O primeiro fim de semana de março costuma ser passado num convento. Foi o caso deste anos. Éramos uns vinte e tais, vindos de vários lugares para parar e reflectir um pouco sobre os jovens (n)o Carmo. Qual é o lugar da Juventude no Carmo? Suficiente? Querem mais? Não sabem pedir mais? Apresentamos aqui a reflexão do Jorge Teixeira que teve o bom gosto de a escrever. É um pequeno conteúdo sobre o tempo, o modo e o lugar dos jovens no Carmo. É uma abordagem. Não a última, nem a melhor. Mas é sincera e é confirmada pela experiência pesssoal, que os restantes confirmaram com o seu silêncio e atenção.
1. Introdução
Ao longo desta apresentação procurarei mostrar a importância dos jovens na Igreja Católica e na sociedade civil. O seu papel e a sua missão e, principalmente, os desafios que lhe são colocados nos dias de hoje.
Para isso começarei por fazer uma breve contextualização da situação actual do religioso e da Igreja Católica, principalmente a nível histórico-social.
2. A situação actual do religioso
A partir da modernidade (Iluminismo - século XVIII) muitos esperavam que a religião fosse expulsa das sociedades e remetida para a memória. O que não veio a suceder.
O religioso sofreu, no entanto, a partir desta época inúmeras alterações.
Na verdade, passou a procurar-se mais a salvação a nível individual, desvalorizando-se a pertença a uma comunidade. Desde logo, este aspecto implica consequências na forma como os jovens se relacionam com o religioso, provocando um "fosso que separa cada vez mais as gerações recentes e as instituições religiosas." A colectividade – Igreja – passou a estar presente quase só nos ritos de passagem (nascimento, casamento e morte).
No entanto, não podemos afirmar que o religioso está em crise. As pessoas continuam a procurá-lo, continuam a buscar respostas no transcendente. Aliás, o religioso tornou-se num "negócio" forte, que traz consigo um poderoso marketing, senão vejamos, como exemplo, as ciências do oculto, os livros de auto-ajuda e as clínicas de espiritualidade.
A Europa onde vivemos é, hoje cada vez mais, uma sociedade multi-cultural e inter-religiosa, onde a liberdade religiosa deve/tem de imperar. Vigorando a laicidade, não podemos também deixar de constatar que, como referia o Papa João Paulo II, a Europa é incompreensível sem o Cristianismo, este é nas palavras do referido Papa, a "alma da Europa", sendo os valores cristãos património universal.
Perante este quadro, qual o lugar do jovem?
Seguir a opinião mais ou menos instituída de que o religioso está fora de moda? Remeter a sua fé para um espaço privado (a sua casa, a sua igreja paroquial)?
Ou deverá, por outro lado, assumir-se como cristão em todas as vertentes da sua vida, respeitando, obviamente o espaço e as decisões das outras pessoas?
Notas: este texto segue de perto aquele que foi apresentado à reflexão no Encontro de (In) formação em Viana do Castelo, no dia 28 de Fevereiro. É uma reflexão despretensiosa, mas que pretende, de forma crítica, ser construtiva. O título do texto é retirado de um poema de Daniel Faria.
Bibliografia: Teixeira, Alfredo, Não Sabemos Já Donde a Luz Mana – Ensaio Sobre as Identidades Religiosas, Paulinas, Prior Velho, 2004.
3. A juventude
A imagem que se tem da juventude é de um grupo que se impõe pelo incumprimento e pelo desrespeito. Os jovens são aqueles que vão contra o imposto, muitas vezes, segundo a opinião dos mais velhos, passando por cima de valores que até então pareciam tidos como certos.
Certo é que a juventude é uma fase curta (em termos cronológicos) das nossas vidas e que por isso deve ser valorizada e é sempre significativa. Nesta fase as experiências devem ser marcantes e construtoras de sentido.
Actualmente: seremos, de facto, um grupo que perdeu os valores e que se deixa guiar como alguém que não tem rumo? Perdemos os valores que vinham dos nossos antepassados? Vivemos a angústia de não saber para onde caminhamos e como o fazemos?
