos perderam a fé.
O leão levantou-se, e seguiu seu caminho, pensando: – «veja como são coisas. Eu ia matar esses animais, mas Deus me impediu. Mesmo assim, eles pararam de acreditar nas graças divinas: estavam tão preocupados com o que lhes estava faltando, que nem repararam na proteção que receberam!»

Hoje é dia dos proto-mártires carmelitas Descalços, os Bem-aventurados Dionisio da Ntatividade e Redento da Cruz

«– Deixem-me ir, que tenho de ser mártir. Quando me pintarem pintem-me com os pés fora do hábito para que se veja que sou Carmelita Descalço!»
 
(BEM-AVENTURADO REDENTO DA CRUZ)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Fundação de Duruelo (e IV)

Para Teresa os edifícios da nova família deveriam ser construídos de materiais pobres, sem grandes pretensões arquitectónicas e sem que gastassem demasiadas energias na sua manutenção. Não lhe parecia que devessem desafiar o tempo recorrendo ao mármore, boa pedra ou bronze. Ergam edifícios «que façam pouco barulho ao cair», aconselhava a Santa. Isso sim, que fossem bons muros, espaços bem iluminados, uns claustros pequenos à volta dos quais se desenvolvesse a vida conventual, igrejas simples e acolhedoras, mais parecidas a lugares de oração que a museus, e algo que nunca deveria faltar: horta e jardins onde se pudessem erguer algumas ermidas para descanso e oração.
Mais do que possa parecer o tipo de arquitectura influi na vida dos seus moradores. A de Duruelo convidava a uma vida simples, próxima das pessoas comuns e centrada no essencial. Ano e meio depois, em 1570, a fundação foi mudada para Mancera, uma terra maior e com mais possibilidades. Anos mais tarde chegariam a Ávila. la.

Fundação de Duruelo (III)

Em Duruelo começou uma nova família religiosa. Qual renovo ela vem do velho tronco do Carmelo, dele recebe os seus valores essenciais enriquecidos pelas intuições de Santa Teresa, de São João da Cruz e dos que a ele se uniram. Conscientes disso assumiram a Regra antiga e uniram-lhes umas Constituições que Frei João e o P. António escreveram adaptando as que Teresa de Jesus tinha escrito para as suas freiras.
Esta nova família religiosa que surge na Igreja tem também uns valores específicos e também uma estética própria. Não se trata da solene arquitectura cartuxana (para onde anteriormente Frei João queria ir-se), mas algo mais próximo à pobre casinha de Fontiveros, onde crescera.
Tal como fizera Santa Teresa quando fundou o primeiro Carmelo – o de São José de Ávila – também este é um edifício pré-existente transformado em convento. É o que havia, que os cobres não davam para mais. O convento ficava assim num lugarelho minúsculo, meio dos seus vizinhos e com uma casa pobre como a deles.
Na verdade, Santa Teresa sempre fundou em centros urbanos, com desejo de que fossem pontos de referência para a população local, que deveria ter nas Carmelita uma boa proximidade. O mesmo queria para os seus frades. E se agora se inaugurava num lugar longínquo e perdido, ela tinha a fundação por provisória, pois o que mais desejava era mudá-los para a cidade tão cedo quanto possível.

Fundação de Duruelo (II)

Os padres António e João viviam tão entusiasmados por começar o projecto que Santa Teresa lhes apresentou que prontamente aceitaram tudo o que outros, bem avisados, recusariam. A casa, porém, tinha carácter provisório, até que se encontrasse algo mais cómodo. Durante dois meses – Outubro e Novembro – Frei João acomodou aquela arrecadação com o apoio da sua mãe, irmão e cunhada. Ficou um lindo convento. Ou parecia…
Quando as limpezas ficaram prontas apareceram o P. António e mais dois companheiros. A inauguração ocorreu no dia 28 de Novembro de 1568, há 464 anos. Era o primeiro domingo do Advento. Presidiu à cerimónia o Provincial de Castela, em cujas mãos professaram os religiosos o seu desejo de viverem «segundo a regra Primitiva». Frei João de São Matias mudou o nome para Frei João da Cruz.

Fundação de Duruelo (I)

Em finais de Setembro de 1568 parte Frei João para fundar em Duruelo, o primeiro convento do Carmo Descalço. No bornal leva a ilusão de uma entrega radical a Deus, uma vida de universitário inteligente e capaz, o que aprendeu nos dias de Valladolid, um hábito novo que Santa Teresa coseu com as próprias mãos.
Duruelo é um lugar pobre, distante de tudo, perdido na meseta castelhana, desconhecido. Na verdade, não era mais que um barracão para guardar as alfaias dos segadores e onde estes mesmos se recolhiam durante o tempo das colheitas. No Verão anterior a Madre visitou a casucha que lhe tinham oferecido para convento, e as suas companheiras tiveram por loucos os que dali fizessem convento para viver. Estava tudo tão sujo e imundo que, apesar do entardecer, ninguém ali quis dormir. Ouçamos as suas palavras: «Saímos de manhã para Duruelo, mas como não sabíamos o caminho perdemo-nos. E, sendo o lugar pouco conhecido, ninguém sabia dar indicações precisas.
Quando entrámos na casa, estava de tal maneira que não nos atrevemos a ficar ali naquela noite. Tinha um portal razoável, uma sala, um sótão e uma pequena cozinha. Pensei que do portal podia fazer-se a igreja, o sótão servia bem para o coro e a sala para dormir.
As minhas companheiras diziam-me: «Madre, não há com certeza, homem, por santo que seja, que resista a viver nesta casa».
Mas frei João da Cruz, concordava com a pobreza da casa para convento. Combinámos, pois, que o padre frei João da Cruz fosse acomodar a casa para poderem entrar. Tardou pouco o arranjo da casa, porque ainda que se quisesse fazer muito, não havia dinheiro.
No primeiro domingo do Advento deste ano de 1568 celebrou-se a primeira Missa naquele pequeno portal de Belém. Chamo-lhe assim, porque não creio que fosse melhor que o presépio.
Os quartos tinham feno por cama, porque o lugar era muito frio, e, pedras por cabeceira. Muitas vezes, depois de rezarem levavam muita neve nos hábitos que neles caía pelos buracos do telhado.
Iam pregar a muitos lugares próximos dali, o que me deixou muito contente. Iam descalços e com muita neve e frio, porque no princípio, não usavam calçado, como mais tarde lhes mandaram.
Em tão pouco tempo, alcançaram tanta estima das pessoas, que nunca lhes faltava alimentos, pois traziam-lhes mais do que o necessário. Isto foi para mim grande consolo, quando o soube.
Praza ao Senhor fazê-los perseverar no caminho que agora começaram.» (Livro das Fundações 13:2-3)

