sábado, 30 de junho de 2012

Visão única!

Esta não é uma fotografia qualquer. É um trabalho de artista: 24 fotos que nos dão uma panorâmica bem ampla da nossa cidade de Viana do Castelo. A vista é desde a torre da nossa igreja. Há males que vêm por bem: se não fossem as obras e os andaimes quem subiria tão alto para ver tão bela paisagem? Obrigado, Sérgio. Obrigado a todos os que têm ajudado e apoiado as nossas obras.
Muito obrigado!
(Clic na foto para aumentar!)

Precisamos de Santos


Terminaram hoje os encontros do Crisma que visavam a preparação de alguns dos nossos jovens para  confirmação na fé. Foi um belo encontro, o segundo depois do Crisma. O tema foi a santidade, a necessidade santos e a disponibilidade para tal, por que, afinal,como todos descobriram, a santidade é alegre e acessível de todos.
Parabéns Bruno, Jéssica, Lurdes, Magsie, Sara, Victor. Obrigado, Ana e Joana. A sabedoria do Espírito Santo esteja sempre convosco. Em jeito de despedida aqui fica a nossa última oração, atribuída a JPII.


Precisamos de Santos sem véu  ou batina. 
Precisamos de Santos de calças jeans e ténis. 
Precisamos de Santos que vão ao cinema, ouçam música e passeiem com os amigos. 
Precisamos de Santos que coloquem Deus em primeiro lugar, mas que se esforçam na faculdade.
Precisamos de Santos que tenham tempo todo dia para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade, ou que consagrem a sua castidade. 
Precisamos de Santos modernos, santos do século XXI, com uma espiritualidade inserida no nosso tempo. 
Precisamos de Santos comprometidos com os pobres e as necessárias mudanças sociais. 
Precisamos de Santos que vivam no mundo, se santifiquem no mundo, que não tenham medo de viver no mundo. 
Precisamos de Santos que bebam coca-cola e comam hot dog, que usem jeans, que sejam internautas, que escutem disc man. 
Precisamos de Santos que amem apaixonadamente a Eucaristia e que não tenham vergonha de tomar um refrigerante ou comer uma pizza no fim-de-semana com os amigos. 
Precisamos de Santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de desporto.
Precisamos de Santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros. 
Precisamos de Santos que estejam no mundo; e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo, mas que não sejam mundanos". 
(João Paulo II)

Intenções e recitação do Terço durante a Novena


Dia 07 | Sábado
Rezamos pelas Vocações.
TERÇO: Grupo das Avós.


Dia 08 | Domingo 
Rezamos pelos Religiosos da Comunidade
TERÇO: Grupo Encontro com a Bíblia.


Dia 09 | Segunda
Rezamos pelos Seculares do Carmo
TERÇO: Fraternidade Secular do Carmo.


Dia 10 | Terça
Rezamos pelos Vacilantes na fé
TERÇO: Grupo Coral das Dez.


Dia 11 | Quarta
Rezamos pelas Crianças e Jovens
TERÇO: Grupo dos jovens do Carmo.


Dia 12 | Quinta
Rezamos pelos Orantes
TERÇO: Grupo de Oração.


Dia 13 | Sexta
Rezamos pelas Famílias
TERÇO: Grupo das Famílias do Carmo.


Dia 14 | Sábado
Rezamos pelos Defuntos
TERÇO: Fraternidade Secular do Carmo.


Dia 15 | Domingo
Rezamos pelos Missões
TERÇO: Jovens Missionários do Carmo.


Dia 16 | Segunda
Rezamos pelos devotos de Nossa Senhora 
TERÇO: Grupo de Oração.

