terça-feira, 26 de abril de 2011

Até já!

Vamos para o Monte Carmelo de Avessadas. Até já.
Regressamos com notícias depois do Capítulo Provincial.

Missão cumprida

(Inicia-se hoje no Centro de Espiritualidade de Santa Teresa em Avessadas, XI Capítulo Provincial da nossa Província Carmelita.A todos pedimos a proximidade e o acompanhamento na oração, para que saiba-mos escutar a voz do Espírito que conduz a Igreja de Jesus a fim de tomarmos as oportunas decisões de serviço à Igreja.)
Aqui termina o caminho que aqui começámos em Maio de 2008.
Abro as mãos e dou graças a Deus por ele. E agradeço-Lhe por me ter trazido até aqui, consciente de que Ele sabe por que vim e por que vamos indo.
Durante estes três anos o Carmo de Viana do Castelo foi-me confiado a mim e aos Padres Caetano, Maciel, Carlos, ao Irmão Domingos, e mais recentemente ao Frei Daniel.
Termina agora o nosso tempo. Saímos em paz, com os pés cansados do caminho. Perdão pedimos se ou corremos de mais ou de mais parámos.
Do dia 26 ao 29 reúne-se o Capítulo Provincial. É a assembleia magna da nossa Ordem, à imitação do primeiro Cenáculo.
Tudo é graça!
O chegar, o estender e acomodar da tenda, o permanecer e o partir são graça.
O que de graça me foi entregue de graça o devolvo antes do Capítulo Provincial. Entrego-o com graça e um sorriso.
Até o intervalo é graça.
Agora que o tempo passou já não há dor que doa, mas renovo de Páscoa e esperança de que aqui ou noutro lugar continuaremos a caminhar com igual compromisso de não parar.
Para cada um de nós os seis Viana tem agora o nome de Ur, como a da região da Caldeia: Pode, pois, chegar a ordem de partir para uma nova terra que nos venham a indicar.
Aos meus cinco irmãos carmelitas agradeço a vénia do serviço com que juntos servimos e a companhia que me deram. E aos leigos a disponibilidade do copo de água e as brancas flores silvestres que estenderam nas veredas. Sem uns e outros a missão não seria cumprida!
Porém, como é belo alçar o olhar e dar o passo de saída! Mesmo que só seja para aqui ficar.
Frei João Costa, prior

domingo, 24 de abril de 2011

Andemos como ressuscitados!

De repente, sim, a mim parece-me de repente, o mundo descobriu Jesus; por exemplo: os responsáveis dos filmes sobre Jesus descobriram no tema uma nova mina de ouro; além de que todos os anos, digo, todas as páscoas, surge sempre uma nova notícia sobre uma novel descoberta arqueológica que toca a pessoa de Jesus.

Há um novo fascínio pela Igreja, pela sua história e os seus mistérios, isto é, as suas realidades.
É certo que as mais das vezes a abordadem é sobretudo suposta e ficcional, o que faz perigar a história de Jesus e a nossa fé. Mas era pior se não falassem de nós.
Sinto-me sempre interpelado por mais esta ou menos aquela pretensa descoberta de tabuinhas, textos, retratos ou túmulos de Jesus que brotam nos media por altura de cada Páscoa.