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Noviciado de Frei João da Cruz

Foi na cidade de Valladolid, Castela, Espanha, que Santa Teresa transmitiu o carisma da nova família carmelitana a São João da Cruz.
Conheceram-se como sabemos em 1567, no locutório do Carmelo de Medina del Campo. Ele era pequeno de estatura, magro e de pele morena. Tinha 25 anos e falava pouco. Tinhas estudos mas conservava a humildade de quem se dispõe sempre a aprender.
Ela era palradora e um pouco mais alta que ele. Se comparada com as mulheres da sua geração era bem constituída, de pele clara e já algo velha (tinha 52 anos!, idade antes da qual se costumava morrer naquele tempo…).
Naquele encontro, como vimos, depois de algumas palavras, Teresa percebeu que estava diante duma pessoa excepcional, única, e logo se prontificou a explicar-lhe o seu projecto de fundar o ramo masculino do Carmo Descalço. A ele pareceu-lhe bem, «desde que não demorasse muito».
No ano seguinte João acompanhou Teresa à fundação de Valladolid. Durante dois meses participou com as freiras em todos os actos da sua vida, aprendendo delas «a nossa maneira de proceder».
Teresa conta-o assim: «Parti com Frei João da Cruz para a dita fundação de Valladolid. Estivemos alguns dias sem clausura, para que os operários fizessem o que era exigido para o recolhimento da casa. Assim, havia ocasião de informar Frei João da Cruz acerca de toda a nossa maneira de proceder, para que levasse bem entendidas todas as coisas, tanto de mortificação como do estilo da nossa irmandade e recreação em comum, pois tudo se faz com tanta moderação e os recreios só servem para que as irmãs aprendam a conhecer as suas faltas e tomem um certo alívio para levarem melhor o rigor da Regra. Ele era tão bom, que mais podia eu aprender dele do que ele de mim; mas não era esta a minha intenção, apenas queria mostrar-lhe o modo de proceder das irmãs.» (Fundações 13,5)
É interessante a insistência da Santa naquilo que lhe interessava transmitir a Frei João: «A nossa maneira de proceder […] o estilo de recreação e irmandade […] o estilo de proceder das irmãs.» Todas as reformas da época caracterizavam-se pela busca de uma vida austera, insistindo muito na penitência corporal. Por esta altura, Frei João ainda não desenvolvera um pensamento pessoal sobre o assunto. Limita-se a praticar o que no seu ambiente se identificava como perfeição. Porém, a Madre Teresa tinha já percorrido um longo caminho de vida e reflexão. Ela vivia consciente da novidade que supunha a sua proposta de vida e queria que Frei João também o fosse. E foi assim que o frade pode assimilá-lo neste contacto directo com ela e com as suas freiras.
A fundação de um novo convento exigia a visita às autoridades civis e religiosas para alcançar as devidas licenças, fazer acordos com os benfeitores, fazer escrituras, adaptar edifícios, explicar o projecto de vida às aspirantes, sem nunca se perder o ritmo de vida conventual. Pelo meio de tantas actividades não faltavam os momentos de tensão. Por vezes Santa Teresa perdia a paciência; porém, Frei João parecia imutável, sempre disponível, sempre sereno. Numa carta a Santa faz o elogio do Santo; diz: «É cordato e adequado para o nosso estilo de vida […]. Não há frade que não diga bem dele, pois a sua vida foi sempre de grande penitência, embora seja jovem. Mais parece que o Senhor o tem em suas mãos, visto que ainda que tivéssemos tido algumas ocasiões de negócios, e eu que sou sempre a mesma, algumas vezes me aborreci com ele, porém, nós, a ele jamais lhe vimos uma imperfeição.» (Carta 13)
No momento certo Frei João rumará ao lugarzito de Duruelo, aonde haviam oferecido à Madre uma casita. Ali pode o Santo Padre por em prática o que aprendera a Santa Teresa em Valladolid.



