sábado, 6 de fevereiro de 2010

Se todos os cristãos fossem assim!

A pesca que hoje se relata no Evangelho foi muito mais que uma pescaria mais. Espantam nela a abundância da graça de Deus coadjuvada pela fraqueza humana, e a insuficiência de todo o esforço e valor humanos assumidos com independência. E revela igualmente muito sobre o nosso primeiro Papa: Era um homem sabido e capaz, aberto e confiante a Deus, pronto a reconhecer Alguém maior que ele quando em presença, disponível para trabalhar apesar da canseira e contra as regras. Pedro é ainda exemplo de cabeça dura, mas também da disponibilidade humana que torna possíveis os milagres de Deus. Ele confirma que são os soldados cansados quem ganha as batalhas! Se todos os cristãos fossem assim!
Simão era um profissional. Não sabia de figos e figueiras bravias, ofício do profeta Amós; nem de ovelhas e rebanhos, com0 o rei David.
Sabia pescar, escolher as melhores águas, ler os ventos e as estrelas, guiar a barca até aos bancos de peixe que lhe garantiam riqueza a si, a André e ao pai Jonas, e o sustento das famílias dos pescadores contratados. Na verdade, teria pelo menos dois barcos, talvez até uma pequena frota. Não era um pescador pelintra que logo passa fome quando o mar manda. Eram próspero, tinha uma PME de pesca, secagem, armazenamento e venda de peixe. (Comercearia até talvez com Roma!)
Por essa altura de florescimento económico dois jovens agitavam as águas das consciências galileias. Um era o intrépido Baptista que perdera entretanto a cabeça na prisão. O outro era Jesus, o carpinteiro de Nazaré. Este logo entra improvável na vida de Simão. À primeira vista nada no famoso rabi o recomenda para a faina: quem se julgava ele para chegar e logo mandar sair as barcas para a pesca à plena luz do dia? Por certo saberá de enxós e martelos, mas isso não garante saberes de redes, velas e correntezas. Por isso, Simão hesitou porque a ordem de Jesus era bem certo que era errada; por outro lado, ele já vira como a palavra de Jesus era eficaz (quando a sua sogra estivera doente com febre)! Nestas alturas qualquer homem hesita, até um habituado a dar o peito às tempestades. Além disso, a ordem era segura e serena. Simão hesitou, mas obedeceu e confiou. E ao leme lá conduziu a barca para águas profundas. E o improvável milagre deu-se. Aqui ficam os factos e o diálogo, e uma interpretação:
1. «Estavam a lavar as redes.»
Quer a faina tenha sido rica de peixes ou de algas ninguém regressa ao aconchego do lar sem o lavar das artes. A boa ordem das coisas assim o exige. Aquela brega nocturna fora dura (porque sem Jesus) e mais duro era o lavar por não haver recompensa...
2. «E do barco pôs-se a ensinar a multidão.»
Era concerteza uma enorme multidão concentrada à-beira lago. Por isso a barca de Simão se revelou o lugar ideal para Jesus pregar. Sinal que uma barca não serve só para a pesca e o amanho da vida, serve também para anunciar e oferecer a libertação.
3. «Mas, já que o dizes, lançarei as redes».
O profissional da pesca não está nada convencido que a maneira do carpinteiro pescar seja melhor que a sua. Mas a palavra de Jesus deveria ser bem poderosa. E não teve maneira de a ignorar, só pôde obedecer e confiar. Simão Pedro depressa compreenderá que é sempre melhor embarcar nos projectos de Jesus, que manda a Igreja abandonar a segurança das águas calmas e avançar para as profundas.
4. «E apanharam tão grande quantidade de peixes.»
Na noite de todas as oportunidades a faina falhara, porque só tinham confiado nas próprias forças, na perícia e tino humanos. No mais que improvável lançar das redes ao meio-dia apanharam tão avultada quantidade de peixe que quase afundou não uma mas duas barcas! Entre um e outro lançamento das redes, o frustrado e o abundante, esteve Jesus e a confiança na sua palavra.
5. «Fizeram sinal para os virem ajudar.»
A medida de Deus é diferente das medidas humanas. Onde o homem vê falência e fraqueza Deus vê possibilidade e abundância. Depois da descrença de Pedro veio a confiança e esta viu-se recompensada com uma pescaria excessiva, milagrosa, suficiente para outros que tinham confiado menos que Pedro. E até esses tiveram de se converter e acorrer para ajudar!
6. «Sou um homem pecador.»
Perante a poderosa manifestação do poder de Jesus, de duas coisas tomou Pedro consciência: de que era homem, e de que era pecador. Aquele pescador primário e de carácter áspero deixa sair do fundo do coração uma sincera oração e reconhecimento: só Deus pode criar do nada, tirar abundância da debilidade, fazer reverdecer o corpo cansado, reanimar para um anúncio renovado! Perante Deus o homem pode reconhecer os seus limites e oferecer a disponibilidade para que a graça se comunique.
7. «Eles deixaram tudo e seguiram Jesus.»
A prova provada é que a vida com Jesus é diferente, luminosa. Se Jesus aceita frequentar as nossas frágeis barcas para desde ali anunciar o Reino, também é possível e justo que nos habilitemos a ir com Jesus na sua barca. Hoje na nossa, amanhã na dele. A nossa poderá ir ao fundo, a de Jesus se for ao fundo será só para provar que todos podemos caminhar sobre as águas.
Chama do Carmo I NS56 I Fevereiro 07, 2009

1 comentário:

Ricardo Igreja disse...

Este é um trecho de cataquese,que pretende dar a entender o que implica para um APÓSTOLO dizer SIM a CRISTO que o convida a segui-lo.
PESCADOR HOMENS !
SIGNIFICA TIRA-LOS DA CONDIÇÃO DE
MORTE EM QUE SE ENCONTRAM, significa
substraí-los às forças do mal,que,como
cerrentes impetuosas , os dominam ,
arrastam e submergem.
O APÓSTOLO DE CRISTO NÃO TEME AS ONDAS
E ENFRENTA-AS CORAJOSAMENTE, MESMO
QUANDO SÃO IMPETUOSAS. Não deixa de salvar um irmão,mesmo quando este se encontra em situações humanamente sem
esperanças:Quando é escravo da droga,
do alcool,das paixões desenfreadas,do
seu caráter irascível,agressivo, intratável. . . NÃO HÁ NENHUMA SITUAÇÃO QUE NÃO POSSA SER RECUPERADA
PELO APÓSTOLO DE CRISTO.


SE TODOS OS CRISTÃOS FOSSEM ASSIM !


GRAÇA E PAZ.