segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Eu sorrio. E você?

Um sacerdote recebe uma carta com a seguinte reclamação: «Faço parte desta comunidade há 17 anos e raramente falto à missa de domingo. Acho lamentável que ao longo destes anos todos cantem sempre os mesmos cânticos desconhecidos.»

domingo, 30 de janeiro de 2011

A propósito das Bem-aventuranças (II)

As crianças, como se sabe, gostam muito de falar dos seus pais. Acham-nos perfeitos e omnipotentes.

O meu pai é muito forte! Levou-me aos ombros até ao cimo de uma montanha altíssima!, dizia um menino aos seus amigos.
O meu pai é muito importante - dizia uma menina. Todos o chamam para trabalhar e, às vezes, deve ir para muito longe, porque só ele é capaz de consertar certas máquinas.
O meu pai é muito rico - gabava-se um terceiro. Comprámos um carro novo que é o mais bonito lá da terra. E também o meu tio veio vê-lo e disse que gostava muito dele, mas que ele não o podia comprar.
A quarta criança não sabia o que dizer e dava voltas à cabeça para encontrar algo de extraordinário que distinguisse o seu pai; efectivamente, ela tinha um pai normal. Por fim arriscou: O meu pai é capaz de fazer feliz a minha mãe. Até quando ela está zangada, até quando ela está doente, consegue sempre fazer com que ela sorria. E pareceu-lhe que estava cheia de razão ao considerar o seu pai o melhor de todos.
E agora só me apetece concluir: Felizes os que são felizes só por fazerem felizes os outros!...

A propósito das Bem-aventuranças (I)

Na minha casa há dois quartos, duas camas, uma janela e um gato branco - diz uma menina da Costa Rica. Na minha casa comemos só à noite, quando o meu pai volta a casa com uma bolsa cheia de pão e de peixe seco. Na minha casa somos todos pobres, mas o meu pai tem os olhos azuis, a minha mãe tem os olhos azuis, o meu irmão tem os olhos azuis, eu tenho os olhos azuis e também o gato tem os olhos azuis. Quando estamos todos sentados à mesa, na nossa casa parece que está o céu.
E a mim só me apetece dizer: Felizes os pobres! Porque há casas muito ricas onde não há felicidade.

(Alteração!) A Adoração será no dia 9 de Fevereiro

Alteração da Adoração!
No dia 2 de Fevereiro celebramos a Festa da Apresentação do Senhor e celebramos também o Dia dos Consagrados. A nossa Comunidade celebrá-lo-á na Paróquia de Santa Marta juntamente com os Consagrados da Diocese.
Por essa razão a Tarde de Adoração passa para a próxima Quarta-feira, dia 9 de Fevereiro.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Biografia do Bem-Aventurado Francisco Palau

(1811-1872)
Seguindo em grandes traços as jornadas da sua vida apostólica, poderíamos esquematizar assim a ficha biográfica de Francisco Palau y Quer, no Carmo P. Francisco de Jesus Maria e José.
Nasceu em Aitona no dia 29 de Dezembro de1811. É filho de José Palau e Antónia Quer, família de camponeses e de modestos haveres económicos mas bem enraizados na tradição e na prática cristã.

No ano 1828 entrou para o Seminário de Lérida onde cursa três anos de filosofia e um de teologia. No Seminário surpreende-o a graça do chamamento ao Carmo. Interrompe os seus estudos e em Outubro de 1832 ingressou no Noviciado carmelitano de Barcelona, onde professou no ano seguinte, no dia 15 de Novembro de 1833. Ali continuou os seus estudos teológicos. Foi ordenado Diácono no dia 22 de Janeiro de 1834.

Na noite de 25 de Julho do ano seguinte o seu convento foi assaltado e saqueado pelos revolucionários políticos. Frei Francisco e outros religiosos escapam à morte certa, fugindo precipitadamente. Bem depressa deu consigo na cadeia da cidadela barcelonesa. No ano seguinte dá-se a exclaustração definitiva de todos os religiosos de Espanha.

Reegressa à sua terra natal, onde retorna a vida ascética e alterna a solidão eremítica e o serviço diaconal. Mantém-se em contacto com o Provincial carmelita, que o encaminha para o sacerdócio e é ordenado Sacerdote em Barbastro, no dia 2 de Abril de 1836.

A primeira grande etapa da sua vida sacerdotal é marcada por um novo desterro. Frei Francisco tem que passar os Pirenéus e viver exilado em França. Ali ensaia novamente a vida solitária e ao mesmo tempo exerce um intenso apostolado.

De regresso a Espanha e depois de uma breve experiência contemplativa na solidão de Montsant (Verão de 1851), inicia as suas tarefas apostólicas em Barcelona com a direcção espiritual do Seminário e, sobretudo, com a criação da Escola da Virtude na Igreja Paroquial de Santo Agostinho: lições dominicais e a publicação do Catecismo das Virtudes.

Nova interrupção no seu apostolado pelos senhores da política: com o pretexto de travar as revoltas dos trabalhadores barceloneses, o Capitão General de Catalunha suprime a Escola da Virtude e confina o P. Francisco Palau à ilha de Ibiza (que na altura era destino para os desterrados). Hei-lo outra vez mais de seis anos de desterro (1854-1860).