O feliz encontro de Teresa e João

No dia 28 de Novembro de 1568 inaugurou-se o primeiro convento de Carmelitas Descalços, em Duruelo, Ávila, Espanha.
Acompanhemos esta fundação, primícia de tantas para serviço da Igreja.
Frei João da Cruz encontrou-se pela primeira encontrou-se pela primeira vez com a madre Teresa de Jesus no anterior, em 1567. Ela viera desde Ávila para Medina del Campo para inaugurar a sua segunda fundação de freiras. Ainda não era uma mulher famosa, mas já realizara um longo caminho de discernimento da vida espiritual e comunitária, que incluía a redacção do Livro da Vida, do Caminho de Perfeição e as Constituições.
Marcada pelas divisões que a Reforma protestante haviam causado na Igreja e impelida pelo seu amor às almas e o desejo de que Cristo fosse sempre mais conhecido e amado por todos, ela Havai fundado o pombalito de São José (de Ávila). Ali se reuniu com ela um pequeno grupo de mulheres para viver em obséquio de Jesus Cristo, orando pela Igreja, pelos pastores e teólogos e defensores da fé.
Naquele estilo original de vida unia-se o apreço pela cultura e o calor da simplicidade da vida fraterna, longos momentos de oração silenciosa e um apurado sentido de humor. Não admira que estas características tenham chamado à atenção do Geral da Ordem, P. João Batista Rúbeo, quem em Visita a Espanha, lhe deu licença para fundar os conventos de freiras que a madre entendesse.
Atenta e sagaz ela deu-se conta de que para alcançar o êxito da sua fundação necessitava do apoio da Ordem masculina. Precisava, notou ela, que os homens vivessem os mesmos ideais e pudessem servir de confessores e pregadores para as suas freiras.
Inicialmente o Geral negou tal pretensão. Mas a Madre não era de se ficar e insistiu. E perante tal insistência, ainda antes de sair de Espanha, ele concedeu licença para que se fundassem dois conventos masculinos de «Carmelitas contemplativos». Ela logo deitou mãos à obra, quer dizer, logo começou a entrevistar-se com vários Carmelitas, mas não obteve os resultados desejados. É certo que o Prior do Carmo de Medina, tão aperaltado no seu hábito fino, ansiava ser o primeiro a unir-se a tal projecto, mas a quem ele não convencia era a Madre!
Entretanto, ainda antes de concluir o curso de teologia em Salamanca, veio dali a Medina, um jovem frade chamado Frei João. Recém-ordenado sacerdote chegava a Medina para celebrar a primeira Missa. Quase por acaso falaram dele à Madre Fundadora, e ela não descansou enquanto não o viu e lhe falou!
Mal trocaram três palavras Teresa compreendeu a excepcional envergadura do jovem frade Carmelita! E foi assim que lhe abriu a alma e lhe explicou o seu projecto. Ele também lhe abriu a alma a ela, e explicou-lhe o desejo que trazia de entrar na exigente Cartuxa, pois buscava uma entrega ainda mais radical e generosa ao Senhor.
A Madre não pode esperar!
Logo ela lhe respondeu: «Por que haveria de buscar fora o que tinha à mão, na sua própria Ordem?». E convidou-o a unir-se à sua já iniciada aventura fundacional, para a qual já possuía as devidas licenças.
A ele pareceu-lhe bem. Mas punha uma condição: «Que fosse rápido!».
A Irmã Teresa ficou encantada. No fim de tão fecundo encontro não pode menos que exclamar às suas irmãs: «Senhoras, ajudem-me a dar graças a Deus, pois já temos frade e meio para o nosso projecto!»

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Jantar de Peregrinos II

 
Inscrições em cruzdoscaminhos@gmail.com.

Galhardos e pimpões

Presença muito querida e acarinhada foi a dos jovens noviços. Os vástagos são renovos de esperança. Vê-los no meio de nós faz-nos sonhar e crer que se já não somos jovens, o Espírito o é e se encarrega de renovar todas as coisas.
Galhardos e pimpões eles aqui se encontram. Chamam-se por direito próprio Frei Renato, Frei João Carlos, Frei Eugénio e Frei Victor. Os da esquerda, portugueses; os da direita, timorenses.
Foram muito bem-vindos para o meio de nós os nossos jovens; também o Frei Danny, que por ser do clube dos aproveitados já pede para aqui não ser mostrado.
ora, e para concluir, já estamos com saudades que voltem.

Encontro Intercomunitário em Viana





 
Aconteceu hoje na nossa comunidade o primeiro Encontro Intercomunitário do novo Ano Pastoral. Encontro e partilha, notícias e abraços, formação e oração, mesa e um esticar de pernas. Isso e muito mais é o encontro, porque Deus também se encontra por lá; e quando Deus anda pelas coisas elas são sempre mais ricas que aquilo que os olhos vêm, os ouvidos desconfiam e as palavras descrevem.
A formação esteve a cargo do P. Vítor Hidalgo que nos introduziu na leitura das Moradas. O P. Vítor sublinhou «que Deus a [à Santa Madre Teresa de Jesus ] gerou para o seu povo; o fruto do seu saber é duradoiro, é dom puro à Igreja, sobretudo à sua família carmelitana». E a todos nos desafiou a ousarmos como ela na relação de intimidade com o Senhor, para a qual não «é preciso ter letras, mas vontade».

domingo, 25 de novembro de 2012

Valha-nos Bento XVII!


E a Iva veio pela primeira vez.






E a Iva veio também ao Carmo, no seu caso pela primeira vez. E não admira, afinal só nasceu na Quarta-feira passada! Nasceu no dia em que a Igreja celebra a oferta que de si mesma fez Nossa Senhora a Deus. E a Ivone e o Daniel trouxeram a Iva no dia em que no Carmo pedimos a bênção do Menino Jesus para as nossas famílias.
Bem-vinda, Iva. E recebe um beijo do Menino Jesus por cujo altar tu entraste a primeira vez no Carmo.

