domingo, 1 de junho de 2014

Não há plano B!


Ascensão. Celebrar a Festa da Ascensão do Senhor Jesus ao céu é celebrar outra modulação da sua vitória. Que Jesus tenha ressuscitado, isto é, que o amor do Pai o tenha resgatado das garras da morte, isso é a sua vitória. Mas também faz parte da vitória de Jesus (E da nossa também, já agora) que tenha subido ao céu e se tenha sentado à direita do Pai, como vencedor.
Subir ao céu é, obviamente, uma maneira muito humana de se falar, enquanto que dizer ressurreição e ascensão é a maneira teológica de dizer a mesma glória.
Neste domingo celebramos Jesus glorioso e vitorioso na sua ascensão.
Durante quarenta dias vimos celebrando a Páscoa como um só dia. Parece um longo retiro em que a Igreja vai sendo preparada e convidada a desabrochar. Ao fim de quarenta dias (Na realidade, completaram-se na Quinta-feira passada) celebramos a sua subida ao céu. Durante este longo período o Senhor apareceu várias vezes a diversas pessoas, a quem se mostrou vivo e a quem foi catequizando. As aparições foram individuais e colectivas, e todas serviram para reforçar a Igreja na fé da ressurreição, prepará-la para a promessa da vinda do Espírito Santo, e para a tarefa de O testemunhar vivo, senhor e triunfante.
Ao longo dos dias pascais Jesus deixou-lhes (e deixou-nos, porque a tarefa se prolonga e deve ser permanentemente re-inventada por nós) uma tarefa em duas partes: 1) Encontrar-se com Ele, o Ressuscitado; 2) Testemunhá-lo pelo mundo fora.
Hoje, Domingo da Ascensão, celebramos a última de todas as aparições do Ressuscitado. Quase poderíamos dizer que o seu último acto histórico. A última aparição de Jesus é também aquela em que ele deixa de ser visto (Mas este visto tem de ser lido com muito cuidado, porque a ressurreição não foi o regresso ao estado corporal anterior à morte, nem à sua actividade anterior...) por que elevado ao céu. Por isso, a este Domingo chamavam os cristãos antigos o Domingo em que Jesus se sentou à direita do Pai.
Sentar-se à direita quer dizer ser pelo Pai honrado e glorificado; quer dizer, ser declarado Senhor de um ao outro e a todos os confins da Terra. Reconhecer Jesus como Senhor quer precisamente dizer que Ele é o modelo do servidor, e jamais imperador. É por essa razão que vendo-O pela última vez, elevando-se e afastando-se do nosso olhar e da nossa presença, para a direita do Pai, os discípulos não podemos restar parados olhando as nuvens.
Ficar olhando eternamente as nuvens, mesmo que seja em angelical louvor é a maior traição da Igreja a Jesus.  Nós não podemos ficar saciados de olhar olhar contemplativo posto no céu. Não, porque ainda existem tarefas por cumprir: é preciso levar a mensagem de Jesus até aos confins da Terra. E enquanto a mensagem não fôr conhecida por todos não podemos nós parar! Foi por isso que Jesus prometeu enviar a força do alto — o Espírito Santo: para que trabalhássemos pela causa do Evangelho até Ele voltar. A isso chama--se ser missionário. Missionário, sempre!
Conta-se que quando Jesus Ressuscitado chegou a sua casa, o céu, e se sentou à direita do Pai, todos os anjos se envolveram numa festa de arromba para lhe dar as boas vindas. Havia de tudo na festa: balões, foguetes, música, fitas e confetis e até um imenso cartaz que proclamava: «Bem-vindo a casa, Jesus! Missão cumprida!».
Então, um dos anjos entrevistou Jesus para um canal de TV; e logo lhe perguntou sobre os trinta e três anos que vivera entre os humanos. E rematou perguntando inesperadamente:
– Olá, Jesus! E agora que deixaste a Terra quem é que vai continuar a tua tarefa?
– Onze homens que me amam, foi a resposta.
– E se eles fracassarem?, insistiu o anjo. Qual será o
teu Plano B?
– Mas não,  não existe Plano B algum...

A ausência do Plano B é a Solenidade da Ascensão do Senhor. Celebramos hoje, obviamente, o regresso de Jesus a casa; mas, celebramos, sobretudo, a presença de Jesus no meio dos que O amam. Não foi Ele que disse «Eu estarei sempre convosco todos os dias até ao fim do tempo»? Sim, este é o nosso tempo. O tempo de em assembleia, em Igreja, e como discípulos, dizer-mos a Palavra mesma, dizermos todo o amor de Jesus pela humanidade! E sem que exista Plano B! Temos apenas a promessa de que o Espírito de Jesus sempre nos animará e nos acompanhará.
Jesus já cumpriu a sua missão, cabe-nos agora cumprir a nossa: ir, sair, anunciá-Lo. Este é o tempo do testemunho ardente, da missão incansável, de marcar o mundo com o selo da justiça e da verdade de Deus.
O latido do nosso coração só tem um timbre: amar com o mesmo amor de Jesus os que profeticamente Ele amou, porque a melhor mensagem da Ascensão de Jesus é esta: Ele foi para o céu mas ficou entre nós!

Chama do Carmo I NS 231 I Junho 01 2014

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