Porém, não tremo.
A minha fé cristã funda-se na rocha da história, na história duma pessoa de bem, Jesus, que percorreu e doriu os pés nos caminhos da Palestina ocupado em fazer bondade: enxugando lágrimas, curando dores e feridas, clamando para a comunhão, serenando ventos e marés, reverdecendo membros, dando vida.
A cada Páscoa o baú faz saltar umas pretensas novidades sugerindo que aqui ou ali a Igreja teve interesse em esconder algo acerca da pessoa de Jesus. Este ano foram as tabuinhas. E mais uma vez saíram ao lado.
Páscoa é passagem. A passagem é de si um não-lugar difícil de precisar e falar. É um ir, um mudar. Também é certo que o assunto da ressurreição de Jesus nos é muito difícil de entender e de explicar. Ela aconteceu, é histórica; significa a saída dos limites terrenos da história e a entrada na eternidade.
A nós ela dá-nos uma imensa alegria e paz. Ainda assim é muito difícil de entender e por isso mesmo frequentemente vítima de manipulação dos mais ansiosos e inseguros.
Que fique claro: nenhum dos discípulos de Jesus ou dos seus seguidores foram testemunhas directas do momento da ressurreição. Nenhum dos evangelhos se ocupou da narração inteira do facto da ressurreição.
O túmulo vazio depois que ali Jesus foi sepultado e as aparições do Ressuscitado a alguns dos que Ele mais amou enquanto caminhou na terra são as razões mais fortes da nossa fé na ressurreição.
(Um túmulo vazio e um Ressuscitado dizem apenas que o corpo não está, e que agora Ele está com os seus mas de outra maneira!)
Para o hoje da história nenhuma destas razões é válida. Por isso, só a fé pode aderir a tais razões. Acresce ainda que os primeiros discípulos que estiveram tão próximos do acontecimento se quedaram sem palavras para nos dizer essa realidade de fé; daí que me questione, como as haveremos de ter nós? Teremos, isso sim, de aprender a ler a linguagem simbólica que eles usaram para dizer a novidade da ressurreição – porque ela é muito mais que os factos da história e a simbologia a melhor linguagem para dizer a união entre o tempo e a eternidade, entre o Jesus histórico e o Senhor a quem devotamos a nossa fé.
Deus não deixou Jesus preso no reino da morte. Deus interviu e resgatou Jesus das ignóbeis garras da morte.
Sim, Deus intervém na história. Sim, os dias de Jesus e os nossos, os nossos sonhos e sucessos, os nossos perigos e lágrimas, a abertura à vida ou o último fechar de olhos, tudo, sim, tudo mesmo, tudo que é nosso, tudo que é ungido pelo sopro humano jamais é indiferente a Deus.
Nós não somos indiferentes a Deus, a sorte de Jesus não é indiferente ao Pai, a história e a natureza estão no coração das pré-ocupações de Deus. Deus é amor e o amor nunca está ocioso, indeciso ou esquecido. Nem jamais é temeroso quando algum de nós morre para o tempo.
De facto, não sabemos contar a Páscoa e a ressurreição de Jesus, mas isso não significa que as possamos dispensar ou delas devamos prescindir por não se encontrarem ao alcance da nossa total compreensão.
Celebrar a Páscoa é espanar o pó inerme e avivar a memória da intervenção amorosa e salvadora de Deus. Nesse avivar Deus diz à alma de cada um de nós:
– Vistes o meu Filho, a sua glória e o seu triunfo? Confia! Como Ele tu não morrerás!
A fé cristã não afirma que não sofreremos ou não morreremos, mas que se a nossa opção for a de Jesus nós não morreremos sós e para sempre!
No fim de contas, o mais importante não é perceber a ressurreição de Jesus ou a nossa. Mas que façamos da nossa fé na ressurreição um experiência vital que, desde já, nos anime a viver como ressuscitados que no agora da história já comungam da vida do Ressuscitado!
Como os demais homens e mulheres sujeitamo-nos às leis da dor e da morte, mas sabedores de que elas não são definitivas e de que vivendo ainda sob a sua tirania podemos já viver com sentido de eternidade e ressurreição!
Chama do Carmo I NS 107 I Abril 24, 2011

Santa Páscoa!

Ressuscitou como disse!

domingo, 17 de abril de 2011

HORARIO DO TRÍDUO PASCAL



QUINTA-FEIRA SANTA 
Dia da Eucarístia e do Sacerdócio 
18:00   Celebração da Ceia do Senhor.
Instituição da Eucarístia
Instituição do Sacerdócio
Gesto fraterno do Lava-pés
Adoração Eucarística.
SEXTA-FEIRA SANTA
Dia de jejum e abastinência

08:00   Oração de Laudes
18:00   Celebração Paixão e Morte do Senhor
Adoração da Santa Cruz
Distribuição da Reserva da Eucarístia.

SÁBADO SANTO
Dia de silêncio e de esperança
08:00   Oração de Laudes

21:30   Solene Vigilia Pascal
Bênção do Lume Novo
Canto do Precónio Pascal
Leitura da História da Salvação
Entoação do Aleluia
Bênção da Água
Renovação das Promessas do Baptismo
Eucaristia.
DOMINGO DE PÁSCOA
O Dia que o Senhor fez!

08:00   Missa da Ressurreição
10:00   Missa da Ressurreição
11:30   Missa da Ressurreição
18:00   Missa da Ressurreição.

Tríduo Pascal, nossa Páscoa!

Temos notícia de que no século III já os cristãos preparavam o Domingo de Páscoa com dois dias de jejum: Sexta e Sábado Santos. Actualmente o Tríduo Pascal é mais que um tempo de preparação, é uma só coisa com a Páscoa. São três dias ditos «santos» porque nos fazem reviver o acontecimento central da nossa Redenção. São três dias que poderemos considerar com um único dia.
O Tríduo Pascal começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor, em Quinta-Feira Santa, alcança o seu apogeu na Vigília Pascal e termina com as vésperas do Domingo de Páscoa. Todo este tempo é um só dia que inclui os sofrimentos e a glória da ressurreição.

A Quinta-Feira Santa
A Quinta-Feira Santa está marcada pela instituição da Eucaristia. Nesse dia não pode celebrar-se a eucaristia sem fiéis e recomenda--se a concelebração, que confere uma nota de eclesialidade eucarística e de unidade entre eucaristia e sacerdócio.
A cerimónia sugestiva e humilde do Lava-Pés orienta-se também para a Eucaristia.

A Sexta-feira Santa
A Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor é constituída por uma liturgia austera e sóbria.
É um dia de intenso luto e dor, mas iluminado pela esperança cristã. A devoção à Paixão do Senhor está fortemente arreigada na piedade cristã. A Igreja apresenta grande austeridade, nada distrai o nosso olhar do altar e da cruz.

O Sábado Santo
O Sábado Santo é um dia de silêncio e de serena esperança e preparação orante para a Ressurreição. Os cristãos dos primeiros séculos jejuavam neste dia como em Sexta-feira Santa.
A Vigília Pascal é uma vasta celebração da Palavra de Deus que continua com a renovação do Baptismo e com a Eucaristia. Os símbolos são abundantes e de uma grande riqueza espiritual – o ritual do fogo e da luz, o Círio Pascal, que evoca a ressurreição de Jesus e o povo de Israel no deserto guiado pela coluna de fogo; a liturgia da Palavra com Salmos e orações, percorrendo as etapas da história da salvação; a liturgia da iniciação cristã que, pelo Baptismo, incorpora novos filhos na Igreja; a renovação das promessas do baptismais e aspersão com a água benta que recorda a água com que fomos baptizados; por fim a Eucaristia que proclama a ressurreição do Senhor, esperando a sua última vinda.

