domingo, 31 de janeiro de 2010

Se não tiver caridade

Se eu tivesse em mim
todas as emissoras,
os palcos de rock do mundo inteiro,
os altares e cátedras,
e os parlamentos todos, mas não tivesse Amor;
seria ... apenas ruído, ruído no ruído.

Se tivesse o dom de adivinhar
E o dom de encher os estádios
E de fazer curas milagrosas
E uma suposta fé, capaz de transportar
Qualquer montanha,
Mas não tivesse Amor;
Eu seria apenas ... um circo religioso.

Se eu distribuísse,
Em cabazes de Natal
E em badalados gestos caritativos,
Os bens que ganhei - bem? mal?, quem sabe?
Quem não sabe? -
E fosse até capaz de gastar a minha saúde
Para ser mais eficiente, mas não tivesse Amor,
Eu seria apenas ... imagem entre imagens.

Paciente é o Amor e disponível,
Como um regaço materno.
Não tem inveja nem se vangloria.
Não procura tirar juros como os Bancos,
Sabe ser gratuito e solidário,
como a mesa da Páscoa.
Não pactua com a injustiça, nunca!
Faz a festa da Verdade.
Sabe esperar, forçando impertinente
as portas do futuro.

O Amor não passará,
mesmo que passe
Tudo o que não é ele.
No entardecer da vida
O Amor nos julgará.

Agora são as três:

A fé que é a noite escura;
A pequena esperança, tão tenaz;
E ele, o Amor, que é o maior.
Um dia, para sempre,
Para lá da noite e da espera,
Será só o Amor.

D. Pedro Casaldáliga

Semana da Vida Religiosa

Ben, Catherin, Gregori e Mike são três rapazes e uma rapariga, melhor dito, três consagrados e uma consagrada, religiosos portanto, cujas vidas são bem reais e que há uns anos foram passados para os quadradinhos a fim de corporizar uma campanha vocacional. A campanha decorreu em Inglaterra, nos âmbitos católicos e foi de grande êxito porque permitiu chegar aos jovens ilustrando vidas reais de consagração e vida sacerdotal. Depois da campanha os números cresceram nos Noviciados e nos Seminários. Os méritos não serão todos da campanha, mas que está terá ajudado lá isso sim. Entretanto, boa semana de oração e acção de graças pelo dom da Vida Religiosa às nossas Igrejas.

Solidários na esperança (Para a Semana da Vida Consagrada)

Existe na Igreja um conjunto alargado de discípulos, leigos e clérigos, que dá pelo nome de Consagrados. Também dão pelo nome de religiosos e religiosas, frades e freiras. A correspondência não é exacta porque o nome agrega outros estilos de vida comprometidos no seguimento radical de Jesus marcados por uma consagração — tais como a vida monástica, os eremitas, a vida religiosa apostólica, os institutos seculares e as novas comunidades. A entrega e identificação com Cristo obriga ao serviço da Igreja e do Evangelho e à promoção da dignidade humana. Desde quase as origens da Igreja existem cristãos que deixando as suas famílias e vidas profissionais delas se destacam para viverem como irmãos, isto é, agrupados em comunidade fraterna e apostólica, para em comunidade se entregarem a Deus em resposta livre ao Seu chamamento. Não constituem família nem pertencem à hierarquia da Igreja, mas formam famílias de irmãos e são Igreja viva em acordes de fraternidade.
Estão no meio de nós, no meio do mundo, peregrinos como todos. Em Portugal são um pequeno resto de quase 8000 almas, que geram um impacto maior do que na realidade se vê. Frequentamos algumas das suas casas sem por vezes nos apercebermos e até valorizarmos o seu compromisso concreto. O Dia 2 de Fevereiro faz memória da consagração de Jesus ao Pai, sucedida quarenta dias depois do Natal. É esse o dia dos Consagrados. O dia em que a Igreja eleva uma oração de acção de graças por tantas e tantas vidas buscadoras de santidade.
Louvemos o Senhor pelo seu imenso amor por nós, que a tantos faz viver em verdade, o amor filial, o amor conjugal, qualquer forma de amor fraterno. Louvemo-lO igualmente pelos vários carismas que neste momento concede à Diocese de Viana do Castelo. (Texto da Ir. Fernanda Afonso, Salesiana:)
1. Pelo Carmelo de Santa Teresinha e de S. João Evangelista, pela Congregação das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face e pela Ordem dos Padre Carmelitas Descalços, louvado sejas, Senhor, Deus nosso Pai.
Nós te damos graças, Senhor, por estes carismas que privilegiam a contemplação do teu rosto, invisível aos olhos mas visível ao coração! Que a lâmpada do teu amor arda sem cessar em nossos corações, desde o anoitecer ao amanhecer, em perene acção de graças.
2. Senhor, Jesus Cristo, Tu és o único verdadeiro mensageiro do amor do Pai, mas quiseste fazer-nos participantes dessa tua missão. Louvado sejas, Senhor, pelos carismas dedicados especificamente à evangelização e à propagação da Tua palavra, presentes na nossa diocese: as Irmãs Missionárias do Espírito Santo , os Padres da Congregação do Espírito Santo, as Irmãs Salesianas - Filhas de Maria Auxiliadora, a Congregação dos Missionários Passionistas, a Companhia de Santa Teresa de Jesus, as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição e as Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição e de S. Miguel. Que todos nos alimentemos da Tua Palavra e esta esteja sempre em nossos lábios.
3. Senhor Deus, nosso Pai, que continuas a actuar no mundo, através da força do Teu Espírito, nós te Louvamos, Força do Amor! Força do Pai! É o teu poder transformador que nos torna testemunhas do Teu Reino já presente neste mundo! Louvado sejas pela força do teu Espírito que se manifesta nos Institutos Seculares presentes entre nós: Voluntárias de D. Bosco, Caritas Christi, Servas do Apostolado Missionário e Cooperadoras da Família, que são fermento de esperança na massa deste mundo que resiste em levedar. Envia, Senhor, sobre todos nós, o Teu Espírito para sermos testemunhas do teu amor no dia a dia.
Estes, em Viana, e muitos outros, pelo mundo fora, estamos, de onde em onde, ao serviço da esperança. Cada um segundo o seu carisma, que é como quem diz, segundo o seu estilo e a aportação que o Espírito lhe infunde.
O singelo cartaz da Semana da Vida Religiosa tem no centro uma cruz contornada por uma aspiral em ascensão; sobre ambas se derrama uma densa chuva de línguas de fogo de muitas cores e formas várias. A Vida Religiosa enquanto dom é chuva fecunda de alegria e compromisso, audácia, valentia e generosidade. Alguém disse que no Céu se entra com uma carta de apresentação dos pobres. Se assim é como creio, podemos vê-la a ser escrita pelos Consagrados, hora a hora, com letras em forma de testemunho, em todos os campos da vida, desde os sem fé aos sem nada, dos piedosos e misericordiosos à educação dos infantes, das novas formas de injustiça ao mundo da cultura.
Aonde as brechas inundarem a humanidade de gelo e de frio, aí se faz sentir a leveza do brilho da chama do Espírito de Deus comunicado pela presença dos Consagrados. Ainda não viu?
O problema não é do Espírito Santo!
Chama do Carmo I NS55 I Janeiro 31, 2010