As 4 mulheres do Carmo

Hoje é Domingo de bênçãos do Menino Jesus.
Hoje vieram ao Carmo quatro mulheres especiais, quatro gerações  da mesma família, cheias de garra e de amor: A Rosinha, a Evelina, a Carla e a Maria Inês que a todas une.
Parabéns! E que o Menino Jesus sempre vos abençoe.

Mural do Credo (II)

3. «Sim, Deus ilumina a minha vida.»
4. «Sim, porque sei em quem acreditar. No meu Deus e Senhor.»

O Quadro da Fé






Na Missa das Dez inaugurámos hoje o Quadro da Fé. Esteve presente o Autor, pintor José Marques, e a sua família, um punhado de amigos do pintor, duas acólitas, muitos fiéis, e entre eles uma basta  e discreta turma duma escola de pintura.
A Comunidade do Carmo, na pessoa do seu Prior, agradeceu a sensibilidade do José Marques e da Verónica Parente, que em equipa erguerem este monumento à fé. Deus lhes pague.
Ficámos penhorados, mais ainda quando sabemos - e dissemos - que as grandes obras de arte são as que surgem quando o ser humano se torna receptivo, quando alguém se deixou tomar ou possuir por Alguém.
Muito obrigado, pois.

Obrigado, amigo José Marques!


Amigo José Marques,
não poderíamos deixá-lo ir sem um abraço e sem um enorme e terno agradecimento pela sua preciosa paciência e colaboração, desde a primeira hora que o incomodamos. É de louvar a sua aventura neste projecto e o facto de nunca ter dito não a cada uma das solicitações; e a sua dedicação e amor à arte feita das cores da existência das gentes! Obrigado, pelas horas que gastou para que este quadro estivesse visível falando-nos da fé da Igreja.
Auguramos os maiores sucessos para o futuro continuando a divulgar a arte.
Por favor, continue a pintar as luzes da redenção.

A Comunidade do Carmo

Cristo Rei

Rei sois, meu Deus, sem fim, pois sois senhor dum reino que não vos foi emprestado.
Quando no credo se diz que 
«o seu reino não terá fim» quase sempre é para mim especial alegria.
Eu Vos louvo, Senhor.
Eu Vos bendigo para sempre.

Enfim, o vosso reino durará para sempre.
(S. Teresa de Jesus - Caminho 22:1)

sábado, 24 de novembro de 2012

José Marques, artista plástico

José Marques,
um artista que desde muito cedo se interessou pelo desenho, pela pintura e pelas artes.
Não realizou estudos formais em artes
plásticas, sendo o seu trabalho baseado no estudo, na aprendizagem pela observação e na experiência.
O querer ir mais longe, leva-o em busca da exploração de todas as técnicas, frequentando aulas de desenho e pintura, nos últimos anos.
Encara as aventuras da imagem, tenta
ultrapassar o registo fotográfico, olha para dentro das coisas e procura no fundo da paisagem o que não se vê à distância, tentando revelar a intimidade do mundo. Nos retratos tenta transmitir a expressão, os sentimentos e emoções das personagens.
Tem o seu atelier em Viana do Castelo.
Os olhos veem, o coração sente e as mãos transferem para a tela o que mais ama: as Pessoas, o Minho e o Mar!
Trabalha no Atelier ArtMatriz, na Rua da Gramática, 5 -  1º, em Viana do Castelo, com Exposição Permanente.

Uma porta, uma mulher, uma fonte


É grande este domingo que encerra o ano cristão, que recolhe todos os dons, todas as canseiras e os oferece a Cristo, Senhor e Rei nosso, rei e senhor de todas as realidades, das nossas vidas, esforços, trabalhos, realizações, da nossa fé, esperança e amor.
Na nossa Igreja do Carmo expomos neste domingo uma tela do pintor José Marques, inspirada na Carta Porta Fidei, de Bento XVI, números 1, 13 e 15. E oferecida à comunidade.
Também publicamos o texto que serviu de cavalete à criatividade do artista.
 

