sábado, 28 de fevereiro de 2009

Domingo I da Quaresma

Movimento Encontro Matrimonial

O Encontro Matrimonial é um serviço da Igreja Católica, mas está aberto sem distinções a casais de outras religiões e a não crentes. Isto, porque pensamos que todos os casais devem viver esta experiência.
Destina-se também a sacerdotes e religiosos (as) que queiram renovar o seu compromisso de amor e entrega à Igreja e às suas comunidades.
A experiência começa por um Fim-de-Semana especialmente orientado para a comunicação do casal em que lhe é dada a oportunidade de enriquecer a sua vida a dois.
É um tempo de partilhar sentimentos, alegrias, esperanças, desilusões…
mas também sonhos, que os leva a descobrir de novo o entusiasmo e o romance do matrimónio.
Não importa a idade. Basta que o casal queira enriquecer e aprofundar a relação.
Redescubram o sonho, o entusiasmo e a ternura do tempo de namoro!
Venham viver um Fim-de-Semana de Encontro Matrimonial! Desde as 19:00h do dia 6 até às 17:00h do dia 8 de Março.

Contactos:
Maria Rosa e Domingos Rego
Rua Padre José Martins Carneiro, 103
4900-766 Meadela – Viana do Castelo
Telf. 258829628 Telm. 968418983 e 965852852

Filhos dum Deus esquecido (Valha-me Deus!)

Surpreendentemente — quem diria! —, somos filhos dum Deus esquecido. Não o sabendo, nós relacionamo-nos filialmente com um Deus Pai com problemas de memória. Valha-nos Deus!, é caso para dizer. Porém, a bem dizer, nós é que somos desmemoriados. Vamos falar de problemas de memória.
A primeira leitura deste Domingo (alguns versículos do capítulo 43 da profecia de Isaías) explicita de forma bem clara que a salvação é pura graça de Deus e não mérito humano. Os humanos — na leitura, Israel — esquecem-se com frequência de Deus e de invocar a sua força, logo estão falhos de méritos. Mas Deus, não. Por isso, Deus — que é um Deus de diálogo; poderá haver Deus fora do diálogo com o homem? — desafia-nos para um exercício de memória: quais são os nossos méritos? Se percorrermos o passado de Israel, por mais longínquo que ele seja, que bem fez ele? E nós? Aos olhos de Deus, nenhum. Há uma lista grande, sim. Mas de erros e de pecados. Por isso, a salvação que o profeta tão belamente anuncia como um renovo primaveril é algo que Israel não merece. É pura graça, é gratuidade. É novidade e surpresa! E portanto, muito para além do merecimento humano. O princípio da salvação e da renovação tem sempre a sua origem no perdão de Deus, e jamais nos méritos do povo, um povo esquecido das origens e das graças de Deus. Por essa razão, a salvação que o Profeta anuncia é uma salvação que Israel não merece! (Como haveria de merecê-la se tudo fez para esquecer Deus? Como poderia receber água da fonte se não sabia que havia fonte?) Essa salvação que o Profeta já antecipa é pura graça, novidade e surpresa que Israel não sabia esperar! (Aliás, como se há-de esperar uma coisa que não se sabe que existe?)
O princípio da libertação e da renovação encontra-se no perdão que Deus concede, e jamais na acumulação dos nossos méritos. (quem teria dinheiro para comprar a salvação?) Não foi esta a única vez que tal sucedeu na história de Israel. Mas assim é Deus, o nosso Deus; essa é a sua maneira de actuar. Ele apaga os nossos delitos e esquece os nossos pecados. Sim, Deus é muito esquecido. (Felismente!) Somos filhos dum Deus esquecido, com perda de memória, sempre pronto a começar de novo, sempre pronto a recomeçar a escrever numa folha completamente branca. Deus é Pai misericordioso e nunca um juiz ou fuinha rancoroso sempre pronto a registar as nossas faltas! E são tantas as nossas faltas, e são tantas as vezes em que nos sentimos mal. E logo Lhe pedimos perdão, e voltamos a pedir perdão, e continuamos a pedir perdão sem nos darmos conta que já nos perdoou a primeira vez e que continua a perdoar, e que se nos perdoou quem somos nós para não nos perdoarmos a nós mesmos? Quem somos nós... O bom Deus é esquecido. Porque não nos esquecemos nós do duro peso do remorso, para melhor nos lançarmos na aventura do seu amor? Tenha uma Quaresma renovadora e feliz.
Chama do Carmo I NS 19 I 22 Fevereiro de 2009

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Irmã Carmelita no abraço do amor de Deus

