domingo, 28 de fevereiro de 2010

I Encontro de acólitos Carmelitas

No dia 27 de Fevereiro de 2010 ocorreu o primeiro encontro de acólitos carmelitas, no convento dos Carmelitas Descalços de Braga com os acólitos de Avessadas, Braga, Porto, Rosém e Viana do Castelo (Joana e Vivi).
O encontro iniciou-se com um momento de oração na Igreja do Carmo. Em seguido tivemos uma apresentação sobre o tema: O que é ser acólito, que era o tema de este primeiro encontro.
Depois da apresentação dividimo-nos em três grupos para reflectir sobre a apresentação e discutir o que não foi percebido, as diferenças entre as várias comunidades e as dificuldades encontradas nas comunidades. No fim da discussão, cada um exprimiu num papel o que era para ele ser um acólito, para muitos era “servir e ajudar Deus e os outros” mas era também “amar”.
Depois deste tempo de reflexão, o encontro continuou com o momento do almoço partilhado, momento de convívio e partilha que se prolongou com a descoberta do centro histórico de Braga.
De seguida, reunimo-nos de novo em grupos a fim de avaliar este Primeiro Encontro e encontrar sugestões para os próximos.
Tudo acabou com o lanche no qual se cantou os parabéns a este que foi o primeiro encontro.
Vivi Carvalho, acólita do Carmo de Viana do Castelo

Um dia em cheio

Ontem, Sábado, foi um dia em cheio. Há dias assim. Felizmente.

Um dia em cheio (I) Comecemos pela manhã. Desde as 10:00h até às 18:00h decorreu o II Encontro de Espiritualidade. Contámos com a presença sempre desejada do P. Alpoim Portugal, Director do Centro de Espiritualidade S. Teresa de Jesus. O tema do Encontro foi «Somos Comunidade Sacerdotal», mas alargou-se também à formação teresiana, tendo já em vista as ainda distantes celebrações do V Centenário da Santa.

Um dia em cheio (II)Pela tarde reuniu-se aqui a Associação Jacobeus, liderada pelo antigo noviço da Ordem Amaro Franco. Esta Associação rege e promove o caminho português de Santiago. Em dia de aniversário aqui tiveram uma reunião ao mais alto nível. O final deu o melhor tom ao Encontro: uma queimada celebrada como manda o Apóstolo. Quem provou ficou com vontade de regressar, seja aqui ou noutro lugar!

Um dia em cheio (III) À noite o Movimento dos jovens carmelitas portugueses reuniu-se para ver e debater um filme: a dúvida. Éramos mais de trinta pessoas, de Viana do Castelo e Braga. Valeu a pena. O filme tem um epílogo aberto. Quer dizer, não esclarece e fica a dúvida. A conclusão é a que cada espectador quiser. Houve debate, um belo debate. Cumpriram-se as horas e ainda deu tempo para irmos á queimada.
Esta actividade do Movimento foi dedicada a Santo António e ao P. Joaquim Maciel.

Um dia em cheio (IV)

Nem faltou o Ricardo Luis. Já não o víamos há seis meses, data em que foi para o Noviciado Ibérico em Las Palmas. O Noviciado veio à Profissão do Frei João Rego e o Ricardo ficou entre nós para debelar uma lesão num joelho (lesão de futebolista!). Foi uma bela surpresa para o Carmo Jovem. Na Missa contou-nos como correm las cosas del santo Noviciado. Enhorabuena Fray Ricardo! Leva um grande abraço de todos nós para os co-noviços, o maestro e comunidade.

Um dia em cheio (V)
Muito mais havia para contar porque Deus faz maravilhas em todos os seus servos. Os demais Irmãos da Comunidade também podiam contar as suas. Relatam-se apenas estas porque queremos que nos voltem a ler.
Obrigado.

Bispo do Funchal aprecia os Carmelitas

Por estes dias o Funchal e a Região da Madeira estão em todos os jornais. Todos conhecemos a tragédia. Para além dum monte de lama e pedras que se acumulou à frente da Igreja do Carmo não sucedeu outro infausto sucesso.
A notícia hoje é outra.
De visitaà comunidade está o Vigátio Geral da Ordem, Frei Emílio Martínez. Por ocasião da entrevista que teve com o Bispo do Funchal, es cutou do Prelado, segundo o que este declarou ao Jornal da Madeira «o seu apreço e reconhecimento pelo trabalho dos Carmelitas na nossa Diocese».
Na audiência com o Bispo do Funchal foram abordados aspectos do apostolado carmelita no âmbito da conjuntura mundial, em particular na Península Ibérica, com destaque para a pastoral vocacional e outros temas.
Na Madeira, o trabalho dos Carmelitas é reconhecido. A comunidade, actualmente com três sacerdotes, tem a seu cargo a igreja do Carmo e «está sempre disponível a acolher, a atender as pessoas no Sacramento da Reconciliação e a dinamizar vários sectores da pastoral, como a Catequese», salientou D. António Carrilho.
O facto da comunidade carmelita se situar numa zona histórica, no coração da cidade, destaca-se também «pelo serviço que presta à mobilidade, à circulação de pessoas - trabalhadores, emigrantes, estudantes ou turistas que vêm rezar ao Carmo».
O apostolado neste espaço urbano, «onde se incluem ainda as igrejas da Sé, Colégio e São Pedro, merece todo o nosso apreço», disse o Bispo do Funchal. «Dou a graças a Deus por esta actividade que se vai realizando neste contexto comum, em geral».
Após o encontro no Paço Episcopal, o Vigário-Geral dos Carmelitas Descalços reuniu-se com a Ordem Secular e colaboradores, a quem deu a conhecer as vocações apostólicas do carisma teresiano e a preparação do V centenário do nascimento de Santa Teresa de Jesus, que terá lugar em 2015.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Preciso trocar!