Uma fonte brotando do chão refresca, canta e lava; e uma porta se entreabre. Nunca se fecha. E a fonte nunca se acaba. E se houver uma mulher, que seja hebreia e me sorria junto à porta. A água vai soleira fora, a porta está à entrada e não vejo que haja outra, nem é mister que haja. Por ela entram o herói e o arauto, o monge, o santo, o rei, o meirinho e o menino, o que semeia e o que colhe. A luz, o lodo e o sujo, o leão e o cordeiro, a cobra, o vitelo e o burro.
De que me serve toda a luz do sol e rústicos caminhos abertos pradaria fora se não houver uma fonte que me refresque, me sacie a sede e me baile os ouvidos? De que me servem as montanhas se por entre os segredos das rochas não cantam fontes, não correm ribeiros limpos em que me banhe, onde lave o pó da história que se foi acumulando nas estantes e na armadura? Quero uma fonte e um regato manso onde lave as feridas abertas pelo rascanhar das silvas e dos tojos, onde mermam as dores que me moem. Quero um regato como um bálsamo que me unja o corpo dorido pelos combates e maltratado por nevoeiros de incompreensões.
Mas não quero ficar fechado em casa. Sim, não me prendam em casa por que ousarei voar. Não tenho medo de voar, não tenho medo de ir pois sei que hei-de voltar. Encontrarei algures no meio do mar uma rocha, um poiso, um crâneo onde repousar. Sim, deixem a porta entreaberta para se na volta voltar desvalido não me custe entrar. Lá dentro não preciso nem de lâmpada nem de cama, mas de espaço onde repouse a cabeça junto do altar de Deus. Eu fico ali, porque sei que Ele está lá. A sua presença luminosa é como uma sombra, uma nuvem, que não me incendeia os olhos, e me conforta. Que ali possa ficar até partir de novo, até que as paredes de novo se enfunem ao vento e a barca rompa amarras e se faça de novo ao mar. Não interessa que seja de pedra, que eu não tenho medo que se afunde. Preciso é de um mar que me desafie a navegar sem descanso.
Existem muitos lugares, frequentei muitos portos. Enfrentei tempestades e quase soçobrei na acalmia. E ainda não durmo o fundo do mar. Já fiquei sem mastro e remendei o velame. Mas agora, agora mesmo, do que eu mais tenho saudade é de ali ficar, junto daquele altar que me cheira a pão fresco. É esse cheiro e essa sombra luminosa que ali me atraem e por isso entrarei porta adentro.
Tenha a casa uma mulher. Discreta, sorrindo, nobre de traços, ainda que serviçal de avental. Uma mulher hebreia que respeite o mar mas não o tema. Guarde ela a porta sem medo; uma mulher que ame a porta e quem por ela entre. Uma mulher cujas mãos são mansas e sem brusquidão, que não impeçam quem sai, mesmo que saiam todos! Uma mulher sem medo de servir, sem medo de ficar só, sem medo da espera, sem medo dos que querem entrar a cavalo, protegidos por armaduras, e pelotões com espadas e lanças. Uma mulher que ama a casa e lhe põe flores silvestres. Uma mulher descalça mas não mendiga. Descalça porque a sua casa lhe é confortável e é mais sua quantos mais entrarem. Descalça porque disponível para receber, impreparada para partir. Não irá jamais combater batalhas, governar reinos ou vencer as olímpiadas.
Se houver um copo naquela casa ele está à mão, porque não se nega água a quem passa ou a quem entra, que, juntos, jamais beberão toda aquela eterna fonte que mana e corre mansa porta fora como um rio de águas salubres que fecundará a cidade.
À porta há uma mulher e uma fonte.
Tudo tão feminino e fecundo, que para duro e anguloso é bastante o que resta ausente.
Vinde, peregrinos, não interessa o caminho que levais, mas a sede que trazeis.
 

[PORTA]
«A PORTA DA FÉ, que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira.»
 
[MULHER]
«Pela fé, Maria acolheu a palavra
do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação. À Mãe de Deus, proclamada «feliz porque acreditou» confiamos este tempo de graça.»
 
[AGUA]
«Este caminho tem início no Baptismo,
pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a passagem através da morte para a vida eterna, fruto da ressurreição do Senhor Jesus, que, com o dom do Espírito Santo, quis fazer participantes da sua própria glória quantos crêem n’Ele.»
 
Chama do Carmo I NS 164 I Novembro 25 2012

Acreditas? Porquê? (I)

1. «Sim! Porque Deus plenifica a minha vida.»
2. «Sim, porque sim.»

Mural do Credo

Na entrada principal da igreja existe um placar que nos próximos tempos se vai chamar MURAL DO CREDO. Está livre e disponível para que cada um de nós ali escreva a razão da sua fé. Porque cremos, porque acredita cada um de nós em Cristo? Escreva lá, se entender. Nós prometemos estar atentos.
Ah, e já agora obrigado à criadora do Mural (na foto) e de tantos placares bonitos e sugestivos. Porque a fé é muito visual, obrigado Julieta.

Parabéns, Ana

A Ana é hospitaleira de São João da Cruz. Neste fim de semana encontra-se em trabalhos apostólicos no Convento. Ora sucedeu que à chegada, ontem precisamente, ao jantar, pudemos cantar-lhe os parabéns. foi uma coincidência bonita. Muitos parabéns, Ana. Que seja por muitos anos.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Salmo 8 (3)


De regresso a Angola

A Ordem dos Carmelitas Descalços tem uma história de presença em Angola desde os tempos de vida de Santa Teresa de Jesus. Em 1582, ano da sua morte, Terea de Jesus impulsionou a primeira expedição missionária para as terras do Reino do Congo, de cuja parte se formou esta nação. Depois de dois naufrágios, em 1584, chegam os primeiros missionários carmelitas e, desde então para cá, foram marcando uma presença intermitente devido a várias convulsões históricas.
Agora, a Província Portuguesa, em colaboração com as duas províncias do Brasil e o Vicariato de Uruguay-Paraguay-Bolívia estão a preparar o regresso dos carmelitas a este país tão promissor quanto necessitado de evangelização. Neste sentido, entre os dias 2 a 16 de Novembro, os provinciais de Brasil Sul, que liderará o projecto, e o de Portugal, deslocaram-se a Angola a fim de contactarem a Igreja local, visitando seis dioceses e os seus respectivos bispos, algumas paróquias e missões, comunidades religiosas e outras entidades. Desta forma puderam-se aperceberem das necessidades da igreja angolana e da importância dos carmelitas darem o seu contributo carismático para o enriquecimento da Igreja local.
Seguir-se-ão novos desenvolvimentos e contactos para que, se Deus quiser, em 2014 ou 2015, aquando das celebrações do V Centenário do Nascimento de Santa Teresa de Jesus, possamos alegrar no céu a Santa com o regressos dos seus filhos a estas terras que ela tanto sonhou alcançar.
(in Carmelitas.pt)

Quero ver a Deus

Um imperador disse ao rabino Yeoschoua Ben Hanania:
“Eu gostaria muito de ver o vosso Deus”.
“É impossível”, respondeu o rabino.
“Impossível? Então, como posso confiar minha vida a alguém que não posso ver?”
“Mostre-me o bolso onde tem guardado o amor por sua mulher. E deixe-me pesá-lo, para ver se é grande.”
“Não seja tolo; ninguém pode guardar o amor num bolso.”
“O sol é apenas uma das obras que o Senhor colocou no universo e – no entanto – você não pode olhá-lo directamente. Tampouco pode ver o amor, mas sabe que é capaz de apaixonar-se por uma mulher, e confiar sua vida a ela. Não lhe parece evidente que existem certas coisas em que confiamos sem ver?”