Silencioso é o Carmelita, testemunhando o cultivar da delicadeza necessária ao ecoar da voz de Deus em seu íntimo. Escutando essa voz de amor, resposta de amor se torna a vida no dia a dia.
Mais uma Carmelita atingiu o cume da montanha para ser acolhida no abraço do amor de Deus!
Assim é de supor e confiar, olhando para uma vida que, já dos noventa anos a contar, setenta foram vividos neste Carmelo, onde reina o silêncio do deserto, ajudando a escutar a voz de quem se não cansa de chamar e convidar à intimidade do mais sagrado amor divino.
Foi na manhã de 11 do corrente mês de Fevereiro, quando a comunidade se congregava para celebrar a Eucaristia em memória da aparição da Imaculada Senhora de Lurdes. Com sinais de que o Mestre já a chamar à sua presença, havia recebido a santa Unção e repetidamente confortada pela absolvição de suas culpas e pelo Pão da Vida eterna. Aos socorros sobrenaturais, acrescentar-se-á a visita quase diária do Médico, sem lhe faltar a costumeira caridade de amparo que a comunidade reserva a cada uma.
Nessa manhã, tudo parecia normal, mas o coração parou na terra e terá começado a bater no céu com a alegria da gratidão. Em carinhosa veneração, inundada com o perfume da oração, ficaram seus restos mortais no segredo da clausura. E foi pelas mãos das irmãs da comunidade que desceu para as exéquias na manhã do dia 12.
Descendente de uma família natural de Viseu, teve a graça de nascer na China a 23 de Junho de 1919, sendo baptizada com o nome de Maria Fernanda. A dois de Outubro de 1940, entrou neste Carmelo de Viana do Castelo. Assim na Primavera dos seus 21 anos, entrou para ficar com o nome IRMÃ MARIA TERESA DO MENINO JESUS E DA SAGRADA FACE. A primeira consagração foi a 13 de Maio de 1942, tornando-se solene e perpetua no mesmo dia do ano de 1945.
Com o diploma de pianista, muito serviu a animação das celebrações comunitárias. Fiel à graça exemplar de Santa Teresinha, mostrou-se disponível para todo o serviço que lhe fosse confiado. A tudo sabia dar a unção do grande amor que lhe enchia o coração. Alegre, simples, delicada e sempre disponível para servir, são as notas mais salientes no rosto que fica na memória.
Setenta anos decorridos, a jovem de 20 anos, coroada de rosas brancas, agora na graça dos noventa anos, acompanhada pela comunidade de velas acesas nas mãos, sai da clausura e, corpo presente no meio dos fiéis, tem solenes exéquias, presididas por D. Abílio Ribas em nome do Prelado Diocesano. À presença dos Padres Espiritanos, juntou-se um bom grupo de Padres Carmelitas com o Reverendo P. Armando Rodrigues, Prior da Paróquia de Monserrate. O Capelão, P. Domingos Neiva, animou a celebração com belos cânticos cheios de esperança.
Sr. D. Abílio, em belas e distintas palavras, falou da felicidade no amor de Deus. Declarou confiar já no abraço eterno a Irmã Maria Teresa do Menino Jesus. Salientou acreditar que, em cada uma das Bem-aventuranças no Evangelho proclamado, estará um capítulo desta vida feita semente de novas vocações para este Carmelo e urgentes necessidades da missão da Igreja neste mundo.
O Prior da Paróquia com o Frei Superior dos Padres da Ordem do Carmo e um grupo de fiéis fizeram acompanhamento até ao silêncio da sepultura.
Carmelo, tesouro espiritual de Viana do Castelo, espera por quem venha manter acesa e viva a chama do amor e, no silêncio, anunciar a ternura fiel da presença de Deus a convidar todos os homens à alegria da paz.
Pe. Jorge Veríssimo
(Notícias de Viana 1409, 19 de Fevereiro 09, pag3)

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Amigos!

Este fim de semana foi de visitas. Sem amigos somos pobres, com amigos que nos visitam somos ricos. Com amigos que nos visitam e nos ajudam, ficamos trilionários, e sem palavras que não as do agradeciemento. Foi o caso deste fim de semana em que nos visitaram vários amigos: o escultor Zé Rodrigues, de Cerveira; o sr. Engenheiro David Leite, de Aveiro; o sr. Padre António da Encarnação, de Satão, diocese de Viseu; e um grupo de adolescentes do concelho de Viana sob a orientação do Cafap.
Foi um grande fim de semana, este fim de semana. Porque os amigos nos encheram os braços e alegraram a alma. Para eles de Deus a bênção, e de cada um de nós o agradecimento.

Os oito santos portugueses

São apenas oito os santos portugueses, nascidos depois da nacionalidade em 1143. E ainda assim, um nem oficialmente reconhecido. E nem todos nascidos no solo pátrio ou de origem portuguesa. Somos pequeninos também na santidade?

1. S. Teotónio, nasceu em Ganfei, Valença, em 1082; e morreu em Coimbra, no dia 18 de Fevereiro de 1162. Foi canonizado em 1163, um ano depois da sua morte, pelo Papa Alexandre IV.

2. São Gonçalo, nasceu em Tagilde, Vizela, em 1187; e morreu em Amarante, no dia 10 de Junho de 1671. Nunca foi oficialmente canonizado, mas em 10 de Junho de 1671 o Papa Clemente X confirmou o seu culto com Missa e Ofício próprios estendendo-o a toda a Ordem Dominicana e aos domínios de Portugal, incluíndo Índia e Brasil.