Noite e luz

A Palavra de Deus deste domingo é pronunciada sobre nós e dela brilha noite e luz. Na primeira leitura brilha a noite de Abraão e a luz de Deus. No Evangelho resplandece a luz do rosto de Jesus e a noite dos três discípulos preferidos. Parece que Abraão costumava encontrar-se com frequência com Deus. Eram amigos. E isso diz muito de dois seres. Mas aquele dia fora bastante brumoso para o nosso pai na fé, que não teve uma vida fácil e ainda por cima lhe coube iniciar um caminho de acreditar. Abraão falava frequentemente com Deus mas não se fazia luz na sua vida. Vivia em crise profunda, até que um dia...
Até que um dia se queixou ao Senhor Deus de ter seguido a Sua proposta, de se sentir cansado e velho e não ver descendência alguma. Claro está que Deus é Deus do amor generoso (que promete e dá uma terra); do amor fecundo (promete e dá uma descendência); do amor gratuito (só Ele sustenta a aliança). Mas Abraão queixou-se, porque não via o que julgava seu direito ver. Abraão nada via.
Quando Deus falara a Abraão pela primeira vez, já ele não era um homem novo. Também não era velho, era conformado. Era pastor itinerante, guiando um grande rebanho (não uma família ou um povo!) para as melhores pastagens. Tinha um clã por onde se estendiam as raízes do seu sangue, vários criados, um intendente da sua confiança, uma esposa com suas criadas; mas não tinha filhos. Nem tinha já esperança de os ter. Ora, que Deus surja na vida dum homem abastado e rijo, já entradote nos anos do outono, prometendo-lhe descendência isso é mesmo coisa de Deus e só responsabilidade sua. O homem até pode ter acreditado, quanto mais não seja por ser mais desejável entregar a vara do comando a um filho que a um estranho, mesmo de confiança. Ora, se foi Deus que veio prometer prosperidade a um homem próspero e um filho a quem não o tinha, porque é que ao fim de vinte e cinco anos ainda lho não concedera? É certo que a fortuna de Abraão não diminuira, mas haviam-lhe diminuido as forças, a vivacidade e a luz dos olhos. Eram mais que razões para se queixar de Deus, que lhe frustrara o futuro depois de haver reacendido a chama da esperança!
Era noite, justificadamente. Saído da sua pátria por obediência a Deus, Abraão estava mais desamparado que nunca. E a cada noite que se abria sobre a sua cabeça, desde a porta da sua tenda, como se fossem ovelhas, Abraão, sem nunca chegar ao fim, recontava as estrelas que já conhecia pelo nome. Mas pelo nome não tratava ainda um filho seu! Deus ainda lhe não dera nada, nem terra nem filho! Por isso, numa certa noite escura, uma daquelas que parece que arrancam a alma e nos entopem as forças, ele gemeu e queixou-se.
(Mas apesar do queixume) Abraão creu, esperou contra a esperança, acreditou contra todas as probabilidades, e por isso Deus o teve por amigo.
Era noite? Era. Nada compreendia? Nada. Tudo confiara? Sim, tudo. Já não tinha apoios? Não, humanos não tinha nenhuns. Essa é então a hora de Deus. Tendo caído o sol, isto é, sendo noite, com um véu negro sobre a alma e abatido pelo desânimo, as aves da rapina rondam o homem da fé que de quando em quando levanta a cabeça e de cajado na mão espanta as garras que querem cravar-se nas carnes que hão-de testemunhar o pacto de aliança. Vejo esse cajado volteando no ar, e vejo que ao parar logo ganham espaço e vantagem os que enchem o papo à custa do rapinanço. Como é pesado o torpor e difícil de manter viva a fé e forte o braço!
É noite.
E no meio dessa noite em que parece que Deus se demora, eis que, inesperadamente, contra todo o desejo e justificação Deus passa como uma tocha luminosa!
É luz.
Vejo dispostas na terra as metades da novilha, da cabra e do carneiro e vejo as aves, rola e pombo, e vejo a espera de Abraão defendendo as carnes que hão-de testemunhar a aliança entre os dois amigos, e vejo vindo O que parecia que não vinha, e vejo que Abraão viu que Ele veio luminoso iluminando a noite.
Passar por entre as carnes divididas dum animal significava um pacto: que assim ficasse dividido ao meio quem quebrasse tal pacto! Deus, tocha luminosa fendendo a noite escura de Abraão, passou e não obrigou Abraão a passar. Sinal que só Deus é luz e sustenta a Aliança que faz connosco e não a cobra ao seus amigos. Que belo sinal!
E que pensar dos três amigos de Jesus que com Ele subiram à montanha para rezar e acabam dormindo? Mas que coração não ficaria pesado ao ouvir do Amigo a revelação da sua paixão e morte tão cruéis? Por isso, naquela hora inesperada e inóspita eles dormem de desânimo, porque, afinal, a conversa de Jesus com Moisés e Elias confirma a confidência anterior. É noite. Tudo justifica o sono dos discípulos.
Se alguma coisa une a primeira leitura e o Evangelho, essa coisa é a noite, o sono e a luz. A noite que é noite é o pano de fundo para o sono e a descrença dos humanos, e é também o pano de fundo para o brilho da luz de Deus. No desamparo e na rendição humanos brilha a tocha de Deus, que surge para sustentar unilateralmente a Aliança e lançar brilho sobre as nossas existências baças. Assim foi com Abraão, assim foi com os três discípulos preferidos de Jesus, assim é connosco: o caminho da fé é de noite. Aí só brilha a luz do rosto de Deus!
Chama do Carmo I NS 59 I Fevereiro 28, 2010