Perante este cenário onde se encaixam os jovens católicos? Qual a atitude: lutar, empenhar-se ou resignar-se?
Também sabemos que, actualmente, muitos não querem a Igreja. A questão que se levanta é porque não a querem?
Ser religioso e mais ser católico é algo que não está na moda, que não dá gozo imediato. O religioso é, portanto, olhado de lado. Para além disto, parece-me que os jovens estão cansados da rotina, da repetição, de saberem (ou julgarem) que sempre virá mais do mesmo (muitos que frequentaram a Igreja deixaram de o fazer, mesmo sendo de famílias católicas). Para além destes aspectos, destacaria a moral sexual como algo que, não sendo cumprido por muitos católicos, continua a ser uma das "bandeiras" pela qual os jovens afirmam afastar-se.
Quanto aos jovens católicos, julgo que é preciso não esquecermos que não basta dizer que são amados, é necessário que os jovens sintam esse amor. Os documentos oficiais apontam para a importância dos jovens, mas depois nas dioceses e na vida paroquial, os jovens não são tidos como uma voz importante, ainda que sejam obviamente inexperientes.
Na verdade, não podemos de deixar de considerar que o modelo apresentado sofre de algum desgaste. Perante todas as mudanças que sofre o mundo é imperativo que a Igreja seja capaz de fazer uma leitura profética dos tempos e acompanhe este processo. Estão também cansados das "lições moralistas" que saem da catequese e das homilias. A liturgia é, pois, um dos campos a necessitar de maior capacidade de resposta às necessidades actuais. As celebrações são rotineiras, sem capacidade de surpreender, sem provocar emoção. Para além disto, não temos capacidade de fazer uma releitura diferente dos textos bíblicos e o cântico é pobre e distante da linguagem juvenil.
Depois, há a questão do acompanhamento dos jovens. Continuamos, como Igreja, a valorizar quase só a catequese de iniciação e de adolescência, o que leva a que após o Crisma (diploma da catequese?), os jovens (salvo dignas excepções) sejam deixados sem acompanhamento. A formação dos jovens termina e passam de adolescentes a adultos na fé (seres autónomos e sem necessidade de acompanhamento). Parece-me necessário que exista um acompanhamento efectivo dos jovens, seja ao nível dos secretariados diocesanos da juventude seja a nível paroquial, dando uma formação séria e coerente aos jovens interessados. Não podemos continuar a ter uma fé de "hipermercado". Temos de promover nos jovens uma fé intelectualmente honesta (e não uma fé cega), que promova uma adesão de coração.
No meio de tudo isto será possível pedir a colaboração dos jovens se só se lhes pede adaptação ao que já existe sem procurar receber o que trazem de bom, sem aproveitar a sua alegria, a sua esperança e o seu dinamismo?
É, neste momento portanto, imperativo que haja na Igreja abertura de mentalidade. E esta abertura tem de ser de todos: desde os bispos, aos padres, aos leigos e, claro, aos próprios jovens.
Não podemos esquecer que a Igreja não é a hierarquia (bispos e padres), mas também são os leigos e, portanto, os jovens.
Não se trata, no entanto, de inventar um novo modelo. A Tradição não pode, obviamente, ser esquecida ou julgada incompetente. Há, antes, a necessidade de renovar, bebendo continuamente na fonte (não esquecendo que a fonte primeira são os Evangelhos e a Sagrada Escritura).
Aos jovens pede-se, desde logo, que tragam à Igreja o dinamismo que lhes é inerente. Sem os jovens a sociedade e, consequentemente, a Igreja seriam muito pacíficas, mas esta paz estaria marcada pela morte, já que não haveria também o crescimento e as mudanças necessárias. A igreja e o mundo precisa que os jovens clamem a sua fé, mas os jovens precisam que os cristãos mais velhos os apoiem, confortem, ensinem e incentivem.
É urgente desde logo que a Igreja busque, de facto, novas linguagens. Mas não basta afirmá-lo, é necessário, fazê-lo efectivamente.
