quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Uma força da qual muito preciso

(Nova carta da Irmã Cidália) Querido João:
Hoje abri o blog da Chama do Carmo e lá me encontrei contigo, com o Carlos e outros. Senti saudades! Sim, porque os missionários também sentimos saudades das nossas raízes, dos amigos que por lá temos e de muitas outras coisas. É o preço que se paga por termos dito ao Senhor que o seguiríamos onde quer que fosse. De todas formas, hoje com tantos meios de comunicação como temos ao nosso dispor, a saudade tem muitos atenuantes, nada que se possa comparar com os missionários que nos antecederam, esses sim que foram heróis e heroínas que correram riscos que hoje nos parecem quase impossíveis. São sempre um ponto de referência na minha vida e um modelo a seguir.
Ao ler de novo a tua carta apercebo-me que há precisamente um mês que aqui chegou, por onde passou o tempo meu Deus! Entretanto, estive em Nairobi num curso e o resto do tempo dedico-o às noviças e às crianças.
Começou a chover e nem imaginas o estado em que estão os caminhos! É tanta a lama, daquela que escorrega como gel de banho, que o carro vai para onde lhe apetece sem obedecer às minhas ordens e comando. Bem, de vez em quando, lá apanho um susto sobretudo quando fico enterrada. Mas as pessoas são tão agradáveis que sempre veem em auxílio da minha fraqueza. Há sempre alguém por perto com uma enxada para retirar a lama, outros que empurram e em alguns casos até gente que sabe conduzir e leva o carro até lugar seguro para eu continuar viagem. Quem disse que Deus nos deixa sozinhos? Isto são apenas pequenos episódios, para nos lembrar que Ele está connosco e também para termos alguma coisa engraçada de que falar quando voltamos a casa.
A outra vantagem da chuva é que se ela não vier enlamear os caminhos significa que não podemos semear e consequentemente haverá fome, por isso abençoada chuva! Que chova muito e que se enterrem os carros porque isso tem solução fácil.
Há poucas vocações? Pois há. Mas apesar da "seca" que se faz sentir na Europa, Deus continua a chamar e as pessoas a responder. Os números não são significativos, e o importante é que não se deixe apagar a pequena chama que ainda fumega e que se manifesta nalguns pouquitos.
Deixo-te por hoje, tu andas atarefado com os sinos e eu com os pintainhos que comprei à uma semana e que se quero que vivam tenho de cuidá-los bastante. Tenho de ir vê-los. Cada um com os seus afazeres e todos fazendo o que Deus nos pede no lugar onde estamos.
João, obrigada pela tua oração, continua a falar ao Senhor de mim. Essa é uma força da qual preciso para continuar ao pé do canhão.
Um abraço grande,
Cidália

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