domingo, 2 de novembro de 2008

A morte já não me mete medo

Escutai, ó Deus!
Na minha vida não falei nem uma só vez convosco,
mas hoje tenho vontade de fazer festa.
Desde pequeno me disseram sempre que Tu não existes...
E eu, como um idiota, acreditei.
Nunca contemplei as tuas obras,
mas esta noite, vi, desde esta cratera duma granada,
o céu cheio de estrelas e fiquei fascinado pelo seu resplendor.
Nesse instante compreendi como é terrível o engano...
Não sei, ó Deus, se me dareis a vossa mão,
mas peço-Vos que me entendais...

Não é estranho que no meio dum inferno espantoso
a luz tenha me aparecido e eu Vos tenha descoberto?
Nada mais tenho a dizer.
Sinto-me feliz, pois Te conheci.
À meia-noite temos de atacar, mas não tenho medo, Tu nos vês.

Deram agora o sinal! Tenho de ir.
Que bem estava contigo!
Quero dizer-Te e, e Tu o sabes, que a batalha será dura:
talvez esta noite vá bater à tua porta.
E se até agora não fui teu amigo, quando eu chegar, deixar-me-ás entrar?

Mas, o que acontece comigo? Estou a chorar!?
Oh! Meu Deus, olha o que me aconteceu.
Só agora comecei a ver com clareza...
Meu Deus, vou-me... será difícil regressar.
Que estranho! Agora a morte já não me mete medo!

(Oração do soldado russo Aleksander Zacepa, composta pouco antes do combate no qual perdeu a vida na 2ª Guerra Mundial)

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