quarta-feira, 9 de maio de 2012

Pelos caminhos de S. Teresa e São João da Cruz - Testemunho 2

Sentirmo-nos amados é o que nos faz peregrinar!
O meu testemunho sobre a Peregrinação Teresiano-Saojuanista 2012
Estou certa de que a experiência de peregrinar por caminhos calcados por pessoas tão marcantes em nossas vidas de carmelitas como Teresa de Jesus e João da Cruz foi, é e continuará a ser um excelente desafio lançado pela nossa Ordem.
No último fim-de-semana do mês de Abril, aceitámos e lançámo-nos à aventura.
Que desafios nos colocariam estes místicos após tantos anos? Um repto de peregrinar, não apenas com as nossas próprias forças, capacidades, vontades, perspectivas, etc., mas com e na companhia contínua de uma comunidade que partilha o mesmo carisma carmelita, sob o olhar de Deus.
Visitar e rezar em lugares que fazem parte da nossa história e que nos trazem lembranças fortaleceu e fortalecerá a nossa fé e a nossa identidade, comoveu-nos e estou certa que a muitos contagiou para que se aventurem em próximas peregrinações.
Empenhamo-nos em comunhão, em amizade. Cantamos, rezamos, rimos e choramos… Aprendemos, pois, que para qualquer um de nós viver a peregrinar o importante é conviver com quem se entrelaça nas nossas vidas. Esta eterna valsa da vida jamais poderá culminar.
O pouco tempo que passámos em terras de Espanha não nos impediu de entrar e comungar a fundo com as nossas origens carmelitanas. Foram três dias unidos num caminho pautado pela semente do verbo amar.
Trazemos em nós, cravados no coração, marcos que farão para sempre parte da nossa narrativa de vida. Assim, uma manhã repleta de chuva, entre montes e vales, no Deserto de Las Batuecas, onde em união de corações, louvámos a Deus pelas suas maravilhas. Os momentos de silêncio eram melodiosamente preenchidos pelos pingos da chuva, pelos pássaros que esvoaçavam, pelo riacho que corria. Que bela companhia com que  Deus nos abraçava!
Ao entardecer rezámos missa junto ao Túmulo de Teresa de Jesus, em Alba de Torme. Começámo-la a meia luz, a luz ténue e suave.
E embora fosse quase noite, no findar do dia, sábdo, fomos surpreendidamente convidados a descobrir os caminhos do Convento do Carmo de Segóvia e sua horta. Subimos ao alto e tal como São João da Cruz, fomos capazes de vislumbrar mais além das espessuras do caminho, mesmo de noite!
No Domingo terminámos junto do sepulcro de São João da Cruz, cantando as maravilhas que Deus silenciosamente tinha começado a operar em nós.
A peregrinação começava ali…
Estou certa que estamos profundamente agradecidos pelos carmelitas descalços que nos acompanharam, e acompanham, Frei João Costa e Frei Silvino. Por nos terem guiado e proporcionado um contacto com as origens da nossa Ordem, também eles rodeados do verdadeiro Amor de Deus com que foram cativados na sua vocação de carmelitas!
Juntos reavivamos e descobrimos a identidade de sermos filhos carmelitas, amados por Deus. É engraçado ver como Deus, através deste carisma carmelitano, penetra na nossa vida em todas as dimensões. Jamais poderemos colocar por palavras as graças que vamos recebendo…
No Domingo, de noite, já bem noite, «uma noite mais clara que a alvorada…» chegámos a nossas casas e começámos a vislumbrar os caminhos que tínhamos percorrido. Um caminho que se nos abre, nos dá forças, capacidades, vontade, maneiras diferentes de olhar as situações…
Prova de que Deus esteve e estará connosco não é o facto de que em determinados momentos da nossa vida tenhamos ou venhamos a cair, mas que Ele nos predispõe  nos levantarmos após a queda. E mesmo que não sejamos capazes, algo advirá…
Hoje, cada um de nós continuará a peregrinar na vida. Cada um trará em si uma história para contar e uma história que quer continuar a construir.
Jamais nos cansemos de peregrinar, ponhamos os olhos na cepa donde provimos. Não desistamos de caminhar com Teresa de Jesus e João da Cruz, com os olhos postos no coração de Deus!
Muito temos que continuar a aprender deles que jamais peregrinavam sós. Tal como eles façamos comunhão.
Ámen.

Verónica Parente, Viana do Castelo

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