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

História para tempos difíceis

Um homem vendia laranjas na berma de uma estrada. Era analfabe­to, de modo que nunca lia jornais. Colocava pelo caminho alguns cartazes, e passava o dia apregoando a doçura de suas laranjas. 
Todos compravam, e o homem progrediu. Com o dinheiro, colocou mais cartazes, e passou a vender outras frutas. O negócio ia de vento em popa quando, um belo dia, o seu filho  – que era culto, e havia estudado numa grande cidade  – o procurou:
“Papá, você não sabe que os tempos estão difíceis?”, disse o filho. “A economia do país anda péssima!”
Preocupado, o homem reduziu o número de cartazes, e diminuiu as encomendas de frutas. E imediatamente as vendas cairam por aí abaixo.
“Meu filho tem razão”, pensou ele, “Os tempos estão difíceis”.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Mensagem final do sinodo dos bispos (XIV)

14. A estrela de Maria ilumina o deserto
Chegando ao fim desta experiência de comunhão entre os Bispos de todo o mundo e de colaboração com o ministério do Sucessor de Pedro, ouvimos ecoar em nós o comando real de Jesus aos seus apóstolos: “Ide e fazei discípulos de todas as nações [ ...] e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos “(Mt 28:19,20). A missão da Igreja não é dirigida a uma área geográfica única, mas vai para as profundezas muito ocultas dos corações de nossos contemporâneos para atraí-los de volta para um encontro com Jesus, o Vivente que se faz presente em nossas comunidades.
Esta presença enche nossos corações de alegria. Grato pelos dons recebidos dele nestes dias, nós levantamos a ele o hino de louvor: “Minha alma proclama a grandeza do Senhor [...] O Poderoso fez em mim grandes coisas” (Lc 1,46. 49). Nós fazemos as palavras de Maria nossa: o Senhor realmente fez grandes coisas para a sua Igreja ao longo dos séculos, em várias partes do mundo e nós queremos engrandecer ele, certo de que ele não vai deixar de olhar para a nossa pobreza, a fim de mostrar a força de sua braço em nossos dias e para nos sustentar no caminho da nova evangelização.
A figura de Maria nos guia no nosso caminho. Nossa jornada, como o Papa Bento XVI nos disse, pode parecer um caminho através do deserto, sabemos que devemos levá-lo, trazendo-nos o que é essencial: o dom da companhia Jesus, a verdade de sua palavra, a pão eucarístico que nos alimenta, a comunhão da comunhão eclesial, o impulso da caridade. É a água do poço, que faz com que o deserto florescer. Como estrelas brilham mais intensamente durante a noite no deserto, para que a luz de Maria, a Estrela da nova evangelização, brilhantemente brilha no céu em nosso caminho. Nela confiantemente nós confiamos.

Hoje é dia de São Rafael Kalinowski

Era falho no falar e sábio no ouvir. Costumava dizer:

«Cada passo que damos
dever-nos-ia aproximar sempre mais de Deus e proporcionar um pouco de felicidade aos outros.»

São Rafael Kalinowski (1835-1907)

Mensagem final do sinodo dos bispos (XIII)