De facto, notámos que houve investimento desde há algum tempo em actividades de intensidade emocional, porque estas se tornam significativas para os jovens e são este tipo de actividades que marcam e os acompanham ao longo da vida de forma especial. São exemplos disto que afirmo, as Jornadas da Juventude e as peregrinações a Taizé.
Outro aspecto que considero relevante é o dever de promovermos um maior diálogo com as artes. A Igreja não pode continuar arredada da proximidade com as artes. Não pode continuar a ter desconfiança em relação à arte e aos artistas, que são os grandes produtores de ideias. Não podemos continuar a ter igrejas e esculturas que não primam pela beleza. Porque repetimos as imagens até ao limite e não procuramos novas formas de comunicar?
Há ainda a acrescentar a relação de proximidade que os jovens têm com a arte. A música, o teatro, a pintura, a literatura têm com muitos jovens uma relação muito contígua.
A arte não é inútil, transporta-nos para outra dimensão, coloca-nos perante o escândalo, a provação e o abismo. A arte, um pouco como os místicos, leva a um arrebatamento. A experiencia estética torna-se uma experiência-limite, e a beleza entra pelos sentidos.
Em relação à arte gostaria de referir um caso actual: Tiago Guillul, que é músico e também pastor baptista na Igreja de São Domingos de Benfica (religião e panque roque é o lema do seu blogue). Na verdade, editou um álbum que não deixa de ser de índole religiosa e que obteve ecos em muita comunicação social e em muitos artistas. A música pode ser uma das artes a explorar mais como forma de comunicação com os jovens e como forma de evangelização.
Há ainda outros campos onde o papel dos jovens pode e deve ser valorizado. Enumero alguns deles: o voluntariado, os grupos de jovens, os grupos católicos universitários, entre outros.
4.2. Ordem dos Padres Carmelitas Descalços
5. O lugar do jovem na sociedade civil
Os jovens católicos não podem esquecer que são jovens no mundo e do mundo que não esquecem o caminho: Jesus. Por isso, em todos os locais devem apresentar uma vida de autenticidade e de testemunho. Respeitando o outro enquanto ser crente ou não, o jovem católico deverá assumir-se enquanto tal, reafirmando a sua fé como uma decisão pessoal que compromete toda a vida.
Por tudo isto, julgo que o jovem católico não se também pode excluir da vida civil. Assim, deve ser, por exemplo, politicamente interessado.
6. Conclusão
"É próprio da condição humana e, particularmente, da juventude buscar o Absoluto, o sentido e a plenitude da existência. Amados jovens, não vos contenteis com nada menos do que os mais altos ideais! Não vos deixeis desanimar por aqueles que, desiludidos da vida, se tornaram surdos aos anseios mais profundos e autênticos do seu coração. Tendes razão para não vos resignardes com diversões insípidas, modas passageiras e projectos redutivos. Se mantiverdes com ardor os vossos anelos pelo Senhor, sabereis evitar a mediocridade e o conformismo, tão espalhados na nossa sociedade." (João Paulo II)
Ao longo desta apresentação procurarei mostrar a importância dos jovens na Igreja Católica e na sociedade civil. O seu papel e a sua missão e, principalmente, os desafios que lhe são colocados nos dias de hoje.
Para isso começarei por fazer uma breve contextualização da situação actual do religioso e da Igreja Católica, principalmente a nível histórico-social.
2. A situação actual do religioso
A partir da modernidade (Iluminismo - século XVIII) muitos esperavam que a religião fosse expulsa das sociedades e remetida para a memória. O que não veio a suceder.
O religioso sofreu, no entanto, a partir desta época inúmeras alterações.
Na verdade, passou a procurar-se mais a salvação a nível individual, desvalorizando-se a pertença a uma comunidade. Desde logo, este aspecto implica consequências na forma como os jovens se relacionam com o religioso, provocando um "fosso que separa cada vez mais as gerações recentes e as instituições religiosas." A colectividade – Igreja – passou a estar presente quase só nos ritos de passagem (nascimento, casamento e morte).