Programa da Novena de Nossa Senhora do Carmo


Julho é Carmo. Julho é de Nossa Senhora do Carmo, dos seus santos e dos seus filhos peregrinos. Vamos de novo e com renovada alegria celebrar a Festa da nossa Padroeira. 
Celebrar é recordar e actualizar. Ao celebrarmos actualizamos. Ao celebrarmos as virtudes de Nossa Senhora do Carmo actualizamos em nossos dias e em nossas vidas as suas mesmas virtudes.
Olhá-l’A como Padroeira é olhá-l’A como modelo imitável e a imitar. Durante estes dias da sua Novena iremos contemplá-la especialmente como mulher de oração e de comunhão. E de acção.
O Rev.do P. Manuel do Bico (P. Manuel Moreira) dirigir-nos-á a palavra na homilia, tal como um catequista fala aos seus meninos, iniciando-os nos caminhos da fé e nos amores a Nossa Senhora. Unidos a Ela faremos e cresceremos na comunhão com Cristo e entre nós!



Dia 31         junho, sábado
7:30h           Início da Peregrinação da Família Carmelita a Fátima.

Dia 01         julho, domingo
7:30h           Peregrinação Carmelita a Fátima.

Dia 04         quarta
14:00h         Exposição Santíssimo Sacramento.

Dia 07         sábado
17:30h         Recitação do Terço.
18:00h         Missa com Pregação Mariana.

Dia 08         domingo
17:30h         Recitação do Terço.
18:00h         Missa com Pregação Mariana.

Dia 9 a 13| segunda a sexta
20:30h         Recitação do Terço.
21:00h         Missa com Pregação Mariana.

Dia             sábado
17:30h         Recitação do Terço.
18:00h         Missa com Pregação Mariana.

Dia 15         domingo
20:30h         Recitação do Terço.
21:00h         Saudação a Nossa Senhora do Carmo.
21:30h         Procissão de Nossa Senhora do Carmo.
          
Dia 16         segunda
08:00h         Missa de Nossa Senhora do Carmo.
09:00h         Missa de Nossa Senhora do Carmo.
20:30h         Recitação do Terço
21:00h       Missa da Festa presidida pelo Senhor D. Anacleto Oliveira, bispo diocesano.

Chama do Carmo I NS 156 I Junho 30 2012


Quem virá a ser este menino?


Além de Jesus, João Baptista é o único santo, com a Virgem Maria, de quem celebramos na Liturgia o nascimento para a terra. Isso deve-se à missão única, que, na História da Salvação, foi confiada a este homem, santificado, no seio de sua mãe, pela presença do Salvador, que mais tarde,
dele fez um belo elogio. Anel de ligação entre a Antiga e a Nova Aliança, João foi acima de tudo, o enviado de Deus, uma testemunha fiel da Luz, aquele que anunciou Cristo e o apresentou ao mundo. Profeta por excelência, a ponto de não ser senão uma «Voz» de Deus, ele é o Precursor imediato de Cristo: vai à Sua frente, apontando, com a sua palavra e com o exemplo da sua vida, as condições necessários para se conseguir a Salvação.