No exílio terá ocasião de exercer um intenso ministério sacerdotal, que logo se estenderá às ilhas de Maiorca e Menorca. É, sobretudo, em Ibiza que ele pratica esse ministério: ali descobre – para a sua sede de solidão – o maravilhoso ilhote do Vedrá; funda a casa e a Ermida de Es Cubells; entroniza nela a imagem de Nossa Senhora das Virtudes e fomenta no povo a devoção a Maria. Funda o Carmelo Missionário e começa a redacção da sua obra pessoalíssima “As Minhas Relações com a Igreja” (1861) que em parte seguirá escrevendo na ideal solidão do Vedrá.

A última etapa da sua vida é, talvez, a mais intensa e com mais dificuldades. Recupera a liberdade de acção. Viaja repetidamente a Roma (1866 e 1870). É nomeado director dos Terceiros Carmelitas de Espanha (1867). Inicia em Barcelona a publicação do Semanário “O Ermitão”, fundado, dirigido e, às vezes, ilustrado por ele próprio. Começa e leva para a frente um intenso trabalho de exorcimo e assistência aos enfermos. E sobretudo responsabiliza-se pela formação e direcção dos religiosos e religiosas por ele fundados concretamente as Carmelitas Missionárias.

Em plena actividade apostólica, Frei Francisco Palau é surpreendido por uma doença quase fulminante (de 10-20 de Março), e entrega a sua alma a Deus em Tarragona no dia 20 de Março de 1872, com 60 anos de idade.

Foi beatificado em Roma no dia 24 de Abril de 1988, por sua Santidade João Paulo II.

Carmelitas Missionárias de Beja

Orações para os dias da Semana da Vida Consagrada

De 30 de Janeiro a 6 de Fevereiro viveremos a Semana do Consagrado de 2011.

No dia 2 de Fevereiro de cada ano celebramos a Festa da Apresentação do Senhor no Templo de Jerusalém. Esse é também o Dia do Consagrado. Nesse dia a Igreja celebra a oferta total de Jesus ao Pai, por Maria e José, desde os primeiros momentos da sua existência terrena. E olhando na fé o oferecimento de Jesus, nós, consagrados e consagradas, sentimo-nos convidados a renovar a entrega nas mãos de Deus e a fazer da nossa existência um dom de amor, um testemunho comprometido com a realidade do Reino, ao serviço do projecto salvador de Deus para os homens e para o mundo. Por isso oferecemos de seguida uma oração para os dias desta Semana.

Pai de imenso amor e omnipotente,
fonte da minha esperança e da minha alegria.

1. «Tudo o que é meu é teu».
«Pedi e ser-vos-á dado».
Pai, acredito firmemente:
o teu amor ultrapassa-nos até ao infinito.
Como pode o amor dos teus filhos competir com o teu?
Oh! A imensidade do teu amor paterno!
Tudo o que é teu é meu.
Aconselhaste-me a rezar com sinceridade.
Então confio-me a Ti, Pai pleno de bondade.

2. «Tudo é graça».
«O vosso Pai celeste sabe do que necessitais».
Pai, creio firmemente:
que desde sempre
ordenaste todas as coisas para nosso maior bem.
Não cessas de guiar a minha vida.
Acompanhas cada um dos meus passos.
Que poderei temer?
Prostrado, adoro a tua santa vontade.
Entrego-me totalmente nas tuas mãos,
é através de Ti que tudo acontece.
Eu que sou teu filho, creio que tudo é graça.

3. «De tudo sou capaz naquele que me dá força» .
«Para que seja prestado louvor à glória da sua graça».
Pai, creio firmemente:
nada ultrapassa o poder da tua Providência.
O teu amor é infinito,
e eu quero aceitar tudo com coração alegre.
O louvor e o reconhecimento são eternos.
Unidos à Virgem Maria,
associando as suas vozes às de todas as nações,
S. José e os anjos cantam a glória de Deus
por todos os séculos dos séculos.
Ámen.

4. «Fazei tudo para glória de Deus».
«Faça-se a tua vontade».
Pai, creio firmemente e sem hesitar
que tu operas e ages em mim.
Sou objecto do teu amor e da tua ternura.
Tudo o que pode dar-Te ainda mais louvor,
Tu realiza-lo em mim!
Não peço mais do que a tua glória,
isto basta para me satisfazer e fazer feliz.
Esta é a minha aspiração maior,
o desejo mais premente da minha alma.

5. «Tudo pela missão, tudo pela Igreja!».
Pai, creio firmemente:
confiaste-me uma missão, marcada pelo teu amor.
Prepara-me o caminho.
Eu não cesso de purificar-me
e de afirmar a minha resolução.
Sim, estou decidido:
tornar-me-ei uma oferta silenciosa,
serei um instrumento nas mãos do Pai.
Consumarei o meu sacrifício, segundo a segundo,
por amor da Igreja: «Eis-me, estou pronto!».

6. «Tenho ardentemente desejado comer esta Páscoa convosco».
«Tudo está consumado».
Amado Pai!
Unido ao santo Sacrifício que continuo a oferecer,
ajoelho-me neste instante e por Ti pronuncio
a palavra que brota do meu coração: «Sacrifício».
Um sacrifício que aceita a humilhação como glória,
um sacrifício alegre, um sacrifício integral…
Canta a minha esperança e todo o meu amor.
+ Francisco-Xavier Van Thuan, Card.

Chama do Carmo I NS95 I  Janeiro 30, 2011

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Avisos, Janeiro 31 - Fevereiro 05

31 Janeiro - segunda
Memória de São João Bosco (1815 -1888).

02 Fevereiro - Quarta
>> Festa da Apresentação do Senhor. Em ambas as Missas haverá bênção das velas.
>> 19:00h Celebração do Dia do Consagrado na Paróquia de Santa Marta.

