domingo, 29 de dezembro de 2013

Bem-aventuranças da Família

 
1. Bem-aventuradas as famílias que entendem a sua missão como uma arte de hospitalidade. Em família não somos donos de nada nem de ninguém: somos elos de uma corrente, companheiros. Acolhamo-nos, portanto, uns aos outros, na gratuidade, desinteressadamente e só assim, a família se tornará «porto de abrigo» para todas as marés.

2. Bem-aventuradas as famílias que diariamente combatem o analfabetismo dos afetos. Sejamos em família artesãos do afeto, num amor que nos aceita por inteiro, que abraça o que somos e o que não somos, o que nós já fomos e aquilo em que nos tornámos. Mesmo se as panelas ou os pratos andarem lá em casa pelo ar, ninguém se deite nem adormeça sem primeiro fazer as pazes!

3. Bem-aventuradas as famílias que compreendem a importância do inútil. Não deixemos que nenhum membro da família se torne descartável pelo facto de não ser útil ou lucrativo! Estar juntos, em casa, sem fazer nada, é tão necessário, como trabalhar, para ganhar o pão de cada dia. Os mais novos e os idosos, que não fazem nada, fazem-nos mais falta, do que o trabalho que nos dão! Saibamo-los ouvir e aprender com eles e seguir em frente, com sabedoria!

4. Bem-aventuradas as famílias que cultivam uma arte da lentidão. Na pressão de decidir, precisamos de uma lentidão, que nos proteja das precipitações mecânicas, de gestos cegamente compulsivos, de palavras fatais ou banais. Rezar, juntos, em família, também nos modera a pressa e nos modela na arte do amor paciente de Deus para connosco!

5. Bem-aventuradas as famílias que não deitam fora a caixa dos brinquedos. Em família, brincar é uma coisa tão necessária e tão importante como trabalhar e falar a sério! Brinquem a sério! A sério, brinquem mais uns com os outros.

6. Bem-aventuradas as famílias que arriscam fazer bom uso das crises. Mudar de vida, não significa tornar-se outro, ou, pior ainda, partir para outra… (para outra pessoa, outra experiência…). Quanto mais conscientes dos nossos entraves, limites e contradições, mas também das nossas forças e capacidades, tanto mais poderemos dar-nos conta de quem somos e do lugar que ocupamos, na vida dos outros! A crise não se destina a afundar, mas a aprofundar a relação!

7. Bem-aventuradas as famílias que se assumem como um laboratório para a alegria, uma escola do sorriso, um ateliê para a esperança, uma fábrica para o abraço e para a dança. Aquilo que mais pesa na vida é não receber um sorriso, é não se sentir querido. Em vez de crescermos na severidade, na intransigência, na indiferença, na maledicência, no lamento, cresçamos na alegria, na simplicidade, na gratidão e na confiança.

8. Bem-aventuradas as famílias que vivem abertas às surpresas do futuro e põem a sua confiança em Deus. O «sim» do amor, dado, pelo casal, e para sempre, «na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida» conta com a graça do Sacramento do Matrimónio. Esta graça, não é uma decoração para uma cerimónia bonita; é para tornar fortes os casais, para os fazer corajosos, a fim de que possam seguir em frente! Mas se o sonho do casamento se tornar um pesadelo, se algum de vós se sentir rejeitado, tende ainda esta confiança: Deus não desiste de nenhum de vós; o seu amor por cada um de vós não volta atrás!

José Tolentino Mendonça

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