quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Narração da fundação do Carmelo de São José de Ávila (IV)


«O que Vos ama de verdade, Bem meu, vai seguro por caminho largo e real. Longe está o despenhadeiro; mal vai o tropeçar e já Vós, Senhor, lhe dais a mão. Não basta uma queda, nem muitas, para se perder, se Vos tem amor e não às coisas do mundo, pois vai pelo vale da humildade. Não posso entender o que é que temem de se meterem no caminho da perfeição.
O Senhor nos dê a compreender, por Quem é, como é má a segurança em tão manifestos perigos como são os de andar arrastado pela corrente do mundo, e como a verdadeira segurança está em procurar ir muito adiante no caminho de Deus. Olhos fixos n’Ele e não haja medo de que se ponha este Sol da Justiça, nem que nos deixe caminhar de noite para nos perdermos, se nós primeiro não O deixamos a Ele.
Não temem andar entre leões – e parece cada um querer levar um pedaço – que são as honras e deleites e coisas semelhantes a que se chama no mundo contentamentos; e aqui parece que o demónio faz temer musaranhos. Mil vezes me espanto e dez mil quereria fartar-me de chorar e dar vozes e dizer a todos a minha grande cegueira e maldade, para que aproveitasse um pouco para eles abrirem os olhos. Abra-nos Aquele que o pode, por Sua bondade, e não permita que se tornem a cegar os meus. Amen.»
(Vida 35,14)

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