Domingo II da Quaresma

Escolha da Escola dos nossos filhos

Mais tarde ou mais cedo, quando os filhos chegam à idade de entrar na escola, os pais que os educaram desde pequenos nos bons princípios, no respeito e nas boas regras, debatem-se com o dilema: escola pública, agnóstica e laica ou escola católica, preocupada com a boa formação cristã? E surgem muitas outras interrogações:
Que escola garante melhor a continuidade da educação que iniciei em casa e quero para os meus filhos? Que alternativas de escola tenho aqui no meio em que vivo?…
Felizmente, na nossa cidade, ainda há alternativas. Os pais, preocupados com a boa formação cristã dos seus filhos, com o seu desenvolvimento global, com a sua segurança e boa preparação académica, encontram no COLÉGIO DO MINHO, desta cidade de Viana do Castelo uma boa alternativa às escolas públicas.
Sendo este Colégio uma escola católica, ligada ao Seminário Diocesano e orientada por uma pessoa expressamente escolhida pelo Bispo da Diocese, garante aos pais uma boa formação humana, social, cívica e moral dos seus filhos, além de sólidas bases para continuação dos estudos.
A Igreja preocupa-se muito com o ensino, ao definir, com muita clareza, no código de Direito Canónico (can. 803 e ss) os princípios e exigências que devem nortear a Escola Católica. É sua obrigação propor um projecto educativo cristão aos pais que professam a fé cristã ou que procuram para os seus filhos uma educação inspirada no Evangelho.
A escola, em geral, é uma encruzilhada sensível da problemática que agita esta inquieta sociedade em que vivemos e confronta-se com jovens e adolescentes que vivem estas dificuldades, com alunos que ressentem a fadiga, que são incapazes de sacrifício e de constância e não encontram modelos válidos de referência.
Aqui é que a escola católica, neste caso, o COLÉGIO DO MINHO entra, procurando dar a melhor resposta a esta problemática.
Outras informações sobre o Colégio do Minho:
- Recebem-se alunos desde o 1º ano até ao 9º ano (todo o ensino básico);
- As inscrições e reservas de lugar já estão abertas para o próximo ano lectivo;
- Se alguém quiser informações pode solicitá-las pelo telefone 258822313;
ou: colegiodominho@ sapo.pt; colegiodominho@gmail.com; geral@colegiodominho.com
Prof. Ricardo Sousa, Director

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sísifo

Recomeça,
se puderes,
sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
nesse caminho duro
do futuro,
dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
vai colhendo
ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
e vendo
acordado,
o logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
onde, com lucidez te reconheças.
Miguel Torga

Mais humor

Vamos caminhar Quaresma com humor.

IV Entrefitas


Os jovens da Comunidade convidam para o visionamento e debate do filme A Dúvida, de John Patrick Shanley, considerado pela crítica como um dos melhores de 2009, com interpretações de Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman; e ainda Amy Adams e Viola Davis. Um filme interessante em ano sacerdotal. O convite dos jovens termina assim: se duvidas, aparece.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Consagração do Frei João Rego do Menino Jesus alegra a família do Carmo

No passado sábdo, dia 20, memória dos Pastorinhos, o Frei João Rego do Menino Jesus, nosso irmão carmelita, emitiu solenemente os votos de castidade, pobreza e obediência. A sua consagração ao Senhor teve lugar na Igreja Stella Maris e contou com uma boa presença de irmãos que chegaram de Portugal, e também de diversos lugares de Espanha. Alguém disse: «Fiquei encantado com a cerimónia de sábado, muito particularmente quando todos abraçaram o novo companheiro, desculpe a comparação, mas parecia que tinha chegado um “Ronaldo” para a equipa.»
Segue o testemunho do Frei João. Pode encontrar mais fotos em http://stellamarisporto.blogspot.com/2010/02/profissao-solene-do-fr-joao-rego.html

Por essa altura, eu tinha terminado o curso e começado a dar aulas. Nesses primeiros anos, fui-me tornando mais consciente do chamamento. Já antes havia sinais, mas não era ainda capaz de os compreender. Quando comecei a fazer mais silêncio, pude escutar uma Palavra dirigida a mim. Uma Palavra que é resposta às minhas perguntas e aos desejos mais profundos de cada ser humano. A vocação? No fundo é uma questão de Amor. Como todas as vocações. Há um Amor que te chama. E nós somos livres para responder. "Seduziste-me, Senhor, e eu deixei-me seduzir" - dizia eu com Jeremias (20,7). Havia outros jovens que tinham escutado a mesma Palavra e decidido viver o Evangelho. A sério. Coisa rara, neste e em todos os tempos. Já conhecíamos um pouco do mundo. Um mundo que promete muito e dá bem pouco. Que te acena com uma felicidade de "shopping". Liberdade e amores que te atam e não te salvam. E nós queríamos verdadeira liberdade. Amor sem condições. Sonhávamos e sonhamos que outro mundo é possível, porque o Reino já está no meio de nós, dentro de nós.
Carmelita? Sem dúvida. Porquê? A espiritualidade e os grandes mestres Teresa de Jesus, João da Cruz, Teresinha, Isabel da Trindade, Edith Stein... A oração contemplativa, o estilo de vida fraterno e simples, o apostolado. Estou convencido de que esta forma de viver e anunciar o Evangelho de Jesus é resposta para o nosso mundo. Um mundo em mutação contínua, onde haverá cada vez menos cristãos, mas muitos homens e mulheres que procuram aproximar-se do Mistério que nos envolve e habita.
Fr. João Rego

Clausura da fase diocesana do Processo de canonização da Serva de Deus Maria da Conceição Pinto da Rocha

Foi clausurado esta manhã no Salão Nobre da Cúria Diocesana de Viana do Castelo a fase diocesana do Processo de Canonização da Serva de Deus Maria da Conceição Pinto da Rocha, leiga fundadora da Congregação.
Quase 21 anos depois, sessenta e uma sessões depois, mais de 7500 horas de reunião e de estudo aturado que recolheu os mais variados testemunhos sobre a santidade da Serva de Deus e os seus escritos, termina assim a fase diocesana do Processo. O Vice-Postulador, Pe Dário Pedroso, sj, depois de prestado juramento entregará em Roma na Congregação da Causa dos Santos o volumoso processo.
No fim da Sessão D. José Pedreira expressou a sua alegria em breves palavras: «Descobrir que num século em movimento existiu uma Serva de Deus que caminhou no sentido da santidade é uma graça que revela que o Evangelho continua vivo e activo no mundo. Este acto de Clausura da fase diocesana da causa da canonização da Serva de Deus Maria da Conceição Pinto da Rocha não é só das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face, mas de toda a Igreja. Terminou a primeira fase, segue outra em Roma, com redobrados cuidados no exame do caminho de santidade.
Rezamos para que o Senhor nos revele a sua vontade acerca do caminho de perfeição e de união percorrido por esta Serva de Deus.
Cremos que a sua canonização seja um bem para a Igreja e a Vida Consagrada, e que a Maria da Conceição seja constituída por Deus como mediadora e intercessora das nossas necessidades.»