3. S. António, nasceu em Lisboa no dia 15 de Agosto de 1195; e morreu em Pádua, Itália, no dia 13 de Junho de 1231. Foi canonizado pelo Papa Gregório IX no dia 30 de Maio de 1232, seu grande amigo e admirador.

4. Santa Isabel, nasceu em Saragoça, Aragão, em 1271; e morreu em Estremoz, no dia 4 de Julho de 1336. Foi canonizada em 1665 pelo Papa Urbano VIII, em 1625, depois do grande empenho da dinastia filipina.

5. Beato Nuno, nasceu em Cernache do Bonjardim, no dia 24 de Julho de 1360; e morreu em Lisboa no dia 1 de Abril de 1491. Será canonizado pelo Papa Bento XVI, no dia 26 de Abril deste ano.

6. S. Beatriz da Silva, nasceu em Ceuta, em 1424; e morreu em Toledo, no dia 9 de gosto de 1492. Foi canonizada pelo Papa Paulo VI no dia 3 de Outubro de 1976.

7. S. João de Deus, nasceu em Montemor-o-Novo no dia 4 de Março de 1495; e morreu em Granada no dia 8 de Março de 1550. Foi canonizado pelo Papa Alexandre VIII, no dia 16 de Outubro de 1690.

8. S. João de Brito, nasceu em Lisboa no dia 1 de Março de 1647; e morreu em Oriur, Índia, no dia 4 de Fevereiro de 1693. Foi canonizado pelo Papa Pio XII, no dia 22 de Junho de 1947.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Venceu-se a si mesmo

A ‘VIDA SANTA’ DE UM COMBATENTE.
Nuno Álvares Pereira nasceu a 24 de Junho de 1360 em Sernache do Bonjardim, concelho da Sertã, distrito de Castelo Branco. Aos 13 anos de idade foi armado cavaleiro em Santarém e, com apenas 16 anos, casou com D.ª Leonor de Alvim, fixando residência em cabeceiras de Basto. Em 1381 foi nomeado Fronteiro-Mor do Alentejo e, em 1383, decide apoiar a causa do Mestre de Avis. A 8 de Abril de 1384, na Batalha dos Atoleiros, usa pela primeira vez a famosa táctica do quadrado, sendo, a 6 de Abril do ano seguinte, nomeado Condestável e Mordomo-Mor do Reino.

VITÓRIA EM ALJUBARROTA
A 14 de Agosto consegue uma retumbante vitória em Aljubarrota e a 2 de Outubro sai vitorioso em Valverde. A 25 de Julho de 1415 sai numa expedição a Ceuta e em 1422 fixa residência no Carmo, em Lisboa. No dia 24 de Julho de 1423 doa, definitivamente, a Igreja e o Convento que mandara construir à Ordem Carmelita. A 15 de Agosto desse ano recebe o hábito carmelita e renuncia a todos os seus títulos mobiliárquicos. Morreu aos 71 anos, no dia 1 de Abril de 1431 (dia de Páscoa), sendo sepultado no Carmo (hoje ruínas).

Oração do Beato Nuno

Senhor nosso Deus, que destes ao bem-aventurado Nuno de Santa Maria a graça de combater o bom combate e o tornaste exímio vencedor de si mesmo, concedei aos vossos servos que, dominando como ele as seduções do mundo, com ele vivam para sempre na pátria celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Amen.

Canonização do Beato Nuno

A data da canonização de Nuno Álvares Pereira foi hoje conhecida no Vaticano: 26 de Abril.O novo santo português foi inserido no primeiro grupo de cinco novos santos que serão canonizados no mesmo dia pelo Papa Bento XVI.
Ao lado de Nuno Álvares Pereira, no dia 26 de Abril, subirão aos altares quatro italianos – dois homens e duas mulheres – todos fundadores de congregações. A cura milagrosa que permitiu a canonização de Nuno de Santa Maria refere-se ao processo de Guilhermina de Jesus, uma sexagenária de Vila Franca de Xira, que sofreu lesões no olho esquerdo por ter sido atingida com salpicos de óleo a ferver quando estava a cozinhar. Na perspectiva dos organizadores portugueses, teria sido preferível a data de 11 de Outubro, para dar mais tempo aos peregrinos para se organizarem. O desafio passa agora por conseguir uma presença significativa de portugueses em Roma, sendo que faltam apenas dois meses para o grande acontecimento.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Inauguração da Universidade da Mística

A cidade de Ávila é reconhecida como o berço da mística cristã. No passado sábado, depois de quatro anos de longos trabalhos, a nossa Ordem inaugurou naquela cidade castelhana a Universidade da Mística, que, na prática, já ali funcionava desde Junho de 2008.
Este é «um grande projecto que visa estudar o fenómeno da mística centrado em S. Teresa de Jesus e S. João da Cruz, através dum diálogo formativo e da experiência», disse o carmelita P. Francisco Javier Sancho Fermín.
O edifício em forma de estrela é da autoria do Arq. Andrés Perea que se sentiu tocado pelos expoentes-mor da mística carmelita enquanto «viajantes incansáveis», para assim erguer um projecto «austero, aberto à natureza e nada controlado».