sábado, 30 de janeiro de 2010

Papa quer padres na net

Bento XVI quer que os padres aproveitem as potencialidades das novas tecnologias, na área da comunicação, marcando uma presença diferente no mundo “digital”.
Os sacerdotes, indica o Papa, devem “anunciar o Evangelho recorrendo não só aos media tradicionais, mas também ao contributo da nova geração de audiovisuais (fotografia, vídeo, animações, blogues, páginas internet) que representam ocasiões inéditas de diálogo e meios úteis, inclusive para a evangelização e a catequese”.
“Os novos media oferecem aos presbíteros perspectivas sempre novas e pastoralmente ilimitadas”, acrescenta.
Os desafios são lançados na mensagem para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais, que terá como tema “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos meios a serviço da Palavra”e será celebrado a 16 de Maio de 2010.
"A vós, queridos Sacerdotes, renovo o convite a que aproveiteis com sabedoria as singulares oportunidades oferecidas pela comunicação moderna. Que o Senhor vos torne apaixonados anunciadores da Boa Nova na «ágora» moderna criada pelos meios actuais de comunicação", indica o Papa.
A celebração deste ano pretende levar os padres a considerar os novos meios de comunicação como um recurso para o seu ministério.
“O desenvolvimento das novas tecnologias e, na sua dimensão global, todo o mundo digital representam um grande recurso, tanto para a humanidade no seu todo como para o homem na singularidade do seu ser, e um estímulo para o confronto e o diálogo”, indica Bento XVI.
Reconhecendo que “os modernos meios de comunicação fazem parte, desde há muito tempo, dos instrumentos ordinários através dos quais as comunidades eclesiais se exprimem”, o Papa precisa que “a sua recente e incisiva difusão e a sua notável influência tornam cada vez mais importante e útil o seu uso no ministério sacerdotal”.
Para Bento XVI, as “vias de comunicação abertas pelas conquistas tecnológicas” tornaram-se um instrumento útil para abordar “ questões no âmbito das grandes mudanças culturais, particularmente sentidas no mundo juvenil”.
“Pondo à nossa disposição meios que permitem uma capacidade de expressão praticamente ilimitada, o mundo digital abre perspectivas e concretizações”, acrescenta.
Em pleno Ano Sacerdotal, o Papa escreve que o sacerdote acaba por encontrar-se como que no limiar de uma "história nova", porque “quanto mais intensas forem as relações criadas pelas modernas tecnologias e mais ampliadas forem as fronteiras pelo mundo digital, tanto mais o sacerdote será chamado a ocupar-se pastoralmente disso, multiplicando o seu empenho em colocar os media ao serviço da Palavra”.
Bento XVI alerta para o risco de uma utilização “determinada principalmente pela mera exigência de marcar presença e de considerar erroneamente a internet apenas como um espaço a ser ocupado”.
“Aos presbíteros é pedida a capacidade de estarem presentes no mundo digital em constante fidelidade à mensagem evangélica, para desempenharem o papel próprio de animadores de comunidades, que hoje se exprimem cada vez mais frequentemente através das muitas «vozes» que surgem do mundo digital”, observa.
Através dos modernos meios de comunicação, assinala Bento XVI, “o sacerdote poderá dar a conhecer a vida da Igreja e ajudar os homens de hoje a descobrirem o rosto de Cristo, conjugando o uso oportuno e competente de tais meios - adquirido já no período de formação - com uma sólida preparação teológica e uma espiritualidade sacerdotal forte”.
“No impacto com o mundo digital, mais do que a mão do operador dos media, o presbítero deve fazer transparecer o seu coração de consagrado, para dar uma alma não só ao seu serviço pastoral, mas também ao fluxo comunicativo ininterrupto da «rede»”, diz ainda.
O Papa lembra a necessidade de assegurar sempre “a qualidade do contacto humano e a atenção às pessoas e às suas verdadeiras necessidades espirituais”.
“Uma pastoral no mundo digital é chamada a ter em conta também aqueles que não acreditam, caíram no desânimo e cultivam no coração desejos de absoluto e de verdades não caducas, dado que os novos meios permitem entrar em contacto com crentes de todas as religiões, com não-crentes e pessoas de todas as culturas”, frisa Bento XVI.
A mensagem para este dia é publicada todos os anos a 24 de Janeiro, por se celebrar a memória litúrgica de São Francisco de Sales, padroeiro das comunicações sociais. Este ano foi antecipada por este dia coincidir com um Domingo.
Texto e foto: Ecclesia.

