domingo, 14 de março de 2010

Poesia para um retiro (II)

Ressurreição

Ressuscitar, sim, tu ressuscitarás,
Meu pó, após breve repouso!
Aquele que te chamou
Vida imortal te dará.

De novo serás visto a desabrochar!
O Senhor à colheita vai
E recolhe em feixes
A nós que morremos!

Ó acredita, meu coração, acredita:
Nada está perdido para ti!
Teu, sim teu, é aquilo por que ansiaste,
Teu, o que amaste, pelo que lutaste!

Ó acredita, não nasceste em vão!
Não foi em vão que viveste, sofreste!

O que foi formado tem de parecer!
O que pareceu, ressuscitará!
Pára de tremer!
Prepara-te para viver!
Ó dor! Tu que tudo penetras!
Por ti fui arrancado.
Ó morte! Tu que tudo dominas!
Agora és dominada!

Com asas, que para mim ganhei,
No ardente esforço do amor
Desvanecerei
Na luz, nunca vista!

Com asas, que para mim ganhei,
Desvanecerei!
Morrerei para poder viver!

Ressuscitar, sim, tu ressuscitarás,
Meu coração, num piscar de olhos!
O que lutaste
Isso a Deus te levará!

De Friedrich Gottlieb Klopstock e Gustav Mahler
Tradução de Cátia Serradas
Fundação Calouste Gulbenkian

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