Celebramos hoje 15 anos da fundação do Gabinete Social de Atendimento à Família (GAF). Foi em 24 de Maio de 1994, celebrava-se então o primeiro Ano Internacional da Família, que a Comunidade dos Padres Carmelitas do Carmo, movida pelo Espírito que tudo revoluciona e transforma, que considerou ser o tempo favorável e oportuno a criar uma resposta articulada e eficaz para responder aos múltiplos problemas humanos, socais e espirituais com que as famílias do Alto Minho se confrontavam, lidos, percebidos e discernidos no atendimento diário da sua acção pastoral.
A primeira ideia que emergiu, foi de criar um espaço de acolhimento/atendimento no Convento, para quem precisava de mais do que uma resposta pastoral/espiritual, proporcionando às famílias algumas respostas para os problemas mais urgentes, contribuindo, deste modo, para atenuar o sofrimento produzido pelas variadas formas de exclusão social.
Inicialmente procurou-se que este trabalho fosse alicerçado em parcerias com as entidades da comunidade civil que prestavam serviços de cariz social. Mas, rapidamente, a experiência no trabalho de atendimento diário e a análise das necessidades sociais, a Direcção do GAF e os seus parceiros chegaram à conclusão que teria de se garantir uma intervenção contínua, sistematizada, integrada e multidisciplinar, com quadros técnicos próprios, especializados na área da intervenção comunitária. Assim, através da celebração de acordos, “não tipificados”, com a Segurança Social e através de candidaturas a diversos projectos nacionais e europeus, foi-se desenvolvendo, progressiva e sustentadamente este projecto, no sentido de construção de equipas multidisciplinar para dar respostas aos pedidos crescentes que nos eram solicitados a vários níveis: social, psicológico, económico, laborais, jurídico, educativo e cultural. Actualmente, o GAF conta com uma numerosa equipa de cerca de 50 funcionários, sendo 26 técnicos superiores das várias áreas das Ciências Sociais e Humanas.
O GAF tem-se destacado por primar pela qualidade técnico-científica das suas práticas –– aliás, amplamente reconhecidas pelo peritos nacionais e internacionais –– nas várias valências em que presta serviços, elegendo sempre como alvos privilegiados de intervenção os grupos mais tipificadores da exclusão social: jovens/adultos sem projectos de vida provenientes de famílias disfuncionais, sem abrigos, consumidores de substâncias, infectados de HIV/SIDA, mulheres vitimas de violência, desempregados de longa duração, famílias em situações reais de pobreza estrutural (económica, emocional e social) … famílias que passam fome e vivem do cabaz de géneros alimentares que vem buscar todas as semanas ao GAF.
Foi possível realizar este percurso progressivo e sustentado, durante estes 15 anos, graças ao empenhamento e compromisso de muitos cristãos e cidadãos do Distrito que gostaria anonimamente enunciar:
1. O apoio incondicional da Ordem dos Carmelitas, através do seu Provincial e da colaboração disponível e continuada da comunidade do Carmo de Viana do Castelo;
2. Cidadãos, que no decurso deste anos, disponibilizaram parte do seu tempo para voluntariamente integrar os órgãos sócias do GAF;
3. A dedicação de muitos voluntários anónimos, mas sempre operantes e solidários, que colaboram em vários serviços, principalmente na recolha e distribuição de alimentos para as famílias mais carenciadas;
4. A colaboração de inúmeros parceiros: Organismos públicos; Câmara Municipal, Governo Civil e Centro Regional de Segurança Social (CM, GC; CDSS) e entidades, organismos privados e empresas, com sentido de responsabilidade social, com quem o GAF mantém parcerias de colaboração solidária.
5. Cidadãos, que anonimamente e segundo as suas possibilidades, contribuem com géneros alimentares nas duas campanhas anuais que realizamos nas grandes superfícies comerciais da cidade;
6. “Os sócios amigos do GAF”, que periodicamente contribuem economicamente, em forma de donativo solidário, para a sustentabilidade financeira do GAF.
7. E ainda, a criatividade, dedicação e saberes científico e técnicos dos profissionais que passaram ao longo destes anos pela instituição, bem como os funcionários menos qualificados, que mantiveram sempre este sentido de pertença e missão à família GAF;
Que futuro para o GAF nestes tempos de Crise?
Haverá espaço para a solidariedade e para as políticas sociais de erradicação da pobreza e da exclusão em tempos de crise?
O futuro produz-me insegurança, incerteza e imprevisibilidade. Contudo, acredito que, com um maior investimento e compromisso na definição de políticas sociais eficazes por parte do Estado e um crescente envolvimento da sociedade civil e da Igreja numa maior responsabilização social, poderemos encontrar soluções criativas e inovadoras para viabilizarmos este projecto GAF ao serviço dos mais carenciados, colaborando solidariamente na construção de uma sociedade mais fraterna e justa na distribuição do bens da Terra.
Durante este ano, estamos a lançar uma campanha desafiante dos “sócios e amigos do GAF” para criar esta consciência colectiva nos cristãos de que temos de cuidar responsável e solidariamente dos nossos pobres que são os “tesouros mais preciosos da Igreja”. Cada um, através desta forma, poderá ter a oportunidade de partilhar o pouco que tem; de certeza, que não vai agravar o vosso orçamento familiar.
No final da celebração, na saída da Igreja, encontrareis funcionários do GAF para vos entregar alguma informação acerca dos vários serviços que actualmente se prestam no GAF e uma ficha de inscrição, caso decidam aceitar o nosso desafio, para serem “Sócios amigos do GAF”.
Em nome dos cidadãos anónimos, que servimos todos os dias, um muito obrigado a todos. Que Deus vos abençoe e vos conceda graças abundantes para que as possam partilhar abundante e graciosamente por aqueles que mais precisam.
Viana do Castelo, 24 de Maio 2009
Frei Carlos Manuel Gonçalves, ocd
Chama do Carmo I NS 32 I 24 de Maio de 2009
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