A vida de João Baptista foi extremamente enxuta e austera. Os textos litúrgicos da sua festa falam-nos de alegria e penitência como marcas da sua vida. E assim foi que a vida de um homem austero e de língua afiada e certeira produziu uma das nossas maiores festas populares, embora a maioria não saiba quem tenha sido o Santo!
João foi um profeta. Era pouco mais novo do que Jesus e coube-lhe apresentá-l’O a todos, e fê-lo com tal vigor como quem entrega na sua mão rude e forte o Sol divino.
O profeta áspero deixou marcas tão fortes nos seus discípulos, que eles se organizaram numa comunidade pujante e que até viria, porém, pela corrupção de alguns, a entrar em conflito com a comunidade de Jesus dos primeiros tempos, não aceitando que Jesus fosse considerado mais importante do que João!
Este apresentador de Jesus quis enviar-lhe dois dos seus discípulos com a pergunta: «És Tu o que está para vir, ou devemos esperar outro?». João aceitara plenamente a sua vocação, mas não lhe foi dado nenhum conhecimento superior, que também não foi dado por Jesus aos seus discípulos. O profeta verdadeiro apenas ouve e transmite, com humildade e coragem, a palavra de Deus.
Certa vez, Jesus referindo-se a João, perguntou à multidão que o cercava:
«Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Que fostes ver, então? Um homem vestido com roupas finas? Os que usam trajes sumptuosos vivem regaladamente e estão nos palácios dos reis. Que fostes ver, então? Um profeta? Sim, Eu vo-lo digo, e mais do que um profeta. É aquele de quem está escrito: Vou mandar à tua frente o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de ti».
João remata com chave de oiro o Antigo Testamento, e surge a novidade absolutamente extraordinária do tempo de Jesus. Novidade que João anunciou com a sua vida no deserto, a sós com Deus e sem a poluição ruidosa da ganância e do orgulho, e ao baptizar o próprio Jesus com o «baptismo de penitência».
Chega o Sol na sua força – temos que abandonar roupagens e atitudes inadequadas. É o que significa a palavra «penitência»: em hebraico é mudar de caminho, tornar atrás e, na esfera religiosa, voltar-se para Deus. Em termos gregos é mudar de vida, de atitude; “fazer penitência” não é um ritual de sofrimento ou autopunição, teoricamente discutível e de resultados duvidosos. É algo de muito mais difícil: reconhecer que não estamos a seguir o caminho da justiça e que não bastam boas intenções. No século III, Tertuliano chama à penitência um «baptismo trabalhoso». Trabalhamos para conquistar a alegria de Cristo, que acusava a hipocrisia da elite religiosa dos últimos tempos do Velho Testamento: quando orardes, quando derdes esmola, quando jejuardes... não o façais com ostentação para que os outros admirem a vossa “santidade”(!); fazei algo muito mais difícil: sede bons.
O menino da festa de hoje viria a ser o estafeta entre a velha e a nova Aliança. Quando passou o testemunho, deixou-se apagar como o sol que vai perdendo a sua importância, até que outro menino nasça no dia mais pequenino e cresça como um Sol sem ocaso, como se diz nas festas da Páscoa. Quem viria a ser o menino de 24 de Junho? Um exemplo insuperável do que é vocação: não se prendendo com nada que não fosse o espírito de Deus. Tornou-se um Homem autenticamente virgem: com a força de quem espera o momento certo para semear a nova terra, preparada já para produzir muito fruto. É o menino que nos avisa como a alegria, as nossas festas, os nossos amores, o amor... são para levar “a sério”, como frutos que alimentam a humanidade sem o veneno do artificialismo, da superficialidade e dos jogos de poder que fazem apodrecer o melhor fruto. Virá a ser o adulto que morreu por denunciar os desvios dos poderosos. Ele vem brincar connosco, porque a própria liturgia devia ser uma festa e porque brincar a sério é sabermos as razões por que vale a pena brincar.
A. Veiga

Chama do Carmo I NS 155 I Junho 23 2012

sábado, 16 de junho de 2012

As paredes também se amam

Na Chama do domingo passado avisámos que neste pediríamos ajuda para as obras de restauro da fachada e dos beirados da Igreja e da ala da Rua da Bandeira. É o que hoje fazemos. E fazemo-lo mais com sentido de responsabilidade que desejo de gastar.
Entretanto, já ouvi dizer «Que não pode ser». E também já ouvi dizer: «Que sim Senhor, para isso estamos aqui.» Por mim penso que se faça bem o que bem deve ser feito. Isto é, tudo o que se fizer.
Há gostos para tudo e forças para não muito. Mas forças pequeninas juntas têm mais força. É só por isso que pedimos a ajuda de todos.