Domingo IV Tempo Comum

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Oração pelos Consagrados

Pai de imenso amor e omnipotente,
fonte da minha esperança e da minha alegria.

«Tudo o que é meu é teu.»
Pai, acredito firmemente:
o teu amor ultrapassa-nos até ao infinito.
Como pode o amor dos teus filhos competir com o teu?
Oh! A imensidade do teu amor paterno!
Tudo o que é teu é meu.
Aconselhaste-me a rezar com sinceridade.
Então confio-me a Ti, Pai pleno de bondade.

«Tudo é graça.»
Pai, creio firmemente:
ordenaste desde sempre,
todas as coisas para nosso maior bem.
Não cessas de guiar a minha vida.
Acompanhas cada um dos meus passos.
Que poderei temer?
Prostrado, adoro a tua santa vontade.
Entrego-me totalmente nas tuas mãos,
é através de Ti que tudo acontece.
Eu que sou teu filho, creio que tudo é graça.

«De tudo sou capaz naquele que me dá força.»
Pai, creio firmemente:
nada ultrapassa o poder da tua Providência.
O teu amor é infinito,
e eu quero aceitar tudo com coração alegre.
O louvor e o reconhecimento são eternos.
Unidos à Virgem Maria,
associando as suas vozes às de todas as nações,
S. José e os anjos cantam a glória de Deus
por todos os séculos dos séculos.
Ámen.

Congresso de formadores europeus

Cerca de 40 Carmelitas Descalços, formadores das Províncias carmelitanas de Itália, Portugal, França, Hungria, Polónia, Croácia, Áustria, Bélgica, Malta, Espanha, Líbano e Egipto estão reunidos em Ávila para estudar a temática «Discernimento da vocação e acompanhamento vocacional».
Na abertura do Congresso o P. Pascual Gil, Presidente da Conferência Europeia de Provinciais saudou os congressistas e aproveitou para contextualizar a realidade dos Encontros Europeus de Estudantes (jovens professos), que tiveram origem em Beas de Segura (Espanha) no ano de 1990.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Quando um membro sofre, todos sofrem com ele

E agora o Haiti não nos sai da cabeça. As imagens acumulam-se sobre imagens, e os relatos sobre relatos. Creio firmemente que somos poupados ao pior de tudo, ao pior horror. Ainda assim contemplamos a tragédia como quem a esconjura para longe, como quem procura afastar os nevoeiros dum sonho mau.
Depois do abalo que fez ruir os prédios e os palácios e deixou erguidas as barracas mais pobres, a audácia maior era a de escapar com vida, e a tragédia maior o socorro e amparo dos sobreviventes.
Doem-me mil feridas que se remultiplicam na tragédia dos sobreviventes. Dói-me o Haiti. E oxalá a dor continue a doer, e jamais alguma foleirice obnubile aquela rasgão que demorará anos a curar.
O Haiti é um membro sofredor; cabe ao resto do corpo — a comunidade internacional, a comunidade dos cristãos —, condoer-se com as dores daquele membro. E sará-lo.
É o que diz hoje a segunda leitura da Missa tirada da primeira Carta de Paulo aos cristãos de Corinto.
Em cem segundos um país mudou. E poucos foram os que no corpo nada sofreram. Mas a tragédia acabou tocando a todos, marcando-lhes a alma, arranhando-lhes os sonhos, torcegando-lhes os sentimentos.
Quão fina é a linha entre a vida e a morte!
Todos sofremos no Haiti. Um corpo não sobrevive muito tempo com um membro estroncado e paralisado. O que dói no Haiti a todos dói.
O Santo Padre já confirmou: morreram o bispo de Porto Príncipe, muitos sacerdotes, religiosos e religiosas e muitos seminaristas. Para além de figuras de Estado, do pensamento e das artes, do voluntariado internacional, da classe média e de todas as classes. As quase inexistentes estruturas civil, política e administrativa também ruíram. Quando se dá um tão grande recuo da capacidade de intervenção da vontade humana quase só resta Deus: «Agora no Haiti manda Deus», gemeu desamparado um popular.
Seja, mas sinceramente não sei que coisas pensarão os haitianos quando este domingo forem à Missa. Como enfrentarão eles a Palavra de Deus quando escutarem a proclamação do Evangelho:«O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos; um ano favorável da parte do Senhor»?
Para eles já será boa notícia se tiverem de comer, se souberem que amanhã alguém lhes trará farinha e água. Que dentro de algum tempo vão reganhar a vida voltando ao trabalho. E ter um tecto que os cubra. Como enfrentarão eles, tão doridos e tão sem nada, a certeza de Jesus: «Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir»?
Jesus confirma que a Escritura se cumpre no hoje da vida das pessoas que O ouvem! Mas, como será precisa a fé e a disposição para ver a vida com olhos de haitiano — isto é, vê-la ao contrário do que ela é quando é serena e ordenada —, vê-la com os olhos de Jesus para ver que a Escritura se cumpre! Sim, soará muito estranho neste domingo aos cristãos haitianos ouvir o texto que o profeta Isaías escreveu 500 anos antes de Jesus o ler e comentar na sinagoga de Nazaré. Séculos depois Jesus soube actualizá-lo para o hoje do seu tempo, porque serviu os pobres, os cativos e os cegos e assim traduziu a Boa Nova em vida: o seu serviço foi anúncio libertador para aquele hoje.
Hoje Jesus traz a promessa do cumprimento da boa notícia do Evangelho também para o destroçado Haiti, e menos para quem tem barriga cheia e não precisa de Boa Nova e por isso não a ouve nem a quer ouvir. Jesus insiste que a Escritura se cumpre nos ouvintes que O ouvem. Porque o Espírito O ungiu e O enviou para libertar. O cumprimento da Escritura é a própria pessoa de Jesus. Ele é a graça, a libertação e a consolação. Por isso, acreditar Nele é dar já hoje cumprimento à Escritura. Quando a Escritura fala fala Cristo, Ela é a Palavra de Deus que se fez carne em Jesus. É Nele que se acha a realização da Escritura. Ele é o desejo de Deus se nos comunicar, por isso, hoje, Ele chegará como pão, água, bênção e cura.
É domingo, o dia do Senhor. Em todo o mundo de matriz cristã renovaremos o memorial de Jesus. Uns celebraremos confortavelmente a Eucaristia, outros celebrá-la-ão no desgarro da tragédia e das ruínas. (E não apenas no Haiti) Hoje é domingo para todos, dia em que a Palavra de salvação se cumpre. Todos somos corpo de Cristo, no qual coexistimos unidos e diversos.
Em cada Missa nós vamos construindo o corpo de Cristo. Ele continua vivo, crescendo presente no mundo, actuando e libertando. Vamos colaborar, vamos reconstruir porque quando um membro sofre todos sofremos com ele.
Chama do Carmo I NS54 I Janeiro 24, 2010