03 Quinta
Dia de oração pelas vocações.

04 Sexta
Memória São João de Brito (1647 - 1693).

05 Sábado
>> Memória de S. Águeda (+ 251).
>>  16:00h Vamos juntos repensar a pastoral da Igreja em Portugal. Participe. Pode levantar o texto do documento na Portaria do Convento ou na Sacristia. Obrigado.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mourinho, Deus e a Bíblia

Mourinho acredita que Deus também faz parte da sua carreira de sucesso e, rejeitando superstições, gosta de ler algumas páginas da bíblia antes dos jogos, não para «Lhe pedir ajuda», mas porque «acredita que Ele está». Disse:
«Quando leio a Bíblia não estou propriamente a pedir-Lhe para que me ajude. Eu não peço para que me ajude num jogo. Mas penso que se eu for um bom homem, um bom pai, um bom marido, um bom amigo,se tiver uma vida social compatível com aquilo que são os Seus ideais, penso que tenho mais possibilidade de... É uma coisa que me alimenta na fé».
E mais à frente referiu: «Eu digo sempre: Ele lá em cima apontou para mim e disse 'tu vais ser um dos talentosos naquela área'. E assim foi».
E ainda: «Sem ser aquele praticante profundo (que não o sou ou por personalidade ou pelo próprio estilo de vida que acabo por ter) acredito muito que Ele está e que, da mesma maneira que me escolheu como um dos eleitos, eu tenho também uma missão a cumprir neste mundo».
E por fim: «A minha leitura de duas, três, quatro páginas da Bíblia antes dos jogos é simplesmente um acto de fé e de me sentir bem».

Bicentenário do nascimento do Bem-aventurado Francisco Palau

«Declaramos um Ano Jubilar para as Congregações Carmelitas Missionárias Teresianas e Carmelitas Missionárias, que se abrirá no dia 29 de Dezembro de 2010, na Catedral de Barcelona, e se encerrará no dia 29 de Dezembro de 2011 na Paróquia de S, Antolín de Aitona, Lleida. Convidamos toda a família palautiana a viver este tempo como um ano de graça e solidariedade na alegria do Espírito e na acção de graças pelo dom de Francisco Palau e do seu carisma de amor e serviço apaixonado à Igreja; no espírito de conversão, no regresso a Deus, acolhendo a sua misericórdia e o seu perdão a fim de vivermos mais perto do evangelho de Jesus; no compromisso decidido pela santidade a que estamos chamados em todas as formas de vida cristã, para que como Francisco Palau mostrarmos o amor a Deus e ao próximo.»
Superiora Geral das Carmelitas Missionárias Teresianas
Superiora Geral das Carmelitas Missionárias

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Dizer

«Não direi coisa que não tenha experimentado.» (S. Teresa de Jesus, Caminho, prólogo)

domingo, 23 de janeiro de 2011

Um pé na poesia, outro no futebol

Perguntaram ao Poeta de que fala a poesia. A sua. Se tudo o que diz diz do que viveu. Mas porque existe mais mundo que o mundo experimentado o poeta disse que não. Nem tudo o que diz o viveu. Agradece-se a sinceridade, e como nos ensinou a discordar dele então permito-me compreender os que amam o futebol: pelo menos dizem e falam do que vivem e daquilo a que todos podemos ter acesso, assim tenhamos pelo menos um pé!

De olho da Noite Escura, parte dois

Enquanto a maioria via futebol e se saciava com a estética da redondinha um punhado de irredutíveis — 35 no máximo! — reuniu-se na noite passada no Auditório da Junta de Freguesia de Caíde de Rei em torno da poesia. Nem a noite nem as distâncias, nem o frio nem o vento, nos separaram da poesia. Fomos alguns de Viana e de Paços de Gaiolo, receberam-nos os da Casa.
O poeta chamava-se João Manuel Ribeiro, que já não é caloiro nestas andanças. Bom comunicador, arrasou a audiência durante quase duas horas, mas deixou-a respirar, intervir, discordar, fruir. Publica desde tenra juventude poemas maduros de incerteza, atirados para a fogueira do gozo e da fruição. Não tem medo ao embate e oferece-se no altar dos sentidos sem oferecer-se como verdade. Ver, gozar e sentir foi o que nos ofereceu na qualidade de buscador de palavras que digam da melhor forma o que as palavras querem dizer.
A vida não é só futebol. A vida não é só reflexão. Nem só crise. Nem só frio. Por isso foi gratificante ter passado um par de horas naquela aldeia de irredutíveis gauleses em torno da fogueira da poesia. Parabéns aos Sementinhas e ao Carmo Jovem, ao Jorge e à Marta, e ao João Manuel Ribeiro que escreve para nos deliciar e consegui-o.

