Todos ouvimos e vimos através dos meios de comunicação social: um homem da guerra subia aos altares. Uns fizeram uma longa jornada até Roma para, na Praça de S. Pedro, de olhos fixos em Bento XVI, assistirem ao acontecimento; outros colaram-se aos ecrãs das televisões e contemplaram. E outros ainda, numa pequena cidade do Norte de Portugal, Viana do Castelo, marcaram o acontecimento a partir de uma interpelação: “Onde vais estar no dia 25 de Abril?”. Era um convite, que nos apareceu vezes sem conta, para carminhar ligeiros desde o Convento dos Padres Carmelitas Descalços até ao Monte do Castelo, em Castelo do Neiva, lugar onde Beato Nuno de Santa Maria havia passado em mais uma das suas batalhas.
Pelas 10horas da manhã reunimo-nos na Igreja do Carmo, onde a imagem de São Nuno de Santa Maria Álvares Pereira já tinha um lugar de destaque numa das paredes laterais da Igreja, quando, em boa verdade, estávamos já habituados a passar quase despercebidamente por ele no fundo da mesma. Ali nos unimos: carmelitas, como ele; escuteiros, como ele; cristãos, como ele… carmelitas do mesmo convento; escuteiros da Meadela, Nossa Senhora de Fátima e Castelo de Neiva; cristãos desses mesmos lugares e até de mais longe, Felgueiras até! Acolhemos as palavras do Frei João e do professor Manuel Vitorino, e rezámos, e cantámos, e pusemos pés ao caminho seguindo a bandeira do Santo Condestável levada por uma jovem da comunidade, e um estandarte daquele que no dia seguinte seria proclamado santo levado por uma escuteira de quem é Padroeiro.
E saímos como seguidores enamorados.
O caminho foi de partilha, de convívio, muito animado, onde se ouvia a cada momento o entusiasmo dos escutas, cantando: “Viva D. Nuno Padroeiro o Santo que também foi escuteiro!”. Fizemos uma primeira paragem já quase a chegar a Castelo do Neiva, onde mais uma vez pudemos escutar o prof. Manuel Vitorino, que nos explicou como D. Nuno passou por ali com as tuas tropas. E desta vez, unimos as mãos como irmãos e rezámos pela paz a oração que Cristo nos ensinou, que com certeza terá sido oração de eleição também para Beato Nuno. Mas o caminho não terminava ali, voltamos à estrada, e em Castelo de Neiva juntaram-se ainda mais caminhantes a nós, principalmente os escuteiros mais pequeninos que nos deram grandes lições de aventura e confiança. A segunda e penúltima paragem foi em frente à Capela de Nossa Senhora das Neves — que guarda uma imagem de Nossa Senhora do Carmo. Partimos dali pois nos esperava um pequeno esforço final, a subida até ao Monte do Castelo. A subida foi curta e gloriosa. Éramos mais de duzentos. Naquele momento, juntámo-nos todos como se fôssemos um só, como se todos estivéssemos ansiosos por chegar ao mesmo tempo ao lugar. Então, os cânticos ecoaram com mais força e com mais animação, entrámos no recinto tão bem ornamentado pelos escuteiros do Castelo do Neiva. Que bela surpresa! Tão bela, quando na noite anterior ali nada havia senão ânsia e desejo de celebração.
E eu entrei na amplidão da esplanada do Monte do Castelo, para mim tão ilustre e tão deslumbrante, como se entrasse na Praça de S. Pedro, em Roma, porque ali se sentia a alma de quem lhe tem devoção e ao mesmo tempo orgulho por ali haver passado o Santo!
Logo de seguida reunimo-nos diante da imagem do Santo Condestável que os castelenses ali erigiram. E prestámos-lhe a nossa homenagem pela voz do Chefe Regional dos Escuteiros, Vítor Lima, que realçou as virtudes humanas e religiosas do nosso herói e santo. E a primeira parte terminou com o toque de saudação executado pelos Escuteiros da Meadela.
Pareceu que ali acontecia e se testemunhava história como outrora.
Por breves momentos que pareceram eternos, nós contemplámos, escutámos e rezámos em paz e serenidade.
Após o reforço do almoço, a partilha do convívio e algum descanso, celebrámos a Eucaristia em honra de São Nuno de Santa Maria Álvares Pereira, onde todos — muitas centenas —participaram com sentida devoção; talvez não tão perfeitamente como ele a vivia, mas com vontade de um dia alguém, de entre todos os que ali estavam, vir a alcançar a graça da santidade. (Pelo menos assim nos aconselhou o Frei João, que presidiu.)
Os que lá fomos, podemos dizer: «Eu estive lá!», e que caminhámos, cantámos, rezámos como um só obedecendo a um bom capitão. No fim, estaríamos cansados? Penso que não muito; talvez por fora um pouco, mas, por dentro, fortalecidos pelo exemplo de um homem que era grande e se fez pequeno, era rico e se fez pobre, aventureiro e ganhou o Reino dos Céus e a sua justiça.
Para ti, que não estiveste lá, não faz mal, nós estivemos por ti, rezámos por ti, para que da próxima também saias da rotina do dia-a-dia e possas beber da mesma fonte!
Maria João Brito
1 comentário:
nós estivemos lá
foi bom, a caminhada foi também boa, o motivo que nos juntou foi ainda melhor.
Se custou, acho que não, estavamos prontos para regressar a pé, até Viana
Agr 990 - N S Fatima
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