No entanto, não podemos afirmar que o religioso está em crise. As pessoas continuam a procurá-lo, continuam a buscar respostas no transcendente. Aliás, o religioso tornou-se num "negócio" forte, que traz consigo um poderoso marketing, senão vejamos, como exemplo, as ciências do oculto, os livros de auto-ajuda e as clínicas de espiritualidade.
A Europa onde vivemos é, hoje cada vez mais, uma sociedade multi-cultural e inter-religiosa, onde a liberdade religiosa deve/tem de imperar. Vigorando a laicidade, não podemos também deixar de constatar que, como referia o Papa João Paulo II, a Europa é incompreensível sem o Cristianismo, este é nas palavras do referido Papa, a "alma da Europa", sendo os valores cristãos património universal.
Perante este quadro, qual o lugar do jovem?
Seguir a opinião mais ou menos instituída de que o religioso está fora de moda? Remeter a sua fé para um espaço privado (a sua casa, a sua igreja paroquial)?
Ou deverá, por outro lado, assumir-se como cristão em todas as vertentes da sua vida, respeitando, obviamente o espaço e as decisões das outras pessoas?
Notas: este texto segue de perto aquele que foi apresentado à reflexão no Encontro de (In) formação em Viana do Castelo, no dia 28 de Fevereiro. É uma reflexão despretensiosa, mas que pretende, de forma crítica, ser construtiva. O título do texto é retirado de um poema de Daniel Faria.
Bibliografia: Teixeira, Alfredo, Não Sabemos Já Donde a Luz Mana – Ensaio Sobre as Identidades Religiosas, Paulinas, Prior Velho, 2004.
3. A juventude
A imagem que se tem da juventude é de um grupo que se impõe pelo incumprimento e pelo desrespeito. Os jovens são aqueles que vão contra o imposto, muitas vezes, segundo a opinião dos mais velhos, passando por cima de valores que até então pareciam tidos como certos.
Certo é que a juventude é uma fase curta (em termos cronológicos) das nossas vidas e que por isso deve ser valorizada e é sempre significativa. Nesta fase as experiências devem ser marcantes e construtoras de sentido.
Actualmente: seremos, de facto, um grupo que perdeu os valores e que se deixa guiar como alguém que não tem rumo? Perdemos os valores que vinham dos nossos antepassados? Vivemos a angústia de não saber para onde caminhamos e como o fazemos?
Perante este cenário onde se encaixam os jovens católicos? Qual a atitude: lutar, empenhar-se ou resignar-se?
4. O lugar do jovem na Igreja Católica
4.1. Situação actual; desafios e anseios
4.1. Situação actual; desafios e anseios
Globalmente, julgo que podemos afirmar que os jovens sabem que têm lugar na Igreja, uma vez que todos são recebidos nela e há lugar para eles.Deus é a nossa
mulher-a-dias
que nos dá prendas
que deitamos fora
como a fé
porque achamos
que é pirosa.(Adília Lopes)
Também sabemos que, actualmente, muitos não querem a Igreja. A questão que se levanta é porque não a querem?
Ser religioso e mais ser católico é algo que não está na moda, que não dá gozo imediato. O religioso é, portanto, olhado de lado. Para além disto, parece-me que os jovens estão cansados da rotina, da repetição, de saberem (ou julgarem) que sempre virá mais do mesmo (muitos que frequentaram a Igreja deixaram de o fazer, mesmo sendo de famílias católicas). Para além destes aspectos, destacaria a moral sexual como algo que, não sendo cumprido por muitos católicos, continua a ser uma das "bandeiras" pela qual os jovens afirmam afastar-se.
Quanto aos jovens católicos, julgo que é preciso não esquecermos que não basta dizer que são amados, é necessário que os jovens sintam esse amor. Os documentos oficiais apontam para a importância dos jovens, mas depois nas dioceses e na vida paroquial, os jovens não são tidos como uma voz importante, ainda que sejam obviamente inexperientes.