13. Para as Igrejas nas diversas regiões do mundo
A visão dos Bispos reunidos na Assembleia Sinodal abraça todas as comunidades eclesiais espalhadas pelo mundo. Sua visão procura ser abrangente, porque o chamado a encontrar Cristo é um, reconhecendo a diversidade.
Os bispos reunidos no Sínodo deram atenção especial, cheia de afeto fraterno e gratidão, a vocês, cristãos das Igrejas católicas orientais, aqueles que são herdeiros da primeira onda de evangelização – uma experiência preservada com amor e fidelidade – e as pessoas presentes no Leste Europa. Hoje, o Evangelho vem a você de novo em uma nova evangelização através da vida litúrgica, a catequese, a oração familiar diária, jejum, a solidariedade entre as famílias, a participação dos leigos na vida das comunidades e no diálogo com a sociedade. Em muitos lugares, as suas igrejas estão em meio a provações e tribulações através do qual testemunham a sua participação nos sofrimentos de Cristo. Alguns fiéis são obrigados a emigrar. Mantendo viva a sua unidade com sua comunidade de origem, eles podem contribuir para o cuidado pastoral e para o trabalho de evangelização nos países que os acolheram. Que o Senhor continue a abençoar sua fidelidade. Que o seu futuro, ser marcada pela confissão serena e prática de sua fé em paz e liberdade religiosa.
Esperamos que vocês, cristãos, homens e mulheres, que vivem nos países da África e expressamos nossa gratidão pelo seu testemunho do Evangelho, muitas vezes em circunstâncias difíceis. Nós vos exortamos a reavivar a evangelização que você recebeu nos últimos tempos, para a construção da Igreja como família de Deus, para fortalecer a identidade da família, para sustentar o compromisso de sacerdotes e catequistas, especialmente nas pequenas comunidades cristãs. Afirmamos a necessidade de desenvolver o encontro entre o Evangelho e as culturas antigas e novas. Grande expectativa e um forte apelo são dirigidos ao mundo da política e os governos de vários países da África, para que, em colaboração com todas as pessoas de boa vontade, podem ser promovidos os direitos humanos básicos e livrar o continente da violência e dos conflitos que ainda o afligem.
Os Bispos da Assembleia Sinodal convida os cristãos da América do Norte, para responder com alegria ao chamado para uma nova evangelização, enquanto eles olham com gratidão a forma como as suas jovens comunidades cristãs têm dado frutos generosos de fé, caridade e missão. É preciso reconhecer as muitas expressões da cultura presente nos países de seu mundo que são hoje muito longe do Evangelho. A conversão é necessária, a partir dum compromisso que não lhe traz fora de suas culturas, mas deixa-os no meio deles para oferecer a todos a luz da fé e do poder da vida. Como você bem-vindos em suas terras generosas novas populações de imigrantes e refugiados, que você esteja disposto a abrir as portas de suas casas para a fé. Fiel aos compromissos assumidos na Assembleia sinodal para a América, estar unidos com a América Latina na evangelização contínua do continente que você compartilham.
A Assembleia Sinodal abordou o mesmo sentimento de gratidão para com a Igreja na América Latina e no Caribe. Particularmente notável ao longo dos tempos é o desenvolvimento em seus países de formas de religiosidade popular ainda fixadas nos corações de muitas pessoas, do serviço caritativo e do diálogo com as culturas. Agora, em face dos muitos desafios atuais, em primeiro lugar da pobreza e da violência, a Igreja na América Latina e no Caribe é encorajada a viver em um estado permanente de missão, anunciar o Evangelho com esperança e alegria, formando comunidades de verdadeiros missionários discípulos de Jesus Cristo, mostrando-se no compromisso de seus filhos e filhas como o Evangelho pode ser a fonte de uma nova sociedade, justa e fraterna. O pluralismo religioso também testa suas Igrejas e exige um renovado anúncio do Evangelho.
A você, cristãos da Ásia, oferecemos também uma palavra de encorajamento e de exortação. Como uma pequena minoria no continente que abriga quase dois terços da população do mundo, a sua presença é uma semente fecunda em confiar na força do Espírito, que cresce em diálogo com as diversas culturas, com as antigas religiões e com os pobres incontáveis. Embora muitas vezes marginalizada pela sociedade e em muitos lugares também perseguida, a Igreja da Ásia, com a sua fé firme, é uma presença valiosa do Evangelho de Cristo que anuncia a vida, justiça e harmonia. Cristãos da Ásia, sentindo a proximidade fraterna de cristãos de outros países do mundo, não se pode esquecer que em seu continente – na Terra Santa – Jesus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou dos mortos.
Os bispos dirigem uma palavra de gratidão e de esperança para as Igrejas do continente europeu, em parte, marcada hoje por um forte – às vezes até agressiva – secularização, e em parte ainda ferido por muitas décadas de regimes com ideologias hostis a Deus e à humanidade. Nós olhamos com gratidão para com o passado, mas também para o presente, em que o Evangelho criou em Europa expressões e experiências particulares de fé – muitas vezes ricas de santidade – que tem sido decisivas para a evangelização de todo o mundo: o pensamento teológico rico, várias expressões carismáticas, várias formas de serviço de caridade para os pobres, profundas experiências contemplativas, a criação de uma cultura humanista que tem contribuído para a definição da dignidade da pessoa e moldar o bem comum. Amados cristãos da Europa as atuais dificuldades podem deprimi-los: você pode considerá-las sim como um desafio a ser superado e uma ocasião para uma mais alegre e proclamação viva de Cristo e do seu Evangelho da vida.
Finalmente, os bispos da assembleia sinodal cumprimentam as pessoas da Oceania, que vivem sob a proteção do Cruzeiro do Sul, querem lhes agradecer o seu testemunho do Evangelho de Jesus. A nossa oração por você é que você pode sentir uma sede profunda de vida nova, como a mulher samaritana no poço, e que você pode ser capaz de ouvir a palavra de Jesus que diz: “Se tu conhecesses o dom de Deus” (João 4,10). Que você possa sentir mais fortemente o compromisso de anunciar o Evangelho e fazer Jesus conhecido no mundo de hoje. Vos exortamos a encontrá-lo em sua vida diária, para ouvi-lo e descobrir, através da oração e da meditação, a graça de ser capaz de dizer: “Nós sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (João 4,42 ).

domingo, 18 de novembro de 2012

Poema Sacerdotal



Sacerdote, por que tu és sacerdote?
Lembras quando o Senhor te chamou, tu relutaste
mas não teve jeito, foi um chamamento
insistente, contínuo, que não pudeste,
como Maria em Nazaré, dizer não aos tantos
Anjos que o Deus te enviou para te convencer
que era necessário dizer SIM.

Um sim de entusiasmo, sofrido, mas foi um sim
que te levou para longe de tua casa, de tua família...
Um grande adeus aos amigos, parentes;
houve quem te olhasse como um estranho
e quem perguntasse com uma certa desconfiança:
que aconteceu?
desilusões no amor? Falta de coragem para enfrentar a vida?
Medo de trabalhar? Ou simplesmente uma maluquice
que não se entende...
Mas tu foste.

Caminhos duros, lutas e dificuldades, ou quem sabe tudo tranquilo.
Caminhaste anos a fio sonhando, desejando.
Apareceram dificuldades e nuvens que ofuscaram por breves instantes
a beleza de tua vocação.
Pensaste em voltar atrás, em desistir,
mas uma força dentro de ti te chamava,
impulsionava a continuar o caminho.