Grupo de Crisma

Está em curso na Comunidade do Carmo a criação dum grupo de preparação para o Sacramento do Crisma. Destina-se a jovens dos 18 aos 25 anos. Se desejas reflectir e amadurecer a tua fé informa-te e inscreve-te na Secretaria.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Oração

Senhor,
que a Tua Palavra toque o meu coração,
para que o Evangelho
afaste as nuvens do pessimismo e do cansaço
e traga a certeza do Teu amor.
Cria em mim,
o silêncio para escutar a Tua voz,
penetra no meu coração com a espada da Tua Palavra,
para que, à luz da Tua sabedoria,
possa avaliar as coisas terrenas das eternas,
a ser livre e pobre pelo Teu Reino,
testemunhando ao mundo
que Tu estás vivo no meio de nós,
como fonte de fraternidade, de justiça e de paz. Amén.
(Anónimo)

Haiti: todas as Irmãs estão bem

Só no Domingo à tarde foi possível confirmar a situação do Carmelo de Porto Príncipe. A prioresa Ir. Jaqueline Marie de la Trinité confirmou que todas as irmãs da comunidade e o mosteiro estão «sãs e salvas».
A incerteza que se viveu ficou a dever-se às notícias contraditórias que foram chegaram por canais diversos à Casa Generalícia, e à impossibilidade de comunicar com o carmelo. Porém, essa dificuldade já foi ultrapassada através dum contacto presencial. As irmãs pedem simplesmente que «sigam rezando pela difícil situação em que o país se encontra imerso».

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Saudação ao Santo Padre

O Padre Geral, Fr. Savério Cannistrà, teve a oportunidade de saudar o Papa Bento XVI e manifestar-lhe o afecto e oração em nome de toda a Ordem. O encontro deu-se durante audiência geral de Sua Santidade na Aula Paulo VI, na quarta-feira, 16 de dezembro. Com Fr. Xavier estavam presentes todos os membros do Definitório Geral.

Estava Deus no Haiti?

sábado, 16 de janeiro de 2010

Consagração ao Menino Jesus de Praga

Divino Menino Jesus, Senhor da minha vida,
eu Vos ofereço todo o meu ser e me consagro a Vós,
para o presente e para o futuro.
Recebei a minha alma e enchei-a com o Vosso amor.
Acolhei o meu coração e guardai-o junto do Vosso.
Guardai a minha boca e fazei da minha vida um louvor.
Sede a luz dos meus olhos e iluminai os meus passos.
Falai aos meus ouvidos e convertei o meu coração.
Estendei a Vossa mão e amparai a minha vida.
Escutai o meu pensar e seja feita a Vossa vontade.
Vede a cruz da minha vida e vinde em meu auxílio.
Consolai-me na tristeza e abençoai-me na alegria.
Aliviai-me na doença e conservai-me em saúde.
Consagro-me ao Vosso serviço nas coisas do Pai
para estar vigilante nas boas obras.
Fazei que eu me perca só em Vós
e me encontrem sempre os que Vos procuram.
E quando chegar a minha hora concedei-me,
Jesus bendito,
o conforto da Virgem Mãe para que, vencida a morte,
triunfe a vida e se estabeleça para sempre
Vosso reino de paz e amor.
Amen.

