sábado, 25 de janeiro de 2014

Um sermão muito curto!


Conversão. Jesus era considerado galileu, por ter vivido quase só na cidadezinha de Nazaré. Ao tempo de Jesus a região da Galileia – literalmente, «A Província» – era uma região desprezada, por ser escura e sombria, porque ali se concentravam os pagãos alheios à fé judaica e outros não crentes indiferenciados. Por assim dizer, a Galileia foi naturalmente a primeira escolha e primeiro destino de Jesus para o anúncio da salvação do Reino. O Evangelho deste domingo descreve como Jesus se revela como o concretizador das promessas dos profetas: Jesus surge ali como a luz que começa a brilhar e propõe à humanidade a Boa Nova da chegada do Reino. Ao apelo de Jesus respondem logo os discípulos: eles são os primeiros! Coube-lhes receber em primeira mão a proposta de Jesus, e foram eles também os encarregados de ser testemunhas e portadores da Boa Notícia a toda a terra.
As palavras de Jesus eram curtas e directas. E por isso eficazes e anda redondas. Já ouviu o Sermão de Jesus?
Conta-se de um pároco de aldeia que certo dia, quase por acaso, se apercebeu que um dos seus paroquianos decidira não voltar a entrar na igreja. Tinha ele um argumento poderoso que sustentava tal decisão: o dito homem descobrira que podia falar directamente com Deus passeando livremente pela natureza, como se estivesse na assembleia dominical!
Uma noite o pároco decidiu visitá-lo. Bateu à porta e foi recebido. Sentaram-se ambos à lareira e os dois homens deixaram-se ficar palrando sobre mil assuntos, mas sem jamais abordar a participação na missa.
Ao fim de um bom bocado o pároco apanhou a tenaz e tirou uma brasa do lume, e acto contínuo colocou a brasa refulgente no chão entre os dois.
E ficaram a olhar.
E os dois viram que, pouco a pouco, a brasa começava a apagar-se até se ir desfazendo em cinza. Por sua vez, as outras ardiam valentemente e reluziam de calor e as suas chamas bailavam alegres sob os olhares de ambos.
O pároco permanecia em silêncio.
Finalmente o paroquiano quebrou o ruidoso silêncio, e disse: — No próximo domingo estarei na missa!
Talvez a historieta nada a tenha a ver com o evangelho deste domingo, ou talvez sim. Ali se narra que Jesus, cheio do Espírito Santo, depois do seu baptismo, deu início à sua caminhada evangélica, ao seu ministério.
O seu baptismo foi, poderíamos dizer, a sua graduação, o acto em que o Espírito assina o seu diploma e o Pai lhe confere o anel da união de amor.
E assim municiado partiu Jesus para a Galileia, a terra  da escuridão dos pagãos e dos não crentes. E foi ali que começou a sua pregação. O sermão de Jesus era curtíssimo, tão curto que não há cristão que não conheça a música e a letra. Dizia: — É preciso mudar de vida. O reino de Deus está próximo!
Jesus não mudava a letra. E de música também não. O sermão que a antena das pessoas recolhia era só o da conversão: — É preciso mudar de vida. O reino de Deus está próximo!
Conversão não diz só respeito à mudança de costumes, nem tão-só às escravidões da carne, ou às seduções do mundo e às tentações. Não, isso não, pois estas sempre nos vão acompanhar ao longo da vida e nos irão tentar repetidamente.
Conversão é tudo isso e muito mais que isso: não podemos assumi-la só pela negativa, havemos de vê-la também pela positiva. Conversão é, sobretudo, encontrar-se com a força da mudança; e a força que nos impulsiona para a mudança é só uma: a pessoa de Jesus Cristo! Só em comunhão com Jesus é que alguém pode iniciar o caminho de mudança e de conversão!
Conversão é seguir o Senhor. E aquele que chamou Pedro, André, Tiago e João e Teresa foi Jesus! Só Ele nos empolga de tal maneira que descobrirmos ter encontrado o caminho verdadeiro e nos determinamos a segui-Lo!
Hoje somos nós os chamados a ser discípulos. Já ouviu, você, o convite de Jesus? Já O escutou a dizer o seu nome? Sente-se chamado? Julga, porventura, que é hoje mais difícil segui-Lo que antes? Já se deu conta da existência de um chamamento sociológico e de uma intransmissível resposta pessoal?
Para se ser discípulo de Jesus é importante deixar-se encontrar por Ele. Ele não força, mas vai passando, hoje e amanhã, junto à porta da sua casa ou do seu escritório, junto às redes do seu barco ou pela eira da sua casa. Tornar- se discípulo de Jesus é deixar-se fazer seu discípulo! Repare: conversão não é uma conquista, mas um ser conquistado. É muitíssimo importante deixar tudo e segui-Lo, porque «o Reino está próximo».
Não somos cristãos para nos salvarmos, mas para transformarmos o mundo em lugar agradável a Deus — o seu reino. E só existe um método: fazer-se pescador ao largo do mar da vida!
Chama do Carmo I NS 214 I Janeiro 26 2014

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