sábado, 1 de novembro de 2008

Por que rezamos pelos mortos?

Lumen Gentium 50: «Reconhecendo cabalmente a comunhão de todo o Corpo Místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os primórdios da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos e, ‘porque é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados’, também ofereceu sufrágios em favor deles.»
Desde sempre a Igreja oferece a Eucaristia e a sua intercessão pelos fiéis defuntos, nas missas de exéquias, de aniversário de morte, e também na comemoração que todos os anos se celebra para que os que “dormiram no Senhor” possam chegar à comunidade dos cidadãos do Céu. É uma festa que nos convida a viver mais intensamente a comunhão de todos os membros do corpo de Cristo: aqueles que já estão na glória, nós que estamos na terra e os que se purificam para entrar no gozo do Céu. Esta celebração é uma fonte de esperança que acende em nós o amor pela vida eterna.
Diz o Vaticano II: «Portanto, até que o Senhor venha em sua majestade e com Ele todos os anjos e, destruída a morte, todas as coisas Lhe forem sujeitas, alguns dentre os seus discípulos peregrinam na terra, outros, terminada esta vida, são purificados, enquanto outros são glorificados, vendo ‘claramente o próprio Deus trino e uno, assim como Ele é’; todos, contudo, em grau e modo diverso, participamos da mesma caridade de Deus e do próximo e cantamos o mesmo hino de glória ao nosso Deus. Todos são de Cristo, tendo o Seu Espírito, congregam-se numa só Igreja e n´Ele estão unidos entre si. Em vista disso, a união dos que estão na terra com os irmãos que descansam na paz de Cristo não se interrompe de maneira nenhuma; ao contrário, conforme a fé perene da Igreja, se vê fortalecida pela comunicação dos bens espirituais» (LG 49).
É bom e consolador pensar que a união com os nossos seres queridos já falecidos não se i-terrompe. É certo que é uma união diferente, mas real. Unimo-nos a eles através da oração; da Eucaristia, sacrifício de Cristo; da lembrança e da intercessão. O gesto de levar flores ao cemitério, fazer uma visita, uma oração... tudo isso é expressão de certa união diferente, mas real.
A vida dos justos está nas mãos de Deus.
É verdade que a perda de alguém querido é muito dolorosa. Especialmente quando é imprevista, violenta, trágica, ou quando se trata de um filho, do esposo ou da esposa. Quem pode compreender a dor que tamanha perda produz? Quem pode compreender a dor de um pai ou de uma mãe que perde um filho? A alma não encontra paz nem alegria na terra quando contempla a partida de um ser querido. A solidão é muito dolorosa.
Intimamente unido ao tema da oração pelos fiéis defuntos, temos o da vida eterna. O evangelho de São João diz: «Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que me deu, mas os ressuscite no último dia». O Pai enviou-nos o seu Filho para que tivéssemos a vida que não se acaba. Na vida eterna veremos Deus, e isto é um grande mistério e um dom gratuito. Com certeza, dada a sua grandeza e inexprimível glória, “ninguém verá a Deus e continuará a viver”, porque o Pai é inacessível; mas o seu amor, a sua bondade para com os homens e o seu poder são tais que Ele nos concede, a nós que O amamos, o privilégio de O ver...
O Evangelho diz que todo aquele que vê Cristo e n’Ele crê tem a vida eterna. Assim, a morte e a vida eterna estão em relação: O cristão que une a sua morte à de Jesus vê a morte como um caminhar ao seu encontro e como uma entrada na Vida Eterna. Depois da Igreja pronunciar, pela última vez, as palavras de perdão da absolvição de Cristo sobre o cristão moribundo, de o selar pela unção fortificadora e lhe dar Cristo no viático, como alimento para a viagem, diz-lhe com doce segurança estas palavras: «Deixa este mundo, alma cristã, em nome do Pai todo-poderoso que te criou, em nome de Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo, que sofreu por ti, em nome do Espírito Santo que foi derramado em ti. Toma o teu lugar hoje na paz, e fixa a tua morada com Deus na santa Sião, com a Virgem Maria, a Mãe de Deus, com São José, os anjos e todos os santos de Deus. Volta para junto do teu Criador que te formou do pó da terra. Que na hora em que a tua alma sair do teu corpo, se venham ao teu encontro a Virgem Maria, os anjos e todos os santos. Que possas ver o teu Redentor face a face.»
(Catecismo da Igreja Católica, nº 1020).

(Chama do Carmo NS3 2 Nov 2008)

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