O pedido:
Divino Menino Jesus de Praga, que prometestes:
“Quanto mais Me honrardes, mais Eu Vos oferecerei”,
pelos méritos da Vossa Santa Infância,
concedei-me a graça que Vos peço:

(Nomeia-se a graça).

A bênção:

Divino Menino Jesus de Praga,
abençoai-me e guardai-me de todo o mal.

Um altar para o Menino Jesus de Praga

Este domingo é dedicado à devoção ao Menino Jesus de Praga. A palavra devoção vem do latim devotio, que quer dizer: voto e entrega, consagração e dedicação. Um devoto é alguém que se entrega e se consagra a alguém, neste caso à infância de Jesus. O Menino Jesus de Praga é uma imagem de Jesus no seu período infantil, que se encontra na Igreja de Nossa Senhora da Vitória, dos Carmelitas Descalços, na cidade de Praga. A imagem de cera mede 48 cm e passava de pais para filhos varões da família dos Duques de Nájera, embaixadores perpétuos da coroa espanhola em Praga. Foi esculpida, pensa-se, em Espanha, no séc. XVI. Em 1628 foi oferecida ao Prior do Carmo por Doña Polixena Lobcowicz que a tinha recebido de sua mãe como prenda de casamento. A Imagem foi objecto de grande devoção pública e ao longo do séc. XVII sofreu vários danos e agravos no decurso dos saques de Praga pelos exércitos protestantes. A devoção, porém, foi amplamente difundida pelos Carmelitas, que a velam nas suas igrejas e conventos, como é o caso do Santuário que lhe foi dedicado em Avessadas, Marco de Canaveses.
Não há Carmelita indiferente à santa infância de Jesus. A seguir narra-se brevemente a devoção do grande carmelita polaco S. Rafael Kalinowski ao Menino Jesus de Praga.
Como bom Carmelita que era São Rafael não podia deixar de alimentar uma devoção especial ao Menino Jesus; uma devoção transmitida por uma sã tradição da Ordem, muito estimada nos nossos dias; uma devoção que prodigaliza tantos frutos de maturidade espiritual e de santidade às pessoas.
A origem desta devoção ao mistério da Incarnação de Jesus e à infância do Senhor encontramo-la no nosso Santo ao tempo em que, condenado a trabalhos forçados durante dez anos na Sibéria, fazia a sua viagem para este seu terrível desterro. A viagem foi iniciada nos fins de Junho de 1864 e terminada após longos e penosos nove meses. Começou de comboio, continuou de barco a vapor subindo o rio Volga, seguiu depois em kibitki (carros puxados a cavalo) e finalmente a pé. Em Dezembro de 1864 chegou à cidade de Tomsk, onde permaneceu alguns dias. Foi ali que, na festa do Natal, São Rafael, às primeiras horas do dia, se pode recolher na igreja do lugar. Este acontecimento – como rezam as suas Memórias – trouxe-lhe «uma grande alegria». E, continuou o Santo, «no dia do Santo Natal para adorar o Pequeno Reizinho, o Santo Menino Jesus que vem até nós, sem evitar o frio que fazia na igreja, participei na Santa Missa: três por mim e três por um amigo da mesma desventura, doente de tifo e em perigo de vida». E não ficou desiludido o amigo Casimiro Laudyn, que se curou. Ficaram por isso amigos por muitos anos de vida.
São Rafael confessa que ao entrar na igreja de Tomsk e ao ouvir o som do órgão, não conseguiu reprimir as lágrimas. Era este um Natal diferente: condenado a dura pena e longe da família, celebrava ali um encontro único com o Menino Jesus na manjedoura; com o Senhor, na Eucaristia.
Conhecemos ainda outra descrição dum Natal siberiano do nosso Santo. É a de um seu amigo de prisão, o futuro frade capuchinho P. Wenceslao Nowakowski, que no opúsculo A vigília de Natal em Usole no ano de 1865 testemunhou a grande estima que São Rafael gozava entre os companheiros: no seu discurso natalício, São Rafael falou do Menino Jesus, da pobreza e perseguição revelados no nascimento e na fuga para o Egipto, e como esses acontecimentos ajudavam a encorajar todos os pobres e deportados da terra. Logo de seguida todos quiseram manifestar-lhe a sua alegria e partilhar com ele o oplatek (o pão branco do Natal), que evoca o significado etimológico de Belém (Bet-lehem: a casa do pão), e que prefigura simbolicamente o nascimento quotidiano na hóstia santa sobre o altar.
São Rafael venerava o Menino Jesus com o amor que reveste a Ordem. Desejava que o seu coração fosse um trono digno para o Menino Jesus e na sua actividade pastoral sempre animava os outros a fazerem o mesmo. Recordemos um dos seus textos espirituais: «Naquelas velhas imagens, uma chama-me particularmente a atenção: o Menino Jesus espera docemente por que quer encontrar uma digna morada no coração humano. Para começar, é o nosso próprio Salvador que arruma o nosso coração, o purifica, fortalece e adorna com a sua graça; por fim, o Divino Menino entra nele e encontra uma morada agradável».
A seguir acrescenta: «Menino Jesus perdoa os pecados do homem, e dá-lhe força para que se possa revestir de virtudes; concedei-lhe as vossas bênçãos, pois quereis que o coração do homem seja um altar da vossa presença».
E a concluir uma conferência espiritual às Irmãs Carmelitas, disse-lhes: «Que o Menino Jesus se apodere das vossas almas, para que possais cantar já na terra juntamente com os anjos: Glória a Deus nas alturas, e depois O possais ter no céu para sempre! E que tudo se faça por intercessão da Sua santíssima Mãe, a Virgem Maria».
Possa o seu exemplo animar-nos a imitá-lo na mesma expressão de amor e dedicação ao Divino Reizinho.
Chama do Carmo I NS53 I Janeiro 17, 2010