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Santidade, um procurar agradar a todos!

A Palavra de Deus deste domingo coloca de novo o sofrimento humano diante do nosso olhar e à
consideração da nossa inteligência e fé. Mais uma vez Jesus mostra como se faz: quebra barreiras, vai ao encontro, salva e devolve a saúde implicando-se com quem sofre.
Por outro lado, escutaremos na segunda leitura, da primeira carta aos Coríntios, uma série de normas para que os fiéis de comunidade saibam comportar-se na vida e agradar a Deus. Paulo anseia por fazer chegar o Evangelho a todos e apresenta-o com a sua palavra e com a sua vida, a fim de que todos o possam aceitar. O Apóstolo é a norma da comunidade, porque ele tem Cristo como a sua norma.
Como haveriam os cristãos de posicionar-se como indivíduos e como comunidade na amplitude do convívio social e no contacto com as outras religiões? A resposta é uma tarefa árdua para o Apóstolo que cruzou continentes e mares, culturas e religiões, para anunciar a Cristo e plantar a Boa Nova da salvação de Jesus.
Com toda a naturalidade a adesão ao Ressuscitado rapidamente incorporou homens e mulheres de muitas proveniências culturais e religiosas: judeus ortodoxos e da diáspora
— mais estritos os primeiros, mais liberais os segundos — que obedeciam à Lei; e muitos outros chegados de nenhuma fé ou obediência; e, como é óbvio, também outros de outras muitas crenças; e ainda os simples e os sábios, os acirrados e os frágeis. As comunidades paulinas eram tão diversas como diferentes eram as suas origens. Paulo sentiu isso, sentiu todo o emaranhado de tensões, os apelos e amarras do passado e as buscas de sentido. Por exemplo, como propor Cristo a um grego que antes se convertera ao judaísmo? E como anunciar o Evangelho a alguém que obedecera a um qualquer outro culto pagão? A todos, a uns e a outros, Paulo propôs a santidade de vida.
Aos coríntios Paulo propôs uma forma de comportamento, que os integrasse no conjunto da sociedade e que agradasse a Deus. Não foi fácil. Ainda hoje se verifica entre os cristãos o julgamento de que Deus aprecia carradas de orações, fazer muitas promessas e mortificações extraordinárias. Compreende-se que assim seja: levámos muitos séculos a destacar e a exaltar essas notas na vida dos santos, parecendo que só vivendo assim se poderia chegar a santo, e naturalmente chegar a fazer muitos milagres!
Porém, conceber assim a santidade é uma aberração que traz mais perigos que proveitos. A ser assim a santidade seria algo inalcançável, algo que estaria reservado a uma élite muito pequena. Em consequência estaríamos a assumir que Deus ao pedir-nos para sermos santos nos estaria a propor um objectivo exagerado, fora do comum, só para heróis.
A santidade, porém, não é isso que tantas vezes nos pregaram, que nos insinuaram, que com armas de retórica maciça nos bombardearam.
A santidade é mais simples. E é aqui que convém escutar Paulo, quando nos diz que até o comer e o beber, isto é, qualquer coisas simples que possamos fazer, pode dar glória a Deus, agradar-Lhe e engrandecer o seu Nome. Isto é, a simplicidade de vida — sim, com toda a certeza, a simplicidade e discreção de vida de tanta gente anónima! — encerra muita beleza e santidade e é muito agradável aos olhos de Deus. E a santidade é precisamente isto: viver a vida de tal forma que Deus esteja contente connosco, ou, para usar a linguagem que antigamente se usava e ainda é válida: a santidade é fazer a vontade de Deus.
Disse-se que o importante é que saibamos agradar a Deus. Mas o que o texto do Apóstolo refere é «agradar em tudo a todos». É algo tão amplo e exigente que parece não fazer sentido, mas faz. Procurar agradar aos outros como refere o Apóstolo é procurar que todos encontrem a Deus, dEle nunca se separem e assim todos se salvem. Isto é sem dúvida procurar a glória de Deus esquecendo a nossa pessoal. Procurar ser santo é, portanto, procurar viver sempre com o coração imerso em Deus, procurando querer o que Ele quer, pondo cada dia mais amor em tudo o que vamos fazendo, até mesmo nas coisas simples e sem importância. Essa pitada de amor que se exige de nós há-de colocar-se ao serviço de todos, até mesmo daqueles que não nos agradam tanto, ou dos que nos pagarão com más palavras, ou ainda que vão malinterpretar o nosso desejo de bem servir com amor.
Deus não pede o impossível, ainda que o que fica dito atrás o pareça ser. A solução está em nos socorrermos humilde, constantemente e em confiança do Senhor. O projecto de santidade é árduo, mas se alguém pode ajudar a alcançar o objectivo é Deus, que em nós primeiro o acende! O que não podemos, Ele pode. É concerteza necessário empregar todo a nossa coragem, mas sem Ele nada podemos. Por essa razão, lá teremos de ir rezando e com o maço dando, isto é, implorando a ajuda de quem a pode dar: Deus!
Chama do Carmo I NS 18 I 15 de Fevereiro