Há uns meses atrás uma ventania desprendeu umas lascas de pedra. Caíram felizmente sobre um carro estacionado. Não houve danos pessoais. E nem é bom pensar se caíssem sobre pessoas! Logo foram seladas as restantes que ficaram soltas, mas não foi possível repor completamente o pináculo que se deslocara um pouco. Será agora, pois não queremos nada fora de lugar.
Aqui em casa manda o realismo. E não é preciso ser-se sábio para se perceber que é mais fácil cuidar dum corpo novo e saudável, que socorrer os achaques dum velho e cansado. É o caso. A nossa Igreja do Carmo já não é nova; requer, por isso, cuidados diferentes, atenções e carinhos que a animem a acolher-nos com dignidade e segurança como sempre fez.
Depois de falarmos com quatro empresas decidimos entregar os trabalhos à Abel Festa & Filhos, de Castelo de Neiva.
Os trabalhos de restauro começaram no dia 4 de Junho e é nossa esperança tê-los concluídos antes da Festa da nossa Padroeira, a Senhora do Carmo. Os dias de chuva não têm sido benignos connosco, ainda assim os trabalhos vão sendo executados a um ritmo e qualidade que nos agradam.
Para além do inicialmente orçamentado apareceram maleitas só passíveis de diagnóstico quando os andaimes subiram e nos levaram lá acima e começámos a testar a realidade. Foi assim que pedimos ao senhor Luis Festa que actualizasse a ficha do diagnóstico. Ele respondeu assim:


Boa tarde,
Vimos por este meio expor a seguinte situação:
Depois da limpeza da fachada principal da Igreja e respectiva torre constatamos que o suporte (argamassa de regularização da parede - vulgo areado) se encontrava danificado e desagregado da alvenaria de pedra. iniciamos a remoção de todas as partes danificadas de forma a proceder a nova regularização com dois produtos especificos: weber 408 e reboco exterior branco da Diera hidrofugado. Deparamos de igual forma que as fissuras verticais na fachada principal (ver fotografia) são maiores e mais profundas do que se esperava e cuja intervenção irá passar pelos seguintes passos: abertura da fissura de forma a remover a argamassa desagregada e a expor a fissura na sua amplitude, ancoragem dos dois lados da fissura com varão de inox e aplicação de nova argamassa de regularização com aplicação de resina do tipo sika latex.
na cantaria reparamos também que as juntas das pedras do frontespicio e da torre estão danificadas ou inexistentes o que provoca a acumulação de residuos que por sua vez servem de suporte a proliferação de ervas, nesta situação iremos proceder ao fecho e reparação das mesmas com argamassa de areia fina e cimento.
Sei que são situações parcialmente inesperadas mas cuja reparação é fundamental para a preservação do edifício.
Sim, é com realismo e responsabilidade que metemos mãos ao trabalho, a única maneira de o fazer.
No dia 20 de Junho de 1647 a nossa Igreja do Carmo abriu portas ao culto ao Deus Altíssimo e à Mãe Santa do Deus Santo. Ao longo de 365 anos gerações e gerações de Carmelitas cuidaram dela com os melhores dos seus carinhos. Hoje abraço-a como quem abraça uma mãe velhinha, mas não tão velhinha que não possa ou não deva viver um punhado de centúrias mais. Melhor, hoje, todos nós a abraçamos com o melhor dos nossos carinhos. A vitalidade duma comunidade também se lê assim. Estou certo que entre os que ainda não nasceram haverá braços que a abraçarão como nós e corações que por ela baterão forte.
Nós amamos pessoas, vidas e histórias. Amamos a beleza da liturgia, do canto e das cerimónias. E amamos também as paredes que nos aconchegam. O nosso carinho faz que nunca sejam frias quando dentro nos reunimos.

Chama do Carmo I NS 154 I Junho 16 2012

Encerraram os Encontros com a Bíblia (por agora, só por agora!)