Domingo da Ressurreição
A liturgia convoca de novo os fiéis para o «Dia que o Senhor fez» na missa do dia. A piedade cristã realiza a procissão da Ressurreição, ornamentando os caminhos e tocando sinos e entoando o Regina Coeli à Mãe de Jesus. O Aleluia que foi suprimido durante a Quaresma aparece agora repetidas vezes em sinal de alegria e vitória!
Celebremos, pois, o Tríduo Pascal que é a Páscoa do Senhor com todo o vigor da nossa fé e com a alegria da nossa esperança.
Aleluia!
Chama do Carmo I NS106 I Abril 17, 2011

domingo, 10 de abril de 2011

— Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!

Betânia deveria ser linda. Digo também que a comunidade de Betânia era muito aprazível para Jesus.

Por que a imaginação imagina sempre o que quer, eu vejo aquela localidade como um lugar belo. Por que ficava a poucos quilómetros de Jerusalém talvez os peregrinos não se detivessem muito por lá, mas Jesus recolhia-se àquele remanso sempre que ia à Cidade Santa. Ia à Cidade e ali regressava para repousar.
Mais que lugar, Betânia significa para mim comunidade cristã acolhedora.
Ali, Marta presidia, Maria ouvia, rezava e ungia. Lázaro não sei que papel tivesse, mas tinha um lugar grande no coração de Jesus. Tão grande que na sua morte Jesus o chorou! Tão grande que mesmo sabendo que o ressuscitaria, Jesus se enterneceu e lamentou que tivesse morrido!
A vida, a morte e o retorno à vida é o centro do evangelho deste Domingo V da Quaresma. As duas irmãs, que é como quem diz, desde as chefias às bases, lamentaram a morte do irmão com as mesmas palavras: — Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!

O lamento é de fé confiante, mas também de busca e desconhecimento. Porém, tudo acontecia para que se manifestasse a glória de Deus.
E o povo que não é parvo reivindicava à sua maneira, dizendo: — Então, Ele, [que no domingo passado] abriu os olhos ao cego, não podia ter feito com que este homem não tivesse morrido?
Poder podia, mas não seria a mesma coisa. E o mistério da misericórdia de Deus tem os seus caminhos.
A fé cristã confirma-nos na vida; isto é, que Deus é o Deus da vida e que Jesus é um vencedor. Ele venceu a morte, o mais terrível dos inimigos. Venceu-a no campo de batalha do corpo do seu amigo Lázaro e venceu-a no seu corpo.
E é também verdade que o Espírito do Senhor vencedor habita os nossos corpos.
Celebramos neste domingo a quinta etapa do nosso itinerário quaresmal. Quem faltou a alguma das outras etapas terá mais dificuldades em renovar a fé, porque menos assistiu, e sobretudo menos celebrou a acção salvadora de Deus na vida de cada um de nós e da sua comunidade.
Hoje celebramos a vitória da vida.
Porém, desconfiamos. Somos cépticos como quem aceita porque talvez seja bom aceitar, tal é a desmesura da verdade. E olhamos de soslaio como quem busca inventar uma saída, como quem teme que outra não exista. Que Deus me perdoe, dizemos. E duvidamos, e desconfiamos.
Perante as mortes de mais um terramoto ficámos mudos. Se depois do terramoto veio o tsunami, mais mudos ficámos. Se depois de tudo isto cai a vergasta da contaminação nuclear, nem um ai, nem um suspiro nos sai. Na Líbia vemos guerras como que feitas para filmes. Só que neste filme as mortes são verdadeiras! Na Costa do Marfim idem, aspas, aspas. Parece frio e é a realidade: são mortes de humanos! De outra cor, mas humanos! E aqui no nosso terreiro é o que se sabe e a gente sente: silêncio e desespero por toda a parte, por toda a crise!
E o nosso desespero berra surdo, tão surdo quanto é também para si que busca soluções: — Ai, Senhor, Senhor, se tivesses estado aqui...
Quão pequeninos somos! Na curteza de vistas e de fé, isso é o que sentimos: Se Deus existe, se está connosco, se continua a actuar no mundo, como é que ele continue à deriva? Será Deus capaz de resgatar todas estas vidas que morreram antes de tempo? Quem fará justiça a tantos inocentes? Quem abrirá tantos sepulcros? Quem declarará sagrada tanta terra banhada por sangue inocente? E quem defenderá o seu direito depois de também ela ter sido ferida de morte? Se Deus é Deus da vida, como vivemos rodeados de tanta morte? Por onde andas, Senhor, quando precisamos de Ti?
Restam-me do evangelho deste domingo duas respostas, que rezo, a fim de que me infundam serenidade e fortaleza.
Uma: Quando avisaram Jesus da gravidade da doença de Lázaro, Ele apenas referiu que aquela era uma situação para manifestar a glória de Deus. Quando se decidiu a ir vê-lo já ele morrera; e então declara, que «o nosso amigo Lázaro está a dormir». A visão cristã da morte inscreve-se aqui: é apenas um sono; a ressurreição é que é o verdadeiro cume glorioso!
Duas: Jesus chega à amada Betânia quatro dias depois da morte do amigo. É impossível fazer algo, e Marta, a chefe, acusa-o disso! E Maria, a assembleia, acusa-o disso também! Chegara tarde! Jesus, porém, apenas promete que Lázaro ressuscitará. E ao ver todos a chorar chora também. Mostra claramente que ama o amigo.
Poderá a morte vencer o amor? Não. A morte só não vence o amor. Por isso, Jesus invoca o Pai que sempre O escuta e pede-Lhe que o milagre aconteça, para que os que amam vejam e acreditem.
E o morto obedeceu e saiu do lugar da morte.
Sim, Senhor, eu amo, mas aumenta a minha fé!
Chama do Carmo I NS 105 I Abril 10, 2011