sábado, 22 de janeiro de 2011

As primeiras palavras

Começamos neste domingo terceiro do tempo comum a leitura continuada do Evangelho de Mateus. Não a começamos de início, mas pelas primeiras palavras públicas de Jesus Messias. Antes, já Mateus narrou os mistérios da infância de Jesus e o seu Baptismo no Jordão, aos trinta anos.
Logo depois Jesus abandonou a sua casa de Nazaré e fixou-se na cidadezinha de Cafarnaum. Esta cidade da beira mar será a sua casa e a base da sua pregação.
Tudo é novo quando nos nasce uma criança. Na família acende-se uma luz e tudo o que ela faça ou diga é tão novo tão novo que é digno de transcrição em acta para memória futura. As suas primeiras palavras ficam-nos gravadas para sempre, com a mesma (im)perfeição e inflexão de voz.
Os primeiros trinta anos da vida de Jesus são ocultos, isto é, são de uma vida tão normalíssima que parece sem brilho, sem chama, sem interesse. Deles possuímos raras informações. E dos doze aos trinta anos não possuímos mesmo uma que seja! É como se a vida normal de quem quer que seja (e a de Jesus também) jamais tivesse história para contar. Porém, esse silêncio de Nazaré vale para nós como uma afirmação maior: a vida normal dum trabalhador e a vida normal duma família são lugar de caminhada para Deus e de santificação humana.
No Evangelho deste domingo, segundo Mateus, ouvimos as primeiras palavras de Jesus investido como pregador e profeta do Reino. Foram elas: «Convertei-vos, porque o Reino de Deus está próximo»; «Segui-me e farei de vós pescadores de homens.»
São palavras para guardar, porque por alguma razão foram as escolhidas por Jesus para serem as primeiras. Por isso qualquer cristão as deveria saber e trazer gravadas no coração.
Jesus inicia hoje o período público da sua vida, que durou os últimos três anos. As suas primeiras palavras — e merecem destaque por serem as primeiras e a síntese de toda a sua mensagem — são o anúncio de que o Reino de Deus está a chegar e exige conversão, e o chamamento dos primeiros discípulos, que prontamente O seguem.

O Reino de Deus está próximo
Quando amanhece a luz separa e esparze as trevas. Assim foi o Natal de Jesus: um aparecimento da luz, e em certo modo o mesmo sucedeu quando Jesus começou a pregar. A sua palavra separa o tempo obscuro do não dito e do dito, do desconhecimento de quem Ele seja e o sentido da sua missão.
Há luz quando Jesus fala.
As suas palavras são um convite a que cada pessoa que com Ele se encontre procure rever toda a sua vida. Quem com Jesus se encontra entra numa nova ordem. Já não valem os valores deste mundo, mas os desejos de Deus. Por isso, desde o início, Jesus chama à conversão, porque o Reino de Deus está próximo deste mundo.

Segui-me
As palavras de Jesus não são secretas. Não foram ditas em segredo. Não fundaram nenhuma sociedade secreta que guardasse a sua sabedoria de salvação. O projecto de Jesus era bem outro, por isso começou a caminhar à beira mar propondo aos pescadores de Cafarnaum que O seguissem.
Convenhamos que não é coisa fácil!
Segui-me é ainda a mensagem para hoje. Pelas bordas da nossa vida Jesus vai passando e convidando. E o que era difícil antes continua a ser hoje. Ser cristão, isto é, ser de Cristo e como Cristo é um chamamento a entrar numa comunidade que torne possível o encontro com Jesus, a segui-lO e a continuar a sua missão evangelizadora.
Jesus percorria a região da Galileia ensinando nas sinagogas e curando as doenças do povo. Eis num resumo a confirmação da força das palavras de Jesus. Eis também a razão por que precisava de discípulos: a sua missão de iluminação tinha de continuar para além do tempo dEle. Por isso precisava que alguém O seguisse de perto e dEle recolhesse a luz, O visse a anunciar e a rezar e dEle aprendesse.
Surpreendentemente a luz da palavra de Jesus foi primeiro oferecida a quem se habituara a precisar de luz no meio da noite: os pescadores. Eles seguiram a luz da palavra e assim eles são modelos para a nossa escuridão. O Senhor deseja hoje iluminar as nossas vidas com a única luz que sabe nos pode iluminar. Num tempo de crepúsculo vocacional bem falta nos faz a luz de Jesus. Talvez hoje ela nos mostre que não basta pedir apenas vocações e mais vocações sacerdotais e religiosas, mas sobretudo laicais que O sigam e sem condições sirvam a Igreja e o Mundo com a luz e o sal que Cristo a todos nos infunde.
Chama do Carmo I NS94 I Janeiro 23, 2011

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Janeiras

A tradição não morreu, mas esvaiu. Este anos vieram dois grupos cantar-nos as Janeiras: aumento de cem por cento! Do primeiro não ficou registo, do segundo ficou bom registo e melhor lembrança. Os meninos do Quarto Ano da Escola do Carmo, com as suas Professoras e Directora, vieram saudar-nos, cantar-nos as Jeneiras e desejar-nos Bom Ano. Também para eles. E seus pais e familiares. Gostámos muito da visita, mas quem mais delirou foi o P. Maciel. Aqui ficam as fotos de há uma semana atrás:


 
 
 

Avisos, Janeiro 23-31

24 I Segunda
S. Francisco de Sales (1567-1622).

25 I Terça
>> Festa da conversão de São Paulo.
>> Encerramento da Semana de oração pela unidade dos cristãos.

26 I Quarta
Memória de S. Timóteo e S. Tito (Séc I).

27 I Quinta
Memória de S. Henrique de Ossó (1840 - 1896).

28 I Sexta
Memória de S. Tomás de Aquino (1225 - 1274).

29 I Sábado I Formação litúrgica A partir das 09:30h, no Centro Paulo VI. Formação litúrgica para Leitores, Coralistas e Ministros Extraordinários da Comunhão. Carece de inscrição.