P. José Brahmakulam Chacko

A poucas horas do casamento do Jorge e da Manu chegou o P. José Brahmakulam Chacko, natural da paróquia de Puthenpeedika, diocese de Trichur, no estado de Kerala, Índia. E com ele um jovem, o Manoel, que já conhecia a casa e a cidade e guarda boas recordações do saudoso P. José Tomás. Chegaram quando cantávamos a Salve e a nós se associaram. Fizeram o reconhecimento e prometeram voltar logo. Amanhã, Dia do Senhor, estarão connosco e se Deus quiser presidirão à Eucaristia das 10:00h.
Até amanhã, se Deus quiser.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

VI Domingo do Tempo Comum

Só pode ser santa!

Hoje, um dia depois sua morte e nascimento para o Céu sepultámos a Irmã Maria Teresa do Menino Jesus e da Santa Face. Presidiu às Exéquias o senhor Dom Abílio Ribas, Bispo Emérito de S. Tomé e Príncipe, a que se associaram alguns irmãos sacerdotes do Carmo e do Espírito Santo e o Reverendo Pároco, e ainda um punhado de amigos zelosos e fiéis.
Toda a celebração decorreu em simplicidade e nobreza, que foram emprestadas pela fé e pelo carinho que lhe tínhamos e temos às nossas irmãs carmelitas. A homilia do Presidente da celebração foi também ela feita de simplicidade, de fé, de esperança e de certezas. Disse uma vez e depois repetiu: «Nós vimos rezar pela Irmã Maria Teresa do Menino Jesus, mas estou certo que é ela quem por nós reza no Céu, junto de Deus. Quem durante tantos anos se consagrou ao Senhor e Lhe foi sempre fiel, só pode ser santo, e um santo nasce para o céu a fim de apresentar as nossas orações ao Pai! E eu lhe quero especialmente pedir que lhe peça mais vocações sacerdotais, religiosas e missionárias para a Igreja de Jesus.»
Que assim seja.
Que descanse em paz. Amen.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Funeral da Irmã Maria Teresa do Menino Jesus

O Funeral da Irmã Maria Teresa do Menino Jesus realiza-se amanhã, pelas 09:30h, na Capela do Carmelo de S. Teresinha.

Faleceu a Irmã Maria Teresa do Menino Jesus

Faleceu esta manhã e dia de Nossa Senhora de Lurdes, no Carmelo de S. Teresinha e S. João Evangelista, a Irmã Maria Teresa do Menino Jesus. A Irmã Teresa tinha quase 90 anos de idade e 70 de Carmelita.
O seu funeral realizar-se-á amanhã em hora a determinar.
Requiescat in pace cum sanctum carmelitarum et cum Beatissimae Virgo Maria.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Encontro de Carmelitas Descalças

Decorre desde hoje até ao dia 16 na Universidade da Mística, em Ávila, o I Encontro Europeu de Carmelitas Descalças. São quarenta irmãs vindas de diversos lugares da Europa para este Encontro de pendor reflexivo, o que acontece pela primeira vez na história da Ordem, num encontro sem precedentes, que visa dialogar sobre os desafios que a actualidade faz ao seu estilo de vida.
Os temas a tratar reflectirão sobre a re-estruturação de presenças e o governo das comunidades, as vocações, a vida contemplativa, os meios e a relação com o espaço contemplativo e a clausura, o património artístico e cultural.
Na reflexão que será produzida estarão auxiliadas por diversos especialistas, como: Enrica Rosanna (Co-Secretária da CIVSVA), Luis Aróstegui (Superior Geral da Ordem dos Carmelitas Descalços), Robert Paul (Definidor Geral OCD), Prof. Juan Goti, especialista em arte e património religioso, Sebastiano Pacciola, cisterciense, (Co-Secretário da CIVCSVA).

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Faz sentido sofrer?