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Carmo solidário com o Haiti

Face à tragédia do Haiti todos nos sentimos interpelados e perguntamos: «Como é possível que tenha acontecido, e logo a um país tão pobre tão sem nada?». Dá até vontade de culpar a Deus, dizendo: «Onde estavas àquela hora?».
E Deus estava ali, entre as vítimas.
Não lhe peçamos contas e soluções fáceis. Pensemos antes onde se encontra cada um de nós. Será que estou solidário com os meus irmãos, ou sigo enleado nos meus problemas ou diversões?
Que cada um leve a sua gota de água, como Maria nas Bodas de Caná. Nós temos água, Jesus tem capacidade de transformar a tua água em vinho, a tua ajuda em bálsamo.

Se deseja associar-se ao Carmo numa Conta Solidária com as vítimas do sismo do dia 12 de Janeiro, p.p., no Haiti, pode fazê-lo entregando-nos a sua oferta, ou realizando um depósito por transferência bancária ou por Multibanco no Banco Banif, conta nº 0038 0000 38577101771 76 (usar para depósitos nacionais); ou PT50 0038 0000 38577101771 76 e o código BNIFPTPL (usar para depósitos internacionais).

Oração sincera

Senhor,
se necessitas de valentes sob o Teu estandarte,
aí estão Clara, Teresa, Domingos, Francisco, Inácio,...
aí estão Lourenço e Cecília...

Mas, se por acaso, alguma vez precisares de um preguiçoso
e de um medíocre, de um ou outro ignorante, de um orgulhoso,
de um cobarde, de um ingrato ou de um impuro,
de um homem cujo coração esteve fechado e cujo rosto foi duro...,
aqui estou eu!
Quando te faltarem os outros, a mim sempre me terás!
Charles Péguy

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Salmo 139

Tu me sondas, Senhor, e me conheces.
Sabes quando me sento e me levanto,
de longe escrutas as menores intenções,
reconheces a minha marcha e vigias o meu sono.
Nada de mim te é estranho.
Adivinhas a palavra que se tece ainda em mim.
Estás em frente do meu rosto, estás atrás das minhas costas,
e pousaste a tua mão sobre a carne do meu ombro.
– Oh, tua ciência é a mais prodigiosa.

Como fugir à tua Face, como evitar teu Espírito?
Acho-te nos campos celestes e nas funduras da treva.
Se voo nas asas da luz para o outro lado das águas,
agarra-me a tua mão que jamais me deixará.
E se as trevas sem astros se derrubam sobre mim,
para teus olhos as noites nada mais são do que luz.

Foste tu, eu sei, quem ergueu a minha carne,
quem lentamente me urdiu no ventre de minha mãe.
Maravilho-me ao pensar no enigma criado.
De há muito já decifravas labirintos da minha alma,
e vias erguer-se a máquina dos meus ossos obscuros.
Minha vida estava inscrita no teu livro encoberto.
Ainda antes do tempo fixaras os meus dias.
Mas os teus, os teus enigmas, quem os pode decifrar?
Que se estendem pelo tempo como na terra as areias.
Odeio os teus inimigos com um ódio absoluto.
Tu me sondas, Senhor, e me conheces.
Adivinhas a palavra que se tece ainda em mim.
Tu que sabes do meu sono e da minha marcha incerta,
dá-me o caminho secreto para a tua eternidade.
Mudado por Herberto Helder

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sou dos teus, Senhor?

Dizem-me que fui baptizado,
porém, Senhor, não sei bem
até que ponto sou um dos teus,
do teu grupo, da tua família, das tuas ideias,
dos que defendem sem fissuras
a tua Palavra sem arriscar descafeiná-la!

Dizem que o Espírito queima,
e eu que me sinto com tanto frio!
Advertem-me que o Baptismo
é um ponto de partida
e eu que frequentemente me instalo
nos meus interesses!
Recordam-me que ser dos teus
é escolher a tua Palavra, a tua vida,
é escolher a tua mensagem, a tua cruz,
é escolher os teus caminhos!

Quantas vezes, Senhor,
me deixo guiar pelas vozes do mundo,
me deixo amanhar pelas sensações
me deixo seduzir pelos fogos artificiais,
me deixo assustar pelo sofrimento,
me deixo encantar por atalhos,
sem que me digam que eu sou dos teus!

Sou dos teus, Senhor?
Ajuda-me a converter-me, a ficar perto de Ti,
a libertar-me para me dedicar a Ti,
a encher-me do teu Espírito
para me oferecer como pregoeiro do teu Reino.

Que o teu Baptismo, Senhor,
seja para mim, fonte de crescimento,
chamamento à sinceridade e à valentia,
à generosidade e ao testemunho,
à verdade e à resposta firme.
Amen.
J. Leão

sábado, 9 de janeiro de 2010

Festa do baptismo do Senhor

Na fila dos pecadores!