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Bento XVI apresenta S. Teresa do Menino Jesus

Catequese do Papa na audiência da Quarta-feira, 6 de abril de 2011.

Queridos irmãos e irmãs:
Eu gostaria hoje de vos falar de Santa Teresa de Lisieux, Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, que viveu neste mundo apenas 24 anos, no final do século XIX, levando uma vida simples e oculta, mas que depois de sua morte e da publicação dos seus escritos, se tornou uma das santas mais conhecidas e amadas. A pequena Teresa não deixou de ajudar as almas mais simples, os pequenos, os pobres, os que sofrem e os que lhe rezam, mas iluminou também toda a Igreja, com sua profunda doutrina espiritual, tanto assim que o Venerável João Paulo II, em 1997, quis dar-lhe o título de Doutora da Igreja, acrescentando o título de Padroeira das Missões, dado por Pio XI, em 1939. Meu querido predecessor definiu-a como uma "especialista na ‘scientia amoris'" (‘Novo Millennio ineunte', 27). Esta ciência, que vê brilhar no amor toda a verdade da fé, Teresa a expressa principalmente no relato da sua vida, publicado um ano após a sua morte com o título de História de uma Alma. É um livro que foi de imediato um enorme sucesso; foi traduzido para muitas línguas e distribuído em todo o mundo. Eu gostaria de convidar-vos a redescobrir este pequeno-grande tesouro, este luminoso comentário do Evangelho plenamente vivido! A História de uma Alma, é de facto, uma maravilhosa história de amor, contada com tal autenticidade, simplicidade e frescor, que o leitor não pode deixar de ficar fascinado! No entanto, qual é esse amor que preencheu a vida de Teresa, desde a infância até sua morte? Queridos amigos, este amor tem um rosto, tem um nome, é Jesus! A santa fala continuamente de Jesus. Percorramos, então, as grandes etapas de sua vida, para entrar no coração de sua doutrina.
Teresa nasceu em 2 de Janeiro de 1873, em Alençon, uma cidade da Normandia, na França. Foi a última filha de Louis e Zelie Martin, esposos e pais exemplares, beatificado os dois em 19 de Outubro de 2008. Eles tiveram 9 filhos, dos quais 4 morreram na infância. Restaram 5 filhas, que se tornaram todas religiosas. Teresa, aos 4 anos, foi profundamente afectada pela morte de sua mãe (Ms A, 13r). O pai, com as filhas, mudou-se então para a cidade de Lisieux, onde se desenvolveu toda a vida da Santa. Mais tarde, Teresa, sofrendo uma doença nervosa grave, curou-se devido a uma graça divina, que ela definiu como "o sorriso de Nossa Senhora" (ibid., 29v-30v). Recebeu a Primeira Comunhão, vivida intensamente (ibid., 35r), e colocou Jesus Eucaristia no centro da sua existência.
A "Graça do Natal" de 1886 marcou o ponto de inflexão, o que ela chamou de "conversão completa" (ibid., 44v-45r). De facto, ela curou-se totalmente de sua hipersensibilidade infantil e iniciou um "caminho de gigante". Na idade de 14 anos, Teresa aproximou-se cada vez mais, com muita fé, de Jesus Crucificado, e levou muito a sério o caso, aparentemente desesperado, de um criminoso condenado à morte e impenitente (ibid., 45v-46v). "Eu queria a todo custo evitar que ele fosse para o inferno", escreveu a Santa, com a certeza de que a sua oração o teria colocado em contato com o sangue redentor de Jesus. É sua primeira e fundamental experiência da maternidade espiritual: "Tão confiante estava na infinita misericórdia de Jesus", escreveu. Com Maria Santíssima, a jovem Teresa ama, crê e espera, com "um coração de mãe" (cf. PR 6/10r).
Em Novembro de 1887, Teresa vai em peregrinação a Roma, com seu pai e sua irmã Celina (ibid., 55v-67r). Para ela, o momento culminante foi a audiência do Papa Leão XIII, a quem pede permissão para entrar, com apenas 15 anos, no Carmelo de Lisieux. Um ano depois, o seu desejo foi realizado: ela torna-se carmelita, para "salvar almas e rezar pelos sacerdotes" (ibid., 69v). Ao mesmo tempo, começou a dolorosa e humilhante doença mental de seu pai. É um grande sofrimento que leva Teresa à contemplação do Rosto de Jesus em sua Paixão (ibid., 71rv).
Assim, seu nome religioso - Irmã Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face - expressa o programa de toda a sua vida, na comunhão com os mistérios centrais da Encarnação e da Redenção. Sua profissão religiosa, na festa da Natividade de Maria, em 8 de Setembro de 1890, é para ela um verdadeiro matrimónio espiritual, na "pequenez" do Evangelho, que se caracteriza pelo símbolo da flor: "Que festa bonita a Natividade de Maria para me tornar a esposa de Jesus!", escreve. Era a pequena Virgem Santa de um dia que apresentava sua pequena flor ao Menino Jesus (ibid., 77r). Para Teresa, ser religiosa significa ser esposa de Jesus e mãe das almas (cf. Ms B, 2v). No mesmo dia, a Santa escreveu uma frase que mostra a orientação da sua vida: pede a Jesus o dom do seu amor infinito, de ser a menor e, especialmente, pede a salvação de todos os homens: "Que nenhuma alma se condene hoje" (Pr 2). De grande importância é a seu Ato de Oferta ao Amor Misericordioso, feito na Festa da Santíssima Trindade em 1985 (Ms A, 83v-84r; Pr 6): uma oferta que Teresa partilhou com suas irmãs, sendo já auxiliar da mestra de noviças.