A Palavra de Deus deste Domingo coloca-nos implacavelmente frente ao sofrimento humano. Perante o sofrimento não há indiferença. Aliás, Jesus nem indiferente ficou diante duma (simples) febre, tal como testemunha o evangelho deste quinto Domingo Comum.
Job é no Antigo Testamento a figura que atrai o nosso olhar quando abordamos este tema. Quantas vezes, como Job, poderíamos nós dizer desde o nosso sofrimento: «A noite torna-se comprida, farto-me de dar voltas até que amanheça»?
Como qualquer humano também nós, cristãos, ansiamos por resolver a vida, isto é, tomá-la nas mãos, orientá-la, tirar dela o melhor proveito, ser feliz. Não há quem o não queira, sejamos ou não bafejados pelo dom da fé. Porém, quantas vezes, como Job, não concluímos que tudo é fugaz e não existe esperança em ser-se feliz?
Job é uma figura do Antigo Testamento ficcionada pelo autor sagrado, cuja vida tudo tinha para ser feliz. Nada lhe faltava. Porém, sobreveio-lhe a pena e o sofrimento, a derrota e a humilhação. Era um homem exemplar em sua vida, mas foi tocado por sofrimento inexplicável.
(Vale a pena ler este precioso texto sobre o sofrimento, e até apreciar o recorte literário de sabor oriental em que foi escrito!)
O Livro de Job, narrando a história desta personagem foi escrito para tentar responder à pergunta: existe um sentido para o sofrimento?
O sofrimento humano é um mistério. Por essa razão suscita perplexidade, compaixão, respeito. É uma realidade tão extrema, tão distante e tão íntima, que nos assusta terrificamente.
Recordemos Job: foi um sofredor inocente. Mas ainda assim, sofredor. Ele sabia que só fizera o bem, mas sofreu horrivelmente. No fim do seu sofrimento, Deus repreende os seus amigos por o terem reputado de mau; e o próprio Deus reconhece que ele é inocente. Logo, cabe a pergunta: porque existe o sofrimento? E outra pior: porque sofrem os bons e os inocentes?
Ainda que muito me custe afirmar, creio que o sofrimento pode ser um castigo: o papel de pai contém essa tarefa; e situações há em que o amor deita mão desta pedagogia. Porém, ainda assim o sofrimento nem sempre se entende, pois algumas vezes não pode ser entendido como como castigo.
Estou por isso certo que o enigma da dor é noutras muitas vezes a possibilidade de crescimento pessoal. Estou certo que o é, não estou certo que assim seja percebido e aceite. Olhado desde a fé, é-o certamente. No ensinamento de Jesus a proclamação das Bem-aventuranças dirige-se precisamente aos que são provados nos vários sofrimentos. É para eles, os sofredores, que está destinada a felicidade. Logo (algures) é possível ser-se feliz!
O sofrimento pode ser uma oportunidade. Obviamente, de crescimento.
Perante a iminência da própria dor Jesus orou insistentemente ao Pai para que a dor não o tocasse, não lhe ferisse o corpo e o espírito. Houve, porém, de passar pelo moinho de dor que foi a Cruz para vencer a morte que mata o corpo, lugar do sofrimento. Para vencer o sofrimento e a morte Cristo deu-lhes combate no território em que reinavam. E perdendo às suas mãos pela ressurreição venceu-as para sempre e ganhou-nos a nós na sua vitória.
Como compreender isto? Pela fé, unicamente pela fé e pela adesão confiante a Deus. Quem situa a sua vida apenas num horizonte sem abertura ao Criador fica prisioneiro nos limites do seu corpo dorido e apenas iluminado pelo escuro da dor. Porém, quem alumia a finitude confiante de que ela não é estanque mas aberta a Deus, esse (essa) sofre como todos sofrem, mas sofre iluminado pelo optimismo de que a sua dor é também assunto de Deus, em Quem pomos a nossa confiança porque tudo pode.
Os que têm fé também soçobram perante o sofrimento. E os que os rodeiam nem sempre podem ou sabem acompanhar a sua dor. Mas não há outro caminho. A melhor resposta à dor é a companhia e o sofrer com: a compaixão. Que grandes vitórias se podem alcançar numa simples visita à casa da dor!
Frequentar essa casa não significa que devamos amar a dor sem mais, e mesmo se a não podemos mitigar podemos ao menos mostrar amizade: o melhor remédio para um doente é ter um amigo. Quem está a sofrer está em inferioridade de condições, precisado de ajuda a fundo perdido (e nem sempre tem possibilidade de agradecer). Mas uma coisa pode fazer com sinceridade: oferecer a possibilidade de ser amado com verdade! Oferecer a oportunidade de amar e ser amado, e de também nós, os amigos, irmos preparando-nos para a escola em que tarde ou cedo nos inscreveremos como aprendizes ou atletas de longo curso.
Chama do Carmo I NS 17 I 8 Fevereiro 09

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O Santo Condestável

Nuno Álvares Pereira, também conhecido como Santo Condestável ou Beato Nuno de Santa Maria, Carmelita, foi o general da célebre Batalha de Aljubarrota, retratada por Camões em Os Lusíadas. Sobre a figura do Condestável em Os Lusíadas, o Prof. Dr. Márcio Ricardo Coelho Muniz, respondeu recentemente (no dia 3) à Agência Zénit:
– Como é apresentado D. Nuno Álvares Pereira n'Os Lusíadas?
– Nuno Álvares Pereira recebe por parte de Camões a consideração dada aos grandes heróis da pátria. Na condição de artífice da vitória na Batalha de Aljubarrota, que impediu a dominação castelhana durante a crise de 1383-1385, o Condestável terá um espaço, em termos de quantidade de estâncias ou oitavas do poema, que poucas personagens terão. Além disso, o poeta concede-lhe a voz narrativa num discurso feito durante a reunião do Conselho Real, em Abrantes, para decidir sobre a batalha, cuja força retórica só se assemelha à fala de outras importantes personagens do poema, como o Velho do Restelo, Inês de Castro e o Gigante Adamastor.
Os adjetivos com que o poeta qualificará a pessoa e as acções do herói também são representativos da deferência que lhe tem Camões. Nuno Álvares Pereira é forte, feroz, leal, verdadeiro, grande, valoroso, entre outros adjetivos que lhes ressaltam as qualidades físicas, morais e éticas. Ou seja, toda a descrição busca qualificá-lo como figura central e responsável não só pela vitória na Batalha de Aljubarrota, mas também pela construção e afirmação da liberdade do reino, governado por um novo rei, alçado ao trono por uma nova dinastia, a de Avis.