Acaba hoje a celebração do Natal. Celebramos neste Domingo a Festa do Baptismo do Senhor. E ao encerrarmos o tempo santo do Natal o Pai apresenta a Israel o Salvador que nos deu, o Menino que nasceu para nós, dizendo: “Este é o meu Filho amado; em Quem pus o meu enlevo”.
Estas palavras contêm um significado muito profundo: o Pai apresenta Jesus usando as palavras do profeta Isaías, escutadas na primeira leitura da missa. Mas, note-se: Jesus é ali primeiramente chamado o servo, embora Ele não seja apenas o servo; ele é o Filho, o Filho muito amado! Sim, o servo que o Antigo Testamento anunciava é também o Filho amado eternamente! Ele é o Filho, Hoje, Jesus, já adulto, no início da sua vida pública de anúncio do Reino, foi ungido no Rio Jordão com o Espírito Santo como o Messias, o Christos, o Ungido, Aquele que as Escrituras prometiam e que Israel aguardava.
Ao entrar na sinagoga de Nazaré depois do baptismo, Jesus aplicou a si mesmo as palavras do profeta Isaías: «O Espírito do Senhor está sobre mim. Ele me ungiu para anunciar a Boa Nova...» Agora, Jesus pode começar publicamente a missão de anunciar e inaugurar o Reino de Deus, porque tem o Espírito Santo e o poder. E é na força do Espírito Santo que Ele pregará, fará os seus milagres, expulsará o mal e inaugurará o Reino; é na força do Espírito que Ele viverá uma vida de total obediência ao Pai e de doação aos irmãos até a morte.
Jesus, o Filho muito amado, é também o Servo sofredor. Hoje, o Pai revela a Jesus o caminho que deve seguir para ser o Messias como Deus quer: na pobreza, na humildade, no despojamento, no serviço! É assim que o Reino de Deus será anunciado no mundo. Deverá ser manso: “Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas”. Deverá ser cheio de misericórdia para com os pecadores, os fracos, os pobres, os sem esperança: “Não quebrará a cana rachada nem apagará o pavio que ainda fumega”. Ele irá sofrer, ser tentado até ao desânimo, mas colocará no seu Deus e Pai toda a sua esperança, toda a sua confiança: “Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra”.
O Senhor Deus estará sempre com Ele.
Jesus começa a cumprir a sua missão na mais profunda humildade: com simplicidade Ele coloca-se na fila dos pecadores, para ser baptizado por João. Ele, que não tinha pecado, torna-se solidário connosco e assume os nossos pecados; Ele é o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo!
O caminho de Jesus é o da humilhação: como um servo, sem se lamentar nem vacilar, colocando--se na fila dos que eram lavados dos seus pecados nas águas do Jordão, Ele, Cordeiro sem mancha, assume os nossos pecados! Porque Ele não veio para ser glorificado, mas para ser humilhado; não veio revelar-se pela força, mas na fraqueza; não para impor, mas para propor; não para ser servido, mas para servir.
Este é o caminho que o Pai indica a Jesus, e é o caminho que Jesus escolhe livremente em obediência ao Pai. Este é o caminho dos cristãos e não há outro!
O baptismo de João não é o sacramento do Baptismo. É um baptismo de penitência e de conversão. Quem a ele se submetia fazia-o apenas como um sinal exterior de alguém que se reconhecia pecador e queria preparar-se para receber o Messias. E é precisamente nessa fila de pecado e de esperança que Jesus se coloca para ser mergulhado e lavado com água. Assim como o povo tocado pelo chamamento de conversão de João se aproximava das águas do rio, assim Jesus se aproximou para ser imerso na água purificadora.
A decisão de Jesus de colocar-se na fila dos pecadores penitentes e descer depois ao rio como se fosse mais um, não é fácil de aceitar por muitos cristãos. Porém, o Evangelho não esconde o facto e até o narra como sendo a primeira acção pública de Jesus. Jesus nasce para ser salvador. E ao ser mergulhado nas águas de penitência do Jordão, Jesus é ungido com o Espírito Santo para a missão de salvador. Para a mesma missão somos nós também ungidos e introduzidos ao recebermos o Espírito Santo no Baptismo: como Jesus somos impelidos a anunciar e testemunhar o Reino de Deus, a vida eterna, a vida no amor a Deus e aos irmãos. Mas, atenção: esta missão não é uma festa, nem um entretém, mas o testemunho duma vida simples, pobre e humilde no dia a dia. Não era essa, afinal, a vida de Jesus?
Somos baptizados para sempre. Para sempre.
Recordando hoje Jesus, serenamente irmanado connosco na fila dos pecadores, devemos fazer memória do nosso Baptismo, que dia a dia nos recorda: — lembra-te do que és, sê o que és, vive o que és. Sê valente, não vivas de ilusões; porque tudo passa, só Deus não muda.mas sofrerá como servo, e há-de exercer a sua missão de modo humilde e doloroso!
Chama do carmo I NS52 I Janeiro, 10 2010

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A primeira visita do ano

A primeira visita do ano foi a do Artur Jorge. De passagem por Portugal passou também pelo Seminário e por Viana. Para visitar os amigos. Bom ano, Artur Jorge!

domingo, 3 de janeiro de 2010

Epifania do Senhor

Deus, foste tu que nos puseste
nos caminhos do tempo
e disseste à nossa vida que a esperança se cumpre
atravessando a noite sem bagagens;
como os Magos à procura do presépio,
assim caminhamos para ti;
que nos guie a estrela para a prática das mãos,
dos olhos e da esperança;
e nos revele os perigos dos caminhos tortuosos;
que nos transporte a quadriga da justiça e da fortaleza
e que João Baptista, estrela d’alva antes do dia que nasce,
nos indique o roteiro do teu Nome e do teu rosto;
dá-nos também a companhia de Maria
que nos ajude a descortinar
as janelas do deserto e da alegria.
José Augusto Mourão

sábado, 2 de janeiro de 2010

Vamos arregaçar as mangas?