Dez anos após a "Graça do Natal", em 1896, chega a "Graça da Páscoa", que abre o último período da vida de Teresa, com o início da sua paixão profundamente unida à Paixão de Jesus; trata-se da Paixão do corpo, com a doença que a levou à morte através de grandes sofrimentos, mas acima de tudo se trata da paixão da alma, com uma muito dolorosa prova de fé (Ms C, 4v-7v). Com Maria, junto à cruz de Jesus, Teresa vive agora a fé mais heroica, como luz nas trevas que invadem a sua alma. A Carmelita tem a consciência de viver esta grande prova para a salvação de todos os ateus do mundo moderno, chamados por ela de "irmãos". Ela viveu, então, mais intensamente o amor fraterno (8r-33v): com as irmãs de sua comunidade, com seus irmãos espirituais missionários, com os sacerdotes e com todos os homens, especialmente aqueles mais distantes. Ela se torna uma "irmã universal"! Sua caridade amável e sorridente é a expressão da profunda alegria cujo segredo ela nos revela: "Jesus, minha alegria é amar-te" (P 45/7). Neste contexto de sofrimento, vivendo o maior amor nas menores coisas da vida cotidiana, a Santa leva a pleno cumprimento a sua vocação de ser o amor no Coração da Igreja (cf. Ms B, 3v).
Teresa morreu na noite de 30 de Setembro de 1897, dizendo as palavras simples: "Meu Deus, eu te amo!", olhando para o crucifixo, que apertava com as mãos. Estas últimas palavras da Santa são a chave de todos os seus ensinamentos, da sua interpretação do Evangelho. O acto de amor, expresso em seu último suspiro, era como a respiração contínua da sua alma, como o bater do seu coração. As simples palavras "Jesus, eu te amo" são o centro de todos os seus escritos. O acto de amor a Jesus introdu-la na Santíssima Trindade. Ela escreveu: "Ah, tu sabes, divino Jesus, eu te amo,/ o espírito de Amor inflama-me com seu fogo /e, amando-te, eu atraio o Pai" (P 17/2).
Queridos amigos, também nós, com Santa Teresinha do Menino Jesus, podemos repetir cada dia ao Senhor, que queremos viver de amor a Ele e aos outros, aprender na escola do santos a amar de maneira autêntica e total. Teresa é um dos "pequenos" do Evangelho, que são guiados por Deus nas profundezas do seu mistério. Uma guia para todos, especialmente para os que, no povo de Deus, desenvolvem o ministério de teólogos. Com a humildade e a fé, caridade e esperança, Teresa entra continuamente no coração das Sagradas Escrituras, que contêm o mistério de Cristo. E essa leitura da Bíblia, alimentada pela ciência do amor, não se opõe à ciência acadêmica. A ciência dos santos, de fato, da qual ela fala na última página de História de uma Alma, é a ciência mais alta: "Todos os santos a entenderam; em particular, talvez, aqueles que encheram o universo com a irradiação do ensinamento do Evangelho. Não será, talvez, por meio da oração, que os santos Paulo, Agostinho, João da Cruz, Tomás de Aquino, Francisco, Domingos e muitos outros ilustres amigos de Deus obtiveram essa ciência divina que encanta os maiores gênios?" (Ms C, 36r). Inseparável do Evangelho, a Eucaristia é, para Teresa, o sacramento do Amor Divino que desce até ao extremo para nos elevar até Ele. Em sua última carta, a Santa escreveu estas simples palavras sobre a imagem que representa o Jesus Menino na Hóstia consagrada: "Não posso temer um Deus que por mim tornou-se tão pequeno! (...) Eu o amo! De fato, Ele é só Amor e Misericórdia!" (LT 266).
No Evangelho, Teresa descobre sobretudo a misericórdia de Jesus, a ponto de dizer: "Ele deu-me a sua misericórdia infinita; através dela contemplo e adoro a demais perfeições divinas! (...) E então todas me parecem radiantes de amor; a própria justiça (e talvez mais do que qualquer outra), parece-me revestida de amor" (Ms A, 84r). Assim se expressa também nas últimas linhas da História de uma Alma: "Basta folhear o Santo Evangelho e imediatamente respiro o perfume da vida de Jesus e sei para onde correr... Não é ao primeiro lugar, mas ao último que me dirijo... Sim, eu o sinto; inclusive se tivesse sobre a consciência todos os pecados que se podem cometer, iria com o coração partido de arrependimento lançar-me nos braços de Jesus, porque sei o quanto Ele ama o filho pródigo que retorna a Ele" (Ms C, 36v-37r). "Confiança e amor" são, portanto, o ponto final do relato da sua vida, duas palavras que, como faróis, iluminaram todo o seu caminho de santidade, para poder guiar no seu próprio "pequeno caminho de confiança e amor", da infância espiritual (cf. Ms C, 2v-3r; LT 226). Confiança como a da criança que se abandona nas mãos de Deus, inseparável pelo compromisso forte, radical do verdadeiro amor, que é o dom total de si mesmo, para sempre, como diz a Santa, contemplando Maria: "Amar é dar tudo, é dar a si mesmo" (P 54/22). Assim, Teresa indica a todos nós que a vida cristã consiste em viver em plenitude a graça do Baptismo, no dom total de si ao amor do Pai, para viver como Cristo, no fogo do Espírito Santo, o seu próprio amor aos outros.