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Quaresma com humor

Diz-se que um dia o dinheiro morreu. Morreram as notas e as moedas e moeditas. E foram bater à porta do Céu. Coube a São Pedro receber o defunto dinheiro. E é claro que todos pediram para entrar na paz bendita e celestial. Não, não, insistia o Apóstolo das chaves nenhuma de vós pode aqui entrar.
— Isso é impossível, disse a nota de 500,00€. Todos me querem ter. Eu sou poderosa e abro todas as portas. Como é que não posso entrar?
— Eu reconheço que sou mais pequena, disse a de 200,00€...
— E eu menos ainda, disse a de 100,00€.
— Mas sou poderosa!, disseram ambas ao mesmo tempo. Todos gostam de mim! Como é que eu não posso entrar?
— E eu?, perguntou quase envergonhada a nota de 20€.
— Vá lá, não insistam. Não insistam. Não podem entrar no Céu. Mmmmm, deixa cá ver, talvez a nota de 5,00€ possa entrar...
Nisto ouve-se um inesperado ruído. Eram as moedinhas de 0.01, 0.02, 0.05, 0.10, 0.20 e a de 0.50 cêntimos. Afinal também elas tinham morrido!
— Vá lá, entrem, entrem!, diz-lhes. As portas do Céu estão abertas para vós.
Sem perceber a discriminação as notas sentem-se desfavorecidas e reclamam:
— Por que razão elas, valendo menos, podem entrar e nós não?
Quase em desespero S. Pedro respondeu-lhes:
— Mas não vos dais conta que elas vão à missa todos os domingos?
É só uma anedota. Se ela servir para recordar que a partilha de bens (esmola) é agradável aos olhos do Senhor, já cumpriu um fito: Na Quaresma pratique a caridade em favor de algum desfavorecido.

A rotina não sacia, precisamos de conversão!

Mais de mil milhões de católicos começaram na passada Quarta-feira a Quaresma. Entretanto, o Papa pediu que fizéssemos deste Tempo de 40 dias «uma sincera revisão de vida à luz dos ensinamentos evangélicos». É por aí que vamos. O Deus cujo rosto se desvela na Quaresma cristã é um Deus bom, é aquele Pai bom que no início da vida pública fala a Jesus para lhe dizer: — Tu és o meu Filho muito amado!
Porém, é inevitável, quando pensamos em Quaresma pensarmos em dor, sofrimento, privação, jejum, penitência, tristeza, rigor, via sacra. Tudo coisas que não atraem. Mas se a Quaresma for só isso é muito pouco, porque ela é sobretudo tempo de conversão, de sinceridade interior, de regresso ao amor activo.
O nosso Deus é um Deus que dá vida e que rejubila por que nos quer felizes com a vida que nos dá. Por isso, o princípio da conversão cristã é um só: reconhecer a alegria do Pai que continuamente nos dá mais vida.
A maioria de nós só hoje começa a Quaresma. Vamos, pois, dar-lhe andamento. Com coragem.
Os que presidem às comunidades cristãs sentem--se na obrigação de organizar propostas que ajudem a comunidade a viver este tempo. E que oferecem? Oferecemos: um que outro retiro, sacramento da reconciliação, devoção da via sacra, tríduos e novenas, e uma que outra Procissão dos Passos.
Mas chega isso? Talvez sim, talvez não. Talvez sim, porque essa é uma parte das práticas quaresmais e alguns bastam-se com elas, sem mais. Talvez não, porque depois tudo continua igual. Não é certo que o Carnaval ainda está longe de chegar e já alguns começam a suar porque têm de confessar-se ao Padre?! Pergunto: surtirá isso efeito algum? Quer dizer: move a alguma mudança de comportamento? Torna-nos mais cristãos? E depois, o pregador quaresmal até pode ter um êxito que mereça palmas, mas outro terá de repetir para o ano, porque, nada, entretanto, mudará. As doenças da família continuam (e não é só por culpa dele, ou só dela!); continua o desporto da má-língua em que somos imbatíveis e repetidamente campeões europeus; as divisões não se resolvem (quem estava zangado, zangado continua); quem paga mal aos empregados continua a pagar mal (e se puder ainda despede); quem puder ganhar muito dinheiro comprando por pouco e (re)vendendo por muito, vai continuar a fazê-lo!
Por isso, se pergunta: vale a pena a Quaresma? Se eu nada fizer por mudar para melhor, porque vou a tríduos, novenas, retiros, confissões e procissões?
Contudo, entenda-se, estas propostas mais simples devem manter-se. E nós devemos converter--nos, porque não chega tomar tranquilizantes, temos mesmo de nos converter ou a Quaresma não é Quaresma. Ela é, enfim, um convite à conversão cordial (quer dizer, do coração) ao projecto de Jesus. Porque havemos de inventar sucedâneos e obedecer a segundas opções? Cristo é a nossa única opção!
A conversão não é passageira, nem a meias, não consiste na prática de certas exterioridades, mas na purificação do coração e na mudança de vida. O Senhor jamais propõe evasões, antes nos impera, como escutámos na Missa das Cinzas, pela voz do Profeta Joel: «Voltai para o Senhor, vosso Deus».
A conversão nunca é uma cedência à rotina.
A rotina tranquiliza, mas não sacia. O que o Senhor nos pede é o regresso a Ele. Se a conversão tem de ser uma inversão da má marcha que levámos, convém que examinemos as nossas relações com os outros: Como tratamos os pobres: como uma chatice e um chatice que não nos desampara a porta? Com desprezo? E os que somos patrões, como tratamos os trabalhadores: pagando o justo e a horas certas? Obrigando a trabalhar mais por menos?
Convém que examinemos a nossa relação com Deus: Somos pecadores, é verdade: vale a pena confessar-nos e comungar se depois continuamos a enganar o próximo? Somos homens, é verdade: mas será isso impeditivo de mudarmos de vez para o lado do bem? Somos fracos, é verdade, e iremos voltar a cair no pecado, grande ou pequeno: porque não buscamos a força da oração e não contamos com a ajuda da graça de Deus?
A conversão não é repetitiva, banal nem esmoece. Ela renova as relações com o outro e com Deus, que mostra estar atento: «Pobre de vós, que meditais na injustiça; tramais o mal durante a noite e ao amanhecer o executais»! (Profeta Miqueias)
Um dia será o dia decisivo para fazer a sementeira contínua do bem, uma sementeira sem medo do trabalho nem das dores, nem das canseiras, nem de sermos amigos do Semeador. Aceite o convite. Nos próximos tempos tem ao seu alcance:
1. A oração de Laudes e Vésperas com os frades no oratório da Comunidade (07:30h e 19:00h);
2. A Via Sacra em comunidade, às Sextas (08:30h) e Domingos (17:15h);
3. Participar no Encontro de Espiritualidade (Sábado, 27 Fevereiro, 10:00h - 18:00h);
4. Participar no Retiro quaresmal (Sábado, 13 de Março, 10:00h - 18:00h).
Chama do Carmo I NS 58 I Fevereiro 21, 2010