– Qual é o papel do Condestável na Batalha de Aljubarrota?
– O Condestável é o general da batalha. É ele, inclusive, que força o enfrentamento das hostes castelhanas, infinitamente superiores às portuguesas. Isto fica claríssimo no relato que o poema faz da reunião do Conselho de Abrantes, em sua grande parte, apoiado na Crónica de D. João I, de Fernão Lopes. Neste Conselho, D. João I buscou ouvir as diversas opiniões dos maiores do reino para decidir se enfrentava ou não o enorme exército castelhano.
Devido à superioridade das forças de Castela, a maioria dos conselheiros do monarca português sugeria uma intervenção militar pelo sul, entrando por Badajoz, de modo a obrigar as forças castelhanas a deslocarem-se para o sul, e, do mesmo modo, criando tempo para a negociação diplomática pela paz. Camões descreve esses conselheiros como "covardes", "desleais", e opõe às suas opiniões o longo e forte discurso de Nuno Álvares Pereira pelo enfrentamento imediato.
Decida a batalha, é o Condestável que organiza o combate, a estratégia da guerra, o posicionamento das diversas colunas de ataque e defesa, e é ele também, junto com seus homens, que toma a frente da batalha, enquanto D. João I permanece na retaguarda. Como se vê, a papel do Condestável na Batalha de Aljubarrota é central, tanto em Os Lusíadas, como nas crónicas que tratarão da batalha.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Vindo de longe, de muito longe

A Manu e o Jorge vão celebrar o seu matrimónio na casa da Senhora do Carmo. Vai ser em breve. A presidir à cerimónia estará o P. João Chungath, natural da Paróquia de Kottapady, diocese de Trichur, do estado de Kerala, Índia, e actualmente pároco de Nossa Senhora Auxiliadora, S. Vicente, Santos, no estado de São Paulo, Brasil.
Hoje esteve de visita à comunidade, apesar do «muito frio que faz na Europa». É tempo de neve, padre!, deveria ter-lhe dito. Depois ficou em adoração e rezou Vésperas e Completas connosco. Até ao dia da festa irá conhecer um pouco deste cantinho do mundo que é Portugal.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Renovação da Consagração

Senhor,
com a minha alma cheia de gratidão
por me teres chamado e escolhido,
entrego-te a minha vida para sempre e sem reservas.
Aceita-me, Senhor, aceita o meu sim,

Alimentado e fortalecido pelo dom da tua Palavra e da Eucaristia,
renovo hoje a minha consagração,
segundo carisma e a vida do meu Instituto.
Com a Virgem Santa Maria,
a verdadeira consagrada,
louvo o Senhor pelo dom da vocação.
Que a virgem Maria e os meus fundadores
me ensinem a percorrer sempre os caminhos da fidelidade.
Amen.

A caminho da fronteira

Os Consagrados que somos Igreja em Viana do Castelo reunimo-nos na Igreja Paroquial de Barroselas, sob a presidência de D. José Pereira, para assinalar o Dia do Consagrado.
Ao longo de todo o fim de semana, os religiosos e religiosas da Diocese fomos passando pelos diversos momentos litúrgicos e catequéticos daquela comunidade paroquial, procurando testemunhar a vocação a que fomos chamados e tornar mais visível esta realidade eclesial tão discreta.
Na tarde do dia 2 celebrámos a Eucaristia em conjunto, com muita leveza, alegria e acção de graças. Na homilia o sr. D. José perspectivando a vida consagrada desde as palavras de São Paulo: «Já não sou eu que vivo, é Ceristo que vive em mim», convidou os Consagrados a «serem esteios desta sociedade, nestes tempos tão perturbados», animou-nos a «estar disponíveis para servir toda a humanidade, sobretudo quem padece no corpo ou na alma», desafiou-nos a «revisitar as constituições fundantes e a assumir lugares de fronteira no anúncio da Palavra de Deus», e pediu-nos para sermos «testemunho luminoso, para que vendo-vos o mundo veja os valores do Cristianismo».

