sábado, 20 de junho de 2009

Para o Ano Sacerdotal

Na passada Sexta-feira, dia 19, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus teve início a celebração do Ano Sacerdotal. Desde há um tempo para cá que este é o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos
Sacerdotes. Eis, pois, a razão para o início do Ano Sacerdotal ser neste dia. A razão deste ano tem que ver com uma circunstância providencial. É que, em 2009, ocorre o 150º aniversário da morte de S. João Maria Vianney, o Santo Cura D’Ars. Trata-se de um modelo de padre que se santificou no seu trabalho e na sua missão, ultrapassando toda a sorte de dificuldades que se atravessaram no seu caminho.

O Ano Sacerdotal
O Ano Sacerdotal é um ano de toda a Igreja, de todos os seus membros, porque todos fazem parte de um povo sacerdotal, participando, na medida que lhes cabe, no único sacerdócio de Cristo; e porque o sacerdócio ministerial é exercido, em nome e na pessoa de Cristo, em favor de todos, ao serviço de todos. Por conseguinte, este é um tempo para os sacerdotes revigorarmos a nossa identidade e consolidarmos o nosso serviço no meio do Povo.

O Cura d’Ars
Mas quem foi o Santo Cura d’Ars, que neste Ano Sacerdotal o Santo Padre proclamará Padroeiro de todos os sacerdotes?
Henri Gheon, poeta e dramaturgo francês, que morreu 50 anos depois de S. João Maria Vianney declarou o seguinte: A vida do Cura d’Ars é tão singela e cheia de ingenuidade que podia contar-se como uma história da Carochinha, começando assim: Era uma vez na França, na província de Lião. Ali vivia um pequeno camponês cristão que, desde menino amava a solidão e o bom Deus. E, sendo que os senhores de Paris tinham feito a Revolução, impedindo o povo de rezar, sucedeu que o menino e seus pais iam à Missa que era celebrada no cantinho de um celeiro.
Naquele tempo os padres escondiam-se, porque quando eram presos cortavam-lhes a cabeça. Foi por isso que João Maria quis tornar-se sacerdote. Na verdade, ele sabia rezar mas não tinha instrução alguma. Guardava as ovelhas e trabalhava nos campos, mas entrou tarde demais no Seminário e fracassou em todos os exames. Mas as vocações eram tão escassas que o ordenaram sacerdote. Foi nomeado pároco de Ars e lá ficou até à morte: Era o último cura (pároco) de França no último lugarejo de França. Mas foi totalmente Sacerdote, e isso já não era tão frequente. Foi Cura tão totalmente que o último lugarejo de França teve o primeiro Cura de França, e a França toda viajou para o ver.
Convertia quem se ajoelhava a seus pés e se não tivesse morrido, teria convertido a França inteira e até mais!
Enquanto viveu nunca compreendeu por que o consideravam assim. E isto só prova que ele mereceu o reconhecimento que lhe concederam.
Tudo isto sucedeu no século XIX, que no Paraíso a onde se conhece o justo valor das pessoas, é chamado o Século do Cura de Ars, mas a França não soube nem imaginou isso.

Ser padre é dar a vida
Os episódios aqui referidos são reais. O pequeno camponês tinha apenas sete anos quando na França reinava o rei Terror e os sacerdotes eram condenados ao exílio ou à morte, se não se submetessem ao cisma.
As tropas da Convenção marchando sobre Lião para reprimir aquela insurreição, passaram pelo lugarejo de Dardilly onde João Maria vivia. A igreja paroquial foi fechada, o pároco cedeu e aceitou todos os juramentos da Revolução e pouco tempo depois abandonou a batina.
Os Vianney passaram de vez em quando a arriscar a vida dando abrigo a padres clandestinos; e é assim que num quarto com janelas tapadas e escondidas por uma carreta de feno aí deixada como por acaso (e com os camponeses fazendo guarda) João Maria pôde receber a Primeira Comunhão aos treze anos.
A vocação sacerdotal nasceu-lhe muito cedo, quando ele percebeu que tornar‑se padre significava estar preparado para dar a vida a fim de cumprir o próprio ministério.

Um ano sacerdotal para quê?
A solicitude pastoral do Papa Bento XVI concede à Igreja um Ano Sacerdotal. E para quê, perguntarão alguns? Para melhor contemplarmos e agradecermos o dom do sacerdócio. Para rezarmos e pedirmos mais sacerdotes; mais e mais santos, mais fiéis e perseverantes, e segundo a solicitude do Seu coração. Para procurarmos desvelar a riqueza e beleza da consagração do sacerdote que a si mesmo todo se oferece aos outros (e não apenas os cristãos). Para com eles trilharmos os caminhos da santidade, a finalidade da nossa vida, porque, se uma comunidade ficar sem padre em pouco tempo ali se adorarão os animais. Disse-o o Cura de Ars.
(Chama do Carmo I NS 36 I 21 de Junho de 2009)

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