30 I Domingo das Bênçãos
Em todas as nossas Missas: Celebração das bênçãos da família.

31 I JAN - 3 FEV I Semana de Estudos Teológicos
21:30 I Semana de reflexão dobre a urgência duma nova evangelização. No auditório do Instituto Católico.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Dados e factos inéditos

O número de papas que foram santificados ao longo da história chega a 78, incluindo o apóstolo Pedro; e outros dez foram beatificados.
Há cerca de mil anos que um papa não beatificava o seu antecessor.
A santidade de Leão IX (1002-1045) e de Gregório VII (1020-1085) foi reconhecida imediatamente depois de seus falecimientos.
O último papa proclamado santo foi Pio X (1835-1914), que foi canonizado em 1954, já nos tempos modernos.
Praticamente, todos os bispos de Roma subiram aos altares até o século VI, entre eles São Dâmaso I (366-384).
A partir desse século, o número de pontífices proclamados santos caiu, destacando-se Gregório I, "O Magno", cujo papado se estendeu de 590 a 604, e que é considerado um dos doutores da Igreja.
Os vigários de Cristo que subiram aos altares foram menos nos séculos seguintes. De fato, durante a Idade Média, só foram santificados dois papas no século XI (Leão IX e Gregório VII) e um no século XIII (Celestino V).
Pio V foi o único santificado do Renascimento, e, em seu papado (entre 1566 e 1572), ocorreu a vitória cristã na batalha de Lepanto, e foi ele que excomungou a rainha Isabel I da Inglaterra.
Desde então, é preciso remontar ao século passado, quando Pio X foi santificado.
O primeiro papa beato foi Vítor III, cujo pontificado só durou pouco mais de um ano, de 1086 a 1087.
Seu sucessor, Urbano II, também foi beatificado, assim como Eugênio III (século XII), Gregório X (século XIII), Inocêncio V (século XIII), Bento XI (século XIV), Urbano V (século XIV) e Inocêncio XI (século XVII).
Pio IX e João XXIII são os dois últimos papas beatos, ambos beatificados por João Paulo II, no dia 3 de Setembro de 2000.
O primeiro deles exerceu seu pontificado entre 1846 e 1878 – o segundo mais longo da história – e proclamou os dogmas da Imaculada Conceição de Maria, em 1854, e a infalibilidade do Papa durante o Concílio Vaticano I, em 1870.
João XXIII também conhecido como o "Papa Bom", ocupou a cátedra de São Pedro entre 1958 e 1963, e, dois anos depois de sua morte, quiseram fazê-lo santo por aclamação durante o Concílio Vaticano II, que ele havia convocado.
Actualmente, encontra-se aberto o processo de beatificação de Pio XII (1939-1958) e de Paulo VI (1963-1978).
João Paulo II adiantar-se-á aos dois anteriores e será elevado à glória dos altares sem que o processo para sua beatificação tivesse que esperar os cinco anos de sua morte, como contempla a normativa vaticana.
Embora Bento XVI tenha decidido no começo do seu pontificado não oficiar cerimónias de beatificação e só de canonizações, novamente fará uma exceção e proclamará Karol Wojtyla beato.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Um Menino pequenino, pequenino, pequenino

De devoções está o mundo cheio, isto é da lembrança mais comum. E nem todas são santas. De devoções bobas, livre-nos Deus, é ainda uma sábia expressão de Santa Teresa.
A devoção à Santa Infância de Jesus é um das ternuras da nossa Ordem. Na clausura dos Carmelos e nas nossas Igrejas do Carmo é frequente haver meninos, muitas imagens do Menino Jesus.
Que nos lembram o filho de Maria, menino que foi como nós.
Apagadas as luzes e as velas do Natal ficam sininhos tinindo e remoendo suave nossos ouvidos. Salvo raríssimas excepções de alguns mais azedos, já quase apetece seja Natal outra vez. O frio de Dezembro puxa-nos para dentro, para o aconchego das histórias, para o brilho das fitinhas e das surpresas, para junto da segurança dos cabelos brancos.
É por isso que tanto amamos o Natal.
Não teve essa sorte a Páscoa.
Não tem a alegria dum nascimento, mas a crueza duma morte. Não tem anjos cantando, mas ausência deles a deixar morrer o Senhor da Glória. Não tem ternura, mas violência. Não tem aconchego, mas separação, traição e fuga dos amigos. Não tem um menino doce e terno ao colo da Mãe, mas um cadáver rasgado e frio no regaço doloroso da Dolorosa.
A Páscoa não tem a ternura do Natal.
Num tempo em que a infância é um bem cada vez mais escasso e mais ameaçado e em risco, faz-nos bem, creio, olhar a infância do Menino de Maria e José, e vê-lO crescido de 3, 5, 7, 10, doze anos. Vê-lo menino e rei, Deus e homem.
Anualmente, nós, Carmelitas portugueses, vamos como peregrinos ao Santuário do Menino Jesus para ajoelhar e rezar, para vê-lo e saudá-lO, pedir-Lhe e agradecer-Lhe, louvá-lO e prometer continuar a correr o carreiro da fé.
Recordam-nos os Estatutos da Confraria do Menino Jesus de Praga — quem em Viana não existe, embora existam muitos devotos — que o segundo Domingo do Tempo Comum lhe seja dedicado.
Agora que terminaram as festas natalícias é o que aqui fazemos. Contemplamos e escutamos mais uma vez a Santa Infância de Jesus pedindo-Lhe que nos abençoe, abençoe as nossas crianças e nos ajude a ver e a valorizar esperançosamente a infância toda ela frágil.
Se as crianças têm muito ou pouco que dizer-nos nós não sabemos. Porque as não deixamos falar, não queremos saber o que pensam em pequenino. Se ouvirem já não está mal, pensamos. Sossegadas na net é que estão bem, julgamos. Ou melhor, estamos bem ainda que elas estejam em risco. Mas ficamos descansados. Por isso nunca lhes perguntamos. E o que é bem pior elas raramente fazem parte dos assuntos das nossas homilias. (Que coisas poderíamos dizer directamente às três ou quatro crianças que se sentam nas Missas da nossa Igreja do Carmo?)
Saber olhar as crianças, propor-se cuidar e saber cuidar delas obriga-nos a olhar para Jesus menino e para o fazer de Jesus com elas.
Enquanto menino foi inteiramente menino. Gostava dos pais, da bola, das brincadeiras, dos amigos, de rezar, de Deus a quem aprendeu a chamar Abbá, Papá.
Quando crescido e assumido como Messias, colocou sabiamente as crianças no centro das suas atenções. Nós, porém, nós os homens e mulheres do século XXI, herdamos esse saber rançoso dos contemporâneos de Jesus que impede que elas se aproximem do Senhor, que as afague, lhes fale e sorria.
Nós não sabemos pô-las no meio de nós, no centro das nossas assembleias cristãs, dos nossos cuidados espirituais e da amizade com Jesus, não sabemos deixá-las falar e falar com elas e falar delas. Nós somos tão esquecidos, que até já esquecemos como era bom dormir muito, correr e transpirar muito, inventar histórias de mundos novos e impossíveis com reis e princesas de encantar, já esquecemos como é bom comer a fatia maior do bolo, ir à catequese, falar ao Amigo, e ouvir histórias do Primeiro e Segundo Testamentos, e muitas outras mais coisas assim sem jeito para gente de grande saberes e maiores dores de cabeça.
Jesus sabia perder tempo com as crianças. Ainda que cansado, Ele não as apartava; mas as chamava para si a fim de nos ensinar que elas é que são o verdadeiro modelo para os seus discípulos.
Sim, também hoje as crianças são impedidas de chegar a Jesus! Não queremos que elas vão, que talvez elas nos obriguem a ir ter com Ele, e com elas aprender a gostar dEle!
Que chatice, haveria de ser lindo!
Olhando as nossas crianças é impossível não ver Deus feito pequenino, pequenino, pequenino. Deus abaixado e rebaixado para nosso encanto e felicidade, a dizer-nos que sempre podemos crescer em estatura e em sabedoria, em graça, amor e santidade.