[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]
Queridos irmãos e irmãs:
Padroeira das missões e doutora da Igreja, Santa Teresa de Lisieux, apesar da sua vida breve, que terminou em 1897, tornou-se uma das santas mais conhecidas e amadas. Um ano após a sua morte, foi publicada a sua obra autobiográfica, História de uma Alma. Trata-se de uma maravilhosa história de amor que encheu toda a vida Teresa; este amor tem um rosto e um Nome: é Jesus. Recebida a autorização papal, pôde, aos dezesseis anos, entrar no Carmelo de Lisieux, assumindo o nome de Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. Era movida pelo desejo de salvar almas e rezar pelos sacerdotes. Um ano antes da sua morte, iniciou a sua paixão pessoal que viveu em profunda união com a Paixão de Cristo. Tratou-se de uma paixão do corpo, com a doença que acabaria por levá-la à morte, mas, sobretudo, tratou-se de uma paixão na alma com uma dolorosa prova da fé, a qual ofereceu pela salvação de todos os ateus do mundo. Neste contexto de sofrimento, vivendo o maior amor nas pequenas coisas da vida diária, Teresa realizou a sua vocação de ser o Amor no coração da Igreja. De fato, as palavras "Jesus, eu Vos amo" estão no centro de todos os seus escritos, nos quais ressalta o "pequeno caminho de confiança e amor" que ela percorreu e procurou inculcar aos demais.
Queridos peregrinos lusófonos, a todos saúdo e dou as boas-vindas, particularmente, aos portugueses vindos de Espinho e aos brasileiros de Divinópolis. Possa essa peregrinação reforçar o vosso zelo apostólico para fazerdes crescer o amor a Jesus Cristo na própria casa e na sociedade! Que Deus vos abençoe!
[Tradução: Aline Banchieri. © Libreria Editrice Vaticana]

S. Teresinha no ensinamento do Papa

Na audiência geral que se realizou na Praça de São Pedro, Vaticano, o Papa enalteceu hoje a vida “simples” e “escondida” de Teresa de Lisieux (1873-1897), que rezou pelos “ateus” e se tornou “uma das santas mais conhecidas e amadas” após a morte e a publicação dos seus escritos.
A “vida breve” da padroeira das missões “iluminou toda a Igreja com a sua profunda doutrina espiritual”, sublinhou Bento XVI.
Quando aos 16 anos entrou na ordem religiosa das Carmelitas Descalças tornou-se “Teresa do Menino Jesus e da Santa Face”, nome que para o Papa exprime “o programa de toda a sua vida” ao referir-se à atenção dada à “Incarnação” e à “Redenção”.
Bento XVI recordou igualmente o sofrimento físico e espiritual da doutora da Igreja, título concedido em 1997 pelo Papa João Paulo II para realçar a santidade de vida e ortodoxia dou¬tri¬nal da santa francesa.
“Um ano antes da sua morte, iniciou a sua paixão pessoal”, uma “paixão do corpo, com a doença que acabaria por levá-la à morte, mas, sobretudo, tratou-se de uma paixão na alma com uma dolorosa prova da fé, a qual ofereceu pela salvação de todos os ateus do mundo”, a quem chamava de “irmãos”, afirmou.
As últimas palavras de Teresa – “Meus Deus, amo-vos!” – pronunciadas a 30 de Setembro de 1897 constituem “a chave de toda a sua doutrina”.
“O acto de amor, expresso no seu último sopro, era como a respiração contínua da sua alma, como o batimento do seu coração”, assinalou o Papa, que convidou os católicos a “aprenderem na escola dos santos e a amar de modo autêntico e total”.
Depois de acentuar que Teresa é “guia para todos”, especialmente para os teólogos, Bento XVI salientou que ela penetrou “continuamente no coração” da Bíblia, praticando uma leitura que, “alimentada pela ciência do amor, não se opõe à ciência académica”.
A sua autobiografia intitulada ‘História de uma Alma’, foi publicada um ano após a sua morte, aos 24 anos, tendo obtido “rapidamente enorme sucesso”: “Desejo convidar-vos a redescobrir este pequeno-grande tesouro”, disse o Papa.
“Queridos peregrinos lusófonos, a todos saúdo e dou as boas-vindas, particularmente, aos portugueses vindos de Espinho e aos brasileiros de Divinópolis. Possa essa peregrinação reforçar o vosso zelo apostólico para fazerdes crescer o amor a Jesus Cristo na própria casa e na sociedade!”, disse Bento XVI na saudação em português.
In Ecclesia