Realizaram-se neste convento do Carmo, oito sessões de esclarecimento e aprofundamento da bíblia que tiveram início em 7 de Novembro de 2011 e termino em 04 de Junho de 2012 orientadas pelo Frei Silvino Teixeira Filipe.
Nestes encontros, abordou-se de forma sucinta mas esclarecedora todo o percurso que compõe a Palavra de Deus. Desde o Génesis, o momento da criação, passando pelo Pai dos crentes Abraão e a sua descendência que confirma a aliança de Deus com os homens, até Moisés que aponta o caminho que irá libertar o povo de Israel do jugo egípcio,… tudo foi sendo abordado até ao momento da grande revelação Jesus Cristo - o Deus feito carne…
O orador, para uma melhor compreensão destes Livros, teve o cuidado de abordar as várias temáticas não apenas de uma forma histórica, mas também sociológica, geográfica, etimológica e espiritual o que permitiu a todos uma melhor compreensão e aprofundamento da Bíblia.
Após estes encontros todos os que participaram sentem que para além de estarem mais esclarecidos no que diz respeito à Palavra de Deus, também estão mais fortalecidos na fé pois compreender a Palavra resulta num mais perfeito conhecimento de Deus.
No início do novo ano pastoral esperamos retomar estes encontros de aprofundamento e  esclarecimento da Palavra de Deus.
Alberto Barbosa

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Para memória futura


 
 
 

As carmelitas e os carmelitas descalços tiveram um dia em pleno no Carmo de Aveiro, onde se reuniram para cima de 400 pessoas, entre leigos das diferentes comunidades, espalhadas pelo país, as fraternidades do Carmelo Secular, os padres e também as irmãs carmelitas, que desde a clausura dos seus mosteiros de vida contemplativa se fizeram presentes, com lindas mensagens dirigidas a todos os presentes, dizendo-nos assim que nesta grande família do Carmelo não há nada que nos separe porque a centralidade de Cristo e o amor à Virgem Maria, a Senhora do Carmo, criam os laços mais consistentes de unidade e comunhão.
Vamos recordar para sempre os encontros, os abraços, a partilha do que se é e faz nas comunidades e nos grupos, o convívio, a festa, a alegria das crianças e dos jovens, a ternura dos adultos, a eucaristia, o encontro com as Irmãs Carmelitas do Carmelo de Aveiro... Todos temos muito a agradecer à comunidade carmelita descalça de Aveiro que tão bem soube acolher e organizar este evento.
No dia 10 de Junho de 2013, se Deus quiser, repetimos a experiência. Entretanto caminhamos ao mesmo ritmo desta família fundada por Santa Teresa de Jesus e S. João da Cruz.
Ficou nos nossos ouvidos o Hino deste Dia que continuamos a entoar no regresso às nossas casas:
Maria, Mãe, Senhora do Carmo
cobre com teu manto,
ó Mãe Amada, esta família
a Ti consagrada!
(Fonte: http://www.carmelitas.pt/site/noticias/noticias_ver.php?cod_noticia=245)

domingo, 10 de junho de 2012

Ouvir a Palavra e o Silêncio


"Quem possui a palavra de Jesus, este em verdade, pode ouvir o seu silêncio, a fim de ser perfeito". (S. Inácio de Antioquia)

sábado, 9 de junho de 2012

Não atirar as culpas para o outro!