Chama do Carmo I NS 93 I Janeiro 16, 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Beatificação de JPII será no próximo dia 1 de Maio

João Paulo II será beatificado a 1 de Maio, anunciou hoje o Vaticano. Bento XVI aprovou oficialmente um milagre atribuído a João Paulo II, o último passo no caminho da beatificação. O passo seguinte, embora não obrigatório, é o da canonização.
A beatificação está marcada para 1 de Maio. A data é muito significativa, sendo a celebração da Divina Misericórdia, uma festa instituída por João Paulo II, assinalada no primeiro domingo depois da Páscoa - precisamente o dia em que faleceu.
João Paulo II foi Papa durante 27 anos, um dos mais longos pontificados da história da Igreja, e morreu em Abril de 2005.
Durante o seu funeral, milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro gritaram “Santo Subito”, pedindo uma canonização imediata. A Igreja, porém, optou por seguir as regras nesta matéria e aguardar eventuais milagres, abdicando apenas dos cinco anos de espera entre a morte e o início do processo, por iniciativa pessoal de Bento XVI .
O caso de uma freira francesa de 48 anos, que ficou curada de Parkinson depois de pedir a intercessão do Papa polaco, foi considerado milagre pelos especialistas do Vaticano.
É também significativo que seja Bento XVI a celebrar a beatificação, pois o actual Papa tinha decidido, no início do seu pontificado, só proceder a canonizações, abrindo até agora uma única excepção para o cardeal Newman, no passado mês de Setembro, em Inglaterra.

Avisos, Janeiro 16-23

16 Domingo
Celebramos hoje a Festividade do Menino Jesus de Praga.

17 Segunda
Memória de S. Antão (+356).

18 Terça
Início do Oitavário de oração pela unidade dos cristãos.

19 Quarta
17:45h  Oração teresiana.

21 Sexta
Memória de S. Inês (inícios do séc. VI).
 
12 Fevereiro, Sábado
Reunião para Repensar juntos a pastoral da Igreja em Portugal. Participe.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Baptizados para sempre!