Domingo I da Quaresma

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Oração da Quaresma

Senhor,
ao iniciarmos novamente a Quaresma
mais uma vez nos recordais o essencial:
«Amar a Deus e aos irmãos, de todo o coração.»

Nós Vos pedimos, Senhor:
que não nos deixeis ir por caminhos fáceis;
que não nos instalemos
no bem-estar que o mundo nos oferece
e assim nos esqueçamos dos outros,
sobretudo os mais desfavorecidos.
Fazei que abandonemos os nossos preconceitos,
que não fechemos os olhos
a tantas realidades que não nos agradam
e nos magoam.

Fazei que as nossas preces
não sejam palavras ocas,
que a nossa esmola e o nosso jejum
sejam fruto do amor e da justiça.

Ajudai-nos, Senhor,
no nosso caminho de conversão,
para chegarmos a alcançar a profundidade
da vossa Paixão, Morte e Ressurreição.
Carmen G.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Decálogo da Quaresma

1. Quaresma
é tempo para nos concentrarmos no essencial da vida cristã. Continuaremos preocupados com as nossas necessidades, mas teremos de aprender a converter Jesus Cristo no centro das nossas vidas.

2. Quaresma
é tempo de esforço para conhecer melhor o Senhor e nos identificarmos com o seu Evangelho. Nós já o conhecemos e amamos, mas deve tornar-se ainda mais vida da nossa vida.

3. Quaresma
é tempo para aprofundarmos o conhecimento da Bíblia. A Sagrada Escritura é lida na assembleia cristã e cada um a acolhe segundo as suas capacidades. Ela deve também ser lida individualmente.

4. Quaresma
é tempo de aproximação mais intensa às fontes da graça, representadas pelos sacramentos da Reconciliação e Eucaristia. Como pecadores perdoados devemos acolher todas as oportunidades de misericórdia que Deus nos oferece.

5. Quaresma
é tempo de vivermos o Baptismo, talvez já bastante afastado no tempo. Porém, ele é o ponto de partida da nossa filiação divina e o vínculo de comunhão com toda a Igreja que se prepara para a nova graça baptismal da Páscoa.

6. Quaresma
é tempo de consolidarmos os nossos compromissos que assumimos com Deus, com a Igreja, com os mais próximos e que interiormente acrescentaremos a renovação pascal das promessas do Baptismo.

7. Quaresma
é tempo de luta contra o mal que vive em nós e o que vemos à nossa volta. Este combate deve ser a tal ponto que a nossa identificação com Cristo nos deve ajudar a assumir o seu combate até ao fim dos tempos.

8. Quaresma
é tempo de solidariedade e de especial compromisso com os necessitados. Procuremos oferecer-lhes o que nos sobra, o que poupamos com as nossas abstinências, e, sobretudo, ofereçamo-nos a nós mesmos.

9. Quaresma
é tempo de fazermos da austeridade a nossa mais profunda liberdade a respeito dos pequenos prazeres ou distracções que nos aproveitam mas que podem também escravizar-nos.

10. Quaresma
é tempo de esperar a Santa Páscoa com ânsias espirituais, e assim treinarmos a nossa vida na identificação na morte e ressurreição de Cristo.

Texto de Barnabé D.
Foto do sdpj de Leiria

Quarta-feira de Cinzas (2)

Quarta-feira de Cinzas

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Marcha da Quarta feira de Cinzas

Acabou nosso carnaval, ninguém, ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações saudades e cinzas foi o que restou
Pelas ruas o que se vê é uma gente que nem se vê
Que nem se sorri, se beija e se abraça
E sai caminhando, dançando e cantando cantigas de amor
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir, voltou a esperança
É o povo que dança, contente da vida feliz a cantar
Porque são tão tantas coisas azuis, há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar que a gente nem sabe
Quem me dera viver pra ver e brincar outros carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Vinicius de Moraes

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Vamos queimar os navios?