Não sei agora que cristão desta hora mais recente sugeria que nós, cristãos, lêssemos a diário a Bíblia e o jornal. Não recordo agora quem fosse, mas recordo a inteireza do conselho.
Assim se alcança a sintonia com a vontade de Deus e o acerto com as dores, emergências e necessidades do mundo. Nem de uma nem das demais nos podemos alhear.
Recomeçamos neste domingo a celebração dos Domingos Comuns, Domingos em que
haveremos de disponibilizar-nos para escutar a Palavra de Deus que ilumina quem por Ela se deixa iluminar. Em cada Domingo brilha em nossas assembleias a única Palavra que dá sentido às nossas palavras. Sim, porque nós vivemos de Palavra e de palavras. Melhor, do equilíbrio entre a Palavra e as palavras.
Quando subimos à igreja para escutar a Palavra que dá sentido à vida, também subimos para dizer a Deus palavras em nosso nome e em nome do nosso mundo. Ali não falamos só nós, mas nós em nome de tantos. Ouvimos para nós, rezamos em nome de todos.
Porque o outro
— todos! — nunca foge do nosso horizonte de relação, de oração e bênção.
Como primeira leitura desde décimo Domingo do Tempo Comum vamos escutar um excerto do Livro do Génesis. Neste pequeno excerto declara-se-nos o momento seguinte à tentação da primeira humanidade. Ora sucede que naquele momento, depois da queda, o homem se sente receoso e nu diante do seu amigo, Deus. E porque não aguenta a presença de Deus o homem oculta-se do Seu olhar. É então que Deus lhe pergunta se teria comido da árvore proibida. Sim, Adam comera. Mas não comera sem mais. Ele tem para o Amigo uma desculpa plausível: Eva, sua mulher, é a culpada de ele ter comido.
Fala, então, Deus com a mulher Eva. Por que terá ela incitado o seu marido a romper a proibição?
Chegada a vez da mulher, Eva responde com a mesma resposta de Adam: Não se sente responsável por tal desobediência. Não. Ela não se vê a si mesma como culpada. A culpa é da serpente, e é para a horrenda serpe que estende o dedo acusador.
Está visto: a coisa vem mal desde a origem! Ninguém jamais tem culpa do mal, dos erros, das asneiras. Enfim, em questão de sinceridade todos chumbamos! Chegada a horinha de bater com a mão no peito e de reconhecer os erros, todos jogamos rijamente à defesa.
Não somos famosos na assumpção dos erros!
É mais fácil declinar responsabilidades que assumir erros. Não, não, todos se enganam. Todos, menos eu! Nós, cristãos de missa e comunhão diária, somos os bons (apetece dizer: os únicos bons!), os que aguentam o peso das coisas e da vida, as vítimas de tudo e de todos; os outros é que são os maus, os outros, os maus que nunca vão à Missa, é que nos seduzem e incitam, são eles quem atira a casca de banana e nos fazem cair, são eles quem nos impede de viver a plenitude de baptizados. Sim, lamentavelmente, são os outros e não nós, quem nos tira a alegria de viver!
Fora isto uma canção e só mudaria a música; a letra seria a de sempre: Os culpados são os outros! Os culpados são os outros! (Bis)
Na nossa cabeça, existe, por vezes, um reverso cordato: para alcançar que as coisas se recomponham bastaria que os outros – quase sempre as chefias! – assumissem as responsabilidades de mudança. Sucede pensar-se frequentemente que a mudança e a conversão sejam oportunas, mas sempre para os bispos e os padres e até o Papa! Tantas coisas têm os chefes que mudar! A minha conversão é que já não é tão urgente!
A responsabilidade, em boa verdade, não está só nos outros, sejam chefias ou não.
A responsabilidade das coisas é transversal, de cima a baixo. Todos somos responsáveis. Eu, tu e os demais podemos ajudar-nos, apoiar-nos, influenciar-nos positivamente ou passar a vida a dar caneladas e a pregar rasteiras. É certo. Mas jamais é certo que só os outros sejam os responsáveis de tudo o que é mau.
Portugal está mal! O mundo está mal! Tudo está mal! Ninguém se safa: talvez nem mesmo a Selecção! (Está visto que vai decepcionar!)
Admitamos que tudo está mal. Se for verdade, caberá uma pergunta: Que fiz eu para mudar as coisas? Qual é o meu contributo para a mudança da Igreja? E para a mudança social? Não. Não basta responder com a falta de tempo, o corte dos salários, os apertos da troika, a dureza da crise, a acumulação de trabalho. Não não basta dizer que a fé é exigente, e depois não fazer nada.
Chega! Basta! Eu não jogo nesse campeonato! Os outros não podem ser os únicos culpados de tudo o que é mau e nada do que é bom.
Tu que estás a ler isto, que fazes tu pela tua comunidade, pela tua Igreja?