Na verdade, não podemos de deixar de considerar que o modelo apresentado sofre de algum desgaste. Perante todas as mudanças que sofre o mundo é imperativo que a Igreja seja capaz de fazer uma leitura profética dos tempos e acompanhe este processo. Estão também cansados das "lições moralistas" que saem da catequese e das homilias. A liturgia é, pois, um dos campos a necessitar de maior capacidade de resposta às necessidades actuais. As celebrações são rotineiras, sem capacidade de surpreender, sem provocar emoção. Para além disto, não temos capacidade de fazer uma releitura diferente dos textos bíblicos e o cântico é pobre e distante da linguagem juvenil.
Depois, há a questão do acompanhamento dos jovens. Continuamos, como Igreja, a valorizar quase só a catequese de iniciação e de adolescência, o que leva a que após o Crisma (diploma da catequese?), os jovens (salvo dignas excepções) sejam deixados sem acompanhamento. A formação dos jovens termina e passam de adolescentes a adultos na fé (seres autónomos e sem necessidade de acompanhamento). Parece-me necessário que exista um acompanhamento efectivo dos jovens, seja ao nível dos secretariados diocesanos da juventude seja a nível paroquial, dando uma formação séria e coerente aos jovens interessados. Não podemos continuar a ter uma fé de "hipermercado". Temos de promover nos jovens uma fé intelectualmente honesta (e não uma fé cega), que promova uma adesão de coração.
No meio de tudo isto será possível pedir a colaboração dos jovens se só se lhes pede adaptação ao que já existe sem procurar receber o que trazem de bom, sem aproveitar a sua alegria, a sua esperança e o seu dinamismo?
É, neste momento portanto, imperativo que haja na Igreja abertura de mentalidade. E esta abertura tem de ser de todos: desde os bispos, aos padres, aos leigos e, claro, aos próprios jovens.
Não podemos esquecer que a Igreja não é a hierarquia (bispos e padres), mas também são os leigos e, portanto, os jovens.
Não se trata, no entanto, de inventar um novo modelo. A Tradição não pode, obviamente, ser esquecida ou julgada incompetente. Há, antes, a necessidade de renovar, bebendo continuamente na fonte (não esquecendo que a fonte primeira são os Evangelhos e a Sagrada Escritura).
Aos jovens pede-se, desde logo, que tragam à Igreja o dinamismo que lhes é inerente. Sem os jovens a sociedade e, consequentemente, a Igreja seriam muito pacíficas, mas esta paz estaria marcada pela morte, já que não haveria também o crescimento e as mudanças necessárias. A igreja e o mundo precisa que os jovens clamem a sua fé, mas os jovens precisam que os cristãos mais velhos os apoiem, confortem, ensinem e incentivem.
É urgente desde logo que a Igreja busque, de facto, novas linguagens. Mas não basta afirmá-lo, é necessário, fazê-lo efectivamente.
De facto, notámos que houve investimento desde há algum tempo em actividades de intensidade emocional, porque estas se tornam significativas para os jovens e são este tipo de actividades que marcam e os acompanham ao longo da vida de forma especial. São exemplos disto que afirmo, as Jornadas da Juventude e as peregrinações a Taizé.
Outro aspecto que considero relevante é o dever de promovermos um maior diálogo com as artes. A Igreja não pode continuar arredada da proximidade com as artes. Não pode continuar a ter desconfiança em relação à arte e aos artistas, que são os grandes produtores de ideias. Não podemos continuar a ter igrejas e esculturas que não primam pela beleza. Porque repetimos as imagens até ao limite e não procuramos novas formas de comunicar?
Há ainda a acrescentar a relação de proximidade que os jovens têm com a arte. A música, o teatro, a pintura, a literatura têm com muitos jovens uma relação muito contígua.
A arte não é inútil, transporta-nos para outra dimensão, coloca-nos perante o escândalo, a provação e o abismo. A arte, um pouco como os místicos, leva a um arrebatamento. A experiencia estética torna-se uma experiência-limite, e a beleza entra pelos sentidos.
Em relação à arte gostaria de referir um caso actual: Tiago Guillul, que é músico e também pastor baptista na Igreja de São Domingos de Benfica (religião e panque roque é o lema do seu blogue). Na verdade, editou um álbum que não deixa de ser de índole religiosa e que obteve ecos em muita comunicação social e em muitos artistas. A música pode ser uma das artes a explorar mais como forma de comunicação com os jovens e como forma de evangelização.