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Avisos para a Semana 1 - 7 Fevereiro

02 I Segunda-feira
>> Festa da Apresentação do Senhor.

04 I Quarta-feira
>> 13:30h - 20:00h Adoração Eucarística mensal.
>> Memória de S. João de Brito

05 I Quinta-feira
>> Memória Santa Águeda

06 I Sexta-feira
>> Memória de S. Paulo Miki e Companheiros.

07 I Sábado
>> Festa das Cinco Chagas do Senhor.
>> 16:00h Reunião da Equipa de Liturgia.

Um sinal (quase) invisível

No dia 2 de Fevereiro — quarenta dias depois do Natal — celebramos a Festa da Apresentação do Senhor no templo de Jerusalém. À entrada do templo o Menino Jesus, aconchegado ao colo da Mãe, foi reconhecido por dois velhos, Simeão e Ana, que, vigilantes e esperançosos, se haviam preparado para ir ao Seu encontro. Depois o Menino foi apresentado, isto é, oferecido em oblação a Deus, porque Ele é o Salvador que veio em obediência ao Pai para nos salvar. O dia 2 de Fevereiro é também o dia da Vida Religiosa ou Consagrada, daqueles e daquelas que ofereceram a vida toda e por toda a vida a Deus e à Igreja.
É certo e sabido que todos os séculos cristãos conheceram homens e mulheres empenhados em seguir o caminho proposto por Jesus, imitando-o radicalmente. E também é facilmente reconhecível que cada um adere a Jesus seguindo diferentemente o seu apelo «Vem e segue-Me». Os séculos sucederam aos séculos e a Igreja foi-se revestido de novos rostos e de formas novas de seguir o Mestre, renovando os modos e as respostas que o Espírito Santo vai inspirando às necessidades de cada época. Por exemplo: a comunidade apostólica é diferente da martirial, a monástica diferente da missionária. E todas irmãs e cristãs, e todas imitadoras de Cristo. Também em nossos dias existem discípulos determinados em seguir a Jesus Cristo. Todos em radical fraternidade, nem todos da mesma forma. Pois, se continua válida a Igreja estrutural e hierárquica é hoje cada vez mais necessária uma alternativa carismática e refrescante que se manifesta no surgimento de grupos religiosos que se propõem seguir a Cristo em liberdade e imitá-lO diferentemente, segundo modos novos que são dom do mesmo Espírito à Igreja.
O sinal de que aqui se fala é pois o da Vida Consagrada, o da existência daqueles homens e mulheres que consagraram a sua vida livre a Deus e à Igreja em pobreza, obediência e castidade. Deve, porém, considerar-se que um sinal só é sinal e só faz sentido se chegar a ser aquilo que se convencionou que fosse. Deve por isso poder ver-se, porque se não for visto não sinaliza, logo não cumpre a sua função. Logo não é sinal, mas uma contradição e negação do que deveria ser.
O que se diz diz-se dum qualquer sinal. De que serve um sinal num caminho ou num campo se o mato cresceu e o ocultou? Até pode estar lá a avisar a presença dum tesouro, mas se não for visto e percebido ninguém escava à procura do tesouro. Logo o sinal não cumpre a sua missão.
Há também sinais que com o passar do tempo e do uso se desgastam e se banalizam, perdem sentido, força e vigor. Não assim com a Vida Religiosa ou Consagrada, verdadeiramente um sinal no seio da Igreja que o Espírito Santo vai renovando e actualizando. Não assim, pois, com a vida dos frades e das freiras e de outros muitos consagrados, autênticos sinais do Reino no seio do Povo de Deus.
A oferta de nós mesmos, os Consagrados, os que vivemos em entrega pobre, casta e obediente a Cristo e à Igreja, não está de todo gasta, saturada de sentido, seja por excesso seja por defeito. Certamente, não por acaso, há poucas semanas, o bispo da nossa Diocese manifestou na nossa Comunidade a sua «alegria por ser mais bispo (se assim se pudesse falar...) por ter na minha diocese homens e mulheres consagrados; não muitos, mas ainda assim presentes, actuantes e fecundos.»
Não me admira a mim que um Bispo conhecedor do seu rebanho conheça e agradeça a vida, presença e serviço dos Consagrados. Nem me admira que gostasse de ter mais, e que reze para os ter melhores. Mas já me admiraria muito que em Viana do Castelo existam muitos cristãos que conheçam e reconheçam a totalidade (ou até mesmo grande parte) da presença dos Religiosos no seu seio. E que agradeçam também esse dom que somos, um dom gratuito entregue por Deus ao seu povo. Saberá a Igreja de Viana o nome das famílias religiosas que aqui conjuntamente caminhamos e nos santificamos? Saberá reconhecer o tesouro que tão delicadamente o Espírito lhes sinaliza? Saberá reconhecer, agradecer e retribuir enriquecendo-as com novas vocações?
No conjunto da peregrinação de fé do Povo de Deus faz sentido que haja quem assim tão belamente se entregue a Deus e à Igreja. Como dom total, livre e gratuito. Somos, parece, um dom esmorecido na Igreja. Não o sejamos por muito mais tempo, porque a torcida ainda fumega! Haja, pois, esperança.
O dia 2 de Fevereiro é o Dia dos Consagrados. Uma festa discreta para gente discreta, que de tão discreta é um sinal quase invisível, oxalá como o sal: invisível mas presente e bom.
Chama do Carmo I NS 16 I 1 Fevereiro 09