Lembras-te? Caíste em tentações,
sentiste que o ser sacerdote era maior do que tu,
viste que o celibato não era doce e leve como imaginavas,
que não era fácil obedecer aos homens,
e que tu não serias capaz de viver com poucas coisas.
Debateste-te, choraste, mas o ideal do sacerdócio
era mais forte e gritava dentro de ti...
Caminhaste e um dia subiste ao altar.
Foi festa, gritos de alegria;
todos estavam felizes por ti
mas no momento em que estavas
prostrado, sozinho, com o rosto por terra,
uma lágrima nasceu, um soluço silencioso,
uma angústia te pegou de surpresa.

Mas eras feliz, eras sacerdote para sempre!
Voz trémula, desejo de ser, de te doar a todos,
sem reserva.
E começou o teu caminho de entusiasmo e de amor.
Foste feliz; onde passavas deixavas rastos de amor e de felicidade.
Caminhaste, os anos se foram.

Novas dúvidas, novas solidões, novos momentos de martírio.
Com desejo de mártir, de apóstolo olhaste
os campos do teu apostolado...
Mas também outras lágrimas e outros sonhos
entraram dentro de ti... Mas tudo superaste
e continuaste o caminho, cada passo mais lento,
mas não com menos amor.
Cada palavra mais pesada mas não com menos entusiasmo,
Cada missa mais sofrida mas não com menos sangue de mártir.

Tu és sacerdote para sempre,
embora que seja duro e pesado,
Sem o entusiasmo de então, sem o fervor de ontem,
mas com o mesmo amor, tu queres viver a tua adesão a Cristo.
Não tenhas medo, caminha,
e um dia Cristo, Sumo e Eterno sacerdote,
te fará sentar à Sua direita,
porque tu, sacerdote, foste servo bom e fiel.

(A você, meu irmão de sacerdócio, ofereço esta poesia. Não sei se é poesia esta oração, mas eu sei que escrevendo, rezei para mim e para ti.)
Frei Patrício Sciadini, OCD

Mensagem final do sinodo dos bispos (XII)

12. Contemplando o mistério e estar ao lado dos pobres
Nessa perspectiva queremos indicar a todos os fiéis duas expressões da vida de fé que parecem particularmente importante para nós, para testemunhar em Nova Evangelização.
O primeiro é constituído pelo dom e experiência de contemplação. Um testemunho de que o mundo consideraria credível só pode surgir a partir de um olhar de adoração diante do mistério de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, somente a partir do silêncio profundo que recebe a única Palavra que salva, como um útero. Só este silêncio orante pode impedir que a palavra de salvação seja perdida no meio dos muitos barulhos que invadem o mundo.
Nós agora dirigir uma palavra de gratidão a todos os homens e mulheres que dedicam suas vidas à oração e à contemplação nos mosteiros e ermidas. Momentos de contemplação devem entrelaçar com a vida das pessoas comuns: espaços espirituais, mas também físicos, que nos lembram de Deus; santuários interiores e templos de pedra que, como na encruzilhada, nos impedem de nos perdermos em uma inundação de experiências; oportunidades em que todos pudessem sentir-se aceitos, mesmo aqueles que mal sabem o que e quem procurar.
O outro símbolo de autenticidade da nova evangelização tem o rosto dos pobres. Colocando-nos lado a lado com aqueles que estão feridos pela vida não é apenas um exercício social, mas acima de tudo um ato espiritual, porque é o rosto de Cristo que resplandece no rosto dos pobres: “O que você fez para um destes irmãos meus, você fez por mim” (Mateus 25,40).
Temos que reconhecer o lugar privilegiado dos pobres em nossas comunidades, um lugar que não exclui ninguém, mas também refletir como Jesus se uniu a eles. A presença dos pobres em nossas comunidades é misteriosamente poderosa: ela muda as pessoas mais do que um discurso faz, ela ensina a fidelidade, faz-nos compreender a fragilidade da vida, ela pede oração: em suma, traz-nos a Cristo.
O gesto de caridade, por outro lado, também deve ser acompanhada de compromisso com a justiça, com um apelo que diz respeito a todos, pobres e ricos. Portanto, a doutrina social da Igreja é parte integrante dos caminhos da nova evangelização, bem como a formação dos cristãos para se dedicar a servir a comunidade humana na vida social e política.

Sabedoria

Malba Tahan conta que dois amigos, Salim e Fahid, viajavam numa caravana para a Pérsia.  Ao cruzarem um rio, Salim foi levado pela corrente, e teria morrido se o amigo não o ajudasse. 
Agradecido, pediu aos seus empregados que gravassem numa rocha que ficava na margem do rio: “Aqui, Fahid salvou a vida de seu amigo”.
Quando voltavam da Pérsia, depois de atravessarem o mesmo rio, uma discussão tola fez com que os dois brigassem.  Fahid puxou de uma espada, e quase mata o amigo a quem havia salvo meses antes. 
Depois que os ânimos serenaram, Salim chamou de novo os seus empregados e pediu que escrevessem na areia: “Aqui, Fahid tentou matar seu amigo”.
“Quando o salvei, você gravou meu gesto numa rocha.  Agora que quase o matei, você escreve na areia.  Não vê que o vento logo apagará?”, perguntou Fahid.
“Esta é a sabedoria”, respondeu Salim,  “escrever as boas coisas na rocha, e as coisas negativas na areia”.

Jantar de peregrinos