terça-feira, 5 de abril de 2011

StellaMariS_Quaresma26

Terça-feira da Semana IV
Bom dia! Quem se enraiza em Deus é como árvore plantada à beira das águas: dá folhas, flores e frutos. Onde está enraizada a tua vida? Pelos frutios se conehce a árvore. Que frutos produzes?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

StellaMariS_Quaresma25

Segunda-feira da Semana IV
Deus anuncia, pelo profeta Isaías, que vai criar uns novos céus e uma nova terra. Como gostarias que fosse o nosso mundo? Que mudarias? E nos teus comportamentos que gostarias de mudar? Repara que esse desejo de mudança e novidade é Deus a mexer contigo. Acolhe-O cada vez mais.

domingo, 3 de abril de 2011

Creio em Ti

Creio em Ti, Senhor da luz e da vida!
Creio que o amor que tens à Humanidade é mais forte que o ódio e a violência!
Creio que a bondade e a ternura libertam o mundo da tirania!
Creio que as coisas pequenas do dia a dia tornam o mundo mais humano.
Creio na luz da tua graça que em cada manhã bate à minha porta e me convida a amar!
Creio na brisa suave da tua Palavra de vida!
Creio que Tu és o Pão vivo descido do céu!
Creio que Tu és o Salvador dos homens!

StellaMariS_Quaresma24

Domingo IV da Quaresma
Chegamos ao Domingo, dia consagrado ao Senhor da vida e da história. Jesus e a tua comunidade eclesial esperam-te na Eucaristia para te falarem da importância de olharmos a vida com os olhos da fé. Peçamos como o cego do Evangelho: »Que eu veja, Senhor!»