E repentinamente a década chegou ao fim! A primeira do séc. XXI!
Íamos de carro — onde se passa grande parte da vida deste século — e chocámos com a constatação: encerra o ano, encerra também a década! Que rápido! E como a viagem dava para distender a conversa lá fomos organizando ideias. Saltou a terreiro, entretanto, uma pergunta: E como está a Igreja?, que mudou nela nos últimos anos? Assim de repente, só com o recurso à memória, sem nos podermos googlar, a resposta saiu frouxa: Mudámos de Papa, morreu a Irmã Lúcia, construiu-se a Igreja da Santíssima Trindade em Fátima, D. Manuel Clemente recebeu o Prémio Pessoa. Enquanto ouvia esparsamente as respostas ainda consegui lembrar-me de mais algumas ausências: Dom Hélder Câmara, Madre Teresa de Calcutá, Abbé Pierre, Irmão Roger, E. Schillebeeckx. Mas não é por aqui que quero ir.
É certo que na Igreja os balanços são difíceis de avaliar. Pode sempre recorrer-se a números estatísticos, porque somos uma organização. Mas fica sempre muito por dizer, pois somos também um edifício espiritual.
Ainda assim, eu, aprendiz mirolho de sociólogo, arrisco um exercício de balanço da primeira década do século XXI. Devo primeiro recordar que a meio da década o Episcopado português realizou a regular Visita ad limina, que inclui uma peregrinação aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo e um encontro como o Romano Pontífice, que sempre proporciona uma séria revisão da vida eclesial. A síntese da Visita, pela boca do Secretário da Conferência Episcopal, não poderia ser mais realista e pragmática: «Perante a leitura dos dados é fundamental arregaçar as mangas para formar cristãos». Estava dito.
Cabe ainda recordar o Papa João Paulo II, no seu documento chamado A Igreja na Europa: «Muitos europeus contemporâneos pensam que sabem o que é o cristianismo, mas realmente não o conhecem (…) A Europa exige evangelizadores credíveis, cuja vida, em sintonia com a cruz e a ressurreição de Cristo, irradie a beleza do Evangelho.»
Seguem três reflexões que algo têm de viés:
Primeira: A Europa mudou, Portugal mudou. E a Igreja algo mudou também. Desceu o número de nascimentos (pela primeira vez a população portuguesa está em crescimento natural negativo) e desceu o número de baptizados, de sacerdotes, de casamentos, e de seminaristas maiores.
Chegou — finalmente ? — o tempo dos leigos.
Muitos portugueses julgam conhecer o cristianismo, mas não conhecem. Julgam vivê-lo, mas não vivem. Arregaçar as mangas significa investir na formação laical que permitiria formar agentes de evangelização. Foi feito? Não. Mas já dizia o Secretário do Episcopado: «No ano 2010 ou 2011, quando se fizer outro censo, ficaremos preocupados. Até lá ficaremos descansados”. E eu sinto que estamos.
Segunda: atingiu-nos por fim o tsunami do anonimato e até da existência virtual. Tudo ou quase tudo promove o anonimato, o individualismo e não nega o apelo do virtual: a Internet, o consumo de televisão, de telemóvel e mp3, a desagregação familiar, a maximização da circulação da informação, a globalização e a individualização. Somos assim de todos os lugares e de lugar algum. Também por aqui as águas da Igreja andam inquinadas de individualismo e de desobriga. Porém, aqui e ali, re-emergem movimentos laicais, que parecem agora melhor chegar às bases, e se reconvertem em suporte de acção inter-pessoal, com apelos à relação, participação e vivência até mesmo fora dos territórios de origem. É certo que na Igreja portuguesa predomina ainda o rosto do clericalismo e da paroquialite. Mas também é certo que todos os anos crescem os gérmenes do voluntariado, aumentam os donativos para as causas humanitárias via Cáritas, e crescem o números de missionários leigos ad gentes que dão pelo menos seis meses da sua vida à promoção da dignidade humana e do anúncio de Jesus Cristo.
Terceira: Resistência à mudança. A prática dominical situa-se abaixo de um quinto da população, embora 70% se diga católico, e igual percentagem afirme praticar uma vez ao mês um acto da sua crença (não significa que seja cristã): ou seja, o ritmo é muito mais espaçado que antes, num adagio embaraçado, resistente à mudança de práticas e dos modos. Os números aproximam-se dos europeus, e aproximar-se-ão ainda mais. Paralelamente cresce o apelo a manifestar Jesus Cristo por formas menos testemunhais e pelas vias da comunhão e defesa da natureza; pela promoção de manifestações culturais que digam Cristo como fonte de vida, como verdade, bondade e beleza para o comum das pessoas, crentes ou não; pelo compromisso social e promoção da vida; pelo empenho em desvelar a beleza como lugar frágil da manifestação de Deus.
Segundo D. Manuel Clemente somos urbanos de semana, rurais de fim-de-semana e litorais de Verão. Significa-se assim a dificuldade em fazer um anúncio consistente do Evangelho e sustentar as bases do edifício eclesial . Mas quem disse que estava tudo feito na Igreja portuguesa, e que não tínhamos de arregaçar as mangas?
Chama do Carmo I NS51 I 3 Janeiro 2010

Solenidade da Epifania do Senhor