Se no dia seguinte ao Carnaval alguém entrar numa igreja em hora de Missa o mais certo é levar para casa uma cruz na fronte. Uma cruz negra, de cinza, feita com os ramos de oliveira e palma do Domingo de Ramos do ano anterior. A Quarta-feira a seguir à folia é um embate duro com a realidade. Começa ali a Quaresma, cujo nome deriva da expressão latina quadragesima dies, ou seja, quarenta dias. Quarenta dias é o período do Ano Litúrgico que ali começa.
A cerimónia das cinzas revela-nos o pouco que somos e que um só é eterno, Deus! Ele é o fogo purificador de todo o excesso. E excesso de nada é o que somos o mais das vezes. Desarraigar todo o lastro excessivo da nossa vida e semear lá um jardim essa é a proposta de Deus. Vamos queimar os navios?
Assinalar com uma cruz significa dizer pertença, de quem se é: d’Aquele que morreu na Cruz! E se a cruz que nos marca a fronte é de cinza escura, mais nos assinala a fragilidade que nos constitui.
Se ao cruzarmos a fronteira do reino da fantasia nos deixamos assinalar assim, então concordamos que somos bastante falsos, tão fracos como a cinza e que em nossa vida há muito a queimar até se chegar ao osso da verdade que nos fundamenta.
A marca da cruz é a nossa bandeira; a cinza é nossa condição certa. Os que com alguma coragem uma vez ao ano ainda nos banhamos na ria da humildade reconhecemos isso mesmo!
As cinzas com que nos aspergimos nem precisam de falar para dizerem a vida tonta que somos. Há em nós tanto para queimar que se nos dispuséssemos a queimar o que haja de queimar – com aquela mesma vontade com que bebemos chás e remédios para abater gramas de celulite no corpo e colesterol no sangue –, como seríamos mais leves, mais santos, mais de Deus, melhor Igreja, mais ágeis e sinais mais belos e mais visíveis no caminho da fé e da caridade.
Receber as cinzas é um convite a fazer queimadas. Veja as coisas que a queimar dariam belas fogueiras:
1. As máscaras e as fitas
Afinal talvez não haja dia mais sincero que o Carnaval. Tirando o facto da euforia do Carnaval ser por si só comercial e inverdadeira – e impingida a bom preço! – pouco mais é verdadeiro para além da máscara. Uma máscara é o que todos os dias colamos à cara, fazendo crer socialmente quão feliz é a nossa vida! O rictus que exibimos é a toga que vestimos para sentenciarmos, a fim de que creiam o que afinal não é. O à-vontade com que colocamos a máscara do Carnaval só ajuda a que reparem na que usamos de ordinário. Por sua vez, os rolos de fitas coloridas dizem isso mesmo: que a alegria é tão passageira como o desenrolar dos rolinhos sobre as cabeças. Queimar as imitações e fingimentos quotidianos dá uma boa fogueira e proporciona boa cinza que nos chama à verdade da vida e das relações.
2. As injustiças
Não haja dúvida que a nossa vida ainda decorre sob o signo da temperança e da lealdade, da retribuição e da justeza das coisas. Estes ainda são valores que nos fundam. Mas queiramos ou não vivemos em comunidade alargada, internacional. É impossível não pensar que vivemos num mundo de consumo e abundância que condena milhões de pessoas à fome e à morte, pois deu mais valor à posse de bens que à vida humana. Há quem veja a pirâmide social constituída por uma grande base faminta e despida de direitos, depois os que trabalham seguidos dos que se refastelam, os que comem por todos, até que no cume fica a saca do dinheiro, o deus do mundo. E os de baixo movem a roda e voltam a movê-la, a fim de que o dinheiro dê mais dinheiro a quem já tem tanto dinheiro!
Se alcançássemos a comunhão de bens far-se-ia justiça, embora tivéssemos de queimar muitas coisas. Mas que cinzas mais fecundas daí sairiam!
3. Os navios
Contam que Cortez, o conquistador espanhol, pouco depois de desembarcar na América do Sul mandou queimar os navios. Estranha lucidez, pois havia um oceano a atravessar para regressar a casa. É certo que podemos criticar as conquistas de Cortez e a forma como as realizou, mas este gesto é, sem dúvida, valioso. Bem conhecia ele a extrema dificuldade da tarefa que perseguia. Sabia que viriam perigos incontáveis, terrores, mortes, doenças. Temia o desconhecido, que se afigurava pavoroso. Conhecia os seus homens e conhecia-se a si mesmo. Receava que – depois de uma derrota, perante o desânimo provocado por algum obstáculo aparentemente intransponível – pensassem apenas na forma mais rápida de chegar de novo à costa, entrar nos barcos e regressar a casa. Mas não admitia outra coisa senão cumprir o objectivo. Cortou a retirada. E os navios arderam. O único caminho, a partir de então, era em frente e até ao fim. E conseguiu. Que belas cinzas!
Vamos começar a Quaresma. Por uma vez, talvez devêssemos ser corajosos: tomar decisão de fechar as portas à possibilidade de bater em retirada. É hora de nos atirarmos de vez às coisas de Deus, sem corar diante do mundo e sem nos atrapalharmos, ainda que o mundo nos condene; e até mesmo sem querer que Deus nos veja e nos pague.
Vai começar a Quaresma. Por si só é uma graça e um prémio. Vamos começá-la com a imposição das cinzas. Seria óptimo que viessem da combustão das nossas seguranças e injustiças: vamos queimar os navios?
Chama do Carmo I NS57 I Fevereiro 14, 2010

Domingo VI do tempo Comum

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Visita do Vigário Geral à Comunidade

Na sua visita fraterna o P. Emilio comeu e rezou com a Comunidade, recreou-se e reviu amizades, reuniu connosco, ouviu e ouvimo-lo. Compartilhámos a alegria de sermos Carmelitas, filhos de Santa Teresa e S. João da Cruz. O diálogo foi fecundo e a amizade e fraternidade sairam reforçadas. Não é isso que se nota nas caras?

Saudação do Vigário Geral à nossa comunidade

O Vigário Geral da nossa Ordem, P. Emilio J. Martinez, está de vista à nossa Província Carmelita. A tarde-noite de ontem e a manhã de hoje viveu-as connosco, Comunidade do Carmo de Viana do Castelo. Às 08:00h celebrou a Eucaristia connosco. No fim saudou a assembleia, com as palavras que seguem:
Agradeço ao Frei João a apresentação simpática que fez da minha pessoa. Peço desculpa por não me dirigir a vós em português, no entanto sinto que me encontro em família com o coração cheio de alegria por me encontrar no meio de vós.
Nós, o Carmo de S. Teresa e S. João da Cruz, somos uma grande família, uma família que cresce e estreita laços fortes; por isso agora que me encontro neste serviço de Vigário Geral da Ordem — um serviço de acompanhamento aos irmãos, desde Roma —, tenho que agradecer em nome do Padre Geral, P. Saverio Cannistrà, a todos os que colaboram connosco, que crescem juntos de nós, cujos laços a cada novo dia se tornam mais fortes.
Todos temos que agradecer a esta comunidade de Carmelitas Descalços de Viana do Castelo. Por isso venho visitá-los. Venho conhecer melhor os meus irmãos, para que os meus irmãos reconheçam que estamos a caminhar com eles. Para que nos falem deles, para que nos contem o que têm feito e o que esperam fazer. Agradecer e acompanhar, eis o que me trás aqui.
Alegra-me ver esta Igreja de nossa Senhora do Carmo cheia de gente, nesta manhã dum dia de trabalho, sois uma grande assembleia. Sabeis que uma comunidade de Carmelitas Descalços, vive em comunidade, trabalha, dedica-se à oração, à contemplação, ao silêncio, à escuta activa da palavra de Deus, celebra os sacramentos a favor da Igreja, da sociedade, ao serviço dos demais… Vós também sois nossa família. Sois família do Carmo! Vós que aqui vindes e procurais caminhar com esta família de frades Carmelitas, sois família do Carmo. Sois família que acompanha, que reza por e com este grupo de religiosos, por isso eu também vos sinto como minha família. Dou graças a Deus, por sentir que acompanhais esta comunidade, que celebrais com esta comunidade. Continuai a ajudar esta comunidade a crescer e crescereis vós também!
Termino fazendo-vos um pedido neste dia. Vós que sois família do Carmo, conheceis muitos jovens. Uma das preocupações da nossa Ordem é que não faltem vocações Carmelitas. Peço-vos que acompanheis, que rezeis por todos os nossos jovens, para que eles ouçam a chamada do Senhor e O sigam com determinação. Suplico-vos a vós que sois família de Santa Teresa de Jesus: não deixeis de ter presente os nossos jovens, jovens que crescem nas vossas famílias e que querem continuar na vossa família de uma outra forma, seguindo Jesus Cristo! Rezai por eles, acompanhai-os com a vossa presença e com a vossa amizade, para que quando esta Comunidade do Carmo de Viana do Castelo tiver que ser renovada, haja quem a possa renovar. Que nasçam mais vocações. Que os jovens das vossas famílias, e os que procuram esta Comunidade, possam discernir a sua vocação na vida religiosa Carmelita com alegria e entusiasmo. Que os jovens se sintam amados. Isto é muito importante. Isso é o que desejo transmitir-vos neste dia.
Que Deus, nosso Pai, vos abençoe!
Muito Obrigado.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O que é a liturgia?