Reflexão sobre o documento Repensar a Pastoral na Igreja em Portugal


Na tarde de 5 de Fevereiro, quando a Igreja se preparava para celebrar o V Domingo do Tempo Comum, os fiéis leigos da Comunidade Carmelita em Viana do Castelo, reuniram-se, sob a coordenação do Prior da Comunidade – Frei João Costa, para responder ao desafio lançado pela Conferência Episcopal Portuguesa, em Abril último, que visa uma reflexão sobre a Pastoral da Igreja.
Efectivamente, Deus está presente na sua Igreja!
Reflectir sobre a realidade pastoral da Igreja, num Domingo onde na Liturgia da Palavra a própria Igreja apresenta diante de nós dois dos maiores desafios colocados por Jesus: “Vós sois o sal da terra; Vós sois a luz do mundo” é , sem dúvida, sinal inequívoco de que Deus faz Seu o nosso caminho, mesmo quando, distraídos, nem damos por Ele.
Não raro nos deparamos com afirmações pouco abonatórias da sociedade actual: “está tudo perdido”, “já não há valores como antigamente”, “isto não tem concerto”. Um sem fim de nuvens negras que, por vezes, nos impedem de ver os raios de sol que tentam penetrá-las, tornando-as um pouco menos ameaçadoras. É certo que vivemos numa sociedade secularizada, pautada pelas dinâmicas alucinantes do consumismo e do sensacionalismo. Uma sociedade onde tudo acontece no agora da história, onde o imediatismo marca o ritmo, sem deixar espaço à reflexão e muito menos à interioridade, como direito inalienável de todos os seres humanos. Uma sociedade que vai perdendo o pé porque desvaloriza a sua raiz, o lugar onde nasce, cresce, e onde deveria integrar e treinar os valores que lhe dão corpo e sentido. Falamos da família!
Os tão apregoados avanços científicos e tecnológicos fomentam, hoje mais do que nunca, a ideia de que o ser humano é capaz de tudo compreender e explicar, envolvendo a sociedade num clima racionalista, pseudo-securizante. Uma sociedade que na sua falsa segurança, nega precisar de Deus e da Igreja, confinando a realidade espiritual para o interior das paredes das sacristias e para ritos cada vez mais intimistas, num quadro marcadamente individualista, onde a comunidade vê a sua identidade diluída numa massa sem nome, onde o relativismo é a lei que a todos (des)orienta. Somos uma sociedade que nega Deus, mas cujos membros não conseguem calar a sua natureza espiritual. Uma sociedade que O vai procurando por caminhos mui-tas vezes tortuosos e quase sempre duvidosos. Por certo, não estaremos longe da verdade se afirmar-mos que vivemos numa sociedade pós-cristã que julga ter-se libertado do que considerava reducionista da sua natureza (leia-se Deus e a Sua Igreja) e ainda não percebeu que está perdida, rodopiando num círculo frenético que não conduz a coisa alguma.
Paradoxalmente, nesta sociedade, quase que perturbada no seu existir, surgem realidades extraordinariamente positivas: raios de sol, sinais do Deus eternamente presente e não permeável a actos de rejeição mais ou menos organizados. Assim:
– Facilmente percebemos como a sociedade é solidária e voluntariosa, sobretudo em momentos de crise evidente.
– Muitos são os que reencontram os seus caminhos com os de Deus, voltando a integrar a sua Comunidade Eclesial, agora de uma forma mais consciente e comprometida, revelando uma maior permeabilidade à acção do Espírito Santo.
– Ainda que menores, em número de membros, verifica-se que as comunidades cristãs são mais autênticas no seu espírito de comunhão, e que o seu testemunho é mais consistente e consequente.
E, se a sociedade se vai revelando também nestes raios de esperança, enquanto realidade plural e por isso com profundo potencial de fecundidade, deve-o a todos aqueles que lhe dão corpo: a todos os cristãos que se querem cada vez mais identificados com o Jesus Cristo em quem põem a sua confiança.
Nós, leigos, sentimos uma maior necessidade de formação, para que a nossa fé seja esclarecida e consequentemente, cada vez mais enraizada no essencial. Precisamos de ser mais autênticos e humildes no nosso testemunho, cumprindo em cada dia a missão para a qual Jesus nos destinou: “Sede minhas testemunhas”, colocai nas vossas vidas as “bem-aventuranças do Reino” para que o projecto de felicidade que proponho a cada ser humano seja uma realidade e não uma vã filosofia de vida; “sede alegres” porque sabeis que Deus vos ama!
Precisamos também de uma maior disponibilidade dos nossos Padres para nos orientarem nestes caminhos de Deus. É imperioso que redes-cubramos a riqueza da direcção espiritual e de uma vivência cada vez mais autêntica dos Sacramentos.
Ainda que aparentemente o negue a nossa sociedade está sedenta de Deus, de sinais da Sua presença… de cristãos que o sejam de verdade, e que sejam capazes de ousar viver a sua vida com autenticidade de Filhos de Deus.
Esta sociedade individualista, e portanto, infeliz, precisa de gente que seja capaz de acolher, de dar atenção, que não tenha medo da proximidade do outro, que seja capaz de se compadecer; gente que encarnou o Evangelho de Jesus Cristo nas suas vidas e é capaz de amar o outro, de coração aberto e sem reservas, numa atitude permanente de serviço aos demais. Como afirmou recentemente o nosso Bispo – D. Anacleto Oliveira: “Os cristãos em geral são chamados a abrir os braços e a acolher tantos que precisam de vida e de um coração que os ame à maneira de Jesus”.
Diríamos, em resumo, que a sociedade actual espera/deseja que os cristãos sejam capazes de lhes dar Jesus Cristo! E, encontrá-lO-ão quando, como diz a velha cantiga, nos amarmos como Ele amou, sonharmos como Jesus sonhou, sentirmos como Jesus sentiu, pensarmos como Jesus pensou, sorrirmos como Jesus sorriu; em suma, vivermos como Jesus viveu!
Também na Igreja se vislumbram sinais de esperança e da presença actuante de Jesus Cristo no seu seio. São forte exemplo disto, o flores-cimento dos movimentos eclesiais que evidenciam múltiplos carismas, e assim ajudam os cristãos a viver a sua fé de forma mais autêntica, partindo das suas realidades contextuais e até dos seus traços de personalidade. São uma diversidade que enriquece a Igreja e nos faz mais conscientes de que a Salvação de Deus é para todos.
Um outro aspecto muito positivo é o acesso mais facilitado à Sagrada Escritura, onde a escuta da Palavra assume um papel fundamental no crescimento das comunidades, conduzindo-as à conversão de vida. E, aos convertidos Deus dá-se em alimento na Eucaristia, tornando-os corresponsáveis pelos irmãos numa comunhão que atira para a missão de evangelização de todos os que perderam a paixão pelo Ressuscitado. Nesta dinâmica, emerge uma Igreja ao serviço de todos e não uma Igreja instituição, poderosa, que durante muitos anos impediu que nela fosse visto o rosto do Jesus que “veio para servir e não para ser servido”.
Repensar a Pastoral da Igreja implica necessariamente colocar na ordem do dia a urgência de sermos cristãos autênticos, profundamente enraizados na vida que nos toca viver; mas deixando que Deus incarne e informe a nossa existência. Só assim poderemos ser sal e luz neste mundo insípido e ensombrado por falsas luzes.
Viana do Castelo, 05 de Fevereiro de 2011
Domingo V do Tempo Comum
Chama do Carmo I NS 104 I Abril 3 2011

sábado, 2 de abril de 2011

StellaMariS_Quaresma23

Hoje Jesus apresenta-nos a parábola do fariseu e do publicano. Conheces esta parábola? Lê Lucas 18:9-14. Aprende a apresentar-te diante de Deus. Cultiva a humildade, a mãe de todas as qualidades e virtudes. A humildade, diz Santa Teresa, é andar em verdade.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

StellaMariS_Quaresma22

As sextas-feiras da Quaresma são dias de penitência, ou seja, privação voluntária de alguns bens para descobrirmos que não vivemos só para o estômago e que existem muitos irmãos que passam fome e precisam da nossa partilha. Priva-te do que puderes por amor a Deus e aos pobres.