Há ainda outros campos onde o papel dos jovens pode e deve ser valorizado. Enumero alguns deles: o voluntariado, os grupos de jovens, os grupos católicos universitários, entre outros.
4.2. Ordem dos Padres Carmelitas Descalços
e o Movimento Carmo Jovem
"A Igreja tem tantas coisas belas a dizer e a mostrar ao mundo: não só pelo seu património artístico (...). Para citar só dois, Francisco de Assis com o seu cântico ao irmão Sol e S. João da Cruz com os seus poemas. O belo tem tudo a ver com o bem. O belo pode realizar a síntese do verdadeiro e do bem." (Cardeal Daneels).
Há, portanto, um património que deve ser dado a conhecer aos jovens.
O Carmo Jovem foi um espaço encontrado pela Ordem para dar relevo ao papel dos jovens e para lhe dar espaço de crescimento na fé.
O Movimento procura abranger jovens de várias idades e de várias zonas geográficas de Portugal. Refira-se ainda a autonomia construtiva que o Movimento tem perante a Ordem. Esta liberdade responsável permite um crescimento saudável. Destacaria, brevemente, duas ideias: o facto de muitas das actividades serem, de facto, significativas e perdurarem como momentos de carminho para sempre na memória de muitos jovens (recordo, por exemplo, o Acampaki, a Clarminhada) e a aproximação feita pelos religiosos, por falarem, com palavras e gestos, uma linguagem juvenil.
"A Igreja tem tantas coisas belas a dizer e a mostrar ao mundo: não só pelo seu património artístico (...). Para citar só dois, Francisco de Assis com o seu cântico ao irmão Sol e S. João da Cruz com os seus poemas. O belo tem tudo a ver com o bem. O belo pode realizar a síntese do verdadeiro e do bem." (Cardeal Daneels).
Há, portanto, um património que deve ser dado a conhecer aos jovens.
O Carmo Jovem foi um espaço encontrado pela Ordem para dar relevo ao papel dos jovens e para lhe dar espaço de crescimento na fé.
O Movimento procura abranger jovens de várias idades e de várias zonas geográficas de Portugal. Refira-se ainda a autonomia construtiva que o Movimento tem perante a Ordem. Esta liberdade responsável permite um crescimento saudável. Destacaria, brevemente, duas ideias: o facto de muitas das actividades serem, de facto, significativas e perdurarem como momentos de carminho para sempre na memória de muitos jovens (recordo, por exemplo, o Acampaki, a Clarminhada) e a aproximação feita pelos religiosos, por falarem, com palavras e gestos, uma linguagem juvenil.
5. O lugar do jovem na sociedade civil
Os jovens católicos não podem esquecer que são jovens no mundo e do mundo que não esquecem o caminho: Jesus. Por isso, em todos os locais devem apresentar uma vida de autenticidade e de testemunho. Respeitando o outro enquanto ser crente ou não, o jovem católico deverá assumir-se enquanto tal, reafirmando a sua fé como uma decisão pessoal que compromete toda a vida.
Por tudo isto, julgo que o jovem católico não se também pode excluir da vida civil. Assim, deve ser, por exemplo, politicamente interessado.
6. Conclusão
"É próprio da condição humana e, particularmente, da juventude buscar o Absoluto, o sentido e a plenitude da existência. Amados jovens, não vos contenteis com nada menos do que os mais altos ideais! Não vos deixeis desanimar por aqueles que, desiludidos da vida, se tornaram surdos aos anseios mais profundos e autênticos do seu coração. Tendes razão para não vos resignardes com diversões insípidas, modas passageiras e projectos redutivos. Se mantiverdes com ardor os vossos anelos pelo Senhor, sabereis evitar a mediocridade e o conformismo, tão espalhados na nossa sociedade." (João Paulo II)
Jorge TeixeiraPresidente do Movimento do Carmo Jovem1 de Março de 2009, Convento do Carmo de Viana do Castelo
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