O Bem e o Mal, o trigo e o joio, a luz e as trevas, isso tudo, e mais, e menos, são a nossa vida. Sim, também o Mal. Ele toca-nos, fere-nos, seduz-nos. Bem e Mal são duas presenças e dois apelos que ressoam poderosamente no nosso interior. Um mais sedutor outro mais austero, ambos, a seu tempo, e também em sobreposição, falam-nos e fazem-nos vibrar. Somos tocados pela graça e pelo pecado. Somos aliciados pela doce-amargo da tentação e abençoados pela divina mão.
Vamos todos ao deserto
Hoje, Jesus vai para o deserto. Como nós, para o deserto da Quaresma. Deus fala e empurra, e nós vamos. O Mal chama e mesmo não querendo, damos-lhe a mão, e por vezes, seguimo-lo.
Vivemos em presença do Bem. E do Mal. Como Jesus. Também Ele sentiu o apelo do Maligno, como se relata no Evangelho de cada primeiro domingo da Quaresma. Em Jesus o Bem sentiu o apelo do Mal. É bem verdade que «nós não temos um sumo sacerdote incapaz de partilhar connosco o peso das nossas debilidades.» Sim, o Mal tocou a carne e o espírito de Jesus, porque Jesus é igual a nós, excepto no pecado. Não nos restem dúvidas: Jesus foi tentado em tudo, e não apenas uma vez! Foi tentado, e venceu!
O Espírito Santo conduziu Jesus para o deserto, onde Satanás O tentou. Sim, a vida de Jesus esteve inundada pela alegria e força do Espírito Santo, mas, ainda assim, não deixou de ser tocada pelo Maligno.
Quem não se sentiu já na encruzilhada?
Espantamo-nos que assim seja: como pode ser que Jesus seja tentado, e mais, não uma mas muitas vezes? Sim, o Filho bem amado do Pai provou de todos os cálices que se servem à mesa dos humanos, excepto do licor do pecado. Assim Jesus, assim nós. A nós como a Ele são-nos oferecidos vinhos e licores, mas nem todos se devem beber; são-nos propostos caminhos de êxito estrondoso, de sucesso cheio de luzes, de facilidades sedutoras, mas nem todos se devem percorrer, nem todos se devem provar e escolher.
Quem não se sentiu já na encruzilhada?
Quem não teve já de confessar como Paulo: «faço o mal que não quero, e não faço o bem que quero?» Porque, como bem sabemos e Paulo também o confirma, «levamos na carne um anjo de Satanás que nos esbofeteia.»
Nem tudo vale
Haveríamos de ser mais cuidadosos, pois nem tudo vale. É necessário fazer mais vezes a verificação da origem das escolhas da nossa vida. Sim, nem tudo vale. Não vale ser feliz, só porque se quer ser feliz. Não vale conquistar o direito a sorrir e a gozar como se fora um direito inerente ao nascer e ao viver.
Grande valor é o da paciência que nasce duma interioridade educada e burilada no caminho dos dias e, tantas vezes, dos sofrimentos. Sim, grande valor é o da paciência!
Porém, não havemos jamais de ignorar que pelos caminhos que pisamos não vamos sós, não vão apenas os amigos e o Amigo. Vão também os adversários e o Inimigo, que tantas vezes nos aponta belas miragens sedutoras, sussurando--nos: «Felizes os que têm; felizes os que podem; felizes os que se alimentam de prazer!»
Já alguém exclamou que o maior mérito do Diabo é fazer crer que não existe. Existe. Tenta e seduz. Oferece sonhos e premeia escolhas. Jesus soube-o, os santos souberam-no. Jesus conviveu em sua companhia, os santos também.
Livrai-nos do mal
Estamos em Quaresma, tempo para rezar e tempo para caminhar. Tempo de Pai Nosso.
Jesus foi tentado, nós também. Quaresma é tempo favorável para Deus e oportuno para o Diabo. É tempo para rezarmos: «não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal».
Tantas vezes rezamos pedindo ajuda contra o Mal, por que tantas vezes o Mal se insinua no nosso coração com artes e engenhos e manhas que só ele! Ergamos o coração e as mãos para o Pai de quem nos vem todos os bens, porque bem sabemos que outros que saciam as nossas ânsias nos vêm de quem não nos quer bem!
Chama do Carmo I NS20 I 1 de Março de 2009
1 comentário:
que jezus nus poteja.emeim.
jezus nus ence cum sue amuer
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