O comércio é feito de tantas ilusões e enganos que associá-lo ao divino é rebaixar a Deus. Nós comerciamos, mas a mercadoria hoje é tanto de usar e deitar fora que o comércio, no conjunto das tarefas humanas, parece uma obra menor ou baixa.
Mas o certo é que os grandes autores espirituais, inspirando-se como sempre nas realidades ordinárias e comezinhas da vida, falam do comércio da pessoa com Deus para dizer o diálogo e a troca que há de nós para Deus, entre Deus e nós, e vice versa. Comerciar com Deus pode querer dizer, por exemplo: dialogar com Deus, dar e receber de e a Deus.
O relato do Evangelho deste domingo é duro e choca-nos. Choca-nos por vermos o doce Jesus naqueles preparos, e tomado de ira. (Ainda que talvez fosse santa, pensam os mais santos de nós!) Como foi possível que Jesus tenha feito o que fez? Visto que falou de amor ao próximo e de nos tratarmos como irmãos, como é que actuou tão violentamente, mais parecendo um descontrolado agitador social?
Não é aprazível nem pacificador ler o relato da expulsão dos vendedores do Templo.
(A piedade popular chama-lhe vendilhões!). Onde está o sempre doce e misericordioso Jesus? Talvez o problema não seja de Jesus. Talvez o problema esteja nos vendedores e não em Jesus. Mas afinal, que mal, se mal fizeram, que mal fizeram eles, que mal justificaria a actuação iracunda do Salvador?
Sim, o problema está nos vendedores, e quem sabe, também em nós. É por isso que este trecho do Evangelho é lido na Quaresma, a fim de reorientarmos o nosso comércio com Deus.
Os vendedores do Templo eram um conjunto de comerciantes que englobavam cambistas (pois ao Templo afluiam pessoas vindas de muitas nações) e vendedores de animais: passarinhos, pombas e rolas, cordeiros, cabritos, touros. O seu comércio redundou no aproveitamento do culto a Deus para alcançar um enriquecimento pessoal injusto. (A liturgia do Templo implicava a oferta e imolação de animais a Deus.) Por isso, a reacção de Jesus é contra o comércio feito à sombra de Deus, que convida mais aos sacrifícios (imolação) de animais, que à conversão do coração do peregrino (e hoje, o nosso).
O mais certo é que Jesus soubesse que muitos dos seus contemporâneos buscavam a Deus em todos os sítios, menos dentro do seu coração. Jesus sabia que o mais fácil é o cumprimento do ritual externo, e que o mais esquecido e desprezado é a conversão do coração.
Choca-nos a indignação de Jesus? Então, cuidado! Porque também é possível que ainda hoje, nós, os crentes, continuemos a viver uma fé pouco séria e à margem da conversão a Deus e aos seus critérios de justiça e amor. Choca-nos a ideia de comerciar com Deus? Então, cuidado! Porque ainda hoje é muito frequente a fé-comércio: — Eu dou orações, Tu, ó Deus, dás-me tal e qual, o que te pedir!
São muitas as situações que nos reforçam a ideia deste comércio religioso: oferecer algo a Deus em troca do que Lhe peço; zangar-me com Ele se não me ouvir; fazer-lhe promessas se Ele consentir nos nossos pedidos (não vá Ele dizer que não!).
Mandou outrora Deus dizer pelo Profeta que quer «misericórdia e não sacrifícios», porque o que Deus deseja em verdade é um coração novo, humano humano, que não se mova por interesses, mas por amor desinteressado a Deus e aos irmãos; e onde Ele possa habitar.
Eis a troca comercial que Deus espera de nós!
Não é aprazível nem pacificador ler o relato da expulsão dos vendedores do Templo.
(A piedade popular chama-lhe vendilhões!). Onde está o sempre doce e misericordioso Jesus? Talvez o problema não seja de Jesus. Talvez o problema esteja nos vendedores e não em Jesus. Mas afinal, que mal, se mal fizeram, que mal fizeram eles, que mal justificaria a actuação iracunda do Salvador?
Sim, o problema está nos vendedores, e quem sabe, também em nós. É por isso que este trecho do Evangelho é lido na Quaresma, a fim de reorientarmos o nosso comércio com Deus.
Os vendedores do Templo eram um conjunto de comerciantes que englobavam cambistas (pois ao Templo afluiam pessoas vindas de muitas nações) e vendedores de animais: passarinhos, pombas e rolas, cordeiros, cabritos, touros. O seu comércio redundou no aproveitamento do culto a Deus para alcançar um enriquecimento pessoal injusto. (A liturgia do Templo implicava a oferta e imolação de animais a Deus.) Por isso, a reacção de Jesus é contra o comércio feito à sombra de Deus, que convida mais aos sacrifícios (imolação) de animais, que à conversão do coração do peregrino (e hoje, o nosso).
O mais certo é que Jesus soubesse que muitos dos seus contemporâneos buscavam a Deus em todos os sítios, menos dentro do seu coração. Jesus sabia que o mais fácil é o cumprimento do ritual externo, e que o mais esquecido e desprezado é a conversão do coração.
Choca-nos a indignação de Jesus? Então, cuidado! Porque também é possível que ainda hoje, nós, os crentes, continuemos a viver uma fé pouco séria e à margem da conversão a Deus e aos seus critérios de justiça e amor. Choca-nos a ideia de comerciar com Deus? Então, cuidado! Porque ainda hoje é muito frequente a fé-comércio: — Eu dou orações, Tu, ó Deus, dás-me tal e qual, o que te pedir!
São muitas as situações que nos reforçam a ideia deste comércio religioso: oferecer algo a Deus em troca do que Lhe peço; zangar-me com Ele se não me ouvir; fazer-lhe promessas se Ele consentir nos nossos pedidos (não vá Ele dizer que não!).
Mandou outrora Deus dizer pelo Profeta que quer «misericórdia e não sacrifícios», porque o que Deus deseja em verdade é um coração novo, humano humano, que não se mova por interesses, mas por amor desinteressado a Deus e aos irmãos; e onde Ele possa habitar.
Eis a troca comercial que Deus espera de nós!
Continuação de Santa Quaresma.
Chama do Carmo I NS 22 I 15 de Março de 2009
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