A Igreja celebra neste domingo a Festa do Baptismo de Jesus. E assim termina o Natal.
No domingo passado celebrámos a manifestação de Deus aos Magos, isto é, a todos os povos; oito dias depois celebramos a manifestação do Pai que proclama Jesus como seu Filho muito amado. Eu também fui baptizado. E quase todos que pegarão nesta Chama também. Boa ocasião para pensar.
Uma vez baptizados, baptizados para sempre!
O Baptismo recebe-se apenas uma vez e para toda a vida. Aconteça o que acontecer, quem foi baptizado sê-lo-á toda a vida.
Pelo Baptismo a Igreja abre as portas e insere os iniciados, os baptizados, na comunidade dos cristãos. Aquele que recebe sobre a sua cabeça a água e sobre quem é invocado o Espírito Santo torna-se membro da Igreja e entra no rio da fé, da ternura e confiança na salvação de Deus.
Um baptizado pode crescer e chegar a viver sem jamais ser cristão. Porém, a marca do Baptismo permanece, jamais fenece. Se não é activada fica pelo menos como memória e desafio, como se alguém dissesse, sem forçar ou impingir: lembra--te que és baptizado!; ou: sê e vive o que és!
Nunca foi fácil ao baptizado viver como cristão. Ainda por estes dias um insuspeito pensador francês, agnóstico, declarava que mundialmente a comunidade cristã é a mais perseguida, a mais preterida e menos defendida, ao invés de outras. A mesma referência fez o papa Bento XVI recentemente. (Singelamente quer-me parecer que ambas afirmações são simultâneas mas não interdependentes!)
Nunca foi fácil ser-se cristão, porque ao baptizado exige-se testemunho decidido e corajoso daquele abraço em que foi carinhosamente envolvido pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
Tal abraço não deve guardar-se e proteger-se no aconchego do album das memórias. Exige ser dito e manifesto, lançado aos ventos e às marés da história. Prova disso é o imenso catálogo de testemunhas que sofreram todo o tipo de violências por serem cristãos.
O cristão é no mundo sinal, sal e luz. Mas quem disse que o mundo está interessado em sinais e luz? O leitor sabe tão bem quanto eu que a ausência de luz e as dissimulações favorecem quem é hábil a deslizar no lodo da noite.
E porque haveriam esses de querer perder a vantagem de predadores? Sim, os cristãos sempre encontraram incompreensões e hostilidades sérias nas sociedades a que pertenceram por direito. Atendendo aos pormenores da paisagem social em que nos inserimos vê-se bem que a sociedade que nos leva e nos lava na pia baptismal e a nosso lado sutenta por nós a luz da vela da fé é a mesma que está interessada em que não exerçamos o nosso compromisso baptismal.
Já reparou na incongruência: primeiro lavam-nos na água do Baptismo, mas não tarda atiram-nos lama bem tóxica que suja o que antes Deus lavou! Primeiro abrem-nos o caminho do bem e iluminam-nos, mas não tarda expõem aquela chama pequenina à frialdade do vento gélido para que só vejamos miragens enganosas!
O Baptismo tem de ser renovado cada dia. Tal como cada dia lavamos o corpo para o renovar e tonificar, tal como a cada hora não dispensamos a luz para os nossos passos, nem a ginástica para os músculos, nem uma pitada de sal que dê sabor à comida que comemos.
Imagine-se os comentários de escândalo quando o sacerdote aconselha alguns pais a não baptizar os filhos: — Pode lá ser! A uns permitem tudo, a outros dão nada! Os padres vão acabar com a Igreja! Noutro tempo não ficava assim!
Pois não, pois sim.
E quem denuncia a sociedade que sufoca o rebento da vida nova recebida no Baptismo? E quem cobra à sociedade por marginalizar e obstruir os que se propõem viver o Evangelho?
Parecem perguntas inócuas, não parecem? Talvez estas outras que seguem ajudem a perceber as formuladas atrás. Repare e responda se souber: Pode-se confessar a fé em Cristo e viver o individualismo que alastra no império do capitalismo? E ser-se cristão desprezando os trabalhadores, recusando-lhes direitos, não pagando o seu suor a tempo? Podemos entrar em esquemas para não pagar impostos nem assumir as responsabilidades sociais? Podemos, quando no mando e no poder, usar de arbitrariedades, atentar contra direitos e obstruir a justiça? Descansam bem e benzem-se ao deitar, mas a quem devem as fortunas, de quem são os sacos de notas sobre que se sentam, a quem devem o poder com que calcam? Podemos viver à luz do dia duma maneira, e no segredo do aconchego das telhas do lar — a que ninguém assiste — de outra bem mais católica?
Não teriam muitos que se envergonhar por causa da vida que levam, e não pelo Baptismo que receberam e pela fé (privada) que dizem professar? Podem os filhos de Deus, isto é, os baptizados, apresentar-se e proceder como os demais que vivem como se o amanhã não exista'
O cristão que por medo ou comodidade evita ser reconhecido como tal não merece o nome; nem talvez mereça ser homem. Porque o Baptismo que recebemos é para sempre e para ser visto. E o Espírito que recebemos é de fortaleza, jamais de duplicidade, de ocultação ou negação.

Chama do Carmo I NS 92 I Janeiro 9, 2011

Avisos, Janeiro 9 -15

10 I Segunda
>> Dia de oração por todos os Defuntos da nossa Ordem.
>> 21:00 I Encontro com a Bíblia orientado pelo P. Vasco Nuno.

15 I Sábado
16:00 I Reunião de Pastoral Litúrgica com todos os colaboradores na acção litúrgica da nossa comunidade do Carmo.

16 I Domingo
>> II Domingo do Tempo Comum.
>> Festividade do Divino Menino Jesus de Praga.

Logo dos jovens carmelitas ibéricos nas JMJ 2011

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Quando precisares

Se precisas de valentes sob o teu estandarte
aí estão Clara, Teresa, Domingos, Francisco, Inácio…
aí estão Lourenço, Cecília…

Mas se, por acaso,
alguma vez precisares de um preguiçoso
e de um medíocre, de um ou outro ignorante,
de um orgulhoso, de um cobarde,
de um ingrato e de um impuro,
de um homem que esteve de coração fechado
e rosto duro…
aqui estou eu.

Quando te faltarem os outros,
a mim sempre me terás.

(Charles Péguy)

Por acaso?

Bento XVI aproveitou a celebração da Festa dos Reis Magos para desautorizar a teoria do Big Bang: «O universo não é resultado do azar, como querem nos fazer crer».
Segundo explicou o Papa em sua alocução, as teorias científicas que explicam a origem do universo, ficam coxas se não se recorre a Deus: «Não devemos deixar que nossa mente seja limitada por teorias que chegam sempre só até certo ponto e que, se olharmos bem, não estão de facto em concorrência com a fé, mas não conseguem explicar o sentido último da realidade».
Além disso, Bento XVI indicou que o homem vê Deus «às vezes como um rival particularmente perigoso», que gostaria de «privar os homens de seu espaço vital, de sua autonomia e de seu poder» e que impede «fazer o que se quer».
No entanto, o Pontífice manifestou que a humanidade «se deve abrir à certeza de que Deus não tira nada, não ameaça» e é o único «capaz de oferecer a possibilidade de viver em plenitude». Cada pessoa, declarou o Papa, deve eliminar «a ideia de rivalidade» e de que «dar espaço a Deus é um limite para nós» para alcançar « verdadeira alegria».