Um bom número de colaboradores da pastoral litúrgica da comunidade reuniu-se este sábado para mais um momento de oração, reflexão e formação. A terminar lemos este pequeno texto sobre o que é a liturgia, que suscitou grande apreço e pedidos vários de publicação. Então, aqui fica.

A palavra LIT - URGIA vem da língua grega: laos = povo e ergon = acção, trabalho, serviço, ofício... Unindo os dois termos que formam a palavra, encontramos a raiz mais profunda do significado da liturgia, ou seja: acção, trabalho, serviço do povo e realizado em benefício do povo, isto é: um serviço público, como dizemos hoje.
Antes mesmo desta palavra ser usada pela Igreja, os gregos usavam-na para indicar um trabalho solidário. Por exemplo, quando se abria uma estrada, ou se construía uma ponte ou se realizava um trabalho que trouxesse benefício à população, entre os gregos dizia-se: realizámos uma liturgia!
Este sentido primeiro da palavra ajuda-nos a entender o que deve ser hoje a liturgia cristã nas nossas comunidades, sobretudo depois de séculos de história em que a liturgia ficou reduzida a uma acção realizada por ministros ordenados para o povo. Durante séculos a liturgia era uma acção em que o povo não tomava parte, apenas “assistia” como expectador e, muitas vezes, sem compreender o que estava a ser feito.
Graças ao Concílio Vaticano II, realizado há mais de quatro décadas, voltamos ao sentido genuíno da Liturgia, como acção do povo baptizado e, por isso todo ele povo sacerdotal, chamado ao louvor de Deus e à transformação e santificação da vida e da história. A liturgia é uma acção conjunta em parceria com o próprio Deus, numa dinâmica de aliança e participação cada vez mais activa, consciente, plena e frutuosa.
Mas, de que acção se trata? Que trabalho é este que podemos considerar “fonte e cume” do nosso ser e de nosso agir cristão?
Contemplando com o olhar da fé a nossa história, constatamos que Deus se manifesta sempre agindo amorosamente e que a sua acção é permanente serviço à vida, um bem que atinge toda a humanidade e todo o cosmos. É sempre acção criadora, libertadora, transformadora e santificadora que, não só nos atinge, mas nos envolve e nos torna agentes, participantes desta sua acção, numa aliança de amor e compromisso.
A maneira mais concreta, perfeita e plena de Deus agir a nosso favor foi através de Jesus, o Verbo Encarnado, o Filho amado que se fez irmão e servidor (liturgo) com sua encarnação, vida, paixão e principalmente pela sua morte e ressurreição. E mais, entregou-nos sua força, energia divina, o seu Espírito, pelo qual nos faz capazes de agir também como filhos/as amados de Deus Pai, realizando e continuando com Ele esta acção libertadora, redentora a serviço de vida abundante para todos e seu Reino se estabeleça definitivamente.
Portanto, o sentido mais amplo da Liturgia é toda a acção realizada por Deus, em Jesus Cristo e, através do seu Espírito em nós e através de nós a toda a humanidade.
Maria de Lurdes Tavarez

Domingo V do tempo Comum

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Se todos os cristãos fossem assim!