Chama do Carmo I NS 153 I Junho 10 2012

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A melhor comunidade



Celebramos neste Domingo a Festa da Santíssima Trindade. Celebrar quer dizer recordar, festejar, trazer para a vida um facto importante. Celebrar a Festa da Santíssima Trindade quer dizer, portanto, que trazemos para o hoje da nossa existência, de forma muito forte
e envolvente, a realidade do nosso Deus, que é um e são três pessoas. Isto é, é comunidade.
A festa que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde
por detrás de "um Deus em três pessoas"; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.
À celebração por si só, isto é, sem remeter para o sagrado ou para o campo da nossa fé,
exige-se sempre uma dimensão comunitária.
A celebração individual não existe, porque para que exista celebração exige-se uma comum união de sentimentos, de palavras e de gestos.
Quando celebramos celebramos em comunidade. É em comunidade que recordamos algo comum, algo que a todos dá sentido, que todos
querem trazer para o presente e para o meio de nós. Por isso, quando nos sentimos
convocados e reunidos num lugar nós actualizamos a memória comum, e, porque somos cristãos actualizamos a vida e salvação do nosso Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo.
Em cada domingo – dia em que ocorrem as nossas reuniões habituais, por que é o Dia do Senhor – nós tomamos a Palavra de Deus na mão e lêmo-la em voz alta para que desça ao nosso coração. É pela leitura da palavra sagrada e pela presença de sinais sacramentais que nós actualizamos o mistério celebrado – A presença de Deus.
E é assim que especialíssimamente celebramos neste Domingo o nosso Deus, Vida da nossa vida. Porque Deus é o nosso centro mais centro e mais profundo. Mais real e mais verdadeiro. Celebramos o centro. Celebramo-lo em festa e em júbilo, porque nos sentimos renovados e iluminados pela sua Palavra e pela sua Presença invisível. Fazemos festa, porque a sua Presença nos revigora e nos enche da certeza de participarmos da sua vida sanadora e salvadora.
Celebrar Deus é uma alegria!
Assim como a terra ressequida reclama por água e, sôfrega, estremece, exultante, ao contacto com as primeiras bátegas de chuva, assim nós! Assim nós, rebentamos de júbilo quando Deus nos banha, nos sacia, nos purifica, faz de nós comunhão de irmãos, nos senta à mesa comum como filhos e filhas.
Deus não é um ser terrífico, habitando numa torre longínqua e inacessível. Deus não vive fechado em si, nos seus pensamentos e elocubrações: Deus vive, Deus é Amor. Deus é só Amor. E como tal nós acreditamos que a maneira de Deus ser obriga-o a ser comunidade.
Deus é Amor e só Amor. Nada existe com sentido se o Amor estiver em falha. Onde existir Amor existe Deus, Deus-comunhão, Deus-partilha, Deus-comunidade.
Não é difícil reparar que Jesus jamais doutrinou sobre Deus. Porque para Jesus Deus não é nem teoria nem conceito, nem definição. Para Jesus e para nós, Deus é Amigo, o melhor amigo que podíamos ter. Um Amigo cheio de Amor, esse é o Deus de Jesus. Um Deus-relação e comunicação, incapaz de reservar-se, necessitado de manifestar-se tal qual é: Amor!
É por isso que a melhor maneira de perceber, compreender, acolher ou celebrar Deus é vivendo em comunidade!
Esse lar incandescente que é Deus, esse braseiro de amor, necessita comunicar-se e tornar-nos participantes da sua vida cheia de amor! E não pode fazê-lo a indivíduos como tal, mas a indivíduos reunidos em assembleia e capazes de comunicar o Amor. Esse é o nosso exercício: só verdadeiramente acolhemos o Amor se logo de seguida O comunicarmos na família, no trabalho, na rua.
Deus para ser Deus não precisa de nós, porque desde sempre é Deus, mesmo quando nós não existíamos! Mas – paradoxo! – só é Deus verdadeiro comunicando-se em comunidade de amor e sendo acolhido pela comunidade filial e crente, que, impelida, O comunica.
A comunidade divina – uma comunidade de três em igualdade e em calorosa confidência – urge uma comunidade a quem se comunicar, uma comunidade que difunda tão doce dom. A melhor e perfeita comunidade precisa da nossa resposta comunitária, porque o Amor atrai amor e difunde Amor. E não sabe fazer outra coisa!

Chama do Carmo I NS 152 I Junho 2 2012