terça-feira, 10 de novembro de 2009

Ler e partilhar o Livro da Vida

Objectivo geral:
“O objectivo que nos propomos alcançar com a escuta da leitura da palavra de santa Teresa é gerar nas pessoas e nas comunidades um fortalecimento da nossa vivência cristã, em clave bíblica e evangélica, e um enriquecimento da nossa vida de fé em comunhão com a Igreja. Como interlocutores actuais de Teresa, constatamos que os seus escritos contribuem para melhorar a nossa vida como carmelitas e como membros da grande família do Carmelo com uma eficácia análoga à que São Gregório Magno dizia da Sagrada Escritura: ela cresce naquele que a lê, em proporção à fé e ao amor do leitor. Por isso a nossa leitura mover-se-á não tanto por uma preocupação sistemática, mas antes pela atenção àquilo que nos escritos de Teresa é efectivamente relevante para a nossa vida”. (Cf. Para Vos nací, 40)

Metodologia básica:
“Assumamos o compromisso de dedicar todos os dias uma fracção do nosso tempo, por pequena que seja, à leitura de santa Teresa, e o resto também se fará. Somente esta frequência quotidiana nos pode voltar a trazer o sabor e o gosto do carisma de Teresa. Por experiência própria, sei que uma tal fidelidade não é possível se, por um lado, não houver uma “determinada determinação” de colocar este empenho pessoal e escondido entre as prioridades da agenda pessoal e se, por outro lado, não tivermos a capacidade de recorremos ao texto tal como somos, com os nossos problemas ainda por resolver e as nossas interrogações recorrentes, livres de apriorismos desorientadores” (P. Saverio, Prepósito Geral OCD, na introdução do documento capitular Para Vos nací).

Meios específicos:
Guiões com umas curtas e práticas orientações prévias à leitura de cada secção proposta, perguntas para a reflexão pessoal e partilha comunitária, partilhas e celebrações comunitárias acerca do que se leu.

Livro da Vida:
Guião de leitura e partilha dos capítulos 1 a 9


Orientações gerais:
Começaríamos por dizer que a santa Madre apresenta nesta primeira parte do Livro da Vida a obra salvífica de Deus contra a sua , e justifica-o narrando o bem que Ele lhe oferecia e, ao contrário, o mal com que ela se deixava enredar; concretamente: 1) as pessoas ou as companhias, 2) as propensões [e graças], 3) os livros. Portanto, num quadro sinóptico, é boa ajuda ir anotando : a) Quais os bons e os maus elementos; b) Quais os momentos em que ora, isto é, em que se dirige directamente ao Senhor ; c) Como se vai descrevendo a si própria: simpática? devota? descuidada? ...

Orientações particulares:
Cap. 1-3: pela sua brevidade e clareza, é um exemplo perfeito para descobrir a estrutura referida [cf. nota 4]: despertar (cap. 1) – perder (cap. 2) – tornar a despertar (cap. 3). Importante anotar: 1) a que anos da sua vida se está referindo a santa; 2) em que é que consiste basicamente esse despertar ou descoberta fundamental; 3) demora muito tempo a vencer a crise de adolescência a que se refere?; 4) trabalhar a orientação geral apontada antes: Deus “contra” ela —companhias, livros e propensões; 5) trabalhar também as orientações gerais b y c.
Meditação após a leitura do texto:
1. Imitemos a Santa e utilizemos as suas próprias chaves: certamente que cada um de nós também tem que agradecer a Deus pessoas, propensões e graças, livros (obras musicais, cinematográficas…); inclusive más experiências em relação a elas, mas felizmente superadas e integradas. (Seria bom orar e partilhar em comunidade alguma coisa que extraímos daqui).
2. O texto teresiano é acção de graças e, ao mesmo tempo, exame de consciência, desejo sincero de conhecimento próprio e abertura à direcção espiritual: cuido essas dimensões da minha vocação: exame de consciência, direcção espiritual, confissão?
3. “A verdade de quando era criança” (3,5) é fundamental na origem da vocação da Santa Madre (e uma coisa a não perder de vista: cf. 15,12): é tida em conta na espiritualidade actual?; é assim que tu fazes?; por quê?
4. Vendo o cap. 2, é óbvio que S. Teresa se preocupa muito com a educação dos adolescentes e não cai no costume de desculpar-lhes os comportamentos errados pelo facto de se dizer que “são coisas da idade” (porque postos na ocasião, está o perigo ao alcance da mão: 2,6). No trabalho pastoral com os adolescentes ou seus pais, reduzes as respostas às suas perguntas ao “são coisas da idade”? Conheces casos que requeiram a mesma firmeza do pai da santa ou parecida? Crês que isto tem alguma coisa a ver com o êxito ou o fracasso das diversas pastorais juvenis? ... Aprofunda quanto puderes este tema.
5. Na linha do que se disse, constitui um caso particular a sua preocupação pela leitura de livros frívolos. Contudo, a sua sobrinha Maria Baptista atesta: “Quando me via a ler livros de cavalaria e outros parecidos, dizia que não se preocupava, porque tinha esperança que daqueles passaria a ler os bons, e deste gosto tiraria proveito, como aconteceu com ela” (EFRÉN-STEGGINK, Tiempo y vida de Santa Teresa, Madrid 1977, 183). Como avalias esta aparente contradição? Com qual dessas duas posições és mais partidário e por quê?

Perguntas para a leitura pessoal, para a partilha e para a celebração (Cap. 1-3)

O que diz o texto?
- A obra salvífica de Deus: Quais foram as obras de Deus em favor de Teresa?
- A resposta de Teresa: o que é que a ajuda e o que é que não a ajuda a corresponder a Deus? Em que consiste a crise da adolescência de Teresa?

O que o texto me/nos diz?
- Cultivo as dimensões da minha vida cristã de auto-conhecimento, confrontação pessoal e comunitária, sacramento da reconciliação?
- Para santa Teresa “a verdade de quando era criança” (V 3,5) foi uma marca fundamental na sua vida. Qual ou quais são as tuas marcas?
- No cap. 2, quais são as orientações que Teresa nos oferece para a educação dos adolescentes?

O que é que o texto me leva a dizer a Deus?
- As orações: Quais as citações onde encontras orações de Teresa? Poderias formular as tuas próprias orações?
- Quais foram as pessoas, as propensões, as graças e os livros da tua vida dos quais Deus se valeu para te ajudar?

Trad. do P. Vasco Nuno

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