A pesca que hoje se relata no Evangelho foi muito mais que uma pescaria mais. Espantam nela a abundância da graça de Deus coadjuvada pela fraqueza humana, e a insuficiência de todo o esforço e valor humanos assumidos com independência. E revela igualmente muito sobre o nosso primeiro Papa: Era um homem sabido e capaz, aberto e confiante a Deus, pronto a reconhecer Alguém maior que ele quando em presença, disponível para trabalhar apesar da canseira e contra as regras. Pedro é ainda exemplo de cabeça dura, mas também da disponibilidade humana que torna possíveis os milagres de Deus. Ele confirma que são os soldados cansados quem ganha as batalhas! Se todos os cristãos fossem assim!
Simão era um profissional. Não sabia de figos e figueiras bravias, ofício do profeta Amós; nem de ovelhas e rebanhos, com0 o rei David.
Sabia pescar, escolher as melhores águas, ler os ventos e as estrelas, guiar a barca até aos bancos de peixe que lhe garantiam riqueza a si, a André e ao pai Jonas, e o sustento das famílias dos pescadores contratados. Na verdade, teria pelo menos dois barcos, talvez até uma pequena frota. Não era um pescador pelintra que logo passa fome quando o mar manda. Eram próspero, tinha uma PME de pesca, secagem, armazenamento e venda de peixe. (Comercearia até talvez com Roma!)
Por essa altura de florescimento económico dois jovens agitavam as águas das consciências galileias. Um era o intrépido Baptista que perdera entretanto a cabeça na prisão. O outro era Jesus, o carpinteiro de Nazaré. Este logo entra improvável na vida de Simão. À primeira vista nada no famoso rabi o recomenda para a faina: quem se julgava ele para chegar e logo mandar sair as barcas para a pesca à plena luz do dia? Por certo saberá de enxós e martelos, mas isso não garante saberes de redes, velas e correntezas. Por isso, Simão hesitou porque a ordem de Jesus era bem certo que era errada; por outro lado, ele já vira como a palavra de Jesus era eficaz (quando a sua sogra estivera doente com febre)! Nestas alturas qualquer homem hesita, até um habituado a dar o peito às tempestades. Além disso, a ordem era segura e serena. Simão hesitou, mas obedeceu e confiou. E ao leme lá conduziu a barca para águas profundas. E o improvável milagre deu-se. Aqui ficam os factos e o diálogo, e uma interpretação:
1. «Estavam a lavar as redes.»
Quer a faina tenha sido rica de peixes ou de algas ninguém regressa ao aconchego do lar sem o lavar das artes. A boa ordem das coisas assim o exige. Aquela brega nocturna fora dura (porque sem Jesus) e mais duro era o lavar por não haver recompensa...
2. «E do barco pôs-se a ensinar a multidão.»
Era concerteza uma enorme multidão concentrada à-beira lago. Por isso a barca de Simão se revelou o lugar ideal para Jesus pregar. Sinal que uma barca não serve só para a pesca e o amanho da vida, serve também para anunciar e oferecer a libertação.
3. «Mas, já que o dizes, lançarei as redes».
O profissional da pesca não está nada convencido que a maneira do carpinteiro pescar seja melhor que a sua. Mas a palavra de Jesus deveria ser bem poderosa. E não teve maneira de a ignorar, só pôde obedecer e confiar. Simão Pedro depressa compreenderá que é sempre melhor embarcar nos projectos de Jesus, que manda a Igreja abandonar a segurança das águas calmas e avançar para as profundas.
4. «E apanharam tão grande quantidade de peixes.»
Na noite de todas as oportunidades a faina falhara, porque só tinham confiado nas próprias forças, na perícia e tino humanos. No mais que improvável lançar das redes ao meio-dia apanharam tão avultada quantidade de peixe que quase afundou não uma mas duas barcas! Entre um e outro lançamento das redes, o frustrado e o abundante, esteve Jesus e a confiança na sua palavra.
5. «Fizeram sinal para os virem ajudar.»
A medida de Deus é diferente das medidas humanas. Onde o homem vê falência e fraqueza Deus vê possibilidade e abundância. Depois da descrença de Pedro veio a confiança e esta viu-se recompensada com uma pescaria excessiva, milagrosa, suficiente para outros que tinham confiado menos que Pedro. E até esses tiveram de se converter e acorrer para ajudar!
6. «Sou um homem pecador.»
Perante a poderosa manifestação do poder de Jesus, de duas coisas tomou Pedro consciência: de que era homem, e de que era pecador. Aquele pescador primário e de carácter áspero deixa sair do fundo do coração uma sincera oração e reconhecimento: só Deus pode criar do nada, tirar abundância da debilidade, fazer reverdecer o corpo cansado, reanimar para um anúncio renovado! Perante Deus o homem pode reconhecer os seus limites e oferecer a disponibilidade para que a graça se comunique.
7. «Eles deixaram tudo e seguiram Jesus.»
A prova provada é que a vida com Jesus é diferente, luminosa. Se Jesus aceita frequentar as nossas frágeis barcas para desde ali anunciar o Reino, também é possível e justo que nos habilitemos a ir com Jesus na sua barca. Hoje na nossa, amanhã na dele. A nossa poderá ir ao fundo, a de Jesus se for ao fundo será só para provar que todos podemos caminhar sobre as águas.
Chama do Carmo I NS56 I Fevereiro 07, 2009

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Visita de mais um ex-

O Rui Alves foi um dos meninos do Seminário. Coube-lhe até viver em dois Seminários (aqui em Viana), que é como quem diz teve de andar de casa às costas. Já tinha saudades, mas não veio pelas saudades. Ainda assim visitou a cozinha e os cozinheiros que bem conhece. Foi bem disposto, recomenda que todos visitem o Seminário, deixou a morada para ser convocado para os Encontros da Geração 80 e prometeu voltar. E nós cá vos esperamos.

O presépio Melo

O Natal já lá vai. A exposição de presépios também. Até a Senhora das Candeias já passou. Mas cabe ainda aqui falar dos presépios que animaram a vida da nossa comunidade durante os dias de Natal. Eram de quase todos dos grupos apostólicos, mas também do GAF e dos Sobrinhos Melo (Ponte de Lima). E aqui estão eles com o seu presépio no dia em que o vieram buscar. Mas num apreciado gesto de gentileza deixaram-no ficar par ao convento, prometeram outro para o ano e até os meninos vão fazer desenhos. A ver vamos.
(De Aveiro também esteve para vir um mas a maré ia alta...)
Muito obrigado pela colaboração nesta animação natalícia e pela amizade com que se ergueram quase vinte presépios.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

CIRP recomposta

Depois da celebração do Dia do Consagrado ocorrida na Paróquia de São Miguel de Perre, a CIRP de Viana do Castelo reuniu-se esta noite no Carmo, para avaliar o caminho andado e programar algum outro mais.
E tendo em vista que as Irmãs Margarida Santos e Paula André deixaram neste Verão passado a Direcção da CIRP achamos bem agregar a nós novas colaboradoras. A Direcção ficou pois assim constituída:
Presidente: P. Paulo Correia, Passionista.
Secretária: Ir. Maria Celeste Guarda, Franciscana Hospitaleira.
Tesoureiro: P. João Costa, Carmelita Descalço.
Vogal: P. José de Castro, Espiritano.
Vogal: Ir. Maria de Fátima Ribeiro, Franciscana Hospitaleira.
Vogal: Ir. Maria Fernanda Afonso, Salesiana.
Vogal: Ir. Anabela T. Silva, Salesiana.
Vogal: Ir. Maria da Luz Araújo, Reparadora da Santa Face.