domingo, 1 de dezembro de 2013

Oração da noite


Deus,
Escolheste fazer-te esperar todo o  tempo do Advento.
E eu que não gosto de esperar!

Não gosto das filas de espera
Não gosto de esperar a minha vez
Não gosto de esperar o autocarro e o metro
Não gosto de esperar para emitir um juízo
Não gosto de esperar o momento adequado
Não gosto de esperar mais um dia...

Eu não gosto de esperar
Porque não tenho tempo p’ra isso
E não vivo senão o instante...

Tu, aliás, bem sabes que tudo me leva a evitar a espera:
Cartões de crédito, autosserviços (ou self-services...)
máquinas automáticas de venda
Telefonemas pelo telemóvel e fotos digitais, instantâneos!
Emails e torpedos pedindo resposta imediata
Cópias, fotocópias e smartphones,
A TV, o noticiário nas rádios (até ouço quando conduzo...)
Aliás, nem preciso de esperar pelas notícias: elas chegam antes.

Mas tu, Deus,
escolheste fazer-te esperar o tempo do tamanho de um Advento.
Porque fizeste da espera um espaço para o retorno e a conversão
O face a face com algo que estava oculto,
o desgaste que não se gasta
A espera, somente a espera
A espera da espera
A intimidade com a espera que está dentro de nós.

Porque só a espera revela a atenção
E só a atenção é capaz de amar.

Tudo já foi dado, na espera.
E para ti, Deus,
Esperar se conjuga amar ou orar.

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