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Todos os povos o hão-de conhecer!

Oração de fim de ano

No próximo ano vou aprender melhor os nomes das pessoas com quem me cruzo ou reúno; vou aprender melhor os gostos alheios. Vou sorrir mais e ouvir mais. Vou esquecer ofensas e aguentar mais os aborrecidos. Não esquecerei os aniversários. E ao corrigir fá-lo-ei como quem se queixa sem querer. Entrentanto, obrigado, Senhor, pelo ano que passou.
Mais um ano se encerra, Senhor. Um ano que passou tão rápido e não voltará atrás.
Foi uma odisseia. Era a crise, era a crise, e apesar da crise cresci na aprendizagem, vi a ciência aumentar os conhecimentos, viajei por outros períodos da história, cumprimentei alguns cientistas, atletas, santos, malabaristas na arte de viver. Desvendamos segredos, tornamo-nos mais sensíveis e chegamos vivos ao novo ano.
Obrigado, Senhor!
Houve quem partisse, e alguns chegaram à vida e à fé. Os jovens cresceram (tremeram também!), amadureceram e propõem-se romper horizontes distantes como se houvera ainda muito mar por descobrir. Também esperámos outros que hão--de vir, que chegarão carregados de sonhos, de fantasias, de expectativas.
Sim, um novo ano nos bate à porta. Chega-nos com trajes diferentes, sonhos diferentes, mas sempre com a mesma busca, a mesma ânsia de solenidade e de paz, de integração e de descoberta, de sementeira e de colheita.
O ano termina, Senhor, e o novo promete ser diferente sem muito de desigual a repetir-se.
Stop. Páro. Páro para reflectir, para rever, para balancear, para pensar. Há tanto para repensar!
Foi um ano rico, inesperado mas rico. Rico e cheio de ferimentos, de rotinas e acontecimentos renovadores.
Páro para pensar nas imobilidades que me vão tolhendo, na ferrugem se instalando, nas dores denunciando reduções na já pouca amplitude de movimentos.
Ah!, Senhor, tantas promessas incumpridas, tantos desejos frustrados, tantos projectos caducos, tanta graça desperdiçada em momentos desapercebidos.
O tempo é um frenesim que se esvai, um pégaso alado que vai e não volta. Os dias passaram como segundos e o urgente tragou o importante. Resta-nos aprender a semear as sementes da verde esperança e da paciência doirada.
Vivi sonhos comuns, alegrias comuns, vidas partilhadas, alegrias inesperadas. Que fecunda a graça da comunidade! Que grande graça a de juntos podermos ajuntar, a de perdoar quando nos inclinamos a dividir, a de nos abraçarmos à volta do altar, a de falar à mesa das reuniões, a de comer pão e couves à mesma mesa.
Senhor, que beleza tem o conjunto! Diverso, mas com um centro florido comum. Com caminhos diferentes, mas etapas corridas em equipa. Perspectivas novas, mas buscando olhar o mesmo horizonte. Confesso que existiram problemas, que mais que uma vez recomeçamos desentendidos. Confesso algumas quedas, alguns rasgões, alguma vontade de não ir a jogo. Confesso não sentir tudo ainda com a pureza de sermos um só coração e uma só alma. Confesso muito caminho imperfeito por fazer, muito peregrino sujo por acolher.
Porém, estar vivo é de uma beleza que até tremo!
Sabes, Senhor, resta-me uma virtude: ainda gosto de sonhar, de planear, de subir e ir ao encontro, de abandonar o particular e banhar-me no mar universal. Ainda gosto de renovação, da calma da espera, do tempo das promessas, da canseira das sementeiras. Sei que cada ano é como um baú que nos ofereces donde saem coisas novas e coisas velhas. Novas ainda que de sempre, sem repararmos; velhas e bem sabidas de nós, mas ainda algo incumpridas.
Não vou recomeçar sem sonho, sem ilusão, sem chama ou sem garra. Não creio nos que dizem que tudo será como sempre foi, porque jamais é assim que abro os meus braços para o baú do tesouro que nos trazes. Enfim, no jardim há já melros pretos e assustadiços e uma das árvores já começou a despontar. Surpreendem-me sempre as ameaças da esperança, as novidades dos renovos!
Neste ano gostei de tantas coisas! Do coração a vibrar pelos meninos a nascer! Dos pés a carminho, das mãos erguidas a rezar, das cabeças a pensar, dos sorrisos por ver os demais felizes, da generosidade quase sem nome porque imensa. Dos fortes que animam os fracos e de, juntos, termos chegado à meta, dos que descobriram coisas novas na música das tardes quentes, nas vigílias sob o olhar do luar, na missa no meio dum pinhal. Do vento livre na cara!Obrigado, Senhor, pelos desafios dos dias a começar. Obrigado por me chamares à tarefa da palavra. Obrigado pela superação dos problemas. Obrigado por este texto que acabo de escrever sobre o fecho de um ano e sobre a nesga da porta do já que se abre.
Chama do Carmo | NS91 | Janeiro 2, 2011