sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Parágrafo teresiano


Quando comecei a ler as «Confissões», parecia-me ver-me ali. Comecei a encomendar-me muito a este glorioso Santo. Quando cheguei à sua conversão e li como ouviu aquela voz no jardim, não me parecia senão que o Senhor me falava a mim; de tal modo o sentiu o meu coração. Estive um grande bocado que toda me desfazia em lágrimas, e dentro de mim mesma com grande aflição e fadiga.
Oh! o que sofre uma alma, valha-me Deus, por perder a liberdade que havia de ter de ser senhora, e que tormentos padece! Admiro-me agora como podia viver em tanto tormento. Seja Deus louvado, que me deu vida para sair de morte tão mortal!
Estou convencida que a minha alma ganhou tantas forças da Divina Majestade, que deve ter ouvido meus clamores e ter tido dó de tantas lágrimas. Começou a crescer em mim a disposição de estar mais tempo com Ele e a tirarem-se-me dos olhos as ocasiões; porque, uma vez afastadas estas, logo voltava a amar Sua Majestade. Bem entendia eu, a meu ver, que O amava, mas não compreendia em que consistia o amar deveras a Deus, como o devia entender.

SANTA TERESA DE JESUS (1515 - 1582)
LIVRO